quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Ano Novo

Amra Silajdzic

Venho por este meio um pouco impessoal, agradecer a todos os que visitaram o Ecos de Poesia e Literatura e que de algum modo deixaram aqui o seu carinho.

Este ano foi um ano mau, esperamos que o próximo seja melhor.

Muito obrigada a todos!


sábado, 27 de dezembro de 2014

Tenho frio

Tenho frio.
E os teus braços não estão aqui
Para me aquecerem.


Autor : Paulo Eduardo Campos

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Noite de Natal


Dobrei aquela esquina. Ali num canto,
Um pobre vagabundo mais um cão...
Olhei com atenção... P'ra meu espanto,
O cão comia, o vagabundo não!

Nos olhos seus não vi temor ou pranto,
Nao senti dor, tristeza ou solidao...
O vagabundo olhava-o com encanto,
O cão lambia alegre a sua mão...

Ao longe, na mansão iluminada,
Ouviam-se cantar na madrugada
Cantigas de louvor ao Deus-Menino.

E o vagabundo olhava entre as estrelas,
Agradecendo ao cão as coisas belas
E a prenda que lhe pôs no sapatinho.

Autor : Josė Sepúlveda

domingo, 21 de dezembro de 2014

..


- Porque me aceitaste abandonar-te?
- Porque me és vento na metade esquerda do coração e eu amo o vento
- Porque me aceitaste regressar-te?
- Porque me és vento na metade direita do coração e eu amo o vento.


Autor : Helena Gameiro

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

...

esta noite embriaguei-me em sonhos
e a manhã sabe à ressaca
de quem acorda com o copo vazio.


© João Costa . 14.dezembro.2014

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

...

tommi rys

Mas é da tua mão que eu preciso agora. Há momentos em que me farto de ser homem: tudo tão pesado, tão estranho, tão difícil. Eu vou tendo paciência e no entanto, às vezes as coisas magoam, há ideias que entram na gente como espinhos. Não se podem tirar com uma pinça: ficam lá. É então que a cara principia a estragar-se e a gente
dizem
envelhece. Necessito de muito pouca coisa hoje em dia: uns livros, o meu trabalho de escrever, amigos que se estreitam com o tempo, alguns deixados para trás, não sei onde.

autor :  antónio lobo antunes

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Egoísmo



Que me importa
amor
que seja dia
ou que seja noite iluminada

Que me importa
amor
que seja a chuva
ou um novelo de paz a madrugada

Que me importa
amor
que seja o vento
ou a flor o fogo mais aceso

Que me importa
amor
que seja a raiva

Que me importa
amor
que seja o medo


Autor : Maria Teresa Horta

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Poesia engarrafada

Karolina Gombar
Vejo através da água
a beleza dos seus olhos de vidro
nele faço canções de corte e de sangue
profanando a terra
enquanto meu coração canta por mim
desperto a alma ( mente) 
divindade em Ti. 

Autor : Adriana Magalhães.

sábado, 6 de dezembro de 2014

O teu rosto

Olga Frantzuzova

O teu rosto
é como a noite
que envolve
o cair do dia…
fecha todos os jardins
e abre a minha fantasia.

Autor : Vasco de Lima Couto

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Canção da Partida



Ao meu coração um peso de ferro
Eu hei de prender na volta do mar.
Ao meu coração um peso de ferro... Lançá-lo ao mar.
Quem vai embarcar, que vai degredado,
As penas do amor não queira levar...
Marujos, erguei o cofre pesado, Lançai-o ao mar.
E hei de mercar um fecho de prata.
O meu coração é o cofre selado.
A sete chaves: tem dentro uma carta...
_ A última, de antes do teu noivado.
A sete chaves, _ a carta encantada!
E um lenço bordado... Esse hei de o levar,
Que é para o molhar na água salgada
No dia em que enfim deixar de chorar.

Autor:Camilo Pessanha, in 'Clepsidra'
Foto:Anikot

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

quero dizer-te não morras.



quero dizer-te: não morras.

Nem me digas quem és, quem foste, como sabes
a língua que se fala sobre a terra.
Ao lume lanço
toda a vontade de viver, ser vivo,
a cautela do ar, ardendo em torno.
Passarei, terás passado em mim, só quero
dizer-te: não morras nunca, agora, nunca mais.


autor : antónio franco alexandre

domingo, 30 de novembro de 2014

Pedaços

WHITEAlice

Estou estilhaçada 
silêncios saem da boca 
mansos 
estava desenhando 
palavras 
perdi o jeito de amanhecer 

tenho tantos pedaços 
que sou quase infinita 

Autor: Vera Lúcia de Oliveira

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

...

 Leo 1980

Ontem caminhei
Nos campos de chuva; hoje
chove dentro de mim.
.
Autor Casimiro de Brito

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Pouco me importa




Pouco me importa.
Pouco me importa o quê? Não sei: pouco me
[ importa.

24/10/1917
(Alberto Caeiro, Poemas Inconjuntos, 1913-15)

terça-feira, 25 de novembro de 2014

....e




...e se um dia eu te disser as palavras (estranguladas) cá dentro
não acredites
porque eu nunca desisti de ti...

Foto:Jevel

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

...



...quando te conheci, não sabia, que, um dia ia desejar, nunca te ter conhecido, porque não sei que fazer, aos destroços que deixaste na minha vida...
.
Foto:Komarek66

domingo, 23 de novembro de 2014

Abandonar as minhas mãos aos teus olhos


Abandonar as minhas mãos aos teus olhos
nesta noite de reflexo real-intenso
é saber que o teu corpo tem vários ecos:
um todo irreal, invulgar, imenso.


Autor: José Manuel Capêlo, A Voz dos Temporais, Átrio, 1991
Foto:Rozmyty

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

beijo-te

beijo-te na levitação
das almas
dos corpos
pesos mortos
metamorfoses de plumas
e voos
em círculos de espasmos
no cosmos do
enigmático dos
sonhos...

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

....


as lágrimas confundiram-se com as aguas que lambiam a areia e me beijavam os pés...
.
FotoKomarr

.


tenho sonhos e navego as mãos num corpo ausente...
.
Foto: alrune

...


... conduzi na marginal, estacionei no fundo ao lado da esplanada, entrei e procurei com o olhar alguma réstia da tua presença. disseram-me que depois daquele dia, nunca mais lá tinhas voltado. e eu acreditei!

Beatrice Maio/2010


foto ino2

terça-feira, 18 de novembro de 2014

eu sei

eu sei que não devia, que os reprimi durante muito tempo. mas hoje soltei todos os demónios que havia em mim.
e fiquei livre. sei que eles andam por aí….desorientados . amedrontados e completamente loucos. mas sem mim.
.

domingo, 16 de novembro de 2014

Madrugada




Sucos do céu molham a madrugada da cidade violenta.

Ela respira por nós.



Somos os que acendemos o amor para que dure,
para que sobreviva a toda a solidão.

Queimamos o medo, olhamos frente a frente a dor
antes de merecer esta esperança.

Abrimos as janelas para lhes dar mil rostos.
.

Autor : Juan Gelman

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

esta noite


esta noite acordei

com a sensação que dormias a meu lado
mas
eu sei que a essa hora
eras apenas um noctivago (mais um)
que nao regressou ao lar.

esta noite ainda chorei por ti!
.
Foto:Chocnokuki


segunda-feira, 10 de novembro de 2014

...

...ando a fugir, mas, ainda não sei porquê...

Foto:Rakowska

domingo, 9 de novembro de 2014

Vieste como um barco carregado de vento, abrindo



António Macedo pintor

Vieste como um barco carregado de vento, abrindo
feridas de espuma pelas ondas. Chegaste tão depressa
que nem pude aguardar-te ou prevenir-me; e só ficaste
o tempo de iludires a arquitectura fria do estaleiro

onde hoje me sentei a perguntar como foi que partiste,
se partiste,
que dentro de mim se acanham as certezas e
tu vais sempre ardendo, embora como um lume
de cera, lento e brando, que já não derrama calor.

Tenho os olhos azuis de tanto os ter lançado ao mar
o dia inteiro, como os pescadores fazem com as redes;
e não existe no mundo cegueira pior do que a minha:
o frio do horizonte começou ainda agora a oscilar,
exausto de me ver entre as mulheres que se passeiam
no cais como se transportassem no corpo o vaivém
dos barcos. Dizem-me os seus passos

que vale a pena esperar, porque as ondas acabam
sempre por quebrar-se junto das margens. Mas eu sei
que o meu mar está cercado de litorais, que é tarde
para quase tudo. Por isso, vou para casa

e aguardo os sonhos, pontuais como a noite.


Autor : Maria do Rosário Pedreira
in Poesia Reunida

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

...

... e todas as manhãs eu canto com os passáros aquele poema que ainda não li e sei que (um dia ) tu o escreveste para mim.
.
Foto:unseen

domingo, 26 de outubro de 2014

simplicidade


lembro de quando tudo era simples,
e o simples deixou de existir,
porque também nós matamos a simplicidade.
.
BeatriceMar 2014-04-21

domingo, 12 de outubro de 2014

hoje

Taylor Marie McCormick

hoje,
neste dia balsamizado de outono,
lanço no voo dos pássaros,
todos os sonhos,
que amontoei, e assim
uma parte de mim,
sobrevoará o país dos sonhos.

se calhar,
talvez,na próxima primavera, 
talvez,
os pássaros me tragam réstias de uma realidade,
em que os sonhos brilhem novamente,
com o seu chilrear em forma de uma sinfonia de Beethoven.
.
BeatriceMar

domingo, 28 de setembro de 2014

Desejo

rosie hardy

o corpo descaído,
a melancolia na tarde,
entranhada na epiderme,
a água salgada,
encharcada no corpo lasso,
o fogo cérceo,
a percorrer desejos,
indizíveis.
.
BeatriceMar 2014-09-27

domingo, 21 de setembro de 2014

o livro

O livro foi arrumado,para ser esquecido 
na  prateleira mais alta da estante,
da biblioteca.

Inacessível, assim ficou 
olvidado à espera de ser lido,
e deslindado.

E assim ficou anos e anos,
à mercê,
das gerações que se sucederam.

Muito tempo depois,
recebi-o como herança,
e só hoje  eu o descobri.

O livro é meu,
e foi escrito por mim,
há muitos, muitos anos, atrás.

BeatriceMar
.

domingo, 14 de setembro de 2014

pássaros nas nuvens

Elena "Kassandra" Vizerskaya

se um dia sentires a minha falta, olha para o céu
à procura de um pássaro,
eu voei com eles,  e nem sei se volto.
.
BeatriceMar

domingo, 31 de agosto de 2014

Fim de tarde


Deixo-me acorrentar, neste fim de tarde,
a um fio ténue de esperança,
preso aos limites que impus,
nesta minha mania,
de esboçar horizontes.

A tarde encanta-me,
com as suas performances,
e eu insisto qual timoneiro,
sem experiência,
a conduzir este barco coberto de luz,
num mar que não conheço.
.
BeatriceMar

domingo, 17 de agosto de 2014

flores brancas na entrada


coloquei flores brancas no hall da entrada
lembram a paz 
 e o teu sorriso feliz.
.

BeatriceMar

domingo, 10 de agosto de 2014

Paixao


Se me chamas em silêncio,
não sei se sou eu que engendro a ária,
que me percorre o corpo,
se me extasio se me desfaço,
em flocos de algodão,
ou em cheiros de nós.

Não sei
e nem me importo!
.
BeatriceMar 10-08-2014

domingo, 3 de agosto de 2014

hoje desenhei um barco

Marite


hoje, desenhei um barco
em estilhaços de cores vivas e alegres
que sempre vagueiam na retina do olhar
(do meu)
eu, nunca te disse que em todos
os portos, há um barco que chama por mim.

BeatriceM 03-08-2014

domingo, 13 de julho de 2014

O dia apagou-se


O dia apagou-se.

Algures,
a noite invadiu um  quarto vazio,
onde um corpo se contrai
num fogo
carente de ternura
como água fresca a germinar
duma nascente.

Os pássaros dormem nos seus ninhos.

BeatriceM 2014-07-13

domingo, 6 de julho de 2014

Ainda acredito no amor



Elena "Kassandra" Vizerskaya


       Ainda acredito no amor, inaceitável não acreditar, naquilo que eu acho que faz girar a terra  e faz balançar montanhas.
        Mas, acreditar não quer dizer que ainda espero que me ofereças as flores que naquele dia te esqueceste de comprar.    
       O teu espectro por vezes ainda ronda a luz que me fere a visão, mas, aprendi a viver sem a tua sombra e quiçá sem o teu fantasma.  
       Já não sei se ainda te amo, mas ainda acredito nesse amor, de que falam nos livros.

BeatriceMar2014/07/06

quinta-feira, 3 de julho de 2014

leio-te

Samantha Lamb

Leio-te em vão,
nas páginas de um livro, que sei que escreveste,
mas que não habitaste,
assim vou, às cegas, sem farol e sem rumo,
nas sombras de mim,
que pinto de afectividade e luz,
e  remeto para o céu e assim iluminar a estrela,
em que te transformaste.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

e sei que não voltas

rosie_hardy

Porquê te levaram, para onde o meu olhar não pode alcançar,
porquê não estás mais entre nós,
porquê tiveste de pagar esse preço tão alto?

E sei que não voltas nunca mais.

Nem no voo dos pássaros.


quinta-feira, 26 de junho de 2014

entre nós


entre nós existem as ternuras,
que em simultâneo forjamos
sem regras nem leis,
e o cosmos,
não é meta,
se,
entre nós existe apenas a entrega,
de um amor que não finda.


BeatriceMar

domingo, 22 de junho de 2014

crepúsculo azul

Elena "Kassandra" Vizerskaya


Sob um crepúsculo de azuis
visto-me de cor e vou desvendar o dia
voltarei aos tempos em que
o azul era apenas o mar e o céu
e o vestido bordado que a mãe me deu quando fiz anos.

Hoje voltei ao meu tempo de infância
e nem quero saber  o motivo.


domingo, 15 de junho de 2014

aos poucos

pietjek29


aos poucos afasto-me,
escondida ando nas águas frias,
em que não queiras nunca encontra-me,
ficarei (apenas) nas reminiscências,
minhas e tuas.

BeatriceM 15/06/2014

sábado, 14 de junho de 2014

espumas

aszeb

povoam os meus dias,a espuma das coisas boas 
que vivemos e que  o tempo,
não consegue apagar.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

a

aniawojszel

a liberdade de mim, está na beleza,
daquilo que eu quero ver,
e simplesmente sentir.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

há dias

Yani
.
há dias que eu acho que o mundo cabe todo na minha mão,
eu sei que é uma ilusão,
mas hoje eu preciso urgentemente de abraçar,
a infinidade que existe para alem de mim,
até um outro dia .

segunda-feira, 9 de junho de 2014

prazeres infantis


amadureci com a brisa, com o tempo
e o destempo, mas ainda gosto de molhar os pés
na água fria.

domingo, 8 de junho de 2014

todos os dias


Todos os dias morro (morremos) um pouco,
hoje morri ainda (um pouco) mais,
sinto-me fragmento de pape,l
como se fosse  uma pétala de papoila,
a quem o vento teima em levar,
(só hoje)
amanhã tentarei ressurgir,
outra vez,

e outra,
e mais outra.

Autor: BeatriceM

sexta-feira, 6 de junho de 2014

se


se a escuridão, alguma vez quiser tomar conta de ti,
acende uma luz de esperança,
e enfrenta-a com a cor a despontar na alvorada.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

a recordar

a recordar lugares, aromas e palavras,
que só existem na minha imaginação,
mas, que ajudam a viver.