Às vezes, encontro-me nas palavras dos outros. Mais raramente, nas minhas. Por pura coincidência. Em pura coincidência.
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11 de dezembro de 2005
Manuel Gusmão (1945)
É isto: a noite de manhã
Tu levantas-te
Manhã e noite não se vêem ao espelho
antes o estilhaçam para dentro
desencontram-se interminavelmente
mas ouvem-se uma à outra entre as salas da casa
Tu estás súbita ali na esquina do corredor
sinto por momentos a tua cara negra
e a imensidão do teu corpo anoitecido
passas-me a manhã devagar
de mão a mão
como um mapa fosforescente
onde por certo íamos morrer
Manuel Gusmão, Mapas O Assombro A Sombra
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