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sábado, 28 de março de 2015

ARAUCÁRIA





Nasci forte e altiva,
Solitária.
Ascendo em linha reta
- Uma coluna verde-escura
No verde cambiante da campina.
Estendo braços hirtos e serenos


Não há na minha fronte
Nem veludos quentes de folhas
Nem risos vermelhos de flores,
Nem vinhos estoantes de perfumes.
Só há o odor agreste da resina
E o sabor primitivo dos frutos.


Espalmo a taça verde no infinito.
Embalo o sono dos ninhos
Ocultos em meus espinhos,
Na silente nudez do meu isolamento


Helena Kolody



segunda-feira, 29 de setembro de 2014

SAUDADES




Um sabiá cantou.
Longe, dançou o arvoredo.
Choveram saudades.

Helena Kolody,
in Viagem no Espelho

sábado, 12 de julho de 2014

AZUL



Tropeçou no sol da manhã
e mergulhou no azul do outono.

Helena Kolody
in Viagem no Espelho 

quinta-feira, 10 de julho de 2014

HORA PLENA



Hora plena, a do meio-dia.
As figuras não projetam sombras.
A luz incide, vertical, nas criaturas.

Hora total em que o ser atinge
a plenitude.

Helena Kolody
in Correnteza

PEREIRA EM FLOR


De grinalda branca,
Toda vestida de luar,
A pereira sonha.

Helena Kolody
In ‘Luz 


terça-feira, 8 de julho de 2014

SEMPRE MADRUGADA



Para quem viaja ao encontro do sol,
é sempre madrugada.


Helena Kolody
in Correnteza

segunda-feira, 7 de julho de 2014

PINGO DE CHUVA



O que penso,
o que digo,
o que sou ...
Pingo de chuva no mar.

Helena Kolody
in Correnteza

quinta-feira, 3 de julho de 2014

INSTANTE



O vento harpejava,
pianíssimo,
nos fios telegráficos.
A tênue onda sonora
vibrava na luz do dia.
Abelhas de sol zumbindo na tarde quieta.


Helena Kolody
in ‘Luz Infinita’


SOMBRA NO MURO



Persigo um pássaro
e alcanço, apenas,
no muro,
a sombra de um vôo.


Helena Kolody
in ‘Luz Infinita’

NOMES



Nomes com cheiro de mato:
corticeira,
guajuvira,
aroeira,
manacá.

Helena Kolody
in ‘Sinfonia da Vida’

COSMO



Na catedral constelada,
sobem leves nebulosas,
do turíbulo da noite.

Ondas incansáveis
de espaço-tempo
se quebraram, em silêncio, aos pés de Deus.


Helena Kolody
in ‘Luz Infinita’

FIO D’ÁGUA



Não quero ser o grande rio caudaloso
Que figura nos mapas.

Quero ser o cristalino fio d’água
Que canta e murmura na mata silenciosa.


Helena Kolody
In ‘Luz Infinita’

DESTINO




Ai!
Ser como as densas florestas escuras
Que tecem filigranas vegetais
E em segredo se adornam para a festa da luz.

Ser como as densas florestas sombrias,
Que um raio de sol jamais penetrou.


Helena Kolody
In ‘Luz Infinita’

ALEGRIAS




As alegrias passam por mim
Qual um sonoro bando de aves brancas
Por sobre o espelho do mar.

A superfície vibra de inquietas imagens.
Mas, a profundidade é sempre a mesma,
Sempre a mesma,
E é eternamente a mesma direção das vagas.


Helena Kolody
In ‘Luz Infinita’

CRIANÇA



Trazes ainda uma luz transcendente no olhar
E o vestígio das mãos divinas em teu ser.

Não falas porque Deus está tão próximo
Que Sua presença impede-te falar.

Helena Kolody
In ‘Luz Infinita’




ARCO-ÍRIS




Arco-íris no céu.
Está sorrindo o menino
que há pouco chorou.


Helena Kolody
In ‘Luz Infinita’

quinta-feira, 1 de maio de 2014

CREPÚSCULO DE ABRIL



Longa pincelada de cinábrio, no poente,
sublinha os nimbos gris.

A púrpura veludosa do amaranto
veste os jardins do outono.

Dorme a névoa dos vales.
No coração transido, a noite desce.

Helena Kolody


sábado, 10 de agosto de 2013

A OUTRA FACE DA VIDA



Nada revela o trabalho,
Tão sorrateiro, do tempo,
Nas profundezas do ser.


Como um “iceberg” enorme,
Tudo gira, de improviso.
Muda-se o plano da vida
Pra face desconhecida.


Um ângulo de luz tão difrente
Incide nos mais claros pensamentos...
Quantas lacunas inobservadas,
Com seus abismos desconcertantes !
O que era terra firme e segura,
É gelo móvel e flutuante. 

Helena Kolody
In: Correnteza

BERCEUSE



A chuva embala as árvores insones
Com baladas e lendas outonais...

Carícia d'água, cândida e piedosa,
Nos braços nus dos troncos espetrais.

Mantilha em que se abrigam tristes frondes,
Saudosas dos diademas estivais.

A chuva dependura pelos ramos
Braceletes de lúcidos cristais

O vento embala as árvores silentes
Com baladas e lendas outonais.


Helena Kolody

terça-feira, 14 de maio de 2013

HELENA KOLODY



Estou sempre em viagem.
O mundo é a paisagem
que me atinge de passagem


Helena Kolody,
in Viagem Submersa