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terça-feira, 19 de dezembro de 2023

UM COELHO EM EBULIÇÃO

 



UM COELHO EM EBULIÇÃO

Como qualquer Coelho que se preze Passos Coelho tirou-se , a si próprio, da cartola, desabençoando intensamente  António Costa.

Diria mais: mordendo forte e incivilizadamente  as canelas do seu antigo  adversário político.

E a dentada foi tão intensa que o seu admirador confesso e antigo súbdito André Ventura viu-se ingressado na categoria dos “Há piores do que ele”. Apressou-se, aliás, a mostrar que essa descida no ranking dos insuportáveis não o tinha deixado triste.

Pelo contrário, tinha-o iluminado na escolha do primeiro ministro do PSD de que mais gostaria, qual o líder do PSD que mais facilmente o domesticaria, qual o chefe laranja que engolirá  mais facilmente.

O cerco de Montenegro a si próprio foi reforçado por um irrequieto Coelho que o farpeou sem piedade. Na sua emaranhada desfilada, foi tempo de uma pequena dança de regozijo de André Ventura.

Perdida na  sua campanha malabarística, a direita pergunta-se: Afinal, quem devora quem?

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

CAVACO

 


CAVACO

Cavaco veio, num destes dias num jornal de referência,  sublinhar uma vez mais o seu ódio ao PS. Exprimiu uma convicção forte. Mas não a soube  envolver em qualquer  acutilância genial .

 Assim,  produziu apenas  uma papa insalubre feita de insultos , de insinuações vagas e torpes, de sapiências apavonadas.

Na verdade, por mais  que se escave na  sua esforçada prosa, não se descobre o brilho de uma ideia original ou a sombra de uma crítica percuciente. Apenas o regougar azedo de um ódio que não cansa.

Perdido, o PSD ostentou-o como um troféu de excelência.  Fê-lo passear pelo seu silêncio, como uma ruidosa orquestra de tambores. Julgou talvez que desfraldava uma bandeira, mas apenas mergulhou numa estéril anedota.

domingo, 26 de novembro de 2023

O CONGRESSO

 


O  CONGRESSO

Assombração e Silva não desiste de fazer de homem do saco. Julga ele que assusta a esquerda, oferecendo-se como ícone ao que julga serem as legiões da direita.

A direita comove-se com o reaparecimento do fantasma dos seus sonhos perdidos. Ouve entretanto com reserva o alarido que rodeia o modesto salvador que lhe oferecem.

Esperava com ansiedade um robusto galo de combate. Teme que lhe estejam a querer fazer engolir o que os seus adversários possam com verosimilhança considerar um modesto, ainda que pomposo, garnisé.

O bom povo, que eles querem cercar, olha com desconfiança o circo mediático. Das apregoadas glórias do laranjal, recorda-se vagamente. Mas menos como glórias do que como pesadelos.

São também apregoadas legiões de sábios que, em reuniões muito circunspectas, congeminam gravemente os muros com que querem rodear o nosso futuro. No essencial, procuram convencer os explorados que acentuar-se a exploração é o caminho mais seguro (quiçá o único!) para que os pobres tenham a boa sorte de aproveitar o enriquecimento dos ricos para colherem os frutos da sua proverbial generosidade.

O bom povo pensa e torce o nariz. Habituado a migalhas, estranha quando lhe ofereçam banquetes.

Assombração e Silva sai para jantar, na esperança de que a esposa o espere com um petisco.

Os jornalistas e os comentadores, plenos de imparcialidade garantem que o número caváquico foi o sucesso de topo do transcendente conclave

quarta-feira, 8 de junho de 2022

Pesadão e Silva falou.

 

Pesadão e Silva falou.

 


Pesadão e Silva falou.

Como irmão mais velho reduziu Rio a um esquálido ribeiro que censurou sem fraternidade pela irremediável secura.

Decretou teocraticamente a caducidade  da repartição entre a esquerda e a direita, mas inventou-se firmemente como o mais esotérico social democrata.

Glosou a vulgata crescimentista neoliberal com a transparência do simplismo economicista. Pavoneou-se  com a sua alegada vocação reformista, ruminando os mais sagrados tiques ideológicos  da direita mais classicamente inequívoca.

Massacrou ferozmente o PS, fornecendo o roteiro da sua oposição. Esmagou olimpicamente António Costa com o peso imenso da sua grandeza. O povo de esquerda exultou:” Se Pesadão e Silva nos ataca é sinal de que estamos no bom caminho-”

Antóno Costa limitou-se a fintá-lo. E a sorrir…

Num rasgo de última instância, o Prof. Silva ignorou corajosamente os trinca-fortes da saudade, varrendo-os para debaixo do tapete.

Só então a corte respirou de alívio e descansou:” afinal existimos! Uf!”

domingo, 28 de novembro de 2021

O MISTÉRIO DO LARANJAL EXTRAVIADO

 

O mistério do laranjal extraviado

Era uma vez um laranjal com um disfarçado perfume de direita. Discreto para não afastar os pacatos portugueses suaves. Suficientemente detectável para fixar a nebulosa conservadora, não desiludir o entusiasmo dos liberais, nem excluir os prisioneiros distantes da ressaca salazarista.

No passado, num tempo de pujança eleitoral, chegaram a falar em  cavaquistão. Há anos que muitos o procuram reencontrar num saudosismo infrutífero. Os museus acolhem memórias; não prenunciam regressos.

Ontem, houve dentro do laranjal uma competição feroz entre Rio e Rangel, para legitimar a entrega do leme partidário a um deles. O segundo desafiava o primeiro que, aliás, dirigia já o laranjal em questão.

Os notáveis, os notabilíssimos e os híper-notáveis, reconhecidos como frequentadores ou proprietários  do laranjal, fizeram os seus alinhamentos. Estilos diferentes: alguns deixavam deslizar um esgar aqui um sorriso ali sugerindo uma posição; outros almoçavam com, pouco inocentemente; outros recebiam indiscretamente cumprimentos. Só alguns desferiam verdadeiras cacetadas. Uns tantos frequentavam lançamentos e cerimónias sentando-se uns ao lado dos outros com um sorriso maroto. Queriam tornar bem clara a sua preferência sem que pudessem ser acusados de a ter explicitado. No meio desse  labirinto de subtilezas e de hipocrisias, pode nem sempre ter sido claro o apoio a Rangel, mas foi sempre evidente a recusa em apoiar Rio.

Marcelo, Balsemão, Cavaco, Moedas, Manuela Ferreira Leite, Passos Coelho, Poiares Maduro, Morais Sarmento, não apoiaram Rio. O chamado aparelho, ao que disseram vozes conhecedoras, também não. Apesar disso, 52,43 % dos votantes nas primárias deram a vitória a Rio.

Os derrotados, sem deixarem de o ser , deixaram contudo uma mensagem devastadoras quanto ao vencedor: Rui Rio não seria um primeiro-ministro desejável. Mas mostraram também que, todos juntos, só foram ouvidos por 47,57 % dos militantes do PSD que votaram. Para tão ilustre equipa é pouco, muito pouco, muitíssimo pouco. No entanto, Rio está desde já condenado a suportar o peso desses 47,57 % e da luzidia plêiade de notáveis que o abandonou. Incontornável!

Como podem os portugueses confiar para os governar em alguém que reúne uma tal unanimidade cética  de tão ilustres figuras tão próximas dele ?  

Por isso, se pode dizer que se há ainda um verdadeiro laranjal com o respetivo perfume ainda ativo , seguramente que se extraviou.

domingo, 17 de outubro de 2021

O TRANSCENDENTE RANGEL E A LUZ

 


O transcendente Rangel e a luz.

O transcendente Rangel acendeu-se como um pirilampo mágico na alegada escuridão lusitana, tendo começado por transformar num discreto ribeiro o frondoso rio que afirmava sonhar que ganhou politicamente as eleições que perdeu. 

Antes de se ocupar generosamente de nos salvar a todos, não sabemos bem de que desgraças, propôs-se estancar sem piedade um espantado ribeiro. Não o deixando trovejar a sua imaginária vitória autárquica, confronto-o com uma refrega dramática que teve o país suspenso: as primárias do PSD eram ou não eram adiadas?

Os conselheiros espremeram rudemente as suas agitadas  mentes e deram ao transcendente Rangel um inesperado presente : não eram! O transcendente transcendeu-se ainda mais e ganhou um novo suplemento de alma, quando num esforço arqueológico reuniu apoios de velhas glórias de pretéritos desastres governamentais do PSD.

Concedendo subir à varanda da História, deu–nos a chave mágica das glórias futuras que nos oferecia e da fácil planície que nos levaria a percorrer. Desde logo ele prometeu oferecer-nos um elevador social que permitiria aos portugueses submetidos a um excesso de agruras, por uma sociedade desigual e injusta, que subissem na vida rumo à felicidade e ao sucesso. 

Os oráculos gregos esfregaram os olhos estremunhados perante a chegada abrupta de um novo colega capaz de inventar tão luminoso futuro. É certo que alguns deles se atreveram a estranhar que um tão forte defensor de um Estado fraco pedisse as rédeas do poder para dar corpo a um desígnio político tão intenso. Rangel acenava glorioso com a promessa de tornar o Estado paralítico para depois correr com ele os cento e dez metros obstáculos ─ um espanto.

 Alguns entre os mais céticos ainda perguntaram: “ Mas não seria melhor pensar um futuro em que não fosse necessário um elevador social por ninguém precisar de o subir?” Outros, mais presos a um presente que justamente  não suportam, acumulando-se desde já à porta do prenunciado elevador perguntam em uníssono : “Subimos todos?”

Embalado na ascensão irresistível, o transcendente deu mais um passo decisivo.  Como sinal de robustez do seu desígnio de subida, anunciou a sua ideia salvífica e decisiva de oxigenação da esfera pública: logo que lhe fossem dadas as rédeas internas do poder no PSD, sem mais delongas ele arrastaria os outros partidos na Assembleia da República para alimentarem atordoadamente o seu desígnio naturalmente transcendente. Os debates com o Governo deixariam de ser mensais e voltariam a  ser quinzenais. Os politólogos mais exigentes estremeceram de espanto, perante tão luminosa inovação político-institucional. A ciência política abriu a sua exigente porta e acolheu desvanecida este assomo de criatividade: Debates quinzenais!

Esta é a história que conta como o transcendente Rangel se acendeu como um pirilampo mágico na alegada escuridão lusitana.

quinta-feira, 22 de abril de 2021

MOEDAS FALSAS ?

 Moedas entrou em campo como sombra sonhadora da Comissão Europeia e da Gulbenkian, esperando assim escapar dos insalubres ecos “pafiosos”que de longe o vigiam.

Mas logo na segunda vez que se fez à bola, procurou ostensivamente, ainda que sem êxito, a canela do odiado adversário.

Assim mostrou que afinal quem funciona como sua verdadeira treinadora é a candidata do PSD na Amadora, uma acutilante loura de verbo selvático.

Os advogados subtis da “cheguização” do PSD, argutos “Observadores”, aplaudiram com entusiasmo. Porém, a moeda desvalorizou-se mais um pouco.

domingo, 18 de abril de 2021

ESTÃO A PERDER A VERGONHA....


Há uns dias atrás interroguei-me sobre uma estranha diferenciação que ressaltou de uma notícia dada na RTP. Hoje, acrescento mais duas materializações dessa  diferença de tratamento informativo quanto ao mesmo caso.

No Expresso de 16.04.21 na coluna dos “altos e baixos” incluída na página 4, nos “baixos” é destacada em primeiro lugar e identificada como tal a Presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António . Quanto a ela, diz-se que estão em causa “suspeitas de crime económico num processo que envolve a venda de um terreno”  e que a autarca, tendo sido detida para interrogatório, se demitiu na quinta-feira “depois de o MP ter defendido a prisão preventiva da autarca”. Não é dada qualquer indicação quanto ao partido pelo qual foi eleita.

Imediatamente a seguir, é identificado um deputado “que foi envolvido pela PJ “no mesmo processo que levou à detenção da autarca” o qual “foi alvo de buscas”, tendo dito que “desconhece o processo”. É dito que ele é candidato às eleições autárquicas, mencionando-se a sua pertença político-partidária que aliás  está também explicitada na legenda da fotografia.

No primeiro caso, omite-se a pertença político-partidária, no segundo caso, sublinha-se essa pertença. Por um estranho acaso, a autarca é do PSD (esconde-se), o deputado é do PS (mostra-se). Claro, que o estranho não é ter-se mostrado uma das pertenças, mas que tal se tenha feito ao mesmo tempo que se omitiu a outra.

Mas o Expresso não foi deixado sozinho. Fez-lhe companhia de novo a RTP. Ontem, 17 de abril no jornal das 8 pela voz do José Rodrigues dos Santos, as imagens sobre o caso foram comentadas, começando por se identificar o nome e a pertença político-partidária do deputado do PS que apareceu no ecrã. Imediatamente a seguir, também apareceu nas imagens da TV a autarca do PSD, mas o apresentador ignorou-a por completo, não a mencionando pura e simplesmente, como se ela fosse uma turista acidental captada por acidente pelas câmaras. Novo acaso, tão estranho como anterior.

Estas ocultações seletivas que apenas protegem o PSD indiciam parcialidade. Não uma parcialidade inerente a uma tomada de partido assumida, mas uma parcialidade inconfessada, melíflua e hipócrita. No Expresso , dada a sua natureza privada, a identidade do seu proprietário e a sua orientação ideológico-política genérica, apenas surpreende o primarismo do expediente que até pode perturbar o que reste da ilusão da sua independência. Na RTP trata-se pura e simplesmente do uso abusivo de um bem público, na medida em que são grosseiramente infringidas as regras mais básicas da equidistância político-partidária.

É claro, que estes casos em si  têm um significado menor, mas mostram com nitidez uma parcialidade instalada, que conhecemos, mas que costuma ser mais discreta. Por que razão? Ou perderam competência na  dissimulação da sua parcialidade; ou estão tão desesperadas pela inocuidade relativa dos seus efeitos que perderam a cautela; ou sentem-se suficientemente blindados para renunciarem ao disfarce, já em modo de pesporrência.


domingo, 7 de março de 2021

Fantasma de um pesadelo passado

 


Fantasma de um pesadelo passado

 

Cavaco Silva explodiu numa suave reunião de senhoras do PSD. A comunicação social dominante fez respeitosamente ecoar a voz tonitruante do seu antigo senhor.

Como se de um ousado pirilampo se tratasse, a sua rápida e modesta luz prometeu salvar-nos não se sabe bem de quê. Qual arcanjo providencial, veio ostentar uma  determinação firme: a de nos salvar, salvando a nossa democracia da terrível mordaça que a malévola geringonça (que assim ressuscitou) tem vindo a perpetrar contra todos nós.

Com argúcia pôs a nu os sinais mais fortes e mais preocupantes da opressiva mordaça que cerceia a nossa democracia: o ex-Presidente do Tribunal de Contas não foi reconduzido quando terminou o mandato para que havia sido nomeado, o mesmo tendo acontecido com a anterior Procuradora Geral da República. Neste caso o implacável fantasma de si próprio não hesitou em causar um dano colateral no seu sucessor na Presidência já que foi em última instância ele quem a nomeou. Terá o seu olhar de lince da Serra da Malcata descoberto nas brumas do mistério uma secreta implicação do Presidente Marcelo nas perversas maquinações de uma geringonça que afinal existe? O oráculo de Boliqueime deixa crer que talvez.

O ponto fraco desta paixão pela democracia que quer desamordaçar é ter uma intensidade demasiado forte. Tão forte que é dificilmente  harmonizável com a mansidão com que ele suportou  essa coisa que existiu em Portugal antes do 25 de abril e que certamente nem a sua percuciência consegue considerar como algo menos amordaçado do que o agora o atormenta. Pode ser que andasse então apenas distraído e que com o nobre peso dessa distração no seu inconsciente freudiano se exceda agora num paroxismo compensatório de vigilância democrática. Pode também ser um prosaico problema de maus fígados associado a uma possível falta de tempo para encontrar algo de aparentemente consistente que legitimasse algumas farpas mais agressivas no PS, no Governo e na alegada geringonça.

Será talvez a mesma falta de tempo para dar mais consistência ás suas pirilampices que o fez sugerir sem subtileza que os mortos da covid 19 são fundamentalmente culpa do atual governo. Só não se percebeu se o oráculo de Boliqueime imputava ao governo português a culpa apenas pelas consequências nacionais do vírus ou se a estendia à Europa e ao mundo. Não se sabe. De certeza certa, apenas se sabe que sentiu vergonha.

 Anda a OMS na China à procura da raiz da pandemia, quando facilmente evitaria perdas de tempo e dinheiro se perguntasse a Cavaco. Se estiver atenta é o que fará. Terá talvez apenas de inquirir se a culpa foi principalmente do Primeiro-Ministro, da Ministra da Saúde ou de todo o Governo. Aguardemos.

Também foram comoventes as melífluas alfinetadas que espetou em Rui Rio. Não se sabe se para o estimular se para o enfraquecer. Mas foi particularmente brilhante a lógica que uniu a sua enérgica diatribe desqualificativa do PS e a recomendação dirigida ao PSD para atrair os eleitores que têm preferido o PS. Rui Rio ficou tonto:" Então para conquistar os eleitores do PS insulto a escolha que eles fizeram?" Isso o oráculo de Boliqueime não explicou.

Mas onde ele mais se excedeu em rasgo, foi no críptico conselho dado a Rui Rio para lidar com o Chega. Não fale nele. Nunca responda a qualquer pergunta sobre ele. Seja inerte perante qualquer enormidade que venha dele. Notável como Cavaco, que foi tão eloquente em imaginar mordaças para as imputar ao atual  governo, numa pose de intransigente excelência democrática, tenha ficado preso numa bonomia inerte perante as piruetas neofascistas do Chega. Estranho! Tão estranho que é legítimo suspeitar-se que o aferidor de democracia que ele usa está notoriamente avariado. Ou então é o próprio oráculo de Boliqueime que está desbussolado, tendo-se perdido do norte e do simples bom senso.

Cavaco voltou, a direita mais linha do Estoril adorou, o jornalismo mole da matilha dominante mastigou penosamente as banalidades básicas. Mas se me perguntassem em que tipo de programa o colocaram não saberei dizer se foi um programa cómico ou trágico.

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

O camaleonismo, doença senil do PSD





O camaleonismo, doença senil do PSD

Corajosamente, alguns jovens e menos jovens turcos do PSD têm vindo repetidamente a ostentar o seu orgulho por serem uma direita sem complexos. Uma direita, aliás, de que o PSD seria o partido mais representativo em Portugal e que como tal se deveria  afirmar com firmeza. Com essa ambição está em consonância clara o facto de o PSD pertencer à maior família política da direita europeia  : o Partido Popular Europeu. É certo que ainda muito jovem o PPD resolveu ficcionar-se de social-democrata. Na Europa não acreditaram. Foram arroubos juvenis que não tiveram sequência.

No mesmo sentido, há poucos dias  foi-me dado ver num noticiário televisivo o Dr. Rui Rio numa ação de rua  interpelar uma cidadã espanhola, dando-lhe conta da sua identificação com Pablo Casado, líder do Partido Popular em Espanha, um partido da direita conservadora, bem longe de qualquer centro.Fraternidade ibérica...

Foi, por isso, com espanto que ouvi hoje, no encerramento da sua campanha, o Dr. Rui Rio recusar firmemente que o PSD fosse um partido de direita, para o afirmar bem ao centro, tão longe da direita como da esquerda. Um espanto, uma novidade. Temos pois um partido que tem dentro de si muitos e muitos cidadãos que se consideram e se dizem de direita, que se encaram como sendo de direita, tem opções doutrinárias e ideológicas de direita, tem um programa económico de direita, tem uma visão conservadora e neoliberal do mundo e da política de direita, mas não é de direita. É de centro. É obra! Ou será hipocrisia política pura e dura?

Talvez ciente da dificuldade em fazer passar a ilusão pretendida, de ocultar a hipocrisia, o Dr. Rio escolheu o emblemático Largo do Carmo para local desse comício e no final da sua prédica aludiu vagamente ao Grândola Vila Morena. Suprema ousadia…

Moralidade: o líder do maior partido da direita portuguesa sentiu-se tão pouco confortável dentro da própria pele, que resolveu renegar a sua identidade própria, recusando formal e expressamente considerar o PSD como fazendo parte da direita.

 Compreende-se que ele queira libertar-se da sombra do pafismo troikista, mas uma tão grosseira hipocrisia, uma tão escandalosa fuga à própria identidade, é demais. E sendo excessiva, corre o risco de se evidenciar como simples e prosaico camaleonismo politico-ideológico de quem no fundo acha insalubre a sua própria identidade. Episódio caricato neste tempo eleitoral que , no entanto, a meu ver, é um dos  maiores ataques políticos feitos ao coração da  direita portuguesa  nos últimos anos , perpetrado por um dos seus mais destacados expoentes.

Em conclusão , é prudente interrogarmo-nos sobre quem é afinal Rui Rio  e por que razão o PSD precisa de se disfarçar de centro se continua a ser igual ao que sempre foi?

Quem nos governaria se os portugueses deixassem o Dr. Rio governar ?

A direita no seio da qual sempre o conhecemos, ou o um centro virtual que ainda ninguém viu e que se calhar só existe como artefacto de uma propaganda mistificatória?   Grande aventura, grandes riscos…

A direita, a extrema-direita e os insultos políticos




A direita, a extrema-direita e os insultos políticos

A truculência assumida pelo PSD e pelo CDS nos ataques ao atual Governo, a propósito do caso de Tancos, deslizou frequentemente para o nível do insulto. Tornou-se claro que para esses partidos, alegadamente institucionais, tudo passou a ser subordinado ao imperativo de prejudicar o PS e de os salvar a eles de um desastre eleitoral. Insultos muitas vezes centrados em injustificados julgamentos de carácter com incidências pessoais.

Observemos o que disseram sobre o mesmo caso dois dos partidos que concorrem a estas eleições e que são assumida e ostensivamente de extrema –direita ─ o PNR e o Chega . Tendo-os ouvido nos respetivos tempos de antena sobre o mesmo tema, pode verificar-se que o PSD e o CDS partilham com eles o modo, o tom e o conteúdo dos ataques ao Governo no caso de Tancos.

Ou seja, a sofreguidão no aproveitamento político deste caso, para efeitos eleitorais imediatos, fez com que o PSD e o CDS fossem absorvidos pela vertigem trauliteira da extrema-direita. Sintomático e edificante.

O PS faz bem em não descer ao ponto de lhes responder na mesma moeda, mas não deve esquecer-se, não pode esquecer-se das ofensas de que foi alvo . Deste modo, sob pena de perda de dignidade, não pode deixar de cortar relações políticas com essa gente, com todas as consequências que isso implique. Se mais tarde eles pedirem desculpa, por terem  insultado tão soez e injustificadamente o PS, reconhecendo assim o erro e mostrando-se sinceramente arrependidos, talvez o PS possa reavaliar a situação para ver se é ou não  justificado o restabelecimento de relações políticas com eles. Até lá, fora dos contactos institucionais formais implicados pelo funcionamento normal do sistema político, o PS tem que cortar relações com o PSD e com o CDS. Claramente. Sem equívocos.


quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Rio quase se afoga



Rio quase se afoga

Rui Rio acaba de fingir mediaticamente que desafia Mário Centeno a debater publicamente com o desconhecido porta-voz do PSD para a economia as posições do PS e do PSD nesse campo.

Digo fingir, porque tudo não passa de uma hipocrisia, de uma simples manobra defensiva. De facto, num debate com António Costa, Rui Rio deu uma enorme gafe política, ao protagonizar o maior elogio possível que estava a o seu alcance fazer a Mário Centeno, quando afirmou perante as câmaras de televisão que também o PSD tinha o seu “Centeno”. Fez assim desaparecer do mapa o seu ignorado Sarmento e alcandorou a paradigma o seu inimigo “Centeno”. Pior menorização do seu Sarmento e maior engrandecimento do seu inimigo Centeno, são difíceis de imaginar.

Aflito com a barraca que deu, tirou da cartola o citado desafio, aproveitando-o para ridiculamente falar ele próprio num imaginário “Sarmento” do PS. Muito pífio. Falar ele próprio no “Centeno “ do PSD é uma rendição; falar ele próprio no “Sarmento” do PS é uma pesporrência caricata que agrava o espalhanço.

Enfim, uma prova mais de que a autoficção de Rio, que o mostra como acima dos vícios políticos correntes e das hipocrisias de propaganda, não é mais do que isso, isto é, uma ficção que a realidade cruamente desfaz ao primeiro sobressalto.

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Medicamentos - o nó do problema.


A sofreguidão antigovernamental da direta, a superficialidade desinformada da grande comunicação social, o facciosismo de uma parte dos comentadores políticos têm inquinado o debate político e apoucado a qualidade da vivência democrática. Um dos tenores da direita, que aliás a renega, disse ontem trovejando contra o Governo no campo da saúde que até faltam medicamentos no SNS.
 Este texto, que transcrevo na língua em que foi publicado, na página da revista francesa  “Alternatives Économiques”,  mostra como não estamos perante um problema apenas português e como é profunda a desinformação de uma parte significativa dos mais fanáticos inimigos de atual governo, nomeadamente, neste caso, do cabeça de cartaz do PSD.
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Pénurie de médicaments : la faute à la mondialisation

Justin Delépine [16/09/2019]

La liste des médicaments en rupture de stock s’allonge en France. L’organisation de la production éclatée aux quatre coins du monde et les acteurs qui pensent plus à leur profitabilité qu’au service public en sont les principaux responsables. 
Vaccin contre l’hépatite B en rupture d’approvisionnement, l’anticancéreux Hexastat en rupture de stock, tout comme le Proleukin, les pénuries de médicaments ne cessent de progresser en France. « En septembre, cette année j’en suis déjà à plus de 70 médicaments pour lesquels j’ai signalé une rupture, indique Ahmet Ercelik, pharmacien parisien, il y a quelques années, c’était uniquement 10 à 20 produits par an. » Les chiffres de l’Agence nationale de sécurité du médicament (ANSM) témoignent de cette envolée du nombre de pénuries ; alors qu’en 2008, on comptabilisait seulement 44 signalements de rupture de stock ou d’approvisionnement, ce chiffre est monté à 871 en 2018, et pourrait bien encore augmenter cette année.
Si les causes de ces pénuries sont multiples, elles sont surtout d’ordre industriel et économique. La mondialisation de la production du médicament et sa concentration tendent à vider certains tiroirs de pharmacies. « Dans de nombreux cas de figure, les phénomènes de pénuries résultent d’une priorisation des objectifs économiques face aux enjeux de santé publique », résument deux parlementaires dans un rapport sénatorial sur le sujet. Cette évolution du marché n’est évidemment pas sans conséquences sur les patients.
En effet, les répercussions de ces pénuries peuvent rapidement être graves. Si on parle de rupture dès qu’un médicament n’est pas disponible dans un délai de 72 heures, la durée médiane de rupture est, elle, de 7,5 semaines. Surtout, ces chiffres ne concernent que les médicaments d’intérêt thérapeutique majeur (MITM), c’est-à-dire pour lesquels un arrêt de traitement peut entraîner une « perte de chance pour le patient » de guérir, voire mettre en jeu son pronostic vital. Des médicaments qui n’ont pas d’alternatives.
Concrètement quand ces cas se présentent, le patient rappelle son médecin pour tenter de trouver un substitut, « mais parfois la solution n’est pas très adéquate et pour certains patients le changement de traitement ne convainc pas », indique un pharmacien parisien voulant garder l’anonymat. Le substitut peut présenter un rapport bénéfices/risques moins avantageux que le médicament initialement recommandé. « De plus, le substitut devient davantage demandé et se retrouve parfois également en rupture. La pénurie entraîne la pénurie », résume le pharmacien.


Nombre de signalements de ruptures de stocks et d'approvisionnements en France
Note : Il s’agit du nombre de signalements de ruptures de stocks ou d’approvisionnement, qui ne débouche pas systématiquement sur une rupture.
« Il est possible que des pertes de chances, des progressions, des effets indésirables, voire des décès soient aujourd’hui liés directement ou indirectement à ces tensions [d’approvisionnement] ou ruptures », note par ailleurs l’Institut national du cancer (IncA). Ces conséquences individuelles peuvent déboucher en outre sur des risques collectifs en mettant en jeu la santé publique avec notamment des craintes de résurgence de certaines maladies.
Des pénuries qui coûtent à la Sécu

Les conséquences sont aussi financières, puisque les substituts peuvent être plus onéreux pour la Sécurité sociale. En outre, pour faire face aux pénuries, la France importe des médicaments de l’étranger mais à des conditions tarifaires moins avantageuses. La gestion des pénuries est également chronophage pour les pharmacies mais aussi pour les hôpitaux qui sont tout aussi touchés par les ruptures. Pour les établissements parisiens de l’AP-HP (Assistance publique – Hôpitaux de Paris), la seule gestion des pénuries occupe 16 équivalents temps plein.
Face à ce qui représente donc un enjeu de santé publique et d’accès à la santé, la ministre concernée, Agnès Buzyn, s’est saisie du problème. Elle a déroulé au début de l’été une feuille de route pour « lutter contre les pénuries et améliorer la disponibilité des médicaments ». Au programme : transparence et partage de l’information entre les différents acteurs, renforcement de la coordination nationale et européenne, mise en place d’un comité de pilotage associant tous les acteurs.
Des causes à chercher du côté de la production

S’attaquer au problème des pénuries nécessite de comprendre quelles en sont les causes. Si ces dernières sont d’évidence multifactorielles, elles proviennent principalement du côté de la production du médicament. Que ce soit un défaut de production, un manque de matière première ou une capacité de production insuffisante, cette partie est responsable de 65 % des cas de rupture de stock.
Globalement, la demande de médicaments connaît une augmentation mondiale, tirée par les pays émergents comme la Chine. « L’augmentation de la demande, doublée d’une imprévisibilité du marché, participe à créer des tensions sur la chaîne de production», confirme Thomas Borel, directeur des affaires scientifiques du Leem (Les entreprises du médicament), syndicat professionnel regroupant les principaux industriels. Autrement dit, les capacités de production peinent à suivre l’évolution de la demande, de telle manière qu’il y a par moments une inadéquation entre l’offre et la demande.
Cette dernière est cependant aussi le résultat d’un secteur qui s’est largement mondialisé au cours de la dernière décennie. La France est ainsi loin d’être le seul pays touché par les pénuries, les Etats-Unis ou la plupart des pays européens le sont également.
De plus, la production d’un médicament est d’un niveau de technicité très élevé et demande beaucoup de temps, de six mois pour un produit classique à trois ans pour certains vaccins. « Un simple problème électrique sur un site de production ou la détection d’une substance non prévue dans le processus peut entraîner un arrêt de la production pour un moment », résume Thomas Borel du Leem. Ainsi un grain de sable dans la chaîne de production, au sens propre comme figuré, peut provoquer un arrêt.
« Une perte progressive d’indépendance sanitaire »

Comme dans d’autres secteurs, cette mondialisation s’est accompagnée d’une délocalisation de la production, qui a quitté les pays industriels, principaux consommateurs de médicaments, vers des pays à plus bas coûts et aux normes plus souples. C’est particulièrement vrai pour la fabrication du principe actif, la molécule, qui constitue la matière première. Alors que dans les années 1990, la molécule des médicaments vendus sur le marché européen était presque uniquement produite sur le Vieux Continent, aujourd’hui 80 % proviennent de pays tiers, principalement la Chine et l’Inde. « L’industrie chimique, qui produit ces principes actifs, a eu des politiques de délocalisation vers des zones à moindres normes environnementales », confirme Thomas Borel. La Chine et l’Inde concentrent à eux seuls 61 % des sites de production de molécules inscrits auprès des agences européennes. 
Répartition par pays des sites de production de substances pharmaceutiques actives pour des médicaments commercialisés en Europe et enregistrés auprès des agences européennes

Pour la production du médicament, la proportion est moindre mais tout de même importante, puisque 40 % des médicaments finis commercialisés en Europe proviennent de pays tiers, indique l’Agence européenne du médicament. Les sénateurs parlent ainsi d’une « perte progressive d’indépendance sanitaire » pour notre pays.
Le marché mondial dépend d’une poignée d’usines
En parallèle des délocalisations, le secteur s’est fortement concentré. « Pour doper leur rentabilité, les firmes ont concentré leur production sur un même site pour augmenter le volume et ainsi réaliser des économies d’échelle », explique Nathalie Coutinet, économiste à l’université Paris 13. Si bien que pour certains principes actifs et médicaments, le marché mondial dépend de quelques sites de fabrication, voire d’un seul. « Pour certains vaccins, le marché européen est ainsi approvisionné à partir d’un seul site de production », regrette Yann Mazens, chargé de mission à France Assos Santé.
Cette concentration se retrouve également auprès des entreprises qui ont multiplié les fusions et rachats ces dernières années, à l’image de la fusion cet été entre les américains Pfizer et Mylan. Le français Sanofi n’est pas en reste, en 2018, il a acquis pour plus de 10 milliards de dollars l’américain Bioverativ et le belge Ablynx pour près de 4 milliards d’euros.

Evolution du nombre d'entreprises de l'industrie du médicament en France
Sont comptabilisées les entreprises proposant au moins une substance pharmaceutique à usage humain.
La chaîne de production se retrouve très éclatée entre la fabrication de la matière première, celle du médicament, son conditionnement et sa distribution, qui peuvent se faire dans des pays et continents différents. « Or comme tout fonctionne à flux tendu, cela renforce les risques sur la chaîne d’approvisionnement », ajoute Nathalie Coutinet, également auteure de l’ouvrage Economie du médicament1. Fragmentation, éloignement, concentration, l’organisation de la production de médicaments conduit en réalité à maximiser les risques d’approvisionnement. Or quand un site alimentant une grande partie du marché mondial connaît un arrêt de production, la concurrence est vive pour la gestion de stocks restants.
Les grossistes jouent des différences de prix

Autre conséquence de la mondialisation du marché : « En cas de rupture d’approvisionnement, au moment de réassortir, les différents pays les acteurs ont tendance à privilégier les marchés les plus rémunérateurs », explique Marie-Christine Belleville, auteure d’un rapport sur le sujet pour l’Académie nationale de Pharmacie. Les grossistes jouent aussi des différences de prix d’achat des médicaments entre les pays européens, en revendant dans un Etat, proposant un prix élevé, un produit obtenu dans un autre à bas prix. A ce sujet, le gendarme du secteur, l’ANSM (l’Agence nationale de sécurité du médicament), a présenté en mai cinq injonctions contre des grossistes pour défaut de service public.
Au-delà des problèmes sur la chaîne de production, les pénuries s’expliquent parfois simplement par la décision des industriels d’arrêter la production. Ces derniers mettent notamment en avant la non-rentabilité de certains médicaments et évoquent un effet ciseaux entre des coûts de production qui augmentent avec des normes de sécurité et de qualité croissante, et un prix qui tend à baisser pour certains produits. 
Bonne santé financière du secteur

« La non-rentabilité pour la production d’un produit est peut-être réelle à un instant T, mais pour juger de la rentabilité d’un médicament il faut prendre en compte tout son cycle de vie, c’est-à-dire également le moment où il n’était pas encore dans le domaine public et protégé par un brevet et donc vendu à un prix supérieur », estime l’économiste Nathalie Coutinet. Toutes ces informations ne sont pourtant ni connues, ni publiques, tant l’industrie pharmaceutique est caractérisée par une opacité. Impossible par exemple de connaître le coût de production d’un médicament.
Le secteur témoigne cependant d’une très bonne santé financière : son taux de profitabilité en France est de 8,5 %. Sanofi a par exemple été en 2018 la seconde entreprise du CAC 40 la plus généreuse en versant près de 5 milliards d’euros de dividendes.
Introduire un minimum de transparence dans tout le circuit du médicament serait un premier pas pour s’attaquer aux pénuries. Mais il s’agit surtout de s’atteler aux problématiques industrielles. Une relocalisation de la production en Europe, en multipliant le nombre de sites pour diminuer les risques, apparaît à ce titre comme une partie de la réponse. Pour ce faire, les industriels du médicament demandent des exonérations fiscales ciblées pour permettre les relocalisations. «Un peu facile, personne ne les a forcés à délocaliser », ironise Nathalie Coutinet, également membre des Economistes atterrés.
Quelques pistes de solutions pour faire face aux pénuries sont aujourd’hui sur la table comme attribuer une partie de la production à des acteurs publics (à l’image de la pharmacie centrale des armées) sur certains médicaments jugés essentiels. Donner davantage de moyens à l’ANSM. Cette dernière ne semble en effet pas suffisamment armée pour traiter le problème, que ce soit en matière de moyens humains pour traiter les pénuries, mais aussi de sanctions contre les acteurs responsables. « Il s’agit tout de même de pointer les responsabilités, rappelle Yann Mazens, de France Assos Santé, et notamment les stratégies industrielles ayant débouché sur les pénuries. »
·         1.  Economie du médicament, par Philippe Abecassis et Nathalie Coutinet, coll. Repères, La Découverte, 2018.


terça-feira, 27 de agosto de 2019

PIXORDICES 32- Justino


PIXORDICES 32 - Justino

Justino raspou ao de leve o verniz de uma gravidade que se verifica ser falsa, para reduzir a crítica política a António Costa a um chorrilho de adjetivações depreciativas a roçar o insulto.

Será que não tem mais nada de consistente com que atacar António Costa? Ou é apenas um impulso irresistível de se punir a si próprio enquanto jovem?


Seja como for, sujeita-se a que se lhe responda à letra. Não venham depois dizer que é arrogância do PS o que afinal é apenas legítima defesa.

quinta-feira, 8 de agosto de 2019


 
Um substituto de Rui Rio ?

O ex-deputado do PSD Jorge Roque da Cunha tem usado a sua qualidade de dirigente do Sindicato Independente dos Médicos para, instrumentalizando e empolando qualquer problema que surja no funcionamento do SNS, promover uma campanha política agressiva contra o atual Governo.

Mais honesto, politicamente, seria ter-se candidatado à liderança do seu partido para fazer a partir dessa liderança os combates antigovernamentais que entendesse. Rui Rio podia assim ficar descansado e o terrível Dr. Cunha daria vazão legitimamente a toda a sua acrimónia contra o atual Governo. Mas usar um Sindicato como megafone, de modo a permitir-lhe fazer-se ouvir na comunicação social, parece-me um claro abuso de poder e uma ofensa à ética sindical a que deveria obedecer.

Será que todos os médicos inscritos no SIM fazem sua a sanha antigovernamental do Dr. Cunha? Todos eles , como o fez o Dr. Cunha, alinham na delação de colegas perante a Ordem dos Médicos, por não seguirem o que ele acha bem?

Admito que o Sindicato em questão preze muito ser Independente; mas, se assim é, não pode permitir que Roque da Cunha continue a arrastá-lo para uma dependência triste, em face da esquálida  orientação estratégica do PSD.

sábado, 26 de janeiro de 2019

O DEMÓNIO DA SAÚDE



O DEMÓNIO DA SAÚDE

Um fantasma dos anos passados apossou-se do espírito do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa e (a fazer fé numa nuvem mediática em curso) transportou-o para o tempo em que era Presidente do PSD. Uma vez aí,  levou-o fazer a uma importante comunicação pública. A de que o referido Presidente da República não aceitaria que a futura Lei de Bases da Saúde fosse aprovada na Assembleia da República  sem o apoio do PSD.

Se pelo menos tivesse permanecido desperta a vasta região da mente de Marcelo Rebelo de Sousa especializada em Direito Constitucional, o supracitado fantasma teria sido avisado de que a nossa Constituição não dá legitimidade a um Presidente da República para exigir à Assembleia da República que aprove a lei A ou a lei B, apenas quando ela  for do agrado do partido de que o atual Presidente em tempos foi líder.

Um fantasma destes é decerto  obra do demónio. É urgente um rápido exorcismo!

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Pela ópera se conhecem as gargantas!





Passemos por cima da questão de saber o que quer dizer o irrequieto Mendes, quando fala em pessoas que estão "a abandonar Sócrates". Concentremo-nos na parte da sua afirmação que assegura que elas o fazem por “calculismo” e não “por convicção”.

O  irrequieto Mendes formula desse modo um juízo valorativo sobre as raízes subjetivas desse “abandono”, garantindo que a “maior parte”, embora finja fazê-lo por “convicção”, realmente é movida por simples “calculismo”. Ou seja , a maior parte dos abandonadores são afinal meros hipócritas. Faz assim um juízo negativo de carácter

Conforme pode ter visto quem ouviu o programa, ele estava a referir-se  a quem no PS tomou posições públicas críticas em face dos comportamentos imputados a Sócrates, se eles se vierem a comprovar judicialmente.

Em que dados se poderá basear o irrequieto Mendes para ter proferido uma tal afirmação? Exaustivo inquérito aos abandonadores, amostragem estatística comprovada, confidências de agentes de uma qualquer polícia secreta ? Garantindo o bem informado comentador que, estando em causa uma maioria de hipócritas nem todos o são, pergunta-se  qual a percentagem maioritária em que ele  está a pensar? Cinquenta e um por cento de hipócritas ou noventa e nove? Isso ele não diz. Como aliás  não indica um único nome quer de convictos  quer  de calculistas. Mendes limita-se a insultar impessoalmente e a absolver também  impessoalmente.

As perguntas feitas são,  naturalmente, retóricas. É óbvio que o comentador Mendes se limitou a bolsar um palpite insultuosos contra  alguns membros do PS que não identificou, a partir de uma  mera convicção subjetiva, por mera impressão pessoal, sem se preocupar com qualquer deontologia comunicacional ou com a simples decência.

A sua pesporrência, no entanto, impediu-o de se aperceber que os termos e o conteúdo do que nesse aspeto disse, evidenciavam, por si sós, que não estávamos perante a expressão de uma verdade apurada, mas perante  uma simples  imputação arbitrária,  leviana, inverificável,  gratuita e insultuosa.

Essa figura,  a quem dão tempo de antena ao domingo em horário nobre numa estação televisiva, mostrou bem o que é : um propagandista  encapotado do PSD com atuação semanal  numa estação televisiva. 

Mas neste caso, muito para além dessa circunstância político-partidária, há que encarar o  detalhe marginal de que aqui falamos  como indício ou sintoma da parcialidade intelectualmente desonesta deste senhor. Para este irrequieto senhor é algo de natural  insultar gente indeterminada , sem ter sequer a coragem e a preocupação de os identificar pessoalmente, mas objetivamente  certo de que os emporcalharia em conjunto. E, não identificando ninguém, ficaria também a coberto de qualquer resposta.

Enfim, um grilo falante da direita enraivecida. Ou como se diz: pela ópera se conhecem as gargantas.