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domingo, 27 de maio de 2012

SINTAXE



Eu me acrescento aos rios e aos rios me descem.
E me acrescento aos peixes. Nele deito
e com os musgos preparo alguns projetos.
Nos liquens boto andaimes que florescem.

E me caso com as pedras , conchas e ecos,
onde as lesmas pernaltas se intumescem.
E me acrescento a todos os espécimes
que se aleitam na orla, entre os insetos.

Ovos de larvas, vespas renitentes
e os mais jovens orvalhos em resíduos
se acendem. Borboletas se acrescentam

à sentaxe de um sol intermitente.
E eu vento, vento algas e libidos.
E em rios me acrescento, onde não venta.


Carlos Nejar
In Amar, A mais alta constelação

quarta-feira, 2 de maio de 2012

NOSSA SABEDORIA É A DOS RIOS



Nossa sabedoria é a dos rios.
Não temos outra.
Persistir. Ir com os rios,
onda a onda.

Os peixes cruzarão nossos rostos vazios.
Intactos passaremos sob a correnteza
feita por nós e o nosso desespero.
Passaremos límpidos.

E nos moveremos,
rio dentro do rio,
corpo dentro do corpo,
como antigos veleiros.

Carlos Nejar