Mostrando postagens com marcador Jairo De Britto. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Jairo De Britto. Mostrar todas as postagens

sábado, 18 de abril de 2015

FILHAS DO OUTONO





As folhas afogam
a foice do tronco cortado.

As folhas sabem
da face do plano amargo.

Sabem, as folhas,
das rimas torpes e pobres.

Sabem, as folhas,
das manhas, serras e dramas.

As folhas, caindo, afogam
o Tempo que engole a História!



Jairo De Britto,
em "Dunas de Marfim"



domingo, 2 de novembro de 2014

RIO GRANDE ACIMA*



Ouro, prata, cascalho, cal, barro.
O rio
e a flora Vida que acolhe e afronta.
 
Água, areia, árvores, frutas, faro.
O rio
e a fauna que há séculos alimenta.
 
Rumo País acima sobre eras além.
O rio,
seus braços, boca e veia
amazônica - no bravo dorso de Belém.
 
Avanço com o grande rio;
avisto Atlântico oceano - delta além.
 
Avanço com o grande rio,
vomito peixes, estrelas, rimas fáceis.
 
(Saúdo a bendita companhia dos botos)
 
Avanço com o grande rio,
seu visceral odor e perene casto lavor.
 
Avanço com o grande rio,
suas artérias abertas; sua cara dor.
 
Enveredo por sua atávica coreografia;
sua capilaridade que revela orgânico plano.
 
Armo redes, deito esteiras rente ao mar:
naquele espoucar de estrelas, aspiro
cometas insanos em sua trajetória sã.
 
Olhar e ver; avançar com o grande rio,
fauna e floresta afoitas, a força do Verde,
que tudo abarca - nunca é tarefa vã!
 
 
*Jairo De Britto,
 em "Dunas de Marfim"

sábado, 22 de fevereiro de 2014

BORBOLETA




Lento e suave bordado.
Brisa e bolero,
leve e ousado,
tatuado na alma.
distraída do vento.


Jairo De Britto,
em “Dunas de Marfim”

domingo, 9 de dezembro de 2012

" TOADA"



As folhas se amontoam
no canto do muro.

Os anos se amontoam
no canto da vida.

Vida afora, amontôo
desafinações
em grandes toadas.

Só...

Quero uma toalha úmida,
como telhas depois da chuva.
E fria, como bonecos de neve.

Para, às quedas,
cobrir meu desespero
inteiro e nu.
 

 Jairo De Britto, 
em "Dunas de Marfim"

terça-feira, 22 de maio de 2012

O SOM DAS ÁGUAS DOCES



Fazer feito o fiel verdureiro:
equilibrar nos ombros largos
dois cestos; ambulante resoluto -
presença diária no pequeno mundo
da enorme fome dos homens simples.

Conferir, compete ao aventureiro:
cada conta pendurar no avental
de quantos aventam saltar,
de inteiro corpo, na tempestade
da afoita vida dos homens simples.

Atentar, cabe àqueles que expiam
tantas perdas; que sonham oceanos
de inéditos pecados ao pé do altar.
Do profano ao sagrado, cabe àqueles
espionar a fantasia dos homens simples.

Avançar, confere venturas a quantos,
atrevidos, gravam nos seixos dos rios
o inominável, o índigo, o quieto Quasar,
e o som dos espíritos das águas doces -
que banha a vida dos homens simples.


Jairo De Britto,
em “Dunas de Marfim”