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domingo, 3 de novembro de 2024

Melhor disco R💣ck desta década! últimos 20 exemplares na Chili!



𝗘𝘆𝗲𝟭𝟴 é o álbum de estreia de 𝕂𝕣𝕪𝕡𝕥𝕠, o trio de destruição que junta Gon (Zen, Plus Ultra) a Chaka e Martelo (Greengo). 

Co-editado com a Lovers & Lollypops, o disco faz-se acompanhar de uma BD da autoria de Rui Moura

à venda na nossa loja em linha, Tinta nos Nervos, BdMania, Linha de Sombra, Mundo Fantasma, Kingpin Books, 
Tigre de Papel, Neat Records, ZDB e Utopia.
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Music CD by Krypto 
Comix + Poster by Rui Moura 
Inspired by the raw and psychedelic sound of the Krypto, as well as their lyrics, the comic book complements and explores an acid and timeless universe. 
Guided between rituals and the occult, transporting the psyche through endless mazes. 
 Co-released with Lovers & Lollypops

BUY at our online shop or at Quimby's (USA), Modo (Italy) and Le Mont en L'Air (Paris)




Sabe mais o diabo por ser velho do que por ser diabo e os Krypto, na estreia Eye18, mostram que sabem desta poda como ninguém. Oito malhas que nos recordam um tempo que já não volta, que piscam o olho ao passado sem nunca soarem saudosistas e que aproveitam para resgatar todo aquele balanço que a música de e com peso parece, por vezes, ter esquecido.

Não sabemos quem teve esta ideia, mas por nós mereceria uma medalha. Juntar aquele que é, sem dúvida alguma, o melhor e mais alucinado vocalista que este país viu nascer (um título que, por mérito próprio, exibe desde meados da década de noventa com os Zen e recentemente renovado na insanidade dos Plus Ultra) aos Greengo, provavelmente a maior força propulsora que a Invicta viu nascer por entre baforadas carregadas de intenção e acidez. Gon encontra no baixo de Martelo e na bateria de Chaka as carruagens de fogo ideais para se lançar numa infindável lista de diatribes sobre isolação, alienação, corrupção, o vazio consumista deslumbrado com a tecnologia ou a cultura empresarial.

É brutalista o som que nos despejam em cima e, apesar de um ou outro laivo psicadélico, impossível de acorrentar, numa viagem que se refugia na atitude primitiva, natural e pura de quem tem o dom de nos deixar num estado cataléptico. Música que exige ressonância e espaço para ser sentida, que cresce em urgência no espírito carbonário com que nos obriga a uma reflexão sobre a vida sem regras e responsabilidades hipócritas.

Rejeitemos a ideia de que temos de nos tornar num ideal, um camarada devoto do pensamento único, distante de sermos um indivíduo e não apenas parte de uma tribo. If we moved in next door to you, your lawn would die, palavras de Lemmy que se aplicam na perfeição a este Eye18, disco em trepidação constante pelo vazio insaciável, com sede de sobreviver e uma vontade que nos deixa atordoados, encanecidos, amortalhados, mas também num alerta constante e eufórico provocado pela privação de sono e sonho que a música dos Krypto teima em nos inflingir ao longo dos seus 23 minutos.

 O disco transforma-se numa banda desenhada da autoria de Rui Moura e inspirada no som bruto e psicadélico dos Krypto, bem como nas suas letras, a banda desenhada complementa e explora um universo ácido e atemporal. Guiado entre rituais e o oculto, transportando a psique por labirintos infinitos.




Historial: 

Lançado a 16 e 17 de Janeiro 2020, respectivamente, no Porto (Maus Hábitos) e em Lisboa (Musicbox), na abertura de Petbrick
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Feedback:

I hope I get to see Krypto!
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Moura imerge no som de Eye18 dos Krypto para nos apresentar um mundo interior de insatisfação, revolta, contestação e… sonho! Mas desiluda-se quem julgue que a BD terá um final feliz
Bandas Desenhadas

(...) entrada numa pista de aceleração, onde não se sabe quando se vai perder o controlo da velocidade.
 Acordes de Quintas

Psicadelia profundamente evocativa (...) animada por noise por uma crua acidez (...) até o corpo não aguentar mais.
8/10
Loud

artigo na Loud! (primeira Loud! online e free, meus queridos-coronas!)

gostei bastante, tanto da parte gráfica como da música. É uma jarda pré-apocalíptica de respeito, em jeito de cuspidela raivosa (contra a máquina?). A música I Saw fez-me lembrar os Young Gods... Quanto ao grafismo, se toda a música viesse assim tão bem embrulhada, não me importava nada de voltar a comprar CDs. Parabéns a todos pela edição!
Nunsky (por email)
 
O Rui Gon podia estar numa banda de NY Hardcore ou de Nu Metal e seria o melhor do mundo. Zen, Plus Ultra e agora Krypto nada se parece com nada, o som de cada banda sempre foi original e nunca houve três bandas destas no mundo. Em palco é gajo para bater o Iggy Pop nem seja porque com aquele corpinho e calções de guna do Porto pronto prá porrada parece um sátiro pronto para fornicar com tudo e todos. O resto da banda é capaz de ter o pior guarda-fatos e frequentarem o pior barbeiro da história do Rock mas, sinceramente: fuck it! O que sempre se quis do Rock é que fosse feio, sujo e mau! Os putos estúpidos da linha que estavam cá fora perderam o concerto da vida deles.
M.F. 3.11.24





quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Acedia / last 20 copies



Acedia it's the new graphic novel by André Coelho actually his true first solo book - Terminal Tower was a collaboration with Manuel João Neto... This book manages to strike a balance between experimentation and tradition in the "comics" field by establishing a paradox between the creative energy and the morbid atmosphere of the narrative. It can be speculated that the main character is an alter ego of the author or that some episodes should be autobiographical... but let's establish that we are in the realm of selffiction.

Acedia is this year the winner project of a graphic novel contest - Toma lá 500 paus e faz uma BD - promoted by Chili Com Carne. Other titles resulting from this contest includes The Care of Birds (2013 winner) by Francisco Sousa Lobo to be published in Spain next year, Askar, O General by Dileydi Florez and That which is Subtracted from Sight by Filipe Felizardo.





Sinopsis: 
Due to a strange body housed somewhere in his eye socket, Daniel suffers from perceptual deformations. Although the insistance on the urgency of medical treatments, he becomes confronted with the chance given by these hallucinations to escape towards a new perception of reality. Daniel will have to choose between facing his illness as a sign of his own mortality or accept it as life intensifier. 




Some pages:


104p., black and white, 18x24,5cm, 500 copies

Contest supported by IPDJ and all Chili Com Carne members.

Buy at Chili Com Carne online storeFatbottom Books (Barcelona), Neurotitan (Berlin), Quimby's (Chicago), Floating World (Portland), Le Mont-en-L'air (Paris)...


History 

Released October 2016 at Lounge Lisboa with live-acts of Smell & Quim and Rasalasad vs shhh... 
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André Coelho (b.1984, Portugal) is an Oporto based illustrator and comic book author. For 10 years he has developed fanzines, short stories and four graphic novels to date, as well as posters, record covers, merchandising and other graphics for different music scenes. This includes Amplifest, SWR Barroselas Metalfest, Lovers & Lollypops, Witchcraft Hardware and the American Industrial label Malignant Records, among many others. 

In 2016 he was awarded with the first prize of “Toma lá 500 Paus” comic book competition and was part of the Amadora Comics Festival 2014 award winning anthology Zona de Desconforto. His work ranges from traditional drawing or painting techniques and mediums to collage and digital manipulation. 

Besides Portugal, his work has been exhibited in several countries such as Brazil, Sweden, United Kingdom, United States of America, Italy or Spain.

Selected English bibliography: SWR Chronicles (SWR; 2014), Terminal Tower w/ Manuel João Neto (Chili Com Carne; 2014), Evan Parker - X Jazz (c/ prefácio de Rui Eduardo Paes, Chili Com Carne + Thisco; 2015) Colective books: MASSIVE (Chili Com Carne; 2010), Destruição (Chili Com Carne; 2010), Futuro Primitivo (Chili Com Carne; 2011), Inverno (Mesinha de Cabeceira #23, Chili Com Carne; 2012), Antibothis, vol.4 (Chili Com Carne + Thisco; 2012), PostApokalyps (AltCom, Suécia; 2014), Quadradinhos : Looks in Portuguese Comics (Treviso Comics Fest + MiMiSol + Chili Com Carne, Itália; 2014).



Feedback

I’ve always liked his art, and this was no exception, in a darkly hallucinatory story of sex and mental states.

sábado, 3 de agosto de 2024

Amigo, adivinha o que anda por aí nas boas livrarias e discotecas?


O Gato Mariano : Críticas Felinas (2014-2018) 
 de 





 A música portuguesa sob o escárnio de um gato desbocado.

Peludo, porte médio, língua afiada. É assim que Tiago da Bernarda descreve o seu alter-ego, mais conhecido como Gato Mariano, o crítico felino que vagueia os confins da Internet. É nesse lugar amorfo e amoral que, desde 2014, tem vindo a discutir sobre os mais recentes projectos da música alternativa portuguesa.

 O que começou como webcomic vira agora uma antologia que reúne as melhores tiras dos últimos quatro anos, num intenso volume de  144 páginas, muitas delas a cores (18x25cm) e uma super-capa com cortante de gato assanhado!

 O Gato Mariano é uma das grandes criações da década (estimativa conservadora) em Portugal. Possivelmente nunca lhe será feita devida justiça, até porque um dos encantos que tem é a "subterraneidade", o traço e as reflexões como nos grandes mestres de apelo clandestino na BD do final do século passado. Não é um Kochalka português, nem um Tony Millionaire português, nem um Mike Diana português; é um Tiago da Bernarda português. 
Samuel Úria

...

Volume 13 da Colecção Mercantologia, dedicada à recuperação de material perdido no mundo dos fanzines e afins. Editado por Marcos Farrajota, design de Joana Pires e publicado pela Associação Chili Com Carne, o presente volume apresenta uma selecção de várias BDs da série O Gato Mariano publicado originalmente em várias plataformas em linha, desde 2014, com o nome Críticas Felinas (actualmente em instagram.com/ogatomariano_), no sítio Rimas e Batidas, nos zines O Gato Mariano Não Fez Listas em 2015O Gato Mariano não fez listas e confrontou um fã que disse não perceber as suas reviews em 2016 e O Gato Mariano não fez listas em 2017 e nos dois números do fanzine Mariano (2016-17).

Esta edição teve o apoio do IPDJ, Lovers & Lollypops e Thisco.


pode ser adquirido na loja em linha da Chili Com Carne, Flur, BdMania, Tigre de Papel, Tasca Mastai, Linha de Sombra, Kingpin, Mundo Fantasma, RastilhoMatéria PrimaUtopia, A Vida Portuguesa, Snob e Universal Tongue.


FEEDBACK

Num livro cheio de Críticas Felinas, o Gato Mariano arranha, mas faz rir
P3

"O Gato Mariano", o felino que arranha a música nacional
Sapo 24

O Tiago da Bernarda rapidamente se desencantou com a crítica em geral e a musical em particular. Criou uma linguagem e um espaço próprios para fazer e simultaneamente não fazer nem crítica de música nem tiras cómicas. (...) Não faz listas, não faz críticas, não faz tiras… E produz tanto? Aqui há gato!
Bandas Desenhadas

Este gato arranha bem (e a crítica musical já não é o que era)
Ípsilon / Público



HISTORIAL:  

Lançado no dia 19 de Janeiro de 2019 na Casa Independente com Hip Hop nulo 

...

Escolha do Vendedor FNAC do Chiado talvez por ser o dia mundial do gato! Obrigado Sandra:





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auto-elogio na Bedeteca do Porto

Sabe-se lá porquê mas há uma década, Tiago da Bernarda, um estagiário jornalismo (e sem formação em desenho) fartou-se de ser explorado pelo sistema falido da imprensa social e começou a fazer tiras de crítica a discos de música portuguesa, criando um alter-ego felino, o Gato Mariano, e publicando em plataformas digitais ou em fanzines auto-editados. A Chili Com Carne juntou toda essa produção num “luxuoso” livro que se tornou num compêndio para quem gosta de música. Do Punk ao Hip Hop, dos GNR aos 10 000 Russos, os discos são arranhados ou acariciados pelo Gato. Depois do livro ter saído, o bichano começou a miar para outras bandas mais “fashion”, políticas e sociais, para além de ter arranjado um sobrinho pós-irónico, o Bruninho, para expor as contradições geracionais. Alguém se digne a comemorar os 10 anos de existência deste gato desbocado!




Tiago da Bernarda [n. 1990] Ilustrador freelancer, autor da webcomic “O Gato Mariano”. Licenciou-se em Ciências da Comunicação na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e, posteriormente, tirou o curso de Ilustração para Novos Media na ETIC. Colaborou com festivais como Milhões de Festa, Zigurfest ou Black Bass – Évora Fest. Ocasionalmente com o site Rimas e Batidas.

domingo, 31 de dezembro de 2023

"Fumar já não sabe a verdade"

 


Este ano não me atraso com a resenha do novo disco dos Conferência Inferno - espera, não é o álbum de 2023 para estar aqui no último dia do ano, aliás, acho que nem ouvi nada deste ano que pudesse dizer alguma coisa desse tipo! Dica da semana, estejam atentos à Rasga pelo sim pelo não... 

Mas vá, apareceu o "segundo difícil álbum", Pós-esmeralda, pela incansável Lovers & Lollypops, que pouco coisa adianta em relação ao LP de estreia, pois continua a sua verve 80s nas letras e instrumentos, aquela voz de quem tem os polegares enfiados no cu, entre o Ian Curtis e Rui Reininho, em que por uns momentos podíamos estar a ouvir faixas raras dos Joy Division ou GNR, conforme o baixo ou linhas de sintetizadores. A insolência juvenil das letras é sempre fixe de ouvir e este é um disco bastante agradável - um elogio acho, dado a existência de tantos discos que são insuportáveis. 

Realço um momento alto no disco, o tema Pigmento que depois do seu momento típico "ConInf" passa para um inesperado e belo Dub. Esperto este "badwave" trio mas despachem lá o "one-trick pony"! Irão longe se tiverem audácia! 

E um Bom Ano Novo com este "álbum do ano", cóf cóf cóf

domingo, 15 de janeiro de 2023

manual prático de uso da CCC (6/6) : projectos

Desenhos de André Ruivo in CapitãoCriCa Ilustrada (2005)
Sendo uma associação sem fins lucrativos e perfeitamente legalizada, a Chili Com Carne de dois em dois anos elege uma nova Direcção que põe em marcha os planos que são apresentados na Assembleia Geral - ou seja segundo a vontade dos associados que se apresentam nesta reunião.

Geralmente a Chili Com Carne publica projectos de novos autores mas sobretudo de trabalhos que desafiam a modorra literária e artística. Procuramos a hibridação de estilos e talvez por isso que dá prioridade a livros colectivos como aliás está tão bem registado desde 2001 com o seminal Mutate & Survive, passando pelo extremamente bem-sucedido MASSIVE (2010), pelo "omnívoro" Futuro Primitivo, e ainda em projectos especiais como a digressão europeia Boring Europa ou a antologia All watched over by machines of loving grace. O que não impede de publicar livros "a solo" de autores que temos muito orgulho como Nunsky, Rafael Dionísio, Marcos Farrajota, Francisco Sousa Lobo, Rui Eduardo Paes, Mariana Pita, Gonçalo Duarte, Amanda Baeza, André Coelho, Tiago Baptista, Rudolfo, Tiago da Bernarda, Rodolfo Mariano, Ana Margarida Matos, Rui Moura, Hetamoé ou Ivo Puiupo.

Não sendo a Chili Com Carne uma editora profissional ou comercial, como é óbvio não nadamos em dinheiro mas quando fazemos livros é porque queremos e inventamos formas de financiar o projecto! Dependemos das quotas dos associados, subsídios do estado mitra e das vendas, tudo isto permite ir trabalhando com algum desafogo mesmo que implique sacrifícios pessoais para fazer livros - tirando a gráfica, raramente os autores, designers, tradutores e editores são remunerados nos projectos. 

Tentamos fazer parcerias com outros editores para amortizar custos de impressão, armazenagem e partilhar know-how tal como já fizemos com A BatalhaBicicleta, Clube do Inferno, Faca Monstro, Lovers & Lollypops, MMMNNNRRRG, Mundo Fantasma, O Panda Gordo, Rotten // Fresh, Ruru Comix, Shhhpuma, The Inspector Cheese Adventures, Thisco, You Are Not Stealing Records e a nível internacional com os festivais Alt Com (Suécia) e Crack (Itália), a antologia Kus! (Letónia) e o colectivo Stripburger (Eslovénia).

Actualmente a Direcção é oficialmente composta por Alexandra Saldanha, Inês Louro, Marcos Farrajota, Matilde Basto e Tomás Ribeiro, havendo mais seis elementos da Associação que funcionam como consultores nas decisões da Direcção.

Gostamos de ser desafiados no entanto nem vale a pena tentar se não tiverem capacidade de autocrítica, perceber em que mundo é que estão (dica da semana, leiam o jornal A Batalha!) e se não conhecerem bem o nosso catálogo, não vale a pena tentar meter o seu trabalho à força. Já agora, se encontrarem o nosso nome em directórios de editoras (o que permite pessoas enviarem propostas ridículas sem verem para onde estão a enviar), façam um favor, tentem apagar o nosso nome, não queremos ser massacrados por desesperados!

domingo, 30 de janeiro de 2022

Desejos de Morte Dominicais


Pá, um gajo não apanha tudo na altura certa e só agora dei-me conta deste segundo registo dos Paisiel que merece ser sublinhado como um bom disco de 2020 pelas mãos editoriais da Lovers & Lollypops e Rocket. Unconcious Death Wishes pode ser um título pretensioso e a sua capa hipster não faz relação com o título mas faz muita relação com a música explosiva e VIVA que aqui se ouve. O título só pode ser pensada como pose para tentar impressionar o freguês. Este LP é uma trip simpática que consegue dilatar o tempo e lamber a desejada psicadelia que muitos projectos cá em Portugal gostariam de o fazer mas que têm fracassado - pelo menos em disco. Não é nada aqui o caso, a coisa resulta bem se tivermos em sofá a entrar na siesta merecida. Entretanto ouvi dizer que a parelha Pais e Gabriel já não existe, por isso, restam os fonogramas... Bom domingo!

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Inferno são os poldros

 


A primeira reacção ao primeiro LP dos Conferência Inferno, Ata Saturna (Lovers & Lollypops; 2021) é foda-se que seca um revival de um revival de Dark Pop. É deveras desolador até para não dizer que é um retrocesso civilizacional ouvir uns Suicide limpos ou uns New Order badalhocos - sim eles ficam aí no meio. E depois ainda cantam com tiques do Ian Curtis, credo. Se ao menos que fossem ripar os Alien Sex Fiend já que a capa lo-fi prometia algo do tipo.

Como dizia o outro, primeiro estranha-se e depois entranha-se. As letras deprês acabam por entrar no ouvido mesmo que não tenham lá grande sentido mas escrever letras Pop nunca foi uma actividade coerente, na música Pop reagimos a "soundbytes" de frases que nos emocionam mas não quer dizer que se perceba ou se queira concordar com o resto da letra. E pouco a pouco, o orelhudo penetra na alma e corpinho, raios, bem que alinhava dançar esta merda numa discoteca gó-gó!!

Um bom disco do ano passado, diria mesmo um disco bem passado de um ano.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

E o disco do ano é


Turba (New Approach) de Metadevice.

Já perdi a conta das edições de Metamachine, projecto que aparece no meio da pandemia covid, ainda mais porque apanhei uma edição especial deste disco que inclui um CD-R limitado, Atomization, no meio de tanto luxo editorial: capas e posters e capas e posters e capas e posters, dentro uns dos outros e não sei o quê que a dada altura já nem sei voltar a montar a edição como estava. Queixas? Não, o sentido estético é tão exigente como a música, deixando de haver diferença entre André Coelho músico e desenhador. 

São discos que tratam deste mundo que acaba com um soluço e não com uma explosão, dada a impotência de todos contra uma máquina fora de controlo mas que nos controla e dirige. O alerta vai para a desmaterialização do ambiente humano para um digital zombie. E se a música soa a contínuos electrochoques com títulos colocados por um gajo inteligente e observador não significa que tenha conteúdo político - é uma questão debatida, o ruído per se é político? Para libertar as dúvidas venham as vozes de Rui Almeida sacando as literaturas ambientais de Nathaniel West e Thomas Pynchon, moldam um retrato de 2021 e a nossa paradoxal miséria humana - voltem Situacionistas, estão perdoados.

Por fim, destaque ainda para duas produções portuguesas deste ano, a saber Chroma (Nau) do lisboeta Bernardo Devlin a acrescentar mais desnorte existencial e Ata Saturna (Lovers & Lollypops) dos Conferência Inferno que apesar de ainda serem uns Suicide e New Order mitrados, tem potencial para algo mais.

domingo, 15 de novembro de 2020

Isola-te com Brie!


Bríi
: Entre Tudo que é Visto e Oculto (Lovers & Lollypops; 2020) 

Por mim o Metal do Futuro deveria ter começado lá em 1996 com aquele genial tekno-samba-metal-remix de Chaos B.C. dos Sepultura, ooooh heresia! Não aconteceu, temos pena, por isso neste frustrante presente contento-me com as migalhas que vão aparecendo aqui e acolá, como este projecto brasileiro. Apesar de ter títulos - do disco e respectivas faixas – dignos de Paulo Coelho (credo!), a sua música dá-me Fé na Metal-Humanidade. Com quatro faixas entre os 15 e os 21m temos progressões de estilos de músicas que vão cair sempre numa destruição Black Metal, o que assim de repente soa apenas a ordinário e barato. É realmente dissonante ouvir BM a bombar com sons tribais ou de “Kosmische Musik” ao mesmo tempo, no entanto percebe-se que Bríi fez muito bem o seu “trabalho de casa” e deu calor à sua música, de tal forma que ela opõe-se à ideia da vulgaridade de juntar dois estilos musicais antagónicos só porque alguém fumou uma ganza e teve uma “ideia estúpida” (Zeal and Ardor, por exemplo). Oiçam a faixa A Hora da Morte que começa com um ambiente à Harmonia (a super-banda Krautrock) para se atirar ao BM selvagem e de lá para Trance digno do Boom Fest, estando registados até “glitches” do computador a borrar-se todo, talvez para nos lembrar que errare machinale est. Pura delícia secular, sabendo perfeitamente que o futuro nunca é como queremos.

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Formiga outra vez (consolação)


O que se passa com a Lovers & Lollypops que cada vez edita música mais fora dos quadradinhos do Rock? O ano passado lançaram este LP de estreia da Angélica Salvi, Phantone, que quer se queira quer não, o "belo" tem de ser usado na resenha. Afinal de contas trata-se de um disco de harpa e electrónicas de autoria de Salvi, e convenhamos que a harpa será sempre um instrumento que se associa ao belo e ao poético - aliás, o texto que acompanha o disco é assinado pelo poeta valenciano Héctor Arnau, outra coincidência inevitável? A música é improvisada de câmara transmitindo uma palete de emoções que se tornam tão íntimas que soarão sempre ridículas escritas por mim, a Angélica que me desculpe por tão pouco substracto neste texto.
O futuro novo confinamento exige cultura de qualidade e coisas bonitas à nossa volta. Este deve ter sido dos melhores discos de 2019 que me passou ao lado, boa altura para os menos atentos descobrirem-no agora!

sábado, 14 de abril de 2018

Paelha


A Lovers & Lollypops anda pela k7 e pelo "jazz"... Depois da recente k7 de Julius Gabriel eis outra, Paisiel, que junta o alemão saxofonista com o baterista português João Pais Filipe (ex-Sektor 304, Macumbas e mil outros projectos) numa invenção sonora que poderia ser descrita como tribal caucasiano para sunset urbano. Além do nome do projecto ser nitidamente tribal - lembram-se quando as papelarias ou pastelarias chamavam-se "Xandré" porque os filhos dos donos chamavam-se "Xana" e "André"? - este disco é mesmo necessário para quem vive numa Europa Fortaleza parva que precisa de inventar um novo folclore para deixarmos de ser fachos. É música que mete a nós, branquelas feiotes, nus à volta da fogueira (elas com "strap-ons") a dançar e beber vinho verde de pressão para que tenhamos descargas sexuais e convulsões dionisíacas. O objectivo é deixar de ser um robot engravatado e/ou tatuado a comprar merda na Amazon (e no processo destruindo a floresta homónima). 
Paisiel poderá ser a solução para este mundo que precisa de expelir a xenofobia, digo com convicção porque Filipe é o mestre ritualista que impõe a cadência e ordem rítmica necessária para que Gabriel ofereça paletas de sons para criar êxtase, sobretudo quando já ninguém fica realmente dopado com álcool e drogas - já ouviram falar em narco-resistência? - nem a música de dança nos tira da realidade. Fuck u blazée babies! Dancem, dancem ao som de Paisiel!!! E ao cheiro de marshmallows queimados!

segunda-feira, 5 de março de 2018

Mundo do quarto

Existe o Quarto Mundo? Quando existia a Teoria dos Mundos (1945-90) usava-se essa expressão para designar países não-reconhecidos, povos nómadas ou recolectores ou ainda povos muito pobres dentro dos países industrializados. Também o termo foi usado pelo Jack Kirby (1917-94) para uma série de BD em que criava uma cosmogonia judaica com o folclore super-heróico, cheia de cores e extravagâncias tecno-fantasiosas.

Nos anos 80, o trompetista Jon Hassel criou o conceito da "Música do Quarto Mundo", onde várias músicas do mundo (dos nobres selvagens do terceiro mundo, muito mais espirituais e puros que os ocidentais badalhocos) se fundiam com electrónica e tecnologia do primeiro mundo - o segundo mundo que se foda, eram os comunas. A dada altura esta música foi vista como uma exploração "coolonialista" e não admira que o clássico My life in the bush of ghost tenha tido queixas e críticas das comunidades árabes sobre o abuso da palavra do Corão no disco. E de repente... estamos em 2018...  e uma coisa é certa, actualmente só há um mundo, por muitos esforços estejam a ser tentados para sair deste planeta poluído. Com o advento da WWW passamos a um único mundo.

Na música, vá lá existem dois...  O das bandas que vão ao Coliseu ou aos grandes festivais de Verão com tradicionalismos anacrónicos do Rock e o da música de um Mundo do Quarto, esse cubículo íntimo em que se cruza todas as referências do arquivo infinito da 'net de música e sons gravados. Rap e Eurodance dá no Zef dos sul-africanos Die Antwoord, hoje armados em estrelas, mudaram-se para L.A. Techno e poliritmos africanos dá em Kuduro ou Gqom, enquanto que portugueses de origem africana (re)inventam a House sob a batuta da Príncipe. Uns anormais em Almada tocam Viking Metal azeiteiro mas um suiço esperto juntou Black Metal ao Gospel criando um novo mito fantasioso (e se os negros dos EUA fossem pagãos?).

Em breve, teremos um livro de Riccardo Balli (aka DJ Balli) que prova como a cultura "mashup" passou a ser regra na Música criando novas narrativas visto que todo o espaço físico e o tempo já foram condensados a uma nuvem de informação. Na Música e noutros campos! Senão aconteceu, o seu livro será a confirmação de tal porque será uma verdadeira literatura "mashup" 8-bit! Até lá, eis um apanhado de músicas improváveis que tenho apanhado por aí...


Da Colômbia tem surgido algumas propostas de nova música como os Pixvae ou os Chupame El Dedo (retratados no zine que fizemos o ano passado para o Milhões pelo Rui Moura) que misturam Metalada com Cumbias. Desta dupla está lá Eblis Alvarez que é a cabeça dos Meridian Brothers, banda que reformulam temas tradicionais com novas roupagens. Parece que estão a ter sucesso - a revista The Wire prova isso - mas se a ideia não surpreende, convenhamos que se faz disto há muito tempo, já este EP Los Suicidas (*matik-matik*; 2015) dão um passo em frente. Para já é preciso pensar num som muito especial, aquele do leitor de k7s que está com a cabeça suja e/ou com as "rodas" lentas, isso mesmo, um som arrastado e distorcido. Pensem nisso para um CD de meia hora quase sempre de temas instrumentais, de boleros & mambos pouco ritmados em que os sintetizadores são os réis da gravação. Uns sintetizadores ácidos e dissonantes de má-trip em que o desenho da capa, que lembra um mau Phillipe Druillet (desenhador de BD psicadélica nos anos 70), ilustra bem o som. Não é um disco propriamente agradável para quem está habituado a coisinhas limpinhas. Estes estes teclados psico-musicais estão presentes na discografia dos Meridian mas em Los Suicidas estão em primeiro plano, num jogo viciante que faz com que seja melhor não o ouvir perto de janelas do terceiro andar...


A juntar a loucura de referências cruzadas temos da Arte Tetra de Itália. que edita lindíssimas k7s (claro que vendem em digital também, dah!). está o segundo volume de Exotic Ésotérique (2017), colectâneas de todas as "estrelas" da editora. Começa curiosamente com um tema que até poderia ser dos Meridian mas rapidamente, como diziam os 3 Mustaphas 3, "correm em todas as direcções": ritmos africanos com pós-industrialismos, Vaporwave, Médio Oriente Pós-Moderno (pelo russo Holypalms), Free Jazz, Dub, Illbient, hauntology, electrónica experimental,... tudo isto que destrói fronteiras em quase duas horas de música que se ouve em "loop" sem uma única vez me arrepender de estar a ouvir há horas a mesma k7, neste caso. Numa sociedade narcisista em que todos tem os seus livros de artistas e vinis gravados de um lado só, eis um gesto certeiro de que vale a pena lançar boa música em formato físico. A embalagem é também um mimo. Uma k7 perfeita!


Se as edições normais da Arte Tetra sente-se um calor gráfico, já as edições de Shit & Shine e DJ Balli não se pode dizer o mesmo. Talvez porque haja aqui um conceito especial de música funcional que obrigue a uma estética mais "marca branca", como acontece com Musica Lavapiatti (2017) dos S&S. Como o título indica é música para lavar pratos, uma tarefa muito mais importante do que agitar a cabeça feito estúpido na alienada ZDB, por exemplo. Além de ser importante para a higiene pessoal e caseira, lavar pratos é uma actividade vital para o aumento do intelecto e resolução de conflitos quotidianos. Se por um lado há uma responsabilidade material sobre os pratos e canecas - o risco de se partirem num descuido qualquer - há toda uma energia física para retirar as gorduras mais resilientes dos garfos ou das panelas deixadas da noite anterior. Todos estes extensíveis movimentos de limpeza distraem a mente de forma sincopada para um infinito psíquico onde o irracional entesado dá-nos as respostas necessários e a inspiração para prosseguir na vida. Acham que um concerto ao vivo será tão generoso? Eu acho que não. A música desta k7 é praticada pelo texano Craig Clouse (há demasiado mamados vindos do Texas não há?) com uma faixa ao ritmo gay british porno funk com uma voz que lembra os Ghostigital a cantar Bitch better have my money da Rihanna (WTF!?) e outra a lembrar os Yellow Magic Orchestra depois de tomarem Viagra. Esta é outra k7 que se ouve em "loop" mesmo muito depois da conclusão dos afazeres.
Também serve para lavar a loiça o Svelto (2017) de Balli com Giacomo Balla (1871-1958) - uma colaboração possível por via telepática. É um mix de Gabba com discursos do Futurismo. Balli ao lavar os pratos depois de uma deliciosa pasta al dente fez esta ligação óbvia que nenhum raver pastilhão poderia ter reparado: em 1909 dá-se o primeiro Manifesto Futurista que reclama as máquinas e a velocidade como renovação essencial e radical da Arte e da Humanidade. Oitenta anos depois o projecto electrónico Mescalinum United irá criar We are arrived, tema Techno que abre as portas para o subgénero Hardcore e como consequência ao Gabba, que terão ligações à Extrema Direita, tal como tinha acontecido com o Futurismo. Paralelismo incrível este! Tal como outros irão aparecer nos temas desta k7 cheia de detalhes conceptuais, não fosse o DJ Balli o mestre da música Rave conceptual. É claro que o som continua a ser Rave / Gabba que só se curte com 18 anos, E, água e despreocupação existencial. Não há Arte que resista ao poder destruidor das máquinas, aliás, esta música pode ser para lavar a loiça mas não será à mão... A CCC tem à venda AQUI.


Da rosa nada digamos por agora... (BaphoRecords; 2017) é a estreia do quinteto Baphomet que reúne malta de vários reinos musicais bizarros inter-geracionais portugueses como Älforjs, conjuntos sob a batuta de Sei Miguel ou ainda os Signs of the Silhouette. É uma (super) banda cujos elementos assinam com nomes fabulosos como Monsieur Trinité ou Mestre André - pessoal do Black Metal roam-se de inveja!! São três faixas entre os 12 e os 30 minutos que compõe o CD em que ouve-se Jazz punheta, Ambient electrónico, batidas duras a lembrar Industrial, "zappices", inferno, minimalismos & reducionismos. Só peca por se repetir na forma: começa devagarinho e baixinho como não soubessem que vão fazer o inevitável, ou seja, um final cheio de cacofonia do Free / Improv. Uma lógica que se vê muitas vezes em concertos do género. Num disco gravado, as audições repetidas terão menos surpresas por esse cliché. Como evitá-lo!? Baphomet explica...


Por fim, e receio com o mesmo problema de "explosões só no fim", uma k7 inesperada da editora Pop/ Rock Lovers & Lollypops: Dream Dream Beam Beam (2018) do saxofonista alemão residente no Porto Julius Gabriel. Jazz? Parece que sim, pelo menos é indissociável quando se ouve um saxofone não lhe chamar de Jazz. Apesar de algumas linhas musicais apontem para algo de nórdico do jazz - Jan Garbarek em Fukushima? - logo a seguir vai para o ruído - Noise, pá! - e dronaria graças a efeitos electrónicos sujos e duros. É dor de cabeça garantida para quem nunca experimentou Metal Machine Music... Ao certo ao certo, o que é isto!?

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Milhones de discos!

Foi bem fixe cuidar do "merch" das bandas que tocaram no Milhões de Festa - no âmbito do Necromancia Editorial - assim pude aceder a discos fixolas!

Colombianos e franceses fazem Pixvae que nada têm de Pixies nem de Vaee Solis embora poderia ter todos os fãs destas bandas, que seria uma atitude mais acertada neste mundo parolo. O disco de estreia, de 2016, é uma palmeira pintada de cor-de-rosa-choque como tão bem a capa ilustra. Para quem não quer mais ouvir as repetições do Pop / Rock caduco que passa na rádio, este colectivo dá-lhe numa "new world music" onde as linguagens do Afro-Latino, Noise Rock e do Jazzcore fundem-se sem dar flancos fracos. Orelhudo até mais não mas sem ofender o bom gosto... caramba este deveria ser o sexto álbum dos Pixies se os gajos não se tivessem levado pela grana suja da nostalgia!

E por falar nos Vaee Solis, não sabia da outra banda da vocalista Sofia Magalhães, os Lodge. Punk-Hardcore modernaço, alta energia e virtuosismo é a definição para esta banda que mete tudo o que é banda tuga num canto. Bom, vá lá, pelo menos é o que soa a k7 Orphaned Chants (Tapes she said; 2015) embalada como a de Plus Ultra.
Estalada na cara com vocais de demónio - creio que nunca ninguém berrou desta forma tão poderosa e livre em bandas pesadas 'tugas. Só isso merece o estatuto de clássico no punk-hardcore português. Depois disto, só se pode dizer das outras bandas o seguinte: que grandes meninos...
Questão: depois de Crisis, disto e Vaee, o que é feito da moça berrona? Onde ela pára? Espero que não tenha engordado e começado a parir crianças... Pleeeease!

Também da Tapes She Said e de 2015 temos Live 2014-2015 dos Bitchin Bajas, duo-agora-trio drone gringo que andam nas bocas do mundo. Por mim, tanto faz, é agradável o seu "ambient lo fi" sonhador e tal - recuso-me a escrever "psicadélico", a palavra mais abusada em 2017 depois de ter sido em 1967, Zeus! Não é nada de outro mundo... Heresia, dirão alguns! É só mais tralha "hype" neste universo,... 'tá-se!
De resto é a k7 mais feia da TSS mesmo que ela em si seja um belo de um verde! Em compensação iria descobrir a mais bela k7 de sempre!

Foi esta: Planetarisk Sudoku (Dridmachine; 2037) dos Psudoku! WTF!? Veio através dos Brutal Blues, banda Grindcore tão fria como as fiordes e que tocou nos Milhões. A boa cena foi terem trazido k7s destes noruegueses armados em P.K.Dick a quererem criar realidades paralelas. Dizem eles que som que fazem é como se o Grind não tivesse vindo do Punk / Hardcore mas de um mundo que teria vindo directamente do Prog dos anos 70! Jiiisus fuck!!! Claro que isto escrito no papel tem mais piada do que na realidade. Acho que os gajos não se meteram nesse papel extremo de tentar mesmo ser malta do Prog a evoluírem pró Grind, ficaram-se pelas intenções pois não é muito diferente de músicas dos Mr. Bungle ou Secret Chiefs 3 já fizeram. É divertido, inesperado e tem algo de japonoca pela premissa - Ruins? Melt Banana? É fixe mas não pensem que vão encontrar aqui "o som nunca antes feito"! A embalagem da k7 é que é um verdadeiro "state of the art". Impressa em serigrafia com tintas que expandem, quando secam criam um efeito de esponja. Meu, a embalagem é que veio de 2037!!! É a k7 mais linda que alguma vez comprei! LINDA!!!

Seriam os Psudoku capazes de desenvolver o Grind pelo Krautrock? Sim, quero falar de FaUSt... Nem sei se quero mesmo falar desta banda que foi seminal para quase tudo como o Industrial, por exemplo. Mais estranho é conhecer o instigador principal desta facção de Faust - o "US" está em maiúsculas porque há outros "Fausts" por aí - o Jean-Hervé Peron. Ele disse-me que o que gostava de BD era o Príncipe Valente... Credo, mais valia ele ter partido o dedo ao tentar abrir uma garrafa de vinho verde para mim e os Camaradas da Chili. E ficaria para a História: FaUSt não tocou por causa da Chili Com Carne! O concerto no festival foi uma freakalhada, parecia que estávamos em 1977 em que usar manequins em palco era a vanguarda máxima. Zeus, haviam gajas com burkas e duas betoneiras... Apesar da foleirada / freakalhada endérmica (por momentos pensava que estava num espectáculos com panelas e vassouras do CCB), lá 'tá, o gajo tem 70 anos e faz isto desde 1970, ergo, ele sabe o que faz num espectáculo ou nos discos.


Não é qualquer um que faz cagadas freaks e está à vontade para que soe bem! jUSt (Bureau B; 2014) e Oslo Rockeffeler 2009 (ed. de autor; 2016) tem a energia que não se vê em tanta banda "psicadélica", "post-rock", "post-metal" que andam por aí. Nestes discos, seja em estúdio ou ao vivo, há bons momentos e há alguns menos bons, há azeite experimental mas tudo resulta numa viagem sem complexos nem bocejos. Ide aprender com os velhinhos! Até eu já percebi melhor os Butthole Surfers ou os Pigface, por exemplo. Se queres alucinar tens de dar mesmo na fruta, não podes ser um betinho que comprou a guitarra vintage para seres "psicadélico"...

E voltando à vaca fria, não dava nada pelos Dreamweapon e o seu LP de estreia, de 2015 pela Lovers & Lollypops. Quer dizer no bandcamp parecia mais uma betalhice qualquer mas não não não! Isto ouvido como deve ser, numa aparelhagem analógica percebemos que é psicadélico direitinho ao coração, sem histerias post-metal nem fogo-de-artíficio Stoner. Dark q.b. e repetitivo como os portugueses adoram fazer.
Questão: ou estou a ficar mole ou neste caso a falta de movimento (típica da produção artística portuguesa) funciona bem neste caso. Como não posso dar o braço (ou a genitalia) a torcer, só pode ser o segundo caso.
Um dos membros é o terceiro tipo da nova formação dos 10 000  Russos, talvez isso ajude a explicar a qualidade deste projecto mas isso seria a menosprezar o resto da equipa Dreamweapon que tem aqui uma estreia incrível. Isto é música para sonhar no sofá ou na caminha, caso não fosse um vinilo e tenhámos que mudar de lado de x em x tempo... Meu, como é que os hippies tripavam nos anos 60 se tinham de mudar o disco cada 20 minutos!? Fuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuck...


Ifriqiyya Électrique é Putan Club com três tunisianos vindos do deserto. Música Sufi que afasta demónios com rock Industrial que faz justamente o contrário... bela mistura e maravilhoso paradoxo que não acabam por aqui. Enquanto Putan recusa-se a gravar discos (rumores dizem que sairá qualquer coisa este ano... rumores!) com este projecto foram logo editados pela grande Glitterbeat com este Rûwâhîne (em CD e LP). Tal como um Baco perdido no deserto, este projecto relembra que a grande panca do Industrial sempre passou pela música africana e esta é a forma mais pura de o fazer uma vez que há verdadeiro intercâmbio entre os europeus e os tunisianos - e não à distância com as rapinagens / samplagens do passado como fizeram outros grupos. O mais díficil de ultrapassar neste disco é a parte "Putan Club" para quem está habituado a vê-los tantas vezes como é o meu caso - quantas vezes já os vi? Sete? Oito vezes em três anos!? É complicado dissociá-los do disco e da imagem e recordações dos seus concertos, é quase como se ouvisse dois discos ao mesmo tempo... Não são mas é uma imagem mental pessoal que preciso de eliminar para curti-lo. Só há uma solução para mim, acho que vou ter de aumentar o volume!!!

Por fim, Moor Mother com Jewelry... Crimes Waves (Don Giovanni) é um mini-LP de colaboração entre estes dois. Música de 2017 para os EUA e resto do Império, Hip Hop mutante que deixou de fazer sentido chamar de Hip Hop mesmo que muita da atmosfera lembra o que o Tricky fazia nos anos 90 para chatear o comércio fonográfico - ninguém se lembra do seu "segundo" álbum intitulado Nearly God, certo? Engraçado que a tensão já não é pré-milenar mas os efeitos deste milénio novo são mais devastadores com tantos sacos de bosta como os "Trumputins" do mundo.  Apesar da comparação ao passado, eis música nova para quem pensa que nada há para ouvir... Já agora ide recuperar o álbum Fetish Bones (Don Giovanni; 2016) da Moor caso tenham estado desatentos, ou pior, estejam à espera que os media portugueses divulguem algo de jeito...

quinta-feira, 20 de julho de 2017

NECROmancia EDITorial SETE / MILhões de FESta 2017



é o mercado de edições independentes que intercepta música e grafismo 
e está de volta ao 
Milhões de Festa 
numa nova fórmula:

dentro do recinto do festival de 20 a 23 Julho das 19h à 1h da manhã

Além de fornecer do melhor do que se faz neste país no que diz respeito a BD, discos, fanzines, k7s e livros, pelas mãos da Chili Com Carne, Lovers & Lollypops, Gato Mariano, MMMNNNRRRG, Rui Moura (autor do cartaz), Signal Rex e Xavier AlmeidaEste ano o "merch" das bandas que tocam neste divertido festival estarão também por nossa conta. 

Quer dizer, mesmo que não queiras ter acesso ao melhor do underground português, se ouvires/ vires/ gostares de uma banda do Milhões, vais ter de vir ter connosco! 

Mais tarde ou mais cedo, vais ter de lá bater com os costados! 

Ouve só mais esta: 

vamos oferecer-te um fanzine de BD com esta malta: 
Rui Moura, Ana Caspão, Joaquim Almeida, João Silvestre, Xavier Almeida, Marcos Farrajota, Tiago da Bernarda, Gonçalo Duarte, André Pereira, Rudolfo e Ricardo Martins

Vai ser uma verdadeira peça de colecção!

E tu irás pedinchar por ela! 

Olha, não te armasses em cagão!