A Lenda da Galinha D´Angola - Por Antônio Carlos Affonso dos Santos - Acas
Certa vez o «poetinha» Vinícius de Morais, fez uma poesia em homenagem à galinha d´angola:
A Galinha d' Angola
autor: Vinícius de Moraes
Coitada, coitadinha
Da galinha -d'Angola
Não anda ultimamente
Regulando da bola
Ela vende confusão
E compra briga
Gosta muito de fofoca
E adora intriga
Fala tanto
Que parece que engoliu uma matraca
E vive reclamando
Que está fraca
Tou fraca! Tou fraca!
Tou fraca! Tou fraca! Tou fraca!
Da galinha -d'Angola
Não anda ultimamente
Regulando da bola
Ela vende confusão
E compra briga
Gosta muito de fofoca
E adora intriga
Fala tanto
Que parece que engoliu uma matraca
E vive reclamando
Que está fraca
Tou fraca! Tou fraca!
Tou fraca! Tou fraca! Tou fraca!
Tinha razão o poeta; a galinha d´angola, com quem convivi amiúde nos tempos de eu menino, nos campos da Fazenda são José, município de Cravinhos (SP); gosta mesmo de dizer (ou fazer-se entender) de quê está fraca!
E elas são péssimas chocadeiras (abandonam os ninhos ou espalham a maioria dos ovos para fora dos ninhos), porém há de se creditar a elas que são poedeiras das melhores, de todas as aves que conheci.
Lembro-me bem de como eu tinha curiosidade; pois a galinha d´angola é a única ave que conheço que é dotada de um chifre (ou corno). Lembro-me muito bem que, certa vez, encontramos um ninho de galinha d´angola, um pouco distante de casa (elas sempre fazem ninhos longe das balbúrdias e barulhos, o mais afastado possível; só se denunciam logo após porem os ovos: elas emitem um canto mui diferente do «Tô Fraca», quando ouvimos esse «canto diferente», fomos conferir: quarenta ovos!!!!
Depois de anunciarmos o fato, minha mãe (saudosa dona Guidinha) mandou-nos recolher os ovos e deixar apenas meia - dúzia deles no ninho, com uma recomendação: não pegar os ovos com as mãos e em tocar com as mãos as palhas e ervas que ela havia coberto o ninho, pois as galinhas d’angola têm olfato apurado e abandonam o ninho se perceber que ele foi violado.
Assim, de posse de uma concha de alumínio, seguimos até e o ninho e colhemos 34 ovos, que passaram de imediato, para um ninho de galinhas comuns, que posteriormente os chocaram e geraram vinte novas galinhas d´angola (os outros quatorze ovos foram fritos estrelados ou passaram a fazer parte de pães e bolos da D. Guidinha... ).