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. Não escrevo porquê me falta inspiração
porquê olho para a terra
para a vida que brota
para a lagarta que nasce
e não sinto nada...
Mentira!
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Não escrevo porquê me sobra inspiração
porquê olho para a terra
para vida que brota
e sinto uma dor imensa no coração
.
Vejo a lagarta que nasce
e me entristece a fugacidade
de sua ingenuidade
a fugacidade
de sua liberdade
a fugacidade
de suas possibilidades:
de sentir suas asas nascerem
de voar sem saber pra quê
e de morrer sem ao menos compreender-se viva
.
Não escrevo porquê padeço
e padecendo não me pareço
com aquilo que desejo e muito parecer:
com a vida que brota
com a lagarta que nasce
com o belíssimo amanhecer!
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Por isso não chore,
não me peça para escrever!
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Flávia Trigo