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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

OS DENTES DO SOBA - Conto de Gociante Patissa


OS DENTES DO SOBA - Conto de Gociante Patissa

Em Outubro de 1945, um arrolamento extraordinário estava na iminência de ocorrer na Ombala de Tchiaia, capital de cinco aldeolas plantadas no cimo de montanhas vizinhas, que mais se pareciam com dedos de uma mão tentando tocar o céu: Pedreira, Kandongo, Samangula, Kawio e Tchiaia, hoje pertencentes à comuna do Sambo, município da Tchikala Tcholoanga, na província do Huambo.

 Ia ao rubro a ansiedade na Ombala, como de costume em véspera de arrolamento. Cada família procurava catanar a idade dos filhos, o que contribuiria na diminuição dos impostos, o mesmo acontecendo com o número de animais domésticos. Menos posses, melhor. O que restava fazer só dependia da visita do Chefe do Concelho, branco português conhecido por observar ao mínimo pormenor até mesmo os pelos de um porco.

Andava intrigado o Chefe do Concelho com a notícia do registo de dezassete óbitos em oito meses. E de nada o convenceram as justificações das autoridades, que atribuíam tal azar ao aparecimento do dragão, que fora visto por poucos sobrevoando o caminho do cemitério.

 Era fenómeno raríssimo no meio rural, mas havia na aldeia uma mulher (chamada Kutala) em condições de dar conta do recado em matérias de recenseamento. Fora logo cooptada para o posto de secretária-tradutora-dactilógrafa da Ombala. Despachava diretamente o expediente com o Soba.

 Nascida doentia, Kutala vivera a sua adolescência sob os cuidados de missionárias, tendo com elas aprendido as práticas de dactilografia, costura, doméstica e o domínio da gramática portuguesa. Mas com o desabrochar dos seios e o surgimento de sonhos eróticos — que ela não sabia se gostava ou se odiava —, Kutala convenceu-se de não ter vocação para madre, optando por abandonar a residência. Não era de ser pretendida por qualquer um, dada a sua capacidade de análise crítica, embora não fosse cheia de «não me toques».




segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Não é com as pernas que corremos (*) - Conto de Gociante Patissa


Não é com as pernas que corremos (*) - Conto de Gociante Patissa

Numa aldeia muito distante do nosso tempo, no contar do meu avô, havia espaço para tudo, menos para a felicidade de pessoas com deficiência. Acreditava-se que a limitação motora seria praga dos deuses por eventual erro dos ancestrais.

 Lumbombo, cujo nome na língua Umbundu quer dizer raiz, na típica essência proverbial dos nomes africanos, era visto como um ser frágil. O próprio nome advinha do facto de nascer doentio, ficando a sua sobrevivência a dever-se a medicações à base de raízes e preces. Em meios rurais, onde são pelo trabalho as pessoas notadas, não era bem do tipo que povoava fantasias. Não se lhe via beleza nem valentia para sustentar uma mulher.

 Diz-se que quem nasce com a deficiência tem maior probabilidade de lidar com a baixa auto-estima do que aquele que a adquire depois de ter uma cosmovisão já construída. Na hipótese de ter sido, de facto, assim, Lumbombo não andava por aí a fazer da sua condição uma canção.

Para a família, ele nem era assim tão inútil. Passava o dia em casa e cuidava dos animais domésticos, muitas vezes usados como moeda de permuta com produtos da loja do único comerciante, português oriundo do Norte, segundo as más-línguas, sem fundos para a passagem de regresso à Europa.

 Romântico inconfesso, Lumbombo não sossegava enquanto não bolasse uma estratégia aparentemente desinteressada de atrair simpatia feminina. Foi então que aprendeu a esculpir pentes de madeira, ciente de ser a vaidade a primeira amiga de uma mulher. Nem foi preciso sequer um ano para o quintal do homem andar apinhado de beldades, perdoem-me aqui algum exagero.

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quarta-feira, 12 de novembro de 2014

A razão do Barriga na Sagrada Família - por Gociante Patissa


A razão do Barriga na Sagrada Família - por Gociante Patissa 

 Vou eu em manhã de intermitente sol pelas cercanias do Sagrada Família, no simples gozo de caminhar. Luanda, para turistas, ganha-se a pé. Tudo sobre rodas é lento, quase preso ao lugar. Até das árvores, as copas perderam a ginga, não se dá o vento a colher, vento que se converteu em sólido em obediência à malha gigantesca de edifícios. Não chove.

 E caminho no sentido oeste, digo caminhava. Não posso seguir, há sobre a calçada um destacamento da UGP - não que eu temesse armas, tão evidente que é o dom meu de anti-balas congénito, não é? Eh pá, é assim: os carabineiros estão bem no seu posto de trabalho, e não é de bom tom os importunar com «dá licenças»em meu dia de ócio, não é verdade? - Tenho de voltar ao quarto.

 Os quartos de hotel são iguais. Eu deles não gosto. Já nasceram impessoais. Escondo-me no aconchego cosmopolita de um livro, mas é por pouco tempo, felizmente. O companheiro de jornada convida para a caminhada, ao que anuo.

 Pelo caminho, uma agradável surpresa, a primeira: chega ao fim a lacuna deixada há dias pelo par de calçado convencional para os dias de ofício. Sapato com o mínimo de estética e ao mínimo preço. Ufa!, para alguma coisa vale a insubordinação dos vendedores ambulantes aos fiscais da Câmara e respectivo código de postura.



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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A Babosa - Conto de João Furtado


A Babosa - Conto de João Furtado  

 O martírio era enorme. O José dos Ramos não tinha um minuto de sossego. A barriga estava a funcionar ao ritmo do mar. Se era maré-alta a barriga inchava que nem um tambor. Ia se esvaziando ao ritmo do mar até ficar completamente colada a costa.

Minutos depois iniciava o sentido inverso. Começava a encher aos poucos no mesmo ritmo do mar. Morava no Oeste, embora a Ilha seja pouco mais que 100 kms quadrados, no meio do Oceano Atlântico, podia-se dizer que Oeste era longe do mar. Sim, tudo é relativo, e nesta relatividade as poucas pessoas que residiam no Oeste afirmavam e acreditavam que estavam longe, muito longe do mar.

 Efectivamente não tinham o mar no horizonte visual. E a barriga do José dos Ramos trouxe a todos a noção dos movimentos das ondas. Não foi levado ao hospital. Todo o mundo sabia o que acontecera. Os ai ai ai ai do José dos Ramos foram tomados, embora com consternação, como normais pelo o que foi provocado.

 O mês de Maio estava no fim, o próximo mês seria Junho, mês das festas de Santo António do Príncipe. Era preciso preparar tudo para que nada ficasse ao acaso. Era um mês de festas, durante todo o mês de Junho, o Picão era o centro da ilha. O que era para guardar, tinha que ser guardado, sempre podia aparecer algum amigo do alheio.

O José dos Ramos fechou tudo em casa. Não deixou nada a vista. Era um homem prudente e não queria perder nada. Entretanto havia um utensílio, muito útil por sinal, enorme que não cabia dentro da casa, era um tacho de cobre. Tacho enorme, tinha dois metros de diâmetro. Estes enormes tachos serviam (e servem) para se fabricar farinha de mandioca.


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segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A Lenda da Senhora Matilde e da «San Líjà Bote» - Conto de João Furtado


A Lenda da Senhora Matilde e da «San Líjà Bote» - Conto de João Furtado

 Vestida imaculadamente de branco, a senhora Matilde, sim era este o nome da velha que diariamente sentava-se a berma do rio Papagaio.

 Usava saias longas e de pregas e uma blusa de mangas folhadas. Esperava alguém, alguém que deveria voltar e nunca mais voltaria. Aquela zona era denominada de «San Lijà Bote», em português, senhora Luísa Bote.

Que esperava a senhora Matilde? Alias quem esperava ela?O João diariamente passava por ela e tornava a passar. Passava para ir a escola e passava de novo quando voltava para a casa. A senhora Matilde lá estava.

Ia bem cedinho e só regressava a noite. Há anos que ela passava o dia sentada. Alimentava de cola e agua. Graças a Deus a cola era uma semente milagrosa. Bastava uma semente para não se sentir a fome durante longo período do dia e era fácil de se conseguir.

 O fazia ela sentada ali e quem esperava ela?
 A agua cristalina e transparente descia rio abaixo até o mar alheio a tudo e a todos e a Senhora Matilde, alheia a tudo que passava a sua volta fixava os olhos no rio e via a agua correr na sua trajectória milenar, enquanto respondia a todos que por ela passassem o «Passô» com outro «passô».

Ninguém mais se importava com ela. O hábito de ficar sentada a beira do rio já se havia transformado em normal, natural.

Um tão estranho hábito tornou-se habitual e quando o estranho se transforma em normal, ninguém mais liga. A Senhora Matilde já tinha se tornado em parte integrante do ambiente.


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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Realidade fictícia - Conto de João Furtado


Realidade fictícia - Conto de João Furtado 

 Não consigo escrever. Vivo este vazio sempre que termino um conto e quero começar a escrever outro. E à  minha volta é o nada. Nada me sai da cabeça para o papel. A febre que sinto enquanto coloco no papel as minhas ideias mais ou menos formadas se esvazia rapidamente.

Sinto uma paz interior, o mesmo que se sente após o orgasmo. E a mesma vontade de continuar e não poder. Já fui ao computador várias vezes, mas abro, jogo uma ou duas partidas do «solitário», ganho e perco, volto a levantar-me, após fechar o computador, nada sai mesmo, nada de nada. Esforço a memoria faço o filme da minha vida passar vertiginosamente desde o meu nascimento até hoje. Faço projecção para um futuro incerto de mil maneiras, mas nada. Tudo em mim é informe e vazio. Não resta nada a fazer senão esperar.

 Posso passar assim algumas horas ou mesmo dois ou três dias. Sem nada poder fazer, brinco com a minha netinha. Deixo ela fazer-me de bebé, o que ela adora. Com o seu pouco mais que um ano, ela adora me dar de comer, me mandar abrir a boca, para ver se tenho algo de errado nela. Ela coloca-me coisas, como a caneta electrónica, na boca, para me repreender. Ou seja o que lhe faço, ela me faz com todo o prazer.

 Imagino a historia que gostaria de contar, as palavras me faltam, estou na fase do vazio completo, deixo de ter capacidade de imaginar. A minha mulher fala comigo e eu nem ouço. Ela repete e torna a repetir, eu continuo longe, no mundo de ninguém. Ela me repreende dizendo que devemos estar mais presentes neste mundo. Eu nem ai, bem, para dizer a verdade, sempre preferi o meu mundo.

 Vem à mente o quanto sou prejudicado por viver num mundo só meu, mas agora mais do que nunca estou no meu mundo. Lembro com tristeza que tenho sido escada para muita gente subir no meu trabalho. Mas que a possibilidade de subir é para mim escassa, isto porque preciso ser deste mundo. Aproveitar as oportunidades, saber ser um pouco engraxador.


quinta-feira, 17 de abril de 2014

O FANTASTICO NA PROSA ANGOLANA - Por Manuel Fragata de Morais - ISAQUIEL CORY - O ULTIMO FEITICEIRO


O FANTASTICO NA PROSA ANGOLANA - Por Manuel Fragata de Morais - ISAQUIEL CORY - O ULTIMO FEITICEIRO

 Quem for a Catete, via Luanda, há-de encontrar, nos arredores de Mazozo, bem junto à dita estrada nova, em contraposição à outra, velha, inteiramente abandonada ao capim e aos passos infatigáveis dos camponeses locais, um embondeiro outrora majestoso, caído, derrotado pelas forças humanas da destruição. Foi a partir daí, dessa paragem que o povo chama do «Embondeiro Caído», que fui vencendo o longo percurso ravinado até à sanzala que viu os meus pais nascerem.

Ao longo do caminho seco e pedregoso, inadvertidamente, fui espantando os animaizinhos que se banhavam de sol.

Com as costas húmidas e encurvadas de cansaço e os olhos semicerrados parei, finalmente, diante de Mazozo. As primeiras casas, de pau a pique, estavam espalhadas, separadas umas das outras por largos e extensos de terreno coberto de capim. Galinhas e respetivas crias andarilhavam de um lado para o outro, à cata de alimentos. As únicas criaturas humanas visíveis eram algumas crianças de tronco nu, descalças, que se moviam com extrema lentidão.

Se em Luanda já notara uma certa lentidão no jeito como a vida se desenrolava, comparativamente a Londres, agora em Mazozo esse «não ter pressa» de nada, essa maneira rotineira e lenta de viver, dava-me a impressão de estar diante de um écran gigante com as imagens a passarem em câmara lenta. Interroguei-me se um écran desses, colocado em Mazozo, causaria o mesmo efeito que numa cidade. Captariam, os telespectadores locais o tempo e o ritmo diferente das imagens? Se as suas vidas já eram lentas não lhes ficaria melhor as imagens em câmara lenta?

Por breves momentos as crianças olharam-me com muita curiosidade mas depois retornaram às suas lentas brincadeiras. Chamei uma delas, que se aproximou devagar.

- Tudo bem? Onde é que mora o velho Chico Maria?

- O feiticeiro? – A criança, dos seus nove anos, falava num tom próprio dos naturais de Catete e denotava no seu português um forte sotaque kimbundo.

- Sim – respondi.





quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O Filho - Por Manuel Fragata de Morais

 
O Filho - Por Manuel Fragata de Morais
 
Este conto faz parte do seu livro «Momento de Ilusão».

«E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho...e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando à luz, lhe tragasse o filho. S. JOAO - APOCALIPSE 12»
 
Há sete longos anos que o filho lhe remexia as entranhas. Não havia dúvida, há sete anos que a criança a apalpava por dentro, que lhe falava em silêncio penoso. No início da gravidez os médicos observaram-na cuidadosamente, todavia, à medida que os meses passavam, insinuaram uma gravidez psicológica. Ao décimo sete mês, uma amiga, insidiosa, propôs-lhe a possibilidade de uma barriga de água.
«Não sabes o que é, eu explico-te?...», ofereceu-se.
 
As íntimas, propuseram os remédios da terra, a visita aos kimbandas, aos adivinhos. Não haveria nada a perder, que não tentasse esconder o que é da terra. Mulher grávida há sete anos só pode ser curada com a tradição, com o debicar engasgado do galo.
 
Angustiada, cruzou as longas pernas, vestia o robe de chambre azul cor das águas e reclinou-se no cadeirão de couro da vasta sala de visitas de sua casa. Acendeu, silenciosa, um cigarro. Não queria ser apanhada em kimbandas. Isso não. Seria o perder do pudor, sabia que os rótulos se arquitectam nos vastos silêncios sociais.
 
Atirou, com displicência, o fósforo para o cinzeiro e serviu, da pequena mesa ao lado uma bebida, levando-a à boca em longos e melancólicos sorvos. Olhou para o quadro pendurado na parede oposta. Paisagem típica africana, o capim em movimento, fustigado pela brisa da tarde.
 

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O ORACULO - Um Conto / Crónica - Por João Furtado

 
O ORACULO - Um Conto / Crónica - Por João Furtado 
 
Foi o Gregório quem levou aquele livro, o copo e um dado, recordo como se fosse hoje, por duas razões. Uma porque o dado era de fundo vermelho e pontos brancos, a cor que fazia lembrar o equipamento do Benfica. A outra razão é a rivalidade entre mim e o livro, para todos o livro dava uma resposta sonhadora, menos eu. Definitivamente, o «ORACULO DE NAPOLEAO» não quis nada comigo.
 
Chegou como uma novidade lá em casa, era o livro da sorte e todos queriam saber a sua sorte. Desde as minhas irmãs até o meu pai, mesmo ele que era pouco dado as novidades ficou entusiasmado. Todos queriam saber o que seria seu futuro.
 
Pegavam no copo, colocavam o dado dentro do copo, agitavam o copo em movimento giratório enquanto proferiam a frase que o Gregório nos ensinou que era «Oráculo de Napoleão, Oráculo de Napoleão, diga-me….». Num movimento rápido embarcavam o copo sobre a mesa. Viam qual o número que coube a sorte e no livro, procuravam a resposta. As perguntas eram as que previamente se viam no livro.
 
As minhas irmãs, a minha mãe e o meu pai ficaram todos satisfeitos com as respostas obtidas e estavam ansiosos para continuarem o jogo. Pelo menos estavam a viver uma vida de ilusão por algum momento.
 
Chegou a minha vez e queria que eu me despachasse o mais rápido possível, para continuarem a perguntar. Todos tinham mil perguntas a fazer e queriam a resposta.
 
Tinha pouco mais de sete anos. Era a idade de fantasias e a pergunta devia ser sobre algum brinquedo ou outra fantasia de criança, mas eu não perguntei se ia conseguir uma bola no próximo Natal. Não quis saber se o Pai Natal olharia para mim, já que nos outros seis anos da minha vida ele nunca se lembrou de mim. Bem, mesmo que quisesse perguntar, não sei se a pergunta estava no livro.
 

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O Casamento - Por: João Furtado

 
O Casamento - Por: João Furtado 
 
Desta vez não usamos o Hiace. Iamos a boleia de um amigo. A viagem foi mais suave, não tivemos que dar mil e uma curva até o carro encher. O Hiace leva oficialmente 13 pessoas, normalmente 16 a 20.
 
A policia bem tenta impedir com multas mas dificilmente consegue multar alguém, embora todos os condutores se gradeiam entre eles, quando existe uma operação «STOP», os que passam pelo ponto do «STOP» pisca para todos os Hiaces com que se cruzam. Uma espécie de pacto.
 
Outra razão do excesso da capacidade é que ninguém quer entrar num Hiace vazio. E sempre a força que vai-se rendendo e entrando no carro. Um puxa eu puxa você com resultados imprevistos. Todos os condutores têm um grupo de 4 ou 5 ajudantes que a troco de alguns tostões entram e fingem ser clientes e que vão descendo aos poucos conforme o Hiace vai-se enchendo com verdadeiros clientes.
 
O carro sai do largo da Sucupira toma Avenida de Lisboa vira a esquerda, contorna a Rotunda a frente da sede do Sindicato UNTC-CS, Primeiro de Maio toma a Avenida da Fazenda vai até a Ponte da Vila Nova vira a direita anda mais uns 300 metros vira a esquerda, sobe Safende, passa por Cruz Marques chega a Rotunda de Ponta de Agua, sempre a parar, a lutar para que este ou aquele passageiro entre no seu Hiace e não do colega de profissão.
 
E regressa no sentido inverso até o Largo da Sucupira de novo. Ao todo cerca de 2 ou três quilómetros. Já cheguei a fazer este percurso pelo menos 6 vezes antes de rumar ao destino programado. Deve ser por isso que todos procuram o Hiace que já esta cheio. Mesmo se para tal se lembre das sardinhas enlatadas, só que as sardinhas não tiveram escolha…
 
Levamos cerca de 45 minutos a fazer a trajectória que costumávamos a fazer em quase 3 horas. Não tivemos que ultrapassar nenhum carro a alta velocidade. Nem tivemos que parar na curva anterior a alguma operação «STOP» para fazer descer duas e três pessoas, que teriam que caminhar a pé, até serem recolhidas um pouco a frente da operação «STOP», onde o Hiace estaria a espera. Iamos a um casamento e o casamento era no dia seguinte.


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