BREVE ANALISE DA REVISTA: «CRONICA FEMININA» - Cecília Barreira
A revista «Crónica Feminina» surge em Portugal, lançando o seu primeiro número no dia 29 de Novembro de 1956. Propriedade de Aguiar & Dias, Lda., tendo por editora e directora Milai Bensabat, e sendo de publicação semanal (saía às quintas-feiras), esta revista aparece como preenchimento de uma lacuna entre os leitores de sexo feminino, acerca das condições da MULHER na sociedade.
Após a 2ª Guerra Mundial, a mulher passa por uma gradual emancipação na sociedade.
Na década de 60, a imagem mais comum de mulher na mentalidade da época associa-se à procriação e educação dos filhos, como explica o adágio clássico «tota mulier in utero» – a mulher está toda inteira no seu útero -; à boa dona de casa; à fada do lar e ao facto de ser boa esposa.
Numa entrevista de Salazar, concedida a António Ferro, este último perguntava: -...«E a mulher? Qual o papel que lhe destina essa renovação de mentalidade?» Salazar, vagamente mas elegantemente anti feminista, como Mussolini, e como quase todos os ditadores: - «Temos de distinguir: à mulher solteira que vive sem família, ou tendo de sustentar a família, acho que devem ser dadas todas as facilidades legais para prover o seu sustento e o sustento dos seus. Mas a mulher casada, como o homem casado, é uma coluna da família, base indispensável de uma obra de reconstrução moral.
Dentro do lar, claro está, a mulher não é uma escrava. Deve ser acarinhada, amada e respeitada, porque a função da mãe, de educadora dos seus filhos, não é inferior à do homem – nas fábricas, nas oficinas, nos escritórios, nas profissões liberais -, a instituição da família, pela qual nos batemos como pedra fundamental de uma sociedade bem organizada, ameaça ruína...