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UM MODO DIFERENTE DE FAZER NASCER UMA FAMÍLIA
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Hoje vou me juntar aos demais participantes dessa Blogagem Coletiva, empreendida pela Georgia e pelo Dácio, pretendendo apenas acrescentar mais uma gotinha nesse oceano de emoções e informações que desde o dia 10 passado vem sendo postado pela Blogosfera. Cada post resume, de uma maneira ou de outra, a carga emocional que envolve esse assunto tão delicado de fazer nascer uma família de um modo diferente. Tudo começa com a realidade cruel de tantas crianças que precisam de um lar e de uma família, passando pela rejeição e pelo preconceito de uma sociedade que, apesar de tanta informação, insiste em pensar e agir de forma retrógrada, culminando em verdadeiros casos de encontros entre pais e filhos adotivos, todos carentes mas que conseguem, graças à sua generosidade, suprir suas carências em encontros de alegria e realizações.
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ADOÇÃO
"...isso é o aprendizado.
de súbito você compreende algo
que havia precedido vida inteira
mas de maneira nova"
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Doris Lessing
Doris Lessing
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Em nosso dia-a-dia costumamos utilizar muitas expressões e termos que denotam preconceito sem que tenhamos plena consciência disso. Assim, as novelas, os meios de comunicação de massa e as propagandas estão repletos de chavões preconceituosos, muitas vezes mascarados em sátiras e situações engraçadas, as quais servem simplesmente para manter um determinado status quo que um segmento social acha recomendável. Rimos da mocinha “bonita e burra” de determinado programa de televisão e não percebemos o quanto isso é estereotipado e preconceituoso. Ouvimos e vemos, a todo o momento, expressões que denotam preconceito racial, étnico, estético e muitos outros. É preciso parar para refletir um pouco. Alguns termos transformam-se em diagnósticos de vida. Foi o que ocorreu com o termo “menor”. Menores eram sempre os filhos dos outros, aqueles que estavam na rua, era a cultura menorizada. O nosso filho era sempre uma criança ou adolescente, mas o filho do outro, do menos favorecido era um “menor”. Tomando consciência desse fato a sociedade aboliu o termo menor e passou a chamar todos os filhos de crianças e adolescentes, culminado com o fim do código de menores e com a promulgação do Estatuto da Criança e Adolescente.
Com os discursos e a literatura das famílias adotivas tem acontecido algo semelhante, onde se percebe, por trás da semântica, e que fazemos aqui uma moção para que isso seja modificado. Algumas pessoas perguntam para a mãe adotiva se “essa é a criança que você pegou para criar”; se a família possui filhos biológicos e adotivos, as pessoas costumam apontar para um deles e perguntar: “é esse o seu”?; Ou ainda, após saber da adoção, pessoas podem perguntar, mas “você conhece a mãe verdadeira dele”? Todas essas frases demonstram uma falta de esclarecimento associada ao preconceito em relação à esta constituição familiar.
De maneira geral, quando se fala em família adotiva, utiliza-se a antítese “família verdadeira”, “família natural”, “família legitima”. Temos por convicção, por força dos dados científicos, que a família adotiva não é artificial não, mas é tão verdadeira e legitima quanto a outra. Sua essência não é diferente, mas somente a contingência de como foi constituída. Então, sugerimos que sejam utilizados os termos família de sangue, família biológica, família de origem em contraposição à família adotiva. Da mesma forma, quando se fala em filho adotivo, a antítese mais comum é falar “filho verdadeiro”, “filho natural”, “filho legítimo”, “filho meu mesmo”. Sugerimos que sejam utilizados os termos filho de sangue e filho biológico, pois o filho adotivo não é artificial, nem falso ou ilegítimo e é filho mesmo dos seus pais adotivos!
Em nosso dia-a-dia costumamos utilizar muitas expressões e termos que denotam preconceito sem que tenhamos plena consciência disso. Assim, as novelas, os meios de comunicação de massa e as propagandas estão repletos de chavões preconceituosos, muitas vezes mascarados em sátiras e situações engraçadas, as quais servem simplesmente para manter um determinado status quo que um segmento social acha recomendável. Rimos da mocinha “bonita e burra” de determinado programa de televisão e não percebemos o quanto isso é estereotipado e preconceituoso. Ouvimos e vemos, a todo o momento, expressões que denotam preconceito racial, étnico, estético e muitos outros. É preciso parar para refletir um pouco. Alguns termos transformam-se em diagnósticos de vida. Foi o que ocorreu com o termo “menor”. Menores eram sempre os filhos dos outros, aqueles que estavam na rua, era a cultura menorizada. O nosso filho era sempre uma criança ou adolescente, mas o filho do outro, do menos favorecido era um “menor”. Tomando consciência desse fato a sociedade aboliu o termo menor e passou a chamar todos os filhos de crianças e adolescentes, culminado com o fim do código de menores e com a promulgação do Estatuto da Criança e Adolescente.
Com os discursos e a literatura das famílias adotivas tem acontecido algo semelhante, onde se percebe, por trás da semântica, e que fazemos aqui uma moção para que isso seja modificado. Algumas pessoas perguntam para a mãe adotiva se “essa é a criança que você pegou para criar”; se a família possui filhos biológicos e adotivos, as pessoas costumam apontar para um deles e perguntar: “é esse o seu”?; Ou ainda, após saber da adoção, pessoas podem perguntar, mas “você conhece a mãe verdadeira dele”? Todas essas frases demonstram uma falta de esclarecimento associada ao preconceito em relação à esta constituição familiar.
De maneira geral, quando se fala em família adotiva, utiliza-se a antítese “família verdadeira”, “família natural”, “família legitima”. Temos por convicção, por força dos dados científicos, que a família adotiva não é artificial não, mas é tão verdadeira e legitima quanto a outra. Sua essência não é diferente, mas somente a contingência de como foi constituída. Então, sugerimos que sejam utilizados os termos família de sangue, família biológica, família de origem em contraposição à família adotiva. Da mesma forma, quando se fala em filho adotivo, a antítese mais comum é falar “filho verdadeiro”, “filho natural”, “filho legítimo”, “filho meu mesmo”. Sugerimos que sejam utilizados os termos filho de sangue e filho biológico, pois o filho adotivo não é artificial, nem falso ou ilegítimo e é filho mesmo dos seus pais adotivos!
Texto extraído de WEBER, Lídia. Laços de ternura. 2.ed. Curitiba: Juruá Ed, 1999. p.124-125.
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ABANDONO
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.Manhã fria
Barriga vazia
Pés descalços, descendo o morro
Nos olhos um pedido de socorro
Olhos de velho
Num rosto de menino
Lembram outros olhos
A olhar por baixo de uma coroa de espinhos
Corpo magro e franzino
Coração a saltar no peito, qual passarinho assustado
Começa o dia
De mais um menor abandonado
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St Duha – Curitiba, PR
Barriga vazia
Pés descalços, descendo o morro
Nos olhos um pedido de socorro
Olhos de velho
Num rosto de menino
Lembram outros olhos
A olhar por baixo de uma coroa de espinhos
Corpo magro e franzino
Coração a saltar no peito, qual passarinho assustado
Começa o dia
De mais um menor abandonado
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St Duha – Curitiba, PR
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. Tio,
Tentei te chamar, mas não sei teu nome.
Tentei te escrever, mas não sei teu endereço.
Tentei te ver, mas, sequer, te conheço, então,
abri meu coração, sussurrei uma prece e sonhei com um novo alvorecer,
onde alguém me chame de filho,
ainda que a vida cruenta sobrevenha ao espírito natalino,
mas por toda uma existência remanescerá aferrado na minha alma,
o doce perfume de, como por um encanto,
eu ter vivenciado a magia da natividade,
através de um pai/padrinho para chamar
de MEU!!!
Tentei te chamar, mas não sei teu nome.
Tentei te escrever, mas não sei teu endereço.
Tentei te ver, mas, sequer, te conheço, então,
abri meu coração, sussurrei uma prece e sonhei com um novo alvorecer,
onde alguém me chame de filho,
ainda que a vida cruenta sobrevenha ao espírito natalino,
mas por toda uma existência remanescerá aferrado na minha alma,
o doce perfume de, como por um encanto,
eu ter vivenciado a magia da natividade,
através de um pai/padrinho para chamar
de MEU!!!
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Dimenor
Dimenor
de paradeiro errante, às vezes encontrados com seus parceiros de rua,
ou eternamente nos orfanatos
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"Ficar no orfanato é horrível. As crianças “ têm inveja
daquelas que vão ser adotadas. No Natal, as visitas vêm e
escolhem as crianças e eu ficava muito triste quando não era escolhida.
Uma vez eu fui escolhida e achei muito bom! Mas... eu tive que voltar ao
orfanato.'”
daquelas que vão ser adotadas. No Natal, as visitas vêm e
escolhem as crianças e eu ficava muito triste quando não era escolhida.
Uma vez eu fui escolhida e achei muito bom! Mas... eu tive que voltar ao
orfanato.'”
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(Menina, 12 anos, morou em instituições e foi adotada com 8 anos)
(Menina, 12 anos, morou em instituições e foi adotada com 8 anos)
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HISTÓRIA DE DOR E AMOR
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“Sofia é uma menina de 10 anos de idade e mora em orfanatos desde os 2.
No seu prontuário consta que a sua mãe, tinha mais três filhos, a deixou lá ‘somente por um tempo, até encontrar um emprego’. Hoje Sofia tem o adjetivo de ‘institucionalizada’,
pois sua mãe nunca mais voltou para buscá-la. Ela não sabe responder por que está morando em um orfanato e não lembra nem de sua mãe nem de seus irmãos. Nesses oitos anos, ela já morou em três instituições diferentes e nunca recebeu visita de ninguém. Quando lhe perguntamos qual era o seu maior desejo, o maior presente que ela poderia ganhar, Sofia respondeu:
‘uma família’. Depois de alguns segundos pensativa, ela completou: ‘eu queria alguém que me
chamasse de filha, queria dormir numa cama aconchegante e ser feliz para sempre’.”
No seu prontuário consta que a sua mãe, tinha mais três filhos, a deixou lá ‘somente por um tempo, até encontrar um emprego’. Hoje Sofia tem o adjetivo de ‘institucionalizada’,
pois sua mãe nunca mais voltou para buscá-la. Ela não sabe responder por que está morando em um orfanato e não lembra nem de sua mãe nem de seus irmãos. Nesses oitos anos, ela já morou em três instituições diferentes e nunca recebeu visita de ninguém. Quando lhe perguntamos qual era o seu maior desejo, o maior presente que ela poderia ganhar, Sofia respondeu:
‘uma família’. Depois de alguns segundos pensativa, ela completou: ‘eu queria alguém que me
chamasse de filha, queria dormir numa cama aconchegante e ser feliz para sempre’.”
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“Um mecanismo utilizado pelas crianças institucionalizadas é inventar uma nova família,
enquanto aguardam ansiosamente que alguém as adote. Os funcionários são tios, os colegas
são irmãos e até a pesquisadora torna-se uma possível candidata a mãe: ‘É você que vai me
adotar?’, pergunta Pedro, sentindo-se orgulhoso de estar sendo entrevistado. A maioria das
crianças gosta de conversar com visitantes, tocá-los ou ficar quietinho por perto, pois o que há
de mais precioso na vida delas é o fato de serem objeto de afeição de alguém, mesmo que seja
por alguns minutos. Seus sentimentos a respeito de família são confusos e ambivalentes, numa
variação assistemática entre saudade, dor, fantasia, culpa e raiva, como bem mostra uma carta
à sua mãe de um menino de 12 anos, que há 11 anos mora em instituições: ‘Mamãe, você me
abandonou e eu sinto muito porque você fez isso comigo. Já faz 11 anos que não te vejo... Você
foi muito cruel comigo, como eu estou com saudade de você, mamãe,
mas eu não sei onde você está... Um beijo do seu filho que não te ama.”
enquanto aguardam ansiosamente que alguém as adote. Os funcionários são tios, os colegas
são irmãos e até a pesquisadora torna-se uma possível candidata a mãe: ‘É você que vai me
adotar?’, pergunta Pedro, sentindo-se orgulhoso de estar sendo entrevistado. A maioria das
crianças gosta de conversar com visitantes, tocá-los ou ficar quietinho por perto, pois o que há
de mais precioso na vida delas é o fato de serem objeto de afeição de alguém, mesmo que seja
por alguns minutos. Seus sentimentos a respeito de família são confusos e ambivalentes, numa
variação assistemática entre saudade, dor, fantasia, culpa e raiva, como bem mostra uma carta
à sua mãe de um menino de 12 anos, que há 11 anos mora em instituições: ‘Mamãe, você me
abandonou e eu sinto muito porque você fez isso comigo. Já faz 11 anos que não te vejo... Você
foi muito cruel comigo, como eu estou com saudade de você, mamãe,
mas eu não sei onde você está... Um beijo do seu filho que não te ama.”
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MÃE DO CORAÇÃO
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Esta criança esteve escondida no teu pensamento,
noite após noite, por anos a fio,
guardada na tua retina sem que nunca a tivesses visto.
Esta criança bendita, que foi escolhida por Deus e por ti,
para compartilhar de tua vida, nunca sofrerá,
ficará triste ou chorará por desamor ou abandono,
pois existe alguém especial, um anjo,
que o destino colocou em seu caminho
para lhe suprir as carências, lhe amar, dar carinho.
Ela foi abençoada.
Não foi gerada por ti,
não foi esperada por nove meses,
não veio de dentro de tuas entranhas,
mas veio de algo muito maior:
um amor enorme que tinhas para compartilhar
com ela e com o mundo.
Não adotastes simplesmente; ele é teu filho,
filho do imenso carinho que tens para dar,
da tua capacidade de doação,
da abnegação,
do desejo sofrido e ao mesmo tempo esperançoso que tiveste
de um dia cuidar e de ouvir alguém
te chamando de “mãe”.
Será um filho de noites em claro,
de preocupações,
de alegrias,
de dias de chuva,
de dias de sol.
Será filho de tristezas,
de sonhos, de esperanças
e de dedicação,
pois tens por ele o mesmo carinho que terias
por um filho do teu sangue.
Esta criança veio de onde quer que seja,
predestinada para ti.
Apenas nasceu de outra mulher,
pois nada acontece por acaso,
mas o destino dela eram os teus braços e teu desvelo.
Ela foi gerada dentro do teu coração
porque, provavelmente, merecia uma mãe tão especial quanto tu !!!
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Maria Eugenia—Doce Deleite-03/07/2001
Esta criança esteve escondida no teu pensamento,
noite após noite, por anos a fio,
guardada na tua retina sem que nunca a tivesses visto.
Esta criança bendita, que foi escolhida por Deus e por ti,
para compartilhar de tua vida, nunca sofrerá,
ficará triste ou chorará por desamor ou abandono,
pois existe alguém especial, um anjo,
que o destino colocou em seu caminho
para lhe suprir as carências, lhe amar, dar carinho.
Ela foi abençoada.
Não foi gerada por ti,
não foi esperada por nove meses,
não veio de dentro de tuas entranhas,
mas veio de algo muito maior:
um amor enorme que tinhas para compartilhar
com ela e com o mundo.
Não adotastes simplesmente; ele é teu filho,
filho do imenso carinho que tens para dar,
da tua capacidade de doação,
da abnegação,
do desejo sofrido e ao mesmo tempo esperançoso que tiveste
de um dia cuidar e de ouvir alguém
te chamando de “mãe”.
Será um filho de noites em claro,
de preocupações,
de alegrias,
de dias de chuva,
de dias de sol.
Será filho de tristezas,
de sonhos, de esperanças
e de dedicação,
pois tens por ele o mesmo carinho que terias
por um filho do teu sangue.
Esta criança veio de onde quer que seja,
predestinada para ti.
Apenas nasceu de outra mulher,
pois nada acontece por acaso,
mas o destino dela eram os teus braços e teu desvelo.
Ela foi gerada dentro do teu coração
porque, provavelmente, merecia uma mãe tão especial quanto tu !!!
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Maria Eugenia—Doce Deleite-03/07/2001
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“Nossa experiência com a adoção talvez não seja tão diferente das outras...
Tudo começou quando, após 1 ano de casamento, o resultado de um exame médico certificou que seriam pequenas as possibilidades de conceber um filho. Apesar de sermos ainda jovens, conseguimos perceber que teríamos força para superar o problema se permanecêssemos unidos.
Muitas saídas nos eram apresentadas: peregrinar pelos especialistas em patologias; fazer promessas a ‘todos os santos’; substituir a falta de um filho, adotando uma criança abandonada (estaríamos fazendo uma caridade e talvez com isso ganharíamos uma gravidez);
‘comprar um cãozinho ou uma bicicleta’(como nos sugeriu um famoso andrologista);
assumir a dificuldade e esperar pacientemente, ou, ser um casal sem filhos.
Foi então que analisando todas as alternativas, começamos a descartá-las de acordo com nossas
perspectivas de vida, nossos ideais e nossa formação religiosa. E optamos pela adoção de um bebê. Como não tínhamos, na época idade e nem tempo de casamento para realizar a adoção nos termos legais, fomos então, amadurecendo nossa intenção. Poderia dizer que nossa primeira gestação durou 32 meses. Tempo suficiente para que nos livrássemos dos preconceitos e mitos que envolvem a adoção, curássemos nossas feridas e, crescêssemos em espírito.
E nasceu nossa primeira filha. Não veio substituir ninguém. Não veio suprir a falta de nada.
Veio para ser amada. Não foi escolhida. Deus a escolheu para nós.
Dois anos após, quando ainda pensávamos, em outro filho, aconteceu o inesperado.
Na noite do dia 23 de dezembro recebemos um telefonema. Uma mãe precisa doar seu filho.
Decidimos que no dia seguinte iríamos ao encontro dele e se ainda não tivesse sido adotado,
nós o adotaríamos. Chegando lá, um casal sem filhos observava a criança e nós ficamos esperando a resolução deles. Tiveram medo e nós o trouxemos para casa.
Foi uma festa. Passamos juntos o Natal e ele tornou-se o nosso melhor presente.
Num cartão de Natal recebido por ele vinha escrito:
Tudo começou quando, após 1 ano de casamento, o resultado de um exame médico certificou que seriam pequenas as possibilidades de conceber um filho. Apesar de sermos ainda jovens, conseguimos perceber que teríamos força para superar o problema se permanecêssemos unidos.
Muitas saídas nos eram apresentadas: peregrinar pelos especialistas em patologias; fazer promessas a ‘todos os santos’; substituir a falta de um filho, adotando uma criança abandonada (estaríamos fazendo uma caridade e talvez com isso ganharíamos uma gravidez);
‘comprar um cãozinho ou uma bicicleta’(como nos sugeriu um famoso andrologista);
assumir a dificuldade e esperar pacientemente, ou, ser um casal sem filhos.
Foi então que analisando todas as alternativas, começamos a descartá-las de acordo com nossas
perspectivas de vida, nossos ideais e nossa formação religiosa. E optamos pela adoção de um bebê. Como não tínhamos, na época idade e nem tempo de casamento para realizar a adoção nos termos legais, fomos então, amadurecendo nossa intenção. Poderia dizer que nossa primeira gestação durou 32 meses. Tempo suficiente para que nos livrássemos dos preconceitos e mitos que envolvem a adoção, curássemos nossas feridas e, crescêssemos em espírito.
E nasceu nossa primeira filha. Não veio substituir ninguém. Não veio suprir a falta de nada.
Veio para ser amada. Não foi escolhida. Deus a escolheu para nós.
Dois anos após, quando ainda pensávamos, em outro filho, aconteceu o inesperado.
Na noite do dia 23 de dezembro recebemos um telefonema. Uma mãe precisa doar seu filho.
Decidimos que no dia seguinte iríamos ao encontro dele e se ainda não tivesse sido adotado,
nós o adotaríamos. Chegando lá, um casal sem filhos observava a criança e nós ficamos esperando a resolução deles. Tiveram medo e nós o trouxemos para casa.
Foi uma festa. Passamos juntos o Natal e ele tornou-se o nosso melhor presente.
Num cartão de Natal recebido por ele vinha escrito:
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D ádiva de Deus eu sou,
A todos aqueles que me amam
N asci simples e humilde como Ele
I naugurando o meu lar no dia dEle.
L evando a esperança
O rdenando Paz e Amor aos que vivem por mim.
D ádiva de Deus eu sou,
A todos aqueles que me amam
N asci simples e humilde como Ele
I naugurando o meu lar no dia dEle.
L evando a esperança
O rdenando Paz e Amor aos que vivem por mim.
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No dia seguinte ele foi embora. Provamos a dor da perda;
mas pudemos desfrutar da presença de Jesus junto de nós no Natal.
No dia seguinte ele foi embora. Provamos a dor da perda;
mas pudemos desfrutar da presença de Jesus junto de nós no Natal.
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“Eu estou aqui porque minha mãe não quis mais eu.
Eu queria morar com ela, mas não sei onde ela mora.
Eu queria mesmo era ser adotado... pra ter uma família”
Eu queria morar com ela, mas não sei onde ela mora.
Eu queria mesmo era ser adotado... pra ter uma família”
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(Roberto 7 anos de idade, mora num orfanato desde que era bebê)
(Roberto 7 anos de idade, mora num orfanato desde que era bebê)
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O MENINO QUE MORA DO OUTRO LADO DA RUA
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Para você menino, que mora na frente do internato, tem casa, flores e jardim
Pra mim, que vivo dentro da instituição, só tenho um corredor sem fim
Você é acordado com um beijo suave no rosto
Eu acordo com o som estridente da campainha do posto
Para você tem leite, yogurte e margarina
Para mim tem café e pão amanhecido na cantina
Depois do café você brinca com seu irmão
Eu pego o balde e a vassoura para limpar o chão
Você tem um quarto com videogame e computador em rede
Eu fico no quintal olhando as manchas na parede
Para você, sua mãe serve o almoço com bife, arroz e feijão
E eu, fico todos os dias na fila do bandejão
No domingo sua mãe escolhe uma roupa especial
Aqui no internato nada é de ninguém, tudo é sempre igual
Você deita em seu quarto quando está cansado
Eu fico sentado na escada porque meu quarto tem cadeado
O teu pai, quando sai e quando volta, sempre te abraça
Eu sempre invento partidas e chegada mas a tristeza não passa
Se você chora à noite sua mãe vem para te afagar
Se eu tenho pesadelo só tenho o travesseiro para abraçar
Para você tem dia das mães e dos pais sempre com festa
Para mim é só uma grande ausência que resta
Sua família leva você à escola, ao judô e para passear
A minha família, há 3 anos não vem me visitar
Você tem uma bela rotina de uma família em ação
Eu não tenho ninguém, sou filho da solidão
O seu maior desejo é o novo brinquedo da televisão
O meu maior sonho é ter uma família do coração.
Pra mim, que vivo dentro da instituição, só tenho um corredor sem fim
Você é acordado com um beijo suave no rosto
Eu acordo com o som estridente da campainha do posto
Para você tem leite, yogurte e margarina
Para mim tem café e pão amanhecido na cantina
Depois do café você brinca com seu irmão
Eu pego o balde e a vassoura para limpar o chão
Você tem um quarto com videogame e computador em rede
Eu fico no quintal olhando as manchas na parede
Para você, sua mãe serve o almoço com bife, arroz e feijão
E eu, fico todos os dias na fila do bandejão
No domingo sua mãe escolhe uma roupa especial
Aqui no internato nada é de ninguém, tudo é sempre igual
Você deita em seu quarto quando está cansado
Eu fico sentado na escada porque meu quarto tem cadeado
O teu pai, quando sai e quando volta, sempre te abraça
Eu sempre invento partidas e chegada mas a tristeza não passa
Se você chora à noite sua mãe vem para te afagar
Se eu tenho pesadelo só tenho o travesseiro para abraçar
Para você tem dia das mães e dos pais sempre com festa
Para mim é só uma grande ausência que resta
Sua família leva você à escola, ao judô e para passear
A minha família, há 3 anos não vem me visitar
Você tem uma bela rotina de uma família em ação
Eu não tenho ninguém, sou filho da solidão
O seu maior desejo é o novo brinquedo da televisão
O meu maior sonho é ter uma família do coração.
“Eu acho que agora vou ser adotada porque é a terceira vez
que a minha foto vai para os Estados Unidos e a Itália”
que a minha foto vai para os Estados Unidos e a Itália”
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(menina de 13 anos, mora em instituições desde os 11 anos)
(menina de 13 anos, mora em instituições desde os 11 anos)
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APELO DA MIGALHA
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Eu sou a migalha!
Neste mundo de paradoxos e desperdícios eu vivo desprezada.
Desdenham-se e abandonam-se, sem cogitarem do quanto me poderiam utilizar, a benefício
dos que nada têm.
O excesso das mesas fartas se fossem recolhidos atenderia a uma larga faixa de escassez.
Há, no mundo, vidas humanas que se alimentam de tão insignificante quota de pão, que um
outro animal de pequeno porte morreria de inanição.
Com as migalhas atiradas ao lixo poderia ser modificada a tormentosa paisagem de
inumeráveis criaturas.
Moedas de pequeno valor, tecidos de dimensão reduzida, calçados não utilizáveis, agasalhos
que não se usam, representando as migalhas da abundância indiferente, seriam suficientes
para socorrer milhões de homens necessitados...
O celeiro abarrotado é conseqüência dos grãos reunidos.
O oceano imensurável resulta da gota d'água insignificante.
O jardim formoso, exuberante, surge do pólen invisível.
A galáxia inabordável se origina da molécula infinitesimal.
Todas as coisas imponentes têm sua gênese na aglutinação das insignificantes.
Não espero resolver os problemas do mundo.
Anelo, apenas, por atender ao homem.
Não creio ser possível, de um momento, modificar a vida terrena.
Desejo, somente, contribuir de alguma forma, para que, um dia, a existência planetária seja
diferente, portanto, mais feliz.
Enquanto muitos adiam o momento de ajudar, porque não podem produzir em demasia ou não conseguem transformar a realidade atual de dor, tornando-a amena e ditosa, candidato-me a iniciar, agora, o ministério da solidariedade, oferecendo-me para servir.
Não te detenhas em justificativas paissadistas, excusando-te o amor ao próximo, o serviço do
bem, vem comigo; dá-me tua quota, a tua migalha desconsiderada.
Unindo-nos, lograremos a felicidade para todos, porque “fora da caridade não há
salvação”.
Eu sou a migalha!
Ajuda-me a tornar-me utilidade, realização.
Eu sou a migalha!
Neste mundo de paradoxos e desperdícios eu vivo desprezada.
Desdenham-se e abandonam-se, sem cogitarem do quanto me poderiam utilizar, a benefício
dos que nada têm.
O excesso das mesas fartas se fossem recolhidos atenderia a uma larga faixa de escassez.
Há, no mundo, vidas humanas que se alimentam de tão insignificante quota de pão, que um
outro animal de pequeno porte morreria de inanição.
Com as migalhas atiradas ao lixo poderia ser modificada a tormentosa paisagem de
inumeráveis criaturas.
Moedas de pequeno valor, tecidos de dimensão reduzida, calçados não utilizáveis, agasalhos
que não se usam, representando as migalhas da abundância indiferente, seriam suficientes
para socorrer milhões de homens necessitados...
O celeiro abarrotado é conseqüência dos grãos reunidos.
O oceano imensurável resulta da gota d'água insignificante.
O jardim formoso, exuberante, surge do pólen invisível.
A galáxia inabordável se origina da molécula infinitesimal.
Todas as coisas imponentes têm sua gênese na aglutinação das insignificantes.
Não espero resolver os problemas do mundo.
Anelo, apenas, por atender ao homem.
Não creio ser possível, de um momento, modificar a vida terrena.
Desejo, somente, contribuir de alguma forma, para que, um dia, a existência planetária seja
diferente, portanto, mais feliz.
Enquanto muitos adiam o momento de ajudar, porque não podem produzir em demasia ou não conseguem transformar a realidade atual de dor, tornando-a amena e ditosa, candidato-me a iniciar, agora, o ministério da solidariedade, oferecendo-me para servir.
Não te detenhas em justificativas paissadistas, excusando-te o amor ao próximo, o serviço do
bem, vem comigo; dá-me tua quota, a tua migalha desconsiderada.
Unindo-nos, lograremos a felicidade para todos, porque “fora da caridade não há
salvação”.
Eu sou a migalha!
Ajuda-me a tornar-me utilidade, realização.
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Scheilla, por Divaldo Franco. Terapêutica de Emergência. Salvador, Ed. Alvorada, 2003.
Scheilla, por Divaldo Franco. Terapêutica de Emergência. Salvador, Ed. Alvorada, 2003.
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“Não sei quando virá o amanhecer,
então abro todas as portas”.
então abro todas as portas”.
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Emily Dickinson
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"Vivendo se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas."
.Emily Dickinson
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"Vivendo se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas."
João Guimarães Rosa
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LAÇOS DE SANGUE X LAÇOS DE TERNURA:
O AMOR É CONSTRUÍDO
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(...) Acredito que todos nós possuímos as chaves de todas as portas, ou seja, temos condição de controlar o nosso destino se tivermos consciência de nós mesmos, de nossos limites e do mundo. As pessoas mais conscientes são aquelas que tem o seu "chaveiro do mundo" na mão: pessoas empáticas que tem conhecimento do outro, do mundo, e de si mesmas. Pessoas que querem ser contingentes e não somente passar pela vida. Outras pessoas, que por diversas circunstâncias ficaram sem algumas chaves, tentam encontrá-las, e como fazemos com aqueles chaveiros que emitem sons, podem assobiar para encontrar o chaveiro perdido; outros podem fazer cópia das chaves de outros (copiam o modelo de outros para si próprios); às vezes, experimentam a chave de outra pessoa e não dá certo e, então, essas pessoas mandam limar, ajustar (ajustam o modelo de outros para si próprios), e com um pouco de trabalho e esperança, sempre encontram novas portas e a chave certa!
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(...) Em todos os relacionamentos humanos é preciso estar constantemente ajustando-se à relação, que é sempre dinâmica. Além disso, o que é bom para uma pessoa pode não servir para outra pessoa. Não existem receitas de "relação perfeita", nem receita de felicidade. Talvez seja válido ter uma atitude otimista em relação à vida, uma atitude de esperança, de novas possibilidade, como bem disse a poetisa Helena Kolody, "para quem viaja ao encontro do sol, é sempre madrugada".
(...) Em todos os relacionamentos humanos é preciso estar constantemente ajustando-se à relação, que é sempre dinâmica. Além disso, o que é bom para uma pessoa pode não servir para outra pessoa. Não existem receitas de "relação perfeita", nem receita de felicidade. Talvez seja válido ter uma atitude otimista em relação à vida, uma atitude de esperança, de novas possibilidade, como bem disse a poetisa Helena Kolody, "para quem viaja ao encontro do sol, é sempre madrugada".
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(...) Para que isso possa acontecer verdadeiramente, a grande chave é o auto-conhecimento, a consciência de si mesmo, de nossos limites, de nossas possibilidades. Desta forma, é muito mais fácil nós percebermos até aonde uma pessoa é capaz de caminhar e até onde e quais caminhos nós teremos condições de percorrer. Às vezes, cada um deve ceder um pouco em função do outro. É como relata uma história no Talmud sobre um Rei que tinha um filho que havia se separado do seu pai. O rei mandou um mensageiro dizer ao filho: "Retorne a seu pai". O filho respondeu: "Não posso". E então, após refletir sobre a relação, o pai mandou o mensageiro retornar e dizer ao filho: "Venha o mais perto que você puder e eu irei até você o resto do caminho".
(...) Para que isso possa acontecer verdadeiramente, a grande chave é o auto-conhecimento, a consciência de si mesmo, de nossos limites, de nossas possibilidades. Desta forma, é muito mais fácil nós percebermos até aonde uma pessoa é capaz de caminhar e até onde e quais caminhos nós teremos condições de percorrer. Às vezes, cada um deve ceder um pouco em função do outro. É como relata uma história no Talmud sobre um Rei que tinha um filho que havia se separado do seu pai. O rei mandou um mensageiro dizer ao filho: "Retorne a seu pai". O filho respondeu: "Não posso". E então, após refletir sobre a relação, o pai mandou o mensageiro retornar e dizer ao filho: "Venha o mais perto que você puder e eu irei até você o resto do caminho".
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O NOSSO ENCONTRO
(Depoimento)
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"O Arturo nasceu com 24 horas; era sua idade quando o adotei. Com ele realizei o sonho de ser mãe e vivi todas as angústias e alegrias de uma mãe com seu primeiro filho.
Agora tenho também o Valdomiro, que nasceu aos 8 anos, a idade em que recebi a sua guarda. Ainda estamos "nos conhecendo". Para o adulto é mais fácil compreender este processo. Ter uma identidade é fundamental na estrutura da personalidade humana; na adoção tardia tudo acontece tão rápido para a criança, que se torna assustador, percebo isto nas atitudes ansiosas do meu filho.
Agora tenho também o Valdomiro, que nasceu aos 8 anos, a idade em que recebi a sua guarda. Ainda estamos "nos conhecendo". Para o adulto é mais fácil compreender este processo. Ter uma identidade é fundamental na estrutura da personalidade humana; na adoção tardia tudo acontece tão rápido para a criança, que se torna assustador, percebo isto nas atitudes ansiosas do meu filho.
As crianças quando estão na instituição sonham com uma mãe e com uma família: a mãe é uma "fada", a família é uma "ilha de fantasias". Um filho sente dificuldades em aceitar que a mãe dá limites e que, no convívio familiar, também existem regras.
A experiência com o meu primeiro filho me deu sensibilidade para compreender este filho, que nasceu aos 8 anos. Como o bebê exercitei a paciência, a tolerância e a compreensão, tão necessárias para proporcionar-me segurança, requisito importante na adoção da criança maior, geralmente ela é muito insegura.
Com o meu segundo filho, não tenho acordado à noite para dar chazinhos ou trocar fraldas. O dia-a-dia é que constitui-se em um verdadeiro desafio: dando limites, impondo rotinas, além de repetir várias vezes nos momentos de teimosia (ou insegurança), "gosto muito de você, não vou levar você de volta para aquela casa, mas deve aceitar que isto é o melhor para uma criança e precisa aprender a me obedecer". São energias investidas de outra forma. A disponibilidade para aceitar uma criança que "se sentirá meu filho" e a esperança de que conseguiremos aprofundar o afeto, é que me dão coragem para persistir. Nos momentos em que nos abraçamos e quando estou contando historinhas para meu filho dormir, compreendo que não foi o acaso quem provocou o nosso encontro, mas o meu imenso desejo de ter mais um filho!"
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A experiência com o meu primeiro filho me deu sensibilidade para compreender este filho, que nasceu aos 8 anos. Como o bebê exercitei a paciência, a tolerância e a compreensão, tão necessárias para proporcionar-me segurança, requisito importante na adoção da criança maior, geralmente ela é muito insegura.
Com o meu segundo filho, não tenho acordado à noite para dar chazinhos ou trocar fraldas. O dia-a-dia é que constitui-se em um verdadeiro desafio: dando limites, impondo rotinas, além de repetir várias vezes nos momentos de teimosia (ou insegurança), "gosto muito de você, não vou levar você de volta para aquela casa, mas deve aceitar que isto é o melhor para uma criança e precisa aprender a me obedecer". São energias investidas de outra forma. A disponibilidade para aceitar uma criança que "se sentirá meu filho" e a esperança de que conseguiremos aprofundar o afeto, é que me dão coragem para persistir. Nos momentos em que nos abraçamos e quando estou contando historinhas para meu filho dormir, compreendo que não foi o acaso quem provocou o nosso encontro, mas o meu imenso desejo de ter mais um filho!"
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Marinalva de Sena Brandão, Médica-Pediatra, Presidente do Grupo de Estudos e Apoio à Adoção de João Pessoa e Pediatra da CEJA-PB, mãe de Arturo e de Valdomiro, 9 anos (adotado aos 8 anos). Residem em João Pessoa-PB.
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AGORA EU TENHO UMA FAMÍLIA
"Eu axo a adoção muito linda. Que os meninos e as meninas também gostam de uma mãe e um pai. Eles gostam também, e quem não tem mãe e pai é uma vida muito triste. Minha vida está muito boa! Eu já cei ler e gosto muito da minha mãe e de minha casa.
Como a minha vida está boa! Gosto da minha escola e da minha tia da escola. Agora tenho uma vida. Minha vida era muito ruim e agora mudou. A minha vida mudou agora. Eu tenho uma mãe! Eu fui o menino adotivo. Agora eu tenho uma mãe e vou ter um pai. Eu já tenho um tio e uma vovó e um avô e um primo. Eu não tinha essa vida tão boa e também agora eu tenho uma família."
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Como a minha vida está boa! Gosto da minha escola e da minha tia da escola. Agora tenho uma vida. Minha vida era muito ruim e agora mudou. A minha vida mudou agora. Eu tenho uma mãe! Eu fui o menino adotivo. Agora eu tenho uma mãe e vou ter um pai. Eu já tenho um tio e uma vovó e um avô e um primo. Eu não tinha essa vida tão boa e também agora eu tenho uma família."
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Valdomiro Teixeira Lopes tem 9 anos e foi adotado aos 8 anos de idade por Marinalva de Sena Brandão, Valdomiro escolheu ser chamado de Valdomiro Rafael de Sena Brandão.
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Créditos dos textos: textos extraídos de WEBER, Lídia. Laços de ternura. 2.ed. Curitiba: Juruá Ed, 1999.