É nas costas que se sente a perda.
A parte da frente consegue manter as aparências.
Pelo menos, a nossa cara pode encarar-se no espelho. É a nuca que sente a solidão.
Podemos abraçar a barriga e enrolarmo-nos à sua volta. Mas as costas permanecem sozinhas.
É por isso que as sereias e os djinns são retratados com as costas ocas -- jamais alguém lhes encosta uma barriga quente. Em vez disso, é ali que trabalha o cinzel de escultor da solidão.
Não se encontra a solidão. Ela vem por detrás e acerta o passo pelo nosso.
SVEN LINDQVIST. «Exterminem todas as bestas».