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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Regresso à origem

Este é o meu último post na época 2013/2014 sobre questões estruturais. Este blogue nasceu com o intuito de iluminar o lado romântico do futebol, preenchendo o que na altura era praticamente um espaço em branco na blogosfera benfiquista: textos de memória e vivência benfiquista. Com a antecipação de eleições em 2009, o meu coração exigiu-me que lutasse contra o que para mim era ali, naquele acto, evidente como um atentado vergonhoso ao clube e um sinal do que viria para o futuro. E veio. Desde esse ano, acumularam-se ataques soezes à tradição democrática do Benfica. Que eles tenham sido perpetrados pela nossa própria Direcção explica tudo ou quase tudo do caos em que o clube está enfiado.

Não farei mais textos a demonstrar - e é tão simples - por A+B as incoerências dos que nos dirigem. As suas constantes mentiras, as promessas não cumpridas, os enganos, os desvarios, as falsidades, a sede de poder, a falta de rumo, a incompetência, o desamor ao Benfica. Poderia agarrar num texto de 2009 ou 2010 e colocá-lo aqui, que seria suficiente e coerente com o que se passa em Setembro de 2013. Os erros são os mesmos de sempre e continuarão a ser os mesmos até que estas pessoas saiam do clube. Quando há, além de uma clara incapacidade de perceber o Benfica, tanta falta de qualidade na gestão e interesses próprios que se sobrepõem aos do clube, o resultado não podia deixar de ser este que temos hoje: um Benfica perdedor, atolado em dívidas e completamente dividido. 

Os adeptos atacam-se uns aos outros, conspiram muito, têm paranóias, desculpabilizam tudo por submissão a um incompetente que pode dizer o que quiser. Penso que foi após ler as reacções a mais uma frase imbecil de Vieira que percebi que não vale a pena tentar abrir os olhos de quem só os abrirá quando levar com a realidade toda, de chofre, em cima. Parece impossível, mas há uma maioria de gente que ouve o seu Presidente dizer que não pode ser julgado pelos campeonatos que ganha e o aplaude, defendendo que o conceito faz todo o sentido. É como tenho dito algumas vezes: se Pinto da Costa fosse chamado para Vice da Direcção de Vieira, muitos seriam os que aplaudiriam a medida, arranjando cenários enviesados que justificassem tal escolha. No fundo, e apesar de o exemplo parecer absurdo, não diverge muito do que se passa actualmente. Vejamos o que estes adeptos aceitam por parte do Presidente do Benfica:

- Um Presidente que antecipa eleições para não ter concorrência;
- Um Presidente que, em eleições, não vai a debate porque acha que não tem de explicar o seu projecto (qual projecto?) e porque os outros candidatos só o querem atacar;
- Um Presidente que, cavalgando a excelente época 2009/2010, decide mudar os estatutos para uma blindagem completa no poder;
- Um Presidente que não cumpre estatutariamente os requisitos para ser Presidente;
- Um Presidente que foi, durante décadas, amigo pessoal de Pinto da Costa e com ele festejou golos do Porto contra o Benfica;
- Um Presidente amigo pessoal de Joaquim Oliveira, Salvador e Pinto da Costa (até ao nefasto desenlace);
- Um Presidente que, após ver a equipa ser insultada, apedrejada, humilhada em Braga, vem dizer que o Presidente Salvador é muito seu amigo e atira, pouco tempo depois, o plantel em estágio para... as instalações do Braga;
- Um Presidente que apoiou para a Liga um corrupto do Apito Dourado;
- Um Presidente que apoiou "inequivocamente" para a Federação um corrupto do Apito Dourado;
- Um Presidente que, ao ganhar as eleições, manda para o caralho os que nele não votaram;
- Um Presidente que vai para as Assembleias-Gerais com um ar de enfado ou gozo, olhando a maior parte do tempo para o telemóvel;
- Um Presidente que, em 12 anos no Benfica, ganhou... 2 campeonatos. O primeiro dizendo que não devia ter sido ganho; o segundo dizendo que foi demasiado festejado e que por isso a época seguinte ficou logo estragada;
- Um Presidente que, desde que entrou no Benfica, promete coisas que não cumpre, aparecendo depois prometendo outras coisas que também não cumpre, mentindo descaradamente aos sócios e adeptos do Benfica, sem sentir qualquer tipo de vergonha na cara;
- Um Presidente que encheu os cargos de poder no clube com adeptos de outros clubes;
- Um Presidente que é sócio do Porto há mais anos do que é sócio do Benfica;
- Um Presidente que, à mínima contestação, decide lançar epítetos sobre os benfiquistas que o criticam e atira a poeira Vale e Azevedo para cima deles;
- Um Presidente que só pode comparar-se com Vale e com Damásio (que hoje é seu grande apoiante) porque sabe que com todos os outros fica exposta de forma evidente ao ridículo.
- Um Presidente que recebe o Proença no Seixal e, diz ele, adora as lições que o árbitro deu aos jogadores.


A lista é interminável de acções absurdas e prejudiciais ao Benfica. Bastaria escolher uma para que o benfiquista devesse querer este homem longe do clube. No entanto, nada disto se passa. A maioria benfiquista está com o seu líder, faça ele o que fizer. E haverá sempre forma de justificar o injustificável, afinal estão aí os árbitros para o que der e vier. Mas quais árbitros? Os árbitros que são escolhidos por Vítor Pereira, homem da equipa que o Presidente inequivocamente apoiou para a Federação? Ou os árbitros, entre os quais Pedro Proença, sobre os quais o Presidente não fala? Não interessa. Há sempre uma explicação. Por mais estúpida que ela seja.

Percorre-se a blogosfera benfiquista e é um mar de desculpas, paranóias, conspirações, teorias. Está tudo contra o Benfica, é por isso que não ganhamos. A Comunicação Social está contra o Benfica, os árbitros estão contra o Benfica, os outros clubes todos estão contra o Benfica, a UEFA está contra o Benfica, a FIFA está contra o Benfica, o Planeta Terra está contra o Benfica. Só Vieira não está contra o Benfica. Esse defende-nos dos mauzões, apoiando corruptos ou recebendo árbitros na nossa casa - é uma estratégia, mais uma, de grande alcance político que só não percebe quem está de má consciência. Só os abutres, os papagaios, os petardeiros, os garotões, os anti-benfiquistas não o percebem. 

Um dos problemas para este estado de coisas é a ignorância generalizada sobre o Benfica. A maior parte dos que escrevem na blogosfera não conhece o clube. Muitos não põem os pés nos estádios épocas a fio; muitos nunca leram a História do clube; muitos começaram a acompanhar a realidade do clube há poucos anos, quando a internet lhes trouxe mais informação - que eles seleccionam de forma criteriosa, filtrando-a e coando em mais paranóias e conspirações. A verdade é simples: poucos são os que vivem e conhecem o Benfica para lá das notícias de jornais. E, portanto, levam por um lado com a propaganda de Vieira - com Delgado sempre na linha da frente - e por outro com a propaganda de Pinto da Costa. A primeira não a percebem como tal - há mesmo quem ache que o «A BOLA» ataca o Benfica, o que é extraordinário -, a segunda extrapolam-na para níveis curiosíssimos de demência. No fim, o objectivo é só um: defender Vieira. Não é defender o Benfica, é defender Vieira, dê lá por onde der. 

Há que reconhecer mérito ao Presidente do Benfica pela estratégia delineada. Sendo um completo incompetente, mentiroso, apoiante de corruptos, conseguiu com o malabarismo de lançar medo através de Vale e Azevedo arregimentar uma larga maioria de benfiquistas. Depois foi dar poder às Casas, conquistar os mais velhos com o medo de que o clube volte aos tempos negros de Vale e Azevedo, mudar os estatutos e agora está como quer: sairá só quando lhe apetecer e assim poder planear bem a forma como sairá, de mansinho, do clube. É que há muita coisa que será descoberta; convém deixar a batata quente, no momento certo, para outro digerir. Até lá, teçam-se loas a Vieira, que ele vai cumprindo o seu desígnio de prestidigitador. 

«Deves querer um novo Quique, não? Ou queres um Camacho ou um Fernando Santos? Não me digas que queres o Koeman de volta?». Juro que isto é uma das frases feitas que qualquer bom vieirista me diz sempre que iniciamos discussão sobre o clube. Atenção: desconto aqui os imbecis; falo de gente com neurónios, gente com capacidades intelectuais mínimas para pensar a realidade. Quem contratou esses treinadores? Quem os despediu? Quem os deixou cair, servindo-se deles como bodes expiatórios e armadura? Quem vai pondo e dispondo, mudando de rumo sempre que a contestação for forte? Terá sido Vale e Azevedo a contratar Quique? Damásio terá comprado Fernando Santos e o despedido depois da primeira jornada? Não me digam que foi Rangel que apostou em Koeman? Bruno Carvalho comprou, demitiu e comprou novamente Camacho? A coisa é tão absurda que dá vontade de rir. Depois lembramo-nos que estamos a falar do Benfica e choramos.

Estamos à terceira jornada e o campeonato está perdido. Porquê? Duas razões, e por esta ordem: incompetência (como sempre) da Direcção do Benfica e factores arbitrais. A primeira, que é a que podemos directamente controlar, é culpa de Vieira; a segunda, que podemos ao menos contestar, surge numa realidade que é simples: o Porto não apoia Fernando Gomes, o Benfica inequivocamente apoia. De quem é a culpa, de quem é a culpa? Só pode ser da Comunicação Social, como é lógico.

O Benfica está neste estado de alucinação e os seus adeptos, a larga maioria dos seus adeptos, não parece capaz de entender a realidade em que está inserida. Há uns dias, em conversa com um grande amigo - apoiante de Vieira -, percebi que a coisa está negra. Há um grau de generalizada cegueira - mesmo entre gente inteligente; não falo dos oligofrénicos que pululam por essas redes sociais - que só acabará no dia em que tiverem de levar com a realidade toda em cima e de um trago. Nesse dia, quererão sangue. E daqui a uns anos, quando os lembrarmos do que diziam, dir-nos-ão indignados: "eu? não era eu, pá, eu sempre fui contra esse gajo!".

Até lá, quem quiser perceber o que é Vieira, recue até 2009 e leia os textos que aqui têm sido escritos. Não são necessários mais textos a dizer o mesmo. Deixo a análise para o Moreira, para o Caper, para o JNF e para o Sérgio e, no registo contrário, para o Avillez. Eu regressarei ao mundo do futebol sem lixo, ao Benfica que era Benfica, a este maravilhoso desporto que não merece os dirigentes que o usam. Com a esperança longínqua de um dia poder orgulhar-me outra vez de um Presidente do Benfica.