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quinta-feira, 6 de junho de 2013

BREVE ANALISE DA REVISTA: «CRONICA FEMININA» - Cecília Barreira


BREVE ANALISE DA REVISTA: «CRONICA FEMININA» - Cecília Barreira
 
A revista «Crónica Feminina» surge em Portugal, lançando o seu primeiro número no dia 29 de Novembro de 1956. Propriedade de Aguiar & Dias, Lda., tendo por editora e directora Milai Bensabat, e sendo de publicação semanal (saía às quintas-feiras), esta revista aparece como preenchimento de uma lacuna entre os leitores de sexo feminino, acerca das condições da MULHER na sociedade.
 
Após a 2ª Guerra Mundial, a mulher passa por uma gradual emancipação na sociedade.
 
Na década de 60, a imagem mais comum de mulher na mentalidade da época associa-se à procriação e educação dos filhos, como explica o adágio clássico «tota mulier in utero» – a mulher está toda inteira no seu útero -; à boa dona de casa; à fada do lar e ao facto de ser boa esposa.
 
Numa entrevista de Salazar, concedida a António Ferro, este último perguntava:   -...«E a mulher? Qual o papel que lhe destina essa renovação de mentalidade?»   Salazar, vagamente mas elegantemente anti feminista, como Mussolini, e como quase todos os ditadores:   - «Temos de distinguir: à mulher solteira que vive sem família, ou tendo de sustentar a família, acho que devem ser dadas todas as facilidades legais para prover o seu sustento e o sustento dos seus. Mas a mulher casada, como o homem casado, é uma coluna da família, base indispensável de uma obra de reconstrução moral.
 
Dentro do lar, claro está, a mulher não é uma escrava. Deve ser acarinhada, amada e respeitada, porque a função da mãe, de educadora dos seus filhos, não é inferior à do homem – nas fábricas, nas oficinas, nos escritórios, nas profissões liberais -, a instituição da família, pela qual nos batemos como pedra fundamental de uma sociedade bem organizada, ameaça ruína...
 





A CRONICA FEMININA - Recordação de uma época - Recolha e composição de Daniel Teixeira

A CRONICA FEMININA - Recordação de uma época - Recolha e composição de Daniel Teixeira
 
O primeiro número da Crónica Feminina foi posto à venda a 29 de Novembro de 1956 com um conteúdo atraente e variado que incluía notícias e artigos de sociedade, moda, medicina, beleza, cinema, cultura, humor, etc.
 
De todas as publicações da Agência Portuguesa de Revistas, a Crónica Feminina é a única que teve a distinção de dela se poder dizer que influenciou a sua época e um dia será, sem dúvida, tema de teses sociológicas. (Ver um esboço de tese - direccionamento no final da página).   Mas nos meses que se seguiram ao lançamento era apenas uma revista de 32 páginas, com tiragens modestas. No entanto, a única potencial concorrente com tiragens significativas era a já estabelecida, se bem que mais aristocrática, Selecções Femininas, cujo preço de capa de 7$50 a destinava a um segmento do mercado muito mais abonado do que o alvo da Crónica Feminina, cujo preço era autenticamente popular. (Foto abaixo - 1º Número da Crónica Feminina).  
 
A Crónica Feminina, viveria para fazer história atingindo, nos anos 60, uma tiragem inusitada de 150.000 exemplares semanais, tendo sido o veículo para a divulgação das fotonovelas em Portugal, e representando, só em publicidade, uma receita astronómica que em 1965 ultrapassava os 2.000 contos anuais.  
 
Durante Outubro e Novembro de 1959 a Crónica Feminina anunciou que o seu terceiro aniversário seria comemorado com uma surpresa. No número 157 de 26-11-1959 a surpresa foi revelada: tratava-se da primeira fotonovela portuguesa, publicada por episódios. A Crónica Feminina tirou 34.000 exemplares desse número.  
 
«Casamento por Anúncio» tinha argumento de Vitoriano Rosa, produção de Mário de Aguiar, encenação de Alice Ogando e fotografia de Luís Mendes. A história, mesmo se inverosímil, é surpreendentemente livre das pieguices saloias que costumam caracterizar as fotonovelas: o jovem herdeiro de uma editora recebe um ultimato do pai - tem que deixar as noitadas de paródia e encontrar noiva no prazo de um mês, ou perderá a herança...