«Não fales nisso, que desestabilizas o clube», «fala baixo, que se alguém te ouve...», «é verdade, mas não digas que sabes...», «não devemos falar nisso porque depois vêm os adversários e os jornalistas e aproveitam o que estamos a dizer».
Estes conceitos muito bacocos de uma quantidade substancial de pessoas que pululam pelas redes sociais não são mais do que:
1) uma sobrevivência do «espírito Estado Novo», em que os assuntos, verdadeiros ou não, não devem ser discutidos sob pena de aparecer o papão e, zás!, nos engolir;
2) a consequência de uma patológica paranóia, a qual as faz acreditar que uma conversa num blogue desestabiliza um clube com a dimensão do Benfica, ou que os jogadores andam a ler o que escrevemos numa caixa de comentários de um post banal numa página de facebook;
3) uma profunda paranóia que se tivesse algum sentido real - ou seja, um texto que aponte alguma crítica fundamentada a algo mal feito no clube conseguir, de facto, desestabilizar jogadores, treinadores ou dirigentes -, no fundo seria a assumpção da perfeita incompetência da Direcção. Só uma estrutura profunda e visceralmente fraca podia sofrer abalos com textos de blogues;
4) a cultura da censura. Sem se aperceberem, os oligofrénicos que defendem isto estão a perpetuar não só a sombra salazarento-católica da defesa da ausência de liberdade em prol do conjunto como também da perseguição a quem não cala a boquinha. Algo experimentado com muito sucesso na Alemanha de Hitler ou na Rússia de Estaline.
5) o evidente desconhecimento do que é o Benfica e o benfiquismo. Um clube que nasceu, cresceu e se tornou maior do que Portugal enraizado numa tradição democrática não tem qualquer semelhança com o clube que estes ditadorzecos de pacotilha defendem.
Curiosamente, ou não, a grande fatia dos que defendem estas ideias de merda não põe os pés no estádio e o único «apoio» que conhece é o «apoio da internet». O «apoio da internet» define-se assim: ausência de massa crítica, gritos diários de interjeições como «Deves querer voltar aos tempos do Vale e Azevedo!» ou «O Vieira é o meu Padrinho!» ou «Nem as pedras da calçada tínhamos!», falta de civismo e insultos aos outros benfiquistas que têm uma opinião.
Estivéssemos a discutir Benfica na Farmácia Franco em 1904 e este grupo de caciques de casa-de-banho seria recambiado para um barquinho no Tejo, onde ficaria trinta e dois anos a marinar até ingressar na Legião Portuguesa, vindo a cumprir ordens e a exercer extraordinário «apoio» à causa sob a supervisão de Góis Mota, Comandante e Secretário-Geral da mesma e antigo Presidente do Sporting.