A Lenda de Inês Negra - Lenda do Distrito de Viana do Castelo
Os Castelhanos tinham-nos tomado a maior parte das povoações fortificadas do Alto Minho; porém, o valor dos Portugueses os tinha feito capitular a quase todos e só Melgaço estava a favor de Castela.
Era seu governador ou alcaide-mor. Alvaro Pais Sotto -Maior, castelhano, o qual, tendo de guarnição trezentos infantes e trezentos cavalos, porfiava na resistência. D. João I pôs cerco a Melgaço e havia 10 dias que o assédio durava sem outra consequência mais do que escaramuças, que nada decidiam.
Então o rei português mandou edificar um castelo de madeira, que ficasse a cavaleiro das muralhas, cuja construção levou 20 dias. Os cercados, receando o assalto, deram sinal de armistício e foi à praça João Fernandes Pacheco; porém, Alvaro Pais propunha tais condições que nada conseguiu. O rei mandou activar os preparativos do assalto, jurando que ele próprio o comandaria.
Dentro da praça havia uma mulher muito valente, parcial dos Castelhanos, que renegara sua pátria, pois era daqui mesmo natural.
Sabendo ela que no arraial dos Portugueses estava uma sua conterrânea, ousada e valorosa como ela, a mandou desafiar a um combate singular.
Inês Negra (a desafiada) aceitou o repto e dirigiu-se logo para o ponto designado, que era a meia distância do arraial da vila. Já lá estava a arrenegada, (como então se dizia) e o combate começou encarniçado, terrível e desesperado, como duas viragos, ferindo-se com as mãos, unhas e dentes, depois de partirem as armas de que vieram munidas (ignorando-se que armas fossem).
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