Estou há muito para escrever sobre o Benfica. Nesta altura parece-me que já tudo está a acontecer – compras, vendas e amigáveis – e eu estou ainda em modo férias.
A época que passou foi atribulada mas acabou de forma brilhante. Vários foram os jogadores que se afirmaram na equipa e muitas foram as portas que se abriram a novas apostas na formação.
Rui Vitória mostrou a todos, dentro e fora do clube, que se podia trabalhar mais com a prata da casa e ter-se menos urgentes necessidades de contratar.
A construção do actual plantel, responsabilidade da tal Estrutura, manteve o caminho de sempre mas chegada a vez de Rui Vitória agir este soube e teve coragem para assumir um novo paradigma.
Eu sou fã da cimentação da identidade de uma equipa:
- Estabilidade do plantel.
- Mudanças só cirúrgicas.
- Aposta nos homens da casa.
- Aposta nos jovens da casa.
- Estabilidade no modelo de jogo.
A minha expectativa para a nova época seria a manutenção dos 16 principais jogadores, a venda daqueles que não se afirmaram nem no plantel nem enquanto emprestados, contratações muito cirúrgicas e uma contínua aposta na formação.
Mais especificamente, como construiria eu o plantel para 2016-17?
Antes de mais nada tenho de abordar a saída do Renato e do Nico.
Eu não teria vendido nenhum dos dois mas é sempre importante ter presente que há uma diferença entre aquilo que o clube nos comunica sobre as necessidades financeiras e aquilo que realmente são.
O Renato é um pilar da nossa formação e não fez sequer uma época inteira como sénior na equipa principal. Vê-lo crescer no nosso plantel traria um valor desportivo e emocional imensurável.
O Gaitán era o nosso maior criativo, um dos nossos capitães e fazia já parte da nossa identidade. Era verdadeiramente um de nós e o valor comunicado não compensa a sua ausência.
Neste exercício de construção do plantel conto já com estas saída.
Na baliza estamos maravilhosamente servidos.
Ederson e Júlio César são dois enormes guarda-redes. O Paulo Lopes é um terceiro guarda-redes de topo, tanto pela sua qualidade como pelo modo como vive e partilha a nossa mística.
Neste sector a minha única dúvida estaria na renovação do Júlio César. A afirmação do Ederson e o estatuto e custos do Júlio poderiam levar à sua saída. Nesta eventualidade teríamos de recorrer ao mercado para colmatar esta saída.
Também os laterais me parecem já definidos. Com o Semedo para a direita, o Grimaldo para a esquerda e o Almeida para ambos os lados, estamos já muito bem servidos.
Eu talvez não tivesse renovado com o Eliseu e escolheria para 4º lateral o Pedro Rebocho ou o Marçal.
Sobra o Sílvio. Gosto do jogador mas é feito de cristal e caiu muito na sua produtividade. É deixá-lo seguir o seu caminho com o término do empréstimo.
Para o centro da defesa tenho muitas dúvidas mas também uma grande certeza: Lindelof.
A acompanhar o sueco veria um jogador mais do estilo do Lisandro ou do Luisão mas tudo indica que o Jardel é quem parte à frente nesta disputa.
Tenho grandes dúvidas sobre aquilo que o Luisão ainda pode dar e também sobre o real valor do Lisandro.
Neste mercado aproveitaria, sem urgência, ou para vender o Lisandro e contratar um central imponente para fazer parceria com o Lindelof, ou para vender o Jardel e promover ou um emprestado ou um da equipa B – Fábio Cardoso ou João Nunes por exemplo.
No meio-campo a dois do Rui Vitória é essencial ter um médio mais posicional e defensivo e outro todo o terreno com capacidade de progredir e rasgar com a bola no pé. Temos o Fejsa mas não temos um Renato Sanches.
Na posição mais recuada o sérvio é um autêntico monstro. Sem limitações físicas é o dono do lugar.
Gosto do Samaris mas não particularmente a 6. O grego é um excelente terceiro médio num meio campo a dois.
As lesões do Fejsa aumentam a necessidade de um suplente directo para a posição. Não iria ao mercado e abriria espaço nesta pré-época tanto para o emprestado Pelé como para os Bês Gilson Costa e Dawidowicz.
Na segunda posição do meio-campo estamos carentes de um titular e de um suplente. É aqui que vejo a única grande necessidade de atacar o mercado. Não temos nos nossos quadros um substituto directo ao Renato. É urgente encontrar uma solução.
Para começar como suplente na posição 8 eu apostaria no João Teixeira. Também o Guzzo poderia ter a sua oportunidade. Continuo ainda por perceber o que pode dar o Cristante ao Benfica.
Dos médios da última época falta referir o Taarabt e o Talisca. O Taarabt é um enorme fiasco e uma página que temos de virar rapidamente. O Talisca não serve para o Benfica e ou o vendemos assegurando uma percentagem futura ou o emprestamos para crescer num campeonato europeu competitivo.
Partindo agora para terrenos mais ofensivos passo a bola para as alas.
Pizzi, Salvio, Carcela e Guedes. Poderia ficar fechado assim mas penso que podemos fazer melhor.
Á primeira vista deslocaria o Pizzi para a esquerda e entregava a ala direita ao Salvio.
A minha maior certeza aqui é o Pizzi. Sempre fui seu fã e apesar de ver as suas muitas limitações considero-o indispensável para o nosso futebol. Sem ser uma estrela o Pizzi é um jogador criativo, inteligente, colectivo e com uma excelente leitura táctica. Parece-me ser o jogador mais indicado para colar os vários sectores ofensivos e ainda oferecer uma maior presença na zona do meio-campo.
Sobre o Salvio ficam as dúvidas sobre as condições em que vai aparecer depois das longas paragens que teve.
O Carcela mostrou qualidade mas não confirmou ainda ter o potencial suficiente. Ou é uma séria opção para agarrar a vaga do Nico ou então acho que o devemos emprestar também a um campeonato europeu competitivo onde possa explodir.
O Guedes por agora não me parece que possa ser mais que uma solução no banco. Tem a vantagem de poder ser também uma opção para uma zona mais central do ataque.
O Nuno Santos poderia ser uma opção para o plantel mas depois da lesão que teve penso que o melhor será emprestá-lo.
Entre os emprestados temos como possibilidade tanto o Hélder Costa com o Djuricic. Sinceramente já perdi esperanças no sérvio.
O Fariña foi mais uma brincadeira e o Diego Lopes não se enquadra no modelo que o Vitória tem utilizado.
A contratar um extremo só mesmo se fosse um craque que não deixasse qualquer margem para dúvidas. Tanto o Carrilo como o Cervi já estão confirmados pelo menos desde Janeiro e com estas contratações não há mais qualquer necessidade de olhar para o mercado e acabou-se o espaço tanto para o Carcela como para o H.Costa e Djuricic. Aliás, fica por saber se é compatível ter Salvio, Carrilo e Cervi simultaneamente no plantel.
Para mim quanto a avançados não há nada a mexer.
A permanência do Mitroglou foi a decisão mais acertada e teremos uma excelente competição pela posição 9 entre o grego e o Jiménez. O mexicano é também um excelente avançado e mesmo que não ganhe a titularidade será um jogador crucial vindo do banco.
O Jonas é dono e senhor da sua posição. A posição Jonas. Sem um suplente directo no plantel, tanto o Guedes como o Pizzi podem fazer a cobertura ao craque brasileiro.
Na equipa B não vejo ninguém que pudesse entrar nestas contas. Quanto aos emprestados há dois jogadores que merecem alguma atenção – Rui Fonte e Nélson Oliveira. Contudo nesta altura não me parece que haja espaço para eles. O Nélson precisa de um bom empréstimo para se afirmar de vez. O Fonte talvez esteja na hora de partir mas também pode ficar como cautela, pelo menos até Janeiro.
(Vou aqui assumir que o Benfica não tinha uma palavra a dizer sobre o Jonathan Rodríguez. Negócios mal explicados são negócios mal explicados.)
Portanto o meu plantel para 2016/17 seria:
Eliseu (P.Rebocho/Marçal)
Resumindo, saídas do plantel principal seriam quatro: Sílvio, Taarabt, Talisca e Carcela. A não continuidade do Júlio e principalmente do Eliseu era algo a se ponderar, tal como a venda do Lisandro ou do Jardel. A única urgência de mercado seria a de um médio. A compra de um guarda-redes, de um central e de um extremo ficariam dependentes das vendas.
Apostaria na manutenção da espinha dorsal completa, num olhar sobre a equipa B e emprestados e depois sim num olhar cirúrgico ao mercado. Contratações não cirúrgicas só mesmo de indiscutíveis que aumentem indubitavelmente a qualidade do 11 titular ou de jovens com um potencial estrelar incontestável.
Infelizmente já começou o habitual camião de jogadores e a única contratação crucial não foi ainda concretizada. Chegaram o Celis e o André Horta para o meio-campo mas nenhum deles me parece ser a solução para a vaga do Renato, isto apesar de gostar muito do Horta.
Além do Taarabt é indispensável vender/dispensar jogadores como o Harramiz, San Martín, Fariña, Bebé, Lolo Plá, Olá John, Candeias, Cristante, Djuricic, Derley, Mukhtar, Luis Felipe, César, Gianni Rodríguez e Jorge Rojas. Tenho dúvidas se o Rúben Amorim e o Steven Vitória ainda fazem ou não parte dos quadros do Benfica.
Agora venha daí o Sheffield e por favor Benfica,