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terça-feira, 2 de setembro de 2014

Animação numa praia perdida

Marina Tavares Dias 
em 
Lisboa Antes e Agora:

«Local: Praia de Algés

Data: c. 1902

Autor: fotógrafo da Casa 92 (Rua Nova do Almada)



Legenda: Cães amestrados em espectáculo para crianças, na praia de Algés. Depois da moda da praia de Pedrouços, que durou de meados de Oitocentos até à viragem para o século XX, o caminho-de-ferro viria, gradualmente, trazer os veraneantes para praias mais longe do centro da cidade. Algés era ainda moda quando esta fotografia foi tirada. Em breve, e em linha recta no espaço e no tempo, seria substituída pela Cruz Quebrada, por Oeiras e pelos Estoris [...]»

quarta-feira, 25 de junho de 2014

A PRAIA 1900
por 
MARINA TAVARES DIAS
(continuação)

«[.../...]
A moda dos mergulhos de mar era recente, especialmente sem o apoio das antigas «barcas de banhos», que levavam grupos até fora de pé sem que fosse necessário «fazer a praia». Divulgada pela corte no tempo do Rei D. Luís, foi sobretudo o filho deste, D. Carlos, quem tornou o hábito uma rotina entre as famílias que, no Inverno, ditavam a moda em bailes, festas ou récitas de S. Carlos. 

Os lisboetas habituaram-se a rumar a Cascais, pela linha férrea, preferindo finalmente o oceano às areias do Tejo, mais próximas de Lisboa. Poucos, no entanto, nadavam tão bem como o Rei ou eram tão afoitos como ele. Quase toda a gente se limitava a chapinhar na orla da praia, entre cadeirões de verga e pescadores na faina. 

Apenas os mais novos envergavam fato de banho. Em 1900, os maillots masculinos eram uma só peça, de meia manga e tecido riscado. Os femininos compunham-se com vestido curto de castorina, calção com o mesmo debruado, cabelo apanhado em touca [...] e alpercatas para esconder os dedos dos pés. Estavam os jovens prontos para o mar de Outubro – que era o mês da praia. A maioria das senhoras de sociedade limitava-se a observar os banhistas, continuando sob as sombrinhas e sem despir o vestido branco, de chiffon e linho» (continua) 





O Rei D. Carlos na sua praia preferida,
em Cascais (Praia dos Pescadores). 
Fotografias sequenciais
de António Novaes, 1907 

segunda-feira, 23 de junho de 2014

A Praia 1900
por Marina Tavares Dias

Por incrível que possa parecer, os melhores meses de praia nem sempre foram de Verão. No início do século XX, as famílias abastadas rumavam ao campo nos dias mais quentes. Quintas e hortas dos arredores contavam como campo, e era precisamente aí que muita gente possuía segunda casa, destinada ao veraneio. Cuidava-se de não manter a tez exposta ao sol, pois não se desejaria ser visto em sociedade ostentando bronzeado próprio dos trabalhadores rurais. Quando o sol deixava de ser ameaça, fazia-se então a temporada de praia, quase sempre quando o mês de Outubro já ia adiantado. Ainda assim, a maior parte das pessoas permanecia vestida, sob resguardo de toldos, barracas ou sombrinhas. (.../...)
[continua]



terça-feira, 1 de abril de 2014

By the seaside, Tejo adiante.

Histórias à beira-Tejo plantadas, para turista ler:

http://lostlisbonportugal.blogspot.pt/2014/04/by-seaside.html

Ou seja: Lisboa desde a moda da pele assustada pelo Sol
aos tempos do bronzeado.
De Pedrouços até Cascais.






sexta-feira, 26 de julho de 2013

PRAIA COM VESTIÁRIO ÀS COSTAS

PHOTOGRAPHIAS DE VERÃO

de

MARINA TAVARES DIAS


 PRAIA COM VESTIÁRIO ÀS COSTAS


O barracão de madeira era imprescindível em qualquer praia. Foi-o até ao início do século XX. Começou por ser erguido sobre estacas, lançando pranchas sobre a água, porque os banhistas não queriam areia nos pés. A distância calculada, havia sempre mirones, no fito de verem as senhoras escorregar e estatelarem-se nos braços do banheiro. O António Maria, jornal humorístico dirigido por Rafael Bordalo Pinheiro, publicava hilariantes poemas estivais: «Afirma a D. Mafalda/ Que o brejeirete do Henrique// Tem uma pecha, uma balda:/ Esburacar o tabique,/ Ver as banhistas em fralda!// E não lhe escapa nenhuma/ Do feminino rebanho!/ Tem-nas visto uma por uma!/ - Se ele até não vai p'ra o banho/ Sem se munir de verruma!// [.../...] Bispa uma perna... Oh! ventura!/ Que perna arrebatadora,/ Da mais delicada alvura./ - Deve ser duma senhora/ De respeitável altura!...// Tosga um joelho... Que bom!/ Na forma e beleza rara/ Mostra que é dama de tom.../ Mas nisto, vendo-lhe a cara,/ Solta um grito...Era o Brion!...»

Nas duas primeiras décadas do século passado, o barracão de banhos dispensava já a prancha, mas continuava a zelar pelo recato de quem se despia antes do mergulho. Em meados de Agosto, antes da temporada alta, os banheiros desencantavam a velha construção riscada que estava a ganhar pó desde Novembro do ano anterior. E era vê-los pelas calçadas de Pedrouços e de Algés, de casa às costas e acompanhados pela Guarda, a preparar o conforto das praias. Pelo caminho, as ruas vinham à janela. 

(excerto de texto publicado na revista VISÃO)