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quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A imagem figurativa na Arte - Por Ferreira Gullar - recolhido em Livres Pensantes - A magia da figura

 
A imagem figurativa na Arte - Por Ferreira Gullar - recolhido em Livres Pensantes - A magia da figura 
 
«Já no começo do começo, a arte tinha duas faces: uma figurativa e outra não figurativa ou decorativa, sendo que a primeira expressava nosso fascínio pela imagem da coisa real que, para o homem do paleolítico, não era simples imagem e, sim, um outro modo de ela existir.
 
Tanto pensava assim que, ao desenhar um bisão na parede da caverna, crava-o de setas, certo de que, com isso, magicamente, atingiria o bisão real e facilitaria caçá-lo.
 
Naturalmente, com a evolução do conhecimento objetivo da realidade, essa identificação da imagem com o ser real se desfez; não obstante, até hoje aquele fascínio se mantém, tendo atravessado as mais diversas civilizações e conceitos de realidade e cultura.
 
E é isso que explica a presença da expressão figurativa nas pinturas murais, nos relevos e nas esculturas, representando o mundo imaginário dos mitos e dos deuses.
 
Já bem mais perto de nós, no renascimento, a representação da figura humana tenta ultrapassar a fantasia para captar a realidade mesma em sua materialidade. Disso resultou, na verdade, outro tipo de fantasia, pelo simples fato de que a representação da coisa não é a coisa.
 
Data daí o que se entende por arte da pintura no mundo ocidental e que ampliou a representação das formas e coisas para criar cenas, paisagens e representação de fatos mitológicos, históricos e cotidianos.
 
Nesse processo, elaborou-se uma linguagem que, além de representar seres e cenas, criou uma espécie de espaço fictício, que emprestou tridimensionalidade à superfície bidimensional da tela.
 
 
 
 
 
 

sexta-feira, 12 de julho de 2013

à margem das vanguardas - A morte de Marcelo Grassmann - Por Ferreira Gullar - (Blogue Livres Pensantes)


à margem das vanguardas - A morte de Marcelo Grassmann - Por Ferreira Gullar - (Blogue Livres Pensantes) 
 
A morte de Marcelo Grassmann, ocorrida no dia 21 de Junho significa uma enorme perda para a arte brasileira, já que ele foi, além de gravador e desenhista de extraordinária qualidade, uma personalidade original, criador de um mundo imaginário único e fascinante.
 
Grassmann começou como aprendiz de metalúrgico, para depois matricular-se na Escola de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, onde aprendeu a técnica da gravura em metal.
 
Logo em seguida, isto é, no começo da década de 1950, a arte brasileira sofre uma mudança radical com o surgimento da arte concreta, de linguagem geométrica e construtiva. Esse fato determinou uma ruptura drástica com a tradição modernista brasileira, surgida nos anos 20 e caracterizadamente figurativa e de temática nacional, ainda viva, àquela época, na pintura de Lasar Segall, Di Cavalcanti e Portinari.
 
A partir de então, a nova geração de artistas plásticos abandonou a arte figurativa e voltou-se para um tipo de expressão essencialmente geométrica, construtiva e objectiva.
 
Era, portanto, um tipo de expressão no extremo oposto à gravura de Marcelo Grassmann, àquela altura um jovem de 20 e poucos anos.