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quarta-feira, 18 de julho de 2012

IN TENEBRIS



Eram-me as ilusões da mocidade,
Constelações de magna refulgência,
Que o céu da minha plácida existência
Vinham doirar de branda alacridade.

Apagou-as o tempo sem piedade,
Uma após outra, com brutal violência,
Deixando-me sem luz, sob a influência
Dos desenganos da senilidade.

Vejo agora, repleto de amargura,
Mudada em penas, a fugaz ventura
Desses momentos calmos e risonhos,

E para sempre extinta nas sombrias
E longas noites dos meus negros dias,
A via-láctea branca dos meus sonhos.


Pe. Antônio Tomaz

segunda-feira, 25 de junho de 2012

VOZES DO MAR



No marulhar da vaga buliçosa
O velho mar declama, noite e dia,
Uma estranha canção misteriosa
Que a muito ouvido encanta e delicia.

Ora profere, em grita jubilosa,
Hinos festivos, cantos de alegria,
Ora modula, em triste voz chorosa,
Trenos de dor e salmos de agonia.

Não raro ele tem brados de amargura,
Uivos de fera e algo que parece
O gargalhar sinistro da loucura.

E às vezes lembra, na toada mansa,
Rumor de beijos, segredar de preces,
E balbucios meigos de criança.

Pe. Antônio Tomaz

sexta-feira, 1 de junho de 2012

CONFIDÊNCIAS



Eu fui contar, chorando, as minhas penas
Ao velho mar; e as ondas buliçosas,
Julgando que eu diria essas pequenas
Mágoas comuns ou queixas amorosas,

Não quiseram cessar as cantilenas
Que entoavam nas praias arenosas;
Mas, pouco a pouco, imóveis e serenas,
Quedaram todas, por me ouvir ansiosas.

E concluída a narração de tudo,
Mostrou-se o mar (pois nunca tinha ouvido
História igual) sombrio e carrancudo.

Depois, rolando as gemedoras águas,
Pôs-se a chorar também compadecido
Das minhas fundas, dolorosas mágoas.


Pe. Antônio Tomaz