Estou de volta... como a primavera!

"Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa..."

Manuel Antonio Pina
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terça-feira, 25 de agosto de 2020

Escrever nem uma coisa nem outra

 
 Arte de Yume Cyan

Escrever nem uma coisa
Nem outra -
A fim de dizer todas -
Ou, pelo menos, nenhumas.

Assim,
Ao poeta faz bem
Desexplicar -
Tanto quanto escurecer acende os vaga-lumes.

Manoel de Barros
 
 
 

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Muito prazer

 
 The Old Piano Tree, California 

Sou um sujeito cheio de recantos.
Os desvãos me constam.
Tem hora leio avencas.
Tem hora, Proust.
Ouço aves e beethovens.
Gosto da Bola-Sete e Charles Chaplin.

O dia vai morrer aberto em mim.

Manoel de Barros
in Livro Sobre Nada
 
 
 
 

quinta-feira, 21 de maio de 2020

O apanhador de desperdícios


 
Imagem via Pinterest
 
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.

Manoel de Barros




terça-feira, 3 de março de 2020

O fazedor de amanhecer


 Desconheço a autoria da imagem
 
Sou lesto em tratagens com máquina.
Tenho desapetite para inventar coisas prestáveis.
Em toda a minha vida só engenhei
3 máquinas
Como sejam:
Uma pequena manivela para pegar no sono.
Um fazedor de amanhecer
para usamentos de poetas
E um platinado de mandioca para o
fordeco de meu irmão.
Cheguei de ganhar um prêmio das indústrias
automobilísticas pelo Platinado de Mandioca.
Fui aclamado de idiota pela maioria
das autoridades na entrega do prêmio.
Pelo que fiquei um tanto soberbo.
E a glória entronizou-se para sempre
em minha existência.
 
Manoel de Barros



 

domingo, 24 de novembro de 2019

No chão da água luava um pássado



Fotografia daqui

No chão da água
luava um pássaro
por sobre espumas
de haver estrelas

A água escorria
por entre as pedras
por um chão sabendo
a aroma de ninhos.

Manoel de Barros
in O Menino e o Córrego



quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Muito prazer


 
Pintura e colagem de Ekaterina Panikanova

Sou um sujeito cheio de recantos.
Os desvãos me constam.
Tem hora leio avencas.
Tem hora, Proust.
Ouço aves e beethovens.
Gosto de Bola-Sete e Charles Chaplin

O dia vai morrer aberto em mim.

Manoel de Barros



terça-feira, 1 de março de 2011

"Muda Mundo"



A maior riqueza do homem é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.
Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que compra pão às 6 horas da tarde, que vai lá fora, que aponta lápis, que vê a uva etc. etc.
Perdoai.
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.

Manoel de Barros

Imagem Flickr Cris Meliska’s


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011



Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.

Manoel de Barros

Imagem Google, sem autoria definida


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

"Garça"


A palavra garça, em meu perceber é bela.
Não seja só pela elegância da ave.
Há também a beleza letral.

O corpo sônico da palavra
E o corpo níveo da ave
Se comungam.

Não sei se passo por tantã dizendo isso.
Olhando a garça-ave e a palavra garça
Sofro uma espécie de encantamento poético.

Manoel de Barros

Imagem: Fotografia de Luis.impa

quarta-feira, 29 de setembro de 2010







 Imagem via Pinterest 

No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo,
lá, onde a criança diz:
eu escuto a cor dos passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar
não funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo,
ele delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta,
que é a voz de fazer nascimentos
- O verbo tem que pegar delírio.

Manoel de Barros



quarta-feira, 9 de julho de 2008

segunda-feira, 7 de julho de 2008

quinta-feira, 29 de maio de 2008

.

.
Uso as palavras para entender meus silêncios
.
Manoel de Barros

Interlúdio com ...

Will You Still Love Me Tomorrow - Norah Jones

Will You Still Love Me Tomorrow

Norah Jones

Tonight you're mine completely
You give your love so sweetly
Tonight the light of love is in your eyes
Will you still love me tomorrow?

Is this a lasting treasure
or just a moment pleasure?
Can I believe the magic of your sight?
Will you still love me tomorrow?

Tonight with words unspoken
You said that I'm the only one
But will my heart be broken
When the night meets the morning sun?

I like to know that your love
This know that I can be sure of
So tell me now cause I won't ask again
Will you still love me tomorrow?

Will you still love me tomorrow?
Will you still love me tomorrow?...

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