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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Considerações sobre a Sublimação - Texto de Daniel Teixeira


Considerações sobre a Sublimação - Texto de Daniel Teixeira 

 A sublimação, em termos correntes quer dizer elevação, atingir um estado superior em que o objecto sublimado permanece ou não na sua configuração própria, devidamente depurado do seu valor relativo anterior à sublimação, ficando subsumido, subalternizado, perante o indivíduo ou o grupo sublimado. Freud abordou o conceito e, sendo a sua psicanálise eminentemente virada para o problema sexual, a sublimação aparece como um processo preenchido por um conjunto de etapas, não forçosamente colocadas na mesma pista.

 Segundo William Stern, em Psicologia Geral, o conceito de sublimação significa que a energia total disponível para a vida impulsiva, quando não pode descarregar-se num dado campo da acção impulsiva, procura outra saída, ou melhor, é orientada para outra saída.

 Um pouco apressadamente, a nosso ver, este autor serve-se do exemplo de Goethe, que terá sublimado os seus amores pessoais na obra «Os sofrimentos de Werther», não só canalizando a sua pulsão amorosa para o campo estético como ainda fazendo uma deliciosa mistura com uma referida pulsão estética, o que terá resultado num surplus da sublimação erótica através do seu enquadramento num surplus da pulsão estética (curiosamente, ou talvez não, referida como inata).

Ou seja, não terá só havido, em Goethe, sublimação de uma pulsão mas também o seu direccionamento preciso para o campo estético o que terá enriquecido qualitativamente a «pulsão» estética, o que não deixe de nos parecer um convite à abstinência erótico / sexual pelo menos sempre que nos deparemos com a possibilidade de a sublimar em campos ditos superiores da psique e se sobre isso pudéssemos (ou desejássemos) estabelecer controlo e este tipo de controlo.

 Contudo, quer em Stern quer na Psicologia em Geral, de base Freudiana ou não, a derivação dos impulsos para campos diferenciados não aparece como objecto de vontade. Aparece antes como um «acidente» favorável ou desfavorável (favorável em Goethe) que acaba por cozinhar, na sua complexidade derivativa e de direccionamento algo que ao ser mostrado vem a poder ser decomposto num sistema que se quer lógico e coerente.


Leia este tema completo a partir de 30 de Outubro de 2014 carregando aqui

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Corpo / Espírito - Texto de Liliana Josué

 
 
Corpo / Espírito - Texto de Liliana Josué 
 
Há sempre o reflexo dos nossos passos em cada esquina, mas nem sempre em cada esquina que viramos o cérebro acompanha os passos, vai noutra direção, naquela que os pés não atingem.
 
 O espaço cerebral é sempre amplo demais comparativamente às ruas que percorremos com os nossos pés, mas os nossos pés tornam-se cada vez mais reflexo, e vamos com ele sem nos importarmos saber para onde. Então os caminhos deixam de ser os que pisamos com os pés passando a ser aquilo que o reflexo percorre. Neste momento surgem vastas avenidas debruadas a flores e muito coloridas, onde não entra a menor sombra. Só luz, calor e harmonia.
 
 Os pés continuam a pisar chão duro, frio e escuro por entre vielas, cais tristes ou calçadas de infortúnio. As mãos seguram a esperança colhida nas largas avenidas e perfumam-se nos aromas libertos pelo encanto. Por vezes, fraternais, têm de suspender a leveza desse estado para dar algum consolo e amparo aos pés calejados e feridos de tanto caminhar em direção a lugares estreitos e pouco estruturados . Elas afagam-nos, tratam-nos, tentam dar-lhes alento ingloriamente. Depois soltam-se voltando às suas avenidas arejadas e solarengas.

Leia este tema completo a partir de 11 de Fevereiro carregando aqui.

domingo, 17 de março de 2013

Reflexão Filosófica - Miguel Torga por João Manuel Brito Sousa

 
Reflexão Filosófica - Miguel Torga por João Manuel Brito Sousa 
 
A obra de Torga tem um carácter humanista: criado nas serras transmontanas, entre os trabalhadores rurais, assistindo aos ciclos de perpetuação da Natureza, Torga aprendeu o valor de cada homem, como criador e propagador da vida e da Natureza: sem o homem, não haveria searas, não haveria vinhas, não haveria toda a paisagem duriense, feita de socalcos nas rochas, obra magnífica de muitas gerações de trabalho humano.
 
Ora, estes homens e as suas obras levam Torga a revoltar-se contra a Divindade Transcendente a favor da imanência: para ele, só a humanidade seria digna de louvores, de cânticos, de admiração: (hinos aos deuses, não/os homens é que merecem/que se lhes cante a virtude/bichos que cavam no chão/actuam como parecem/sem um disfarce que os mude).
 
Para Miguel Torga, nenhum deus é digno de louvor: na sua condição omnisciente é -lhe muito fácil ser virtuoso, e enquanto ser sobrenatural não se lhe opõe qualquer dificuldade para fazer a Natureza - mas o homem, limitado, finito, condicionado, exposto à doença, à miséria, à desgraça e à morte é também capaz de criar, e é sobretudo capaz de se impor à Natureza, como os trabalhadores rurais transmontanos impuseram a sua vontade de semear a terra aos penedos bravios das serras.
 
E é essa capacidade de moldar o meio, de verdadeiramente fazer a Natureza mau grado todas as limitações de bicho, de ser humano mortal que, ao ver de Torga fazem do homem único ser digno de adoração. Considerado por muitos como um avarento de trato difícil e carácter duro, foge dos meios das elites pedantes, mas dá consultas médicas gratuitas a gente pobre e é referido pelo povo como um homem de bom coração e de boa conversa. Foi o primeiro vencedor do Prémio Camões.
 
 

 

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Coluna de Jorge Vicente - Questionamento...

 
Coluna de Jorge Vicente - Questionamento...
 
Questionar é reflectir sobre, encontrar modos alternativos de encarar um problema determinado seja esse problema relacionado com o amor, o trabalho, as nossas dificuldades financeiras, o nosso posicionamento em relação ao mundo e em relação a nós mesmos.
Uma excelente oportunidade para largarmos, deixarmos fluir no oceano do Vivo tudo aquilo que não nos interessa ou, também, solidificarmos mais ainda aquilo em que acreditamos.
 
Questionar é aprender e uma nova oportunidade que a vida nos dá em repensarmos tudo o que já foi conquistado. Encontrarmos novas armas para enfrentar um determinado problema. Indagar esse mesmo problema e perguntar-lhe: o que fazes aqui? O que tens para me ensinar? Ou para não me ensinar?
 
Dizem que, em matéria de amor ou de paixão, tudo deve ser questionado. Permanentemente. O próprio olhar no olho é um questionamento diário e uma oportunidade básica para repensarmos a nossa humanidade permanentemente. Descobrirmos o porquê de estarmos aqui e agora com esta mesma pessoa.
 
E isto apesar do porquê, no próprio acto de olhar olhos nos olhos, não ser absolutamente necessário. Necessária é a vivência de estar aqui e agora, sem perguntas, sem interpretações - as respostas aparecem de repente, como um insight poético. E o questionamento e a resposta a esse questionamento faz-se sentido do corpo, faz-se certeza, faz-se no instante.
 
E quando digo que esse questionamento se faz em relação ao amor, também se faz em relação às nossas paixões: escutemos o que as nossas paixões têm para nos dizer, olhemo-las de frente e indaguemos. Sentirei sempre o que sinto e da mesma maneira? Aceitarei sentir de forma diferente? Estará certo sentir de forma diferente? O certo de hoje será o errado de amanhã? Onde ficarão as nossas certezas e as nossas dúvidas?