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quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Péssima prestação em Istambul

Foi um choque com a realidade. Talvez importante para voltar tudo a ter os pés na terra, tanto para a recepção ao Sporting como para o que falta desta fase de grupos.

O jogo de Madrid já lá vai e voltámos ao que tem sido este início de época.

Bom arranque com um golo fenomenal do Nico. Aos poucos o jogo foi equilibrando até ao penalty "amador" do Almeida.

A partir daí a nossa prestação foi sempre abaixo da média.

Má primeira parte, estivemos perto de levar o terceiro no arranque da segunda e depois tentámos ir para cima deles e o jogo andou mais próximo da baliza do Muslera. Apesar disso o perigo praticamente só apareceu em remates fora da área.

Depois de um lance ou outro que podia ter sido melhor finalizado, o Júlio voltou a ser chamado para uma grande defesa e no cair do pano um fora-de-jogo mal tirado ao Gala pode ter-nos salvo do 3-1.

Se é verdade que na última meia hora fomos para cima deles, não é menos verdade que tal foi deliberadamente consentido por um Galatasaray em vantagem no marcador.

As substituições foram uma salganhada e ficamos sem perceber o papel de jogadores como o Carcela, Cristante, Djuricic e Taarabt.

Foi péssimo perder mas no que a contas diz respeito estamos ainda bem encaminhados. É preciso é cumprir com a nossa obrigação de jogar mais e ganhar os 3 jogos que faltam.

No campeonato estamos a 5 da liderança. Não sei se o jogo na Madeira iria manter a distância em 2 pontos ou se seria mais um jogo fora perdido, confirmando a regra (Loulé, Aveiro e Dragão) e não a excepção (Madrid). Barcelos não entra para estas contas porque foi com o Vianense e ainda cheirou a Tomba Gigantes.

Não há outro resultado possível que não seja a vitória contra o Sporting.

No Estádio da Luz temos sempre de vencer e no Estádio da Luz o Sporting tem sempre de sair derrotado. Ficar a 5 pontos do Sporting e talvez 8 do Porto é péssimo. Ficar a 8 de ambos é já um pesadelo, para o Rui e para todos nós.

Madrid foi maravilhoso mas não ficou tudo fantástico depois desse jogo. Hoje foi mau, não é tudo péssimo mas há muito que o treinador se tem de apressar a melhorar.

O ataque não se pode resumir às combinações e individualidades do Nico e do Jonas. A restante equipa continua muito desligada dos processos ofensivos

Hoje foi provavelmente o jogo em que pior defendemos.

Os nossos laterais não existiram, os nossos defesas eram constantemente apanhados fora de pé e foi o jogo todo a ver o desespero entre o Luisão e o Sílvio e entre o Jardel e o Eliseu.

Se o Eliseu sempre foi isto, o Sílvio já fez muito melhor (ainda falta de ritmo competitivo??).

Ainda não apareceram 15M pelo Rebocho pois não?
Numa de desespero talvez era aproveitar que estamos na Turquia para colocarmos o Marçal no voou de regresso com a equipa.

Hoje o jogo valeu pela postura de luta da equipa, pelo esforço constante dos jogadores e principalmente pela enorme exibição do Júlio e o golo de antologia do Nico.
Também o V.Andrade entrou muito bem.

Podemos fazer mais. Sabemos fazer melhor.
 

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Rescaldo do Clássico



Independentemente de quem favoreceu o resultado, do pragmatismo e da objectividade, este foi um péssimo 0-0.

Um 0-0 não tem sempre de ser tão sem interesse e bastava termos acompanhado o jogo que começou uma hora antes na BTV para confirmarmos isso.

Não houve qualidade com bola no pé, não houve rasgos de magia e não houve qualquer espectáculo naquele relvado.
O interesse do jogo foi construído e limitado a tudo o que aconteceu até chegada a hora do apito inicial, à situação pontual do campeonato e à presença de dois clubes tão rivais no relvado. O jogo jogado teve pouco interesse, foi pobre e deu o espectáculo que esperamos ver em divisões regionais, nunca num relvado com os melhores artistas em solo português.

Não podemos andar a criticar os derbies italianos e a adjectivá-los negativamente para depois, perante o Clássico de ontem, virmos falar em grande exibição táctica, pragmatismo, inteligência e tudo mais.

Não dá para vender o futebol português quando após aquele descalabro do Porto em Munique, no jogo mais esperado do campeonato português e que contava com milhares e milhares de a acompanhá-lo, oferecemos um futebol tão pobre.

O 0-0 foi o resultado justo e este empate foi muito positivo para as aspirações do Benfica. Não foi decisivo mas quase.

Enquanto benfiquista este resultado só me vale pelo que aconteceu há uns meses no Dragão. Qualquer alegria minha com este 0-0 é ainda direccionada para o 0-2. No estádio o Jonas foi eleito o melhor em campo e na TSF foi o Samaris. Para mim teria de ter sido o Lima por ter bisado.

Saí do estádio com uma mistura de sensações. Por um lado aliviado e confiante pois conseguimos um resultado muito positivo para o nosso objectivo da época, por outro lado desiludido e chateado, tanto com o futebol que tinha acabado de assistir como com a ausente ambição de vitória que apresentámos em nossa casa contra o Porto.

Olhando para o Porto.
Esperava o 11 do costume e uma equipa em velocidade e pressão alta. Foi quase o oposto. As consequências de Munique podem em parte explicar as mudanças na equipa portista mas não explicam tudo.

A titularidade do Helton foi uma boa, mas tardia, cartada do técnico espanhol. Mais qualidade na baliza, liderança no relvado e identidade na equipa.

As restantes mudanças interpreto-as como uma opção táctica extremamente cautelosa, num jogo em que só a vitória interessava.
Contudo, percebo e até aplaudo o pensamento inicial do Lopetegui: O jogo tem 90 minutos e o Porto não tinha de o ganhar logo nos primeiros 20; O Benfica jogava em casa onde normalmente entra muito pressionante, ia ser empurrado por 60 mil apaixonados e estava mais descansado.
Assim o Lopetegui optou por um Porto mais cauteloso, a fechar os espaços ao Benfica, com capacidade de anular a iniciativa e empolgação benfiquista e que fosse crescendo ofensivamente com o decorrer do jogo. Na minha opinião o espanhol acabou por abusar da cautela e podia ter feito a mesma abordagem com o Quintero no lugar do R.Neves.

Ao longo da primeira parte o Porto foi crescendo e cada vez mais conseguiu abafar o futebol do Benfica e aproximar-se da área do J.César.
Esta melhoria foi é insuficiente para uma equipa que tinha de ganhar. O que se esperar quando um treinador abdica de um dos pontos fortes da sua equipa – profundidade lateral – e joga com os 2 laterais recolhidos, 2 trincos, 3 médios interiores e um avançado abandonado no meio de 2 centrais?
Com o Quintero mantinha-se a cautela mas a equipa teria melhor qualidade na saída com a bola e maior aproximação ao Jackson.

O início do segundo tempo fez-me temer pelo resultado pois pensei ver um Lopetegui a ler e a mexer bem no jogo. Percebi que estava enganado quando vi que era o Brahimi que ia dar o lugar ao Quaresma. O argelino não estava a fazer um bom jogo mas esta substituição ia manter a pouca profundidade e criatividade ofensiva no Porto. E até poderia melhor com o espaço que a entrada do Quaresma iria trazer ao jogo.
O Porto mudou mas não o suficiente.

Só com a entrada do Hernâni o Porto se apresentou para vencer, contudo já foi tarde a más horas. Quando os extremos entraram no ritmo do jogo a profundidade e velocidade que trouxeram já foram contrariadas pelo desespero portista. Além disso, o Lopetegui queimou uma alteração ao não trocar o Evandro pelo Quaresma e assim não teve possibilidade de mais tarde povoar mais o ataque, ou com o Aboubakar ou com o Hernâni.

Para quem só a vitória interessava, o Porto pouco fez. Subiu de rendimento no final da primeira parte mas no segundo tempo não fez o suficiente. O Lopetegui sobrevalorizou o Benfica e foi excessivamente cauteloso.

A nível individual os melhores foram os centrais, principalmente o Maicon. O Quaresma entrou mal, ao contrário do Hernâni. O Brahimi não esteve bem e não teve espaço para jogar. O Jackson abandonado trabalhou muito mas produziu pouco.

O Benfica apresentou o 11 previsível e foi muito afectado pela indisponibilidade do Salvio. Para Jorge Jesus a opção seria entre o Ola ou o Talisca e acho que escolheu mal. Eu teria apostado no Pizzi na linha com o Amorim no meio.

Na abordagem da equipa ao jogo confirmaram-se as fragilidades tácticas e individuais perante um adversário que quer e sabe ter bola, que tem a iniciativa de jogo e não se limita a defender. Também se percebeu que a equipa entrou mentalizada para o empate e sem chama imensa para tentar a vitória.

Há uma grande distância entre atacar à maluca e resignar-se com o empate e este Benfica apareceu resignado com o 0-0.
O ambiente fora do relvado foi fantástico e o mosaico que recebeu os jogadores ficará na memória. Este mosaico apelava à vitória, dizia “Vence por nós” e não “Não percas por nós”.

Na primeira parte o Benfica foi insuficiente. Não houve Salvio nem profundidade pois tanto o Nico como o Talisca tendem a vir para meio. Assim o jogo do Benfica foi demasiadamente interior o que facilitou defensivamente mas complicou ofensivamente. Para o Samaris foi positivo mas para o Pizzi, Nico, Talisca, Lima e Jonas não, com o português sem espaço para ter bola e os restantes mais na luta que na construção.

A segunda parte começou com um Benfica mais ofensivo e com maior vontade. Soube também aproveitar os espaços que o Porto começava a ter de dar. Apesar da produção quase nula este foi o momento em que jogámos melhor. Acredito que a melhor entrada encarnada tenha quebrado a estratégia e a confiança portista.

Depois de uma péssima primeira parte, conseguimos uma segunda mais adequada. Mesmo assim queria um Benfica mais arrojado, mais forte e com a cabeça na vitória pelo menos até 15/20 minutos do final. Por isso não gostei da entrada do Fejsa para o lugar do Talisca. A saída do brasileiro foi tardia mas pedia a entrada do Ola ou pelo menos do Amorim. Que jeito teria dado o Guedes nesta substituição…

O melhor momento do Jorge Jesus foi nos últimos minutos. Com o 0-0 e o Porto virado para o ataque, o técnico encarnado soube ler o jogo, soube reconhecer a altura de não perder o empate e soube fazê-lo. Desta vez as suas acções não contrariam as suas palavras, como aconteceu em Vila do Conde e Paços de Ferreira.
Passou a mensagem certa para o relvado, manteve o meio-campo fechado com o Fejsa e Samaris e com a entrada do Almeida anulou o Hernâni e evitou a expulsão do Eliseu.

“Se não podes vencer também não podes perder”. Esta é uma expressão que tem sido muito repetida nos últimos tempos e que muitos querem aplicá-la à exibição do Benfica.
O problema é que esta expressão é só referente ao final dos jogos, não à sua totalidade. A menos que acreditem que na Luz o Benfica não tinha como vencer o Porto com 90, 70, 50 e 30 minutos por jogar.

Acho impensável a exibição do Benfica e notaram-se várias fragilidades na equipa contudo é preciso fazer o elogio aos últimos 15 minutos.
Estou convencido que tal elogio também só é possível por demérito do Lopetegui, pois se a equipa portista não tivesse tanto tempo a assumir só lhe interessava a vitória, é provável que no final do jogo em fez de gelo estivéssemos a colocar desespero no relvado.

Os centrais do Benfica estiveram muito bem apesar do trabalho facilitado. O Jardel está muito mais maduro mas ainda foi a tempo de um descuido que isolou o Jackson e que podia ter tido outro final se não fosse o acertado bom senso do Jorge Sousa.
O Samaris esteve muito bem ao contrário do Pizzi que, expectavelmente, não entrou no jogo.
O Nico foi uma sombra de si mesmo.
O Fejsa entrou bem mas acusou falta de ritmo e arriscou um desnecessário segundo amarelo.
O Eliseu e o Talisca fizeram um péssimo jogo, também sem surpresa. A este nível o Eliseu é uma banalidade a atacar e péssimo a defender. A este nível o Talisca está fora do seu campeonato. Tem toque de bola e jogando numa zona interior de frente para a defesa e com liberdade pode ser útil, não mais que isso.

Agora é vencer em Barcelos e sem volta olímpica nem bailinho da Madeira no relvado. Para mim isso é o suficiente para, eu que só sou sócio, dizer que somos campeões.