domingo, 28 de agosto de 2016

Talvez

Saul Landell

Talvez que um dia eu descubra
Os meus e os  teus medos
E os caminhos para a fronteira
Dos enredos que não destapamos
Nem sequer congeminamos
Talvez que o medo não seja
Um empecilho
Para os sonhos
Os meus
Os teus

Autor : BeatriceMar

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Há mulheres que trazem o mar nos olhos


Steve Hanks
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes

Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os Homens…
Há mulheres que são maré em noites de tardes…
e calma

Autor : Sophia de Mello Breyner Andresen

domingo, 21 de agosto de 2016

Palavras

masha-sardari

Almejei palavras, pequenas que fossem
mas palavras,
e apenas silêncios me acompanharam.

Pesam-me estes silêncios
que os ventos me trazem
perdidos nos ecos.

Talvez, as palavras cheguem
talvez
estejam perdidas no ventre das pedras.

Autor BeatriceMar

sábado, 20 de agosto de 2016

O amor

Svetlana Shalygina

É difícil para os indecisos.
É assustador para os medrosos.
Avassalador para os apaixonados!
Mas, os vencedores no amor são os
fortes.
Os que sabem o que querem e querem o que têm!
Sonhar um sonho a dois,
e nunca desistir da busca de ser feliz,
é para poucos!!

Autor : Cecília Meireles

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Acontecimento

Anna Razumovskaya

Aí estás tu à esquina das palavras de sempre
amor inventado numa indústria de lábios
que mordem o tempo sempre cá
E o coração acontece-nos
como uma dádiva de folhas nupciais
nos nossos ombros de outono
Caiam agora pálpebras que cerrem
o sacrifício que em nossos gestos há
de sermos diários por fora
Caiam agora que o amor chegou

Autor : Ruy Belo
in “Aquele Grande Rio Eufrates”

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Há dias em que morro de amor

Alyssa Monks

Há dias em que morro de amor.
Nos outros, de tão desamado,
morro um pouco mais.

Autor : Casimiro de Brito

domingo, 14 de agosto de 2016

Dei comigo


Dei comigo entre abismos
A chorar dores (dos outros) minhas
O abismo é um túmulo
E chama
E a chama arde tudo
Aqui
Além
E chama

E outra chama pode ser a morte fria

Autor : BeatriceMar

sábado, 13 de agosto de 2016

"

Nadja Berberovic


"Não sei a cor dos teus olhos, o som da tua voz, o toque da tua pele. Não conheço a tua idade, o lugar onde vives, de que te alimentas. Não posso adivinhar quem amas ou amaste, se sofres de alguma irrecuperável doença, quais as paisagens que preferes, que música ouves. Sei que espero todos os dias uma ou duas frases que me permitam continuar a respirar neste mundo."

Autor : Pedro Paixão

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Ventos de Agosto

Marc Lafontan

este som com a canção
do dia que permanece noite,
preenchendo
os labirintos da minha alma.

Sinto-te como uma flauta doce,
percorrendo memórias,
acordando fantasmas silenciosos
para uma dança regida
pelo vento libertador,
registrado pela lua
refletida de mar...


Ventos de agosto,
que me suspende
de ar renovado
de sonhos.

Poema de Agosto de 2014.
Autor : Suzete Brainer (Direitos autorais registrados).
http://opianoquetocapoesia-poemas.blogspot.pt/

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Canção da Minha Tristeza

Saul Landell


Meu coração não está nas largas avenidas
nem repousa à tarde, para lá do rio.
Nada acontece. Nada. Nem, ao menos, tu
virás despentear os meus cabelos.

Nem, ao menos, tu, neste tempo de angústia
vens dizer o meu nome ou cobrir-me de beijos.
Ah, meu coração não está nas largas avenidas
nem repousa à tarde, para lá do rio.

A cidade enlouquece os meus olhos de pássaro.
Eu recuso as palavras. Sei o nome da chuva.
Quero amar-te, sim. Mas tu hoje não voltas.
Tu não virás, nunca mais, ó minha amiga.

Nada acontece. Nada. E eu procuro-te
por dentro da noite, com mãos de surpresa.
Meu coração não está nas largas avenidas
nem repousa à tarde, para lá do rio.

E tu, longe, longe. Onde estás meu amor,
que não vens despentear os meus cabelos?
Eu quero amar-te. Mas tu hoje não voltas.
Tu não virás, nunca mais, ó minha amiga.
.
Autor : Joaquim Pessoa.
in "Canções de Ex-Cravo e Malviver"

domingo, 7 de agosto de 2016

....

Reisha Perlmutter


Perdeste-te
E não te importas

Que interessa saber os caminhos
Se só os trilhos te seduzem

Que interessa?

Se não te apetece
encontrar-te.

Autor : BeatriceMar

terça-feira, 2 de agosto de 2016

No outro lado do poema

Reisha Perlmutter

no outro lado do poema
aí onde a luz colapsa de tão negra
lá onde a palavra brota como lume no seixo
e o nada se faz fogo
inscrevo o nome das coisas...

e na luminosa obscuridade das palavras
e na tatuagem dos dias
e no estilete de bronze
que os deuses em seu desenfado
por vezes emprestam aos mortais
(re)escrevo as dores de meus pensamentos
resguardados da obscena exposição
de martírios, alegrias e de enganos...

e soletro em bebedeira de sentidos todos os rumores
e partilho o poema-outro
o que vem de fora
e de tão íntimo
se mistura no sangue cúmplice
e de tão grave se funde no desejo transgressor
em que vou

ardendo...

Autor Manuel Veiga
http://relogiodependulo.blogspot.pt/search?updated-min=2008-01-01T00:00:00Z&updated-max=2009-01-01T00:00:00Z&max-results=50