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segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Deslocação em Benfiquismo



“Vais fazer esses quilómetros todos só para ir ver um jogo?”

Pergunta tantas vezes ouvida e tanta vez feita por aqueles que não percebem os encantos de fazer parte de uma deslocação.

Antes de mais, não é só um jogo. É um jogo do Benfica.

A deslocação não é só estar no estádio a olhar para a bola. É estar de pé, em família, em união com os nossos, a cantar, a vibrar, a apoiar e a ver o nosso Benfica jogar. Não são 90 minutos a ver um jogo. São 90 minutos a viver inteiramente o Benfica.

Mas o maior encanto de uma deslocação não está limitado aos 90 minutos. Há todas aquelas horas que antecedem e precedem os apitos do árbitro.

Lisboa a Chaves é um puxão. Um puxão de benfiquismo.

Acordar cedo para reunir com os amigos de vermelho. Ainda em Lisboa começar a lançar o jogo, o 11 titular e discutir as expectativas.
Hora de arrancar é hora de encher as geleiras.
E aí começa a aventura. Horas no carro a discutir bola, horas no carro a rir, a planear e a cantar pelo Benfica.

Depois temos as várias paragens para convívio. O convívio com aqueles que nos seguem noutra viatura; o convívio com aqueles malucos da cabeça que tal como nós também se fizeram à estrada; o convivo com aqueles que se deslocaram à beira da auto-estrada para nos presentearem com um traçadinho de Minde envolto em benfiquismo. Obrigado rapazes.

E a aventura prossegue para o almoço. Onde parar? Onde escrever mais uma página desta aventura?

Por este país a fora as opções são inúmeras e todas elas com um potencial estrondoso, afinal de contas é dia de Benfica e estamos todos a pensar no mesmo.

Nesta aventura paramos em Peso da Régua, ali junto ao Douro. Dificilmente poderia ter corrido melhor.

Comida deliciosa. Cabrito e Vitela de chorar por mais. E o ambiente? Digno de uma deslocação.
Assentámos num restaurante de portistas e não podíamos ter sido melhor recebidos. Até numa casa portista em dia de Benfica a festa é benfiquista.

No restaurante estava uma associação de antigos marinheiros e assim que viram o manto sagrado não quiseram saber de mais nada, nem do autocarro que os esperava lá fora.
Uns sportinguistas cheios de boa disposição a meterem-se connosco - desportivismo são, rivalidade de qualidade.
Outros benfiquistas. E em dia de deslocação um benfiquista enche-se de esperanças quando vê o símbolo sagrado a caminho do estádio.
Nós ali à mesa quase nos sentíamos parte da equipa. Todos nos desejavam sorte, nos encorajavam e até se preocupavam com o resto da nossa viagem. Houve até tempo para a bela da fotografia.
À partilha de histórias seguiu-se a surpresa de um belo de um fadinho ali à capela à beira da nossa mesa.

É isto que muita gente não compreende. Uma deslocação não é só ver o Benfica no estádio mas sim vivê-lo pelo país fora. Conhecer mais de Portugal enquanto nos vamos alimentando de um benfiquismo nacional sedento de ser partilhado e contagiado.

Nós na verdade não passamos de meros adeptos que vão ver a bola. No entanto, para os muitos benfiquistas espalhados por este país somos bem mais do que isso. Somos parte da força que leva o nosso Benfica à glória, somos a representação da sua paixão, somos aqueles que vão transportar o seu apoio e entusiasmo para dentro das quatro linhas.

A terminar o almoço não podia faltar o vinhozinho do Porto, oferta do rival da casa. Uma casa portista que recebe a equipa portista e onde pudemos ser Benfica sem hesitações. Um enorme obrigado.

Depois foi seguir para Chaves, seguir o som dos cânticos, estacionar o carro, respirar os ares do Norte, partilhar as minis, reencontrar outros benfiquistas, sentir o benfiquismo ao nosso redor e embalar para a bancada de apoio.

Cantar, sofrer, saltar, gritar, desesperar, entusiasmar, festejar e ganhar.

Um final perfeito para um dia de mística.

Como a deslocação não acaba na ida a aventura tem de continuar.

E quando o Benfica ganha não há cansaço que impere na viagem de volta. Só dá Benfica e a festa continua.

Continuou junto ao estádio do Chaves, continuou pela estrada fora, continuou nas estações de serviço, continuou no cruzamento com o autocarro do Benfica e continuou até o sol nascer.

A festa foi de Chaves a Lisboa com uma bela paragem em Colmeia. Lá fomos nós para mais um ambiente de festa festejar o nosso Benfica.

O manto sagrado nunca passa despercebido.

Os benfiquistas vieram cantar connosco. Os não-benfiquistas vieram discutir bola. O que nunca falhou foi o desportivismo e a alegria de uma rivalidade centenária.

O benfiquismo é tão contagioso que até a simpática sportinguista que nos recebeu se animou com a festa gloriosa que ali se viveu.
“Nunca gostei tanto de servir benfiquistas”. Conversão quase completa.
 
Foi uma enorme deslocação.
Só deu Benfica e, seja de noite ou de dia, a beleza de uma benfiquista é ímpar, seja em que zona do país for.

7h da manhã em Lisboa.
Que venha a próxima. Há muito Benfica para ser partilhado por este Portugal.