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quarta-feira, 11 de março de 2015

O Burnay 'do Pataco'

MARINA TAVARES DIAS
excerto de 
LISBOA DESAPARECIDA
capítulo
FIGURAS E TIPOS DAS RUAS
volume I

O Burnay do Pataco, oriundo de família abastada, era pobre mas inconformado. Sentava-se à mesa da Brasileira do Chiado, na década de 1920, e mandava vir almoço, alegando que quem pagaria a conta seria «aquele meu amigo, no grupo ali ao fundo». No início, deu resultado. Mais tarde, dirigia-se directamente ao visado, perguntando se podia sentar-se-lhe à mesa.



Pormenor de desenho 
de Stuart Carvalhaes 
representando o Burnay 'do Pataco'


quinta-feira, 27 de novembro de 2014

OS CAFÉS QUE FIZERAM HISTÓRIA DA CIDADE

Marina Tavares Dias em
prefácio de
OS CAFÉS DE LISBOA:

«Não há futuro sem memória. Por isso os antigos chamaram à Memória a mãe de todas as musas. O espaço cercado das cidades actuais, na sua azáfama diária, no seu trânsito caótico, nos seus eixos projectados para a periferia, parece ter consumido, portas dentro, os próprios ecos do passado recente. E os cenários antigos, agora justapostos aos novos hábitos e às novas concepções de espaço, terão perdido o rosto e a forma perceptíveis e primordiais. Ao olharmos para uma fotografia antiga do interior de um café, dos pormenores da sua fachada ou da sua frequência, pouco ou nada saberemos ver do que realmente lá esteve. Essa imagem enganadora está longe de valer as tais mil palavras. Atesta um aspecto incapaz de projectar a sua própria leitura neutra pois, para lá do que ali vemos, existe o que aquilo foi. Num tempo com outras motivações, outros hábitos, outros contextos estéticos, a imagem que resta mostra apenas o óbvio, ou o que hoje se nos afigura como tal.» 

(continua no livro)





quarta-feira, 21 de maio de 2014

O Arquivo Marina Tavares Dias









Tal como ninguém lhe pode exigir a si, caro leitor, que divulgue contra vontade a fotografia do casamento dos seus pais (por se tratar de documento importante para estudo dos costumes de uma época - e por ser propriedade artística do fotógrafo que a tirou), assim também ninguém pode obrigar um coleccionador de imagens e objectos a divulgá-los, se tal não quiser.

Com os arquivos públicos, como a própria designação indica, não se trata do mesmo. São propriedade do Estado; ou seja, de todos os portugueses. Os seus conservadores são pagos com o dinheiro dos nossos impostos e as peças foram, quase sempre, doadas ou herdadas, sem custos, de palácios e conventos. Os arquivos públicos devem estar abertos e ao serviço de todos os imvestigadores.


Mas, a par deles, existem colecções privadas maravilhosas que nunca foram vistas pelo público em geral. Que só divulga quem quer. Ou quem pretende tirar disso dividendos, influência, contratos com o Estado, etc. Ou então, quem é generoso; quem pratica serviço público voluntário. Existe uma coisa que se chama «direito de posse».


 O ARQUIVO MARINA TAVARES DIAS é composto por cerca de 40 mil documentos em vários suportes (sobretudo papel), originais de várias épocas e comprados pela escritora ao longo de toda a vida. A maior parte nunca foi publicada, assim como nem todas as fotografias dos muitos livros da autora lhe pertecem. Alguma dessa iconografia, por o respectivo tema - sempre referente ao texto de cada livro - não estar entre o acervo, foi solicitada, e paga, a outras instituições. Essas imagens, claro, não fazem parte das referidas 40 mil peças, embora possam estar em alguns livros de MTD.

Quanto a doações, que nos conste, não existem entre os originais. A investigadora pagou todas as peças de época do seu próprio bolso, em leilões, alfarrabistas, antiquários, feiras de coleccionismo nacionais e estrangeiras, etc. MARINA TAVARES DIAS nunca processou quem copia imagens do seu arquivo pessoal. Mas resta-lhe, ainda, dar a conhecer, e descrever em pormenor em termos históricos, muitos milhares de peças. É uma luta contra o tempo.


quarta-feira, 19 de março de 2014

Ah, a Capital!


Actores do Nacional, 
em noite de ensaio geral, 
posam no restaurante 
do Café Martinho (c. 1910)


- P’ra o Martinho, hein? E Arthur foi-os seguindo timidamente, ansioso por ver o Martinho!
Pareceu-lhe esplêndido, com a acumulação de chapéus altos entre os espelhos dourados, sob uma névoa de fumo de tabaco, no bru-á-á contínuo das conversas. Não se atreveu a entrar. À porta um grupo palrava, e Arthur contemplava-o de longe, com devoção, pensando que deviam ser poetas e estadistas…

Eça de Queiroz, A Capital!

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

MORADAS DOS MAIS MÍTICOS 

CAFÉS DE LISBOA

ATRAVÉS DOS SÉCULOS

Recolha do Arquivo Marina Tavares Dias
com base, exclusivamente, 
nos livros da olisipógrafa

parte 4

CAFÉS DAS RUAS DA BAIXA

Café Minerva das Sete Portas – Rua dos Sapateiros (conhecida por Rua do Arco do Bandeira), número 152, gaveto com a Rua de Assunção números 74 - 80. Fundado no início do século XIX, encerrado em 1827. No mesmo local esteve depois o Café Montanha, inaugurado em 1864 e encerrado em 1952.
Café Marrare das Sete Portas – Rua dos Sapateiros (conhecida por Rua do Arco do Bandeira), desta vez no gaveto com a Rua de Santa Justa. Fundado por António Marrare em 1804 deu, cerca de um século mais tarde, lugar à sala de jantar do Hotel Francfort.

Martinho da Arcada na actualidade. 
Fotografia Arquivo Marina Tavares Dias

Botequim do Nóbrega – Rua do Ouro, 181 a 187. Encerrado antes de 1885. Posteriormente, esteve aqui a Leitaria Áurea-Peninsular até 1922. Edifício demolido nos anos 20.

Café Peninsular – Rua dos Sapateiros (conhecida por Rua do Arco do Bandeira), 126. Actualmente: Restaurante Paris.

Café-Restaurante Martinho da Arcada – Rua da Prata, gaveto com as arcadas do Terreiro do Paço (Praça do Comércio). Fundado antes de 1782. Em 1989, após obras de remodelação dos interiores, passou a funcionar apenas como restaurante, ficando a área de café reduzida ao espaço das antigas cozinhas e tendo desaparecido a porta para a Rua da Prata.


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014



MORADAS DOS MAIS MÍTICOS 

CAFÉS DE LISBOA

ATRAVÉS DOS SÉCULOS

Recolha do Arquivo Marina Tavares Dias
com base, exclusivamente, 
nos livros da olisipógrafa

parte 2




CAFÉS DA PRAÇA D. JOÃO DA CÂMARA (ANTIGO LARGO CAMÕES)


Café La Gare – Praça D. João da Câmara, 5 e 6.
Actualmente: Restaurante Beira Gare.

Café Suisso – Praça D. João da Câmara, 7 a 10.
Inaugurado em 1848. Edifício demolido em 1954.

Café Martinho – Praça D. João da Câmara, 14 a 18.
Inaugurado c. 1846. Encerrado em 1968. A primeira dependência bancária que lhe tomou o lugar, em 1969, pertencia ao Banco do Alentejo, mais tarde integrado na União de Bancos; depois BCP.

(continua)

sábado, 25 de janeiro de 2014

Cafés: acolhedores cenários da nossa criatividade.



Muitos têm sido os escritores que referem o papel importante que escrever e ler nos cafés da capital teve nas suas vidas.

Dessas frases, duas são imortais. Mesmo!


(Recolhidas de OS CAFÉS DE LISBOA de MARINA TAVARES DIAS, 1999)





Um visitante experimentado e fino chega a qualquer parte, entra no café, observa-o, examina-o e tem conhecido o país em que está, o seu governo, as suas leis, os seus costumes, a sua religião. - Almeida Garrett.




E as metafísicas perdidas nos cantos de cafés de toda a parte. - Álvaro de Campos.



quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O PRIMEIRO NICOLA

[...] O apelido Nicola aparece ligado ao comércio da cidade desde meados do século XVIII. Antes do terramoto terá existido pelo menos um italiano Ni­cola, fabricante de velas [...] em plena Baixa, próximo do Pátio das Comedias [área compreendida entre as actuais ruas Augusta e da Prata], tendo mesmo dado origem a um topónimo espontâneo: Beco do Nicola.

[...] Após pesquisa nos livros de despachos régios [...] verificamos a existência de dois Nicolas na Lisboa de 1808: Joaquim Nicola e Nicola Marengo. Um terceiro Nicola é, em 1827, anunciante da “Gazeta de Lisboa”. Possuía casa no número 136 do Campo Grande e aí vendia raízes de plantas oriundas da Itália e da Holanda. Este Nicola Breteiro é, segundo Tinop, o candidato mais provável à identidade real do botequineiro do Rossio, visto terem os seus anúncios na “Gazeta” terminado no preciso ano em que o próprio café foi trespassado: 1829. [..../...]

.... Continua no livro OS CAFÉS DE LISBOA
de MARINA TAVARES DIAS.
O Café Nicola, reconstruído no século XX,
é o último que resta dos clássicos cafés do Rossio


sábado, 30 de novembro de 2013

O MARRARE DO POLIMENTO

« [.../...] A fina-flor da geração chiadense frequentava os bailes das Laranjeiras e as noites de estreia em todos os teatros. Aplaudia e pateava as divas de S. Carlos. Reunia-se com os políticos às mesas do café, escutando José Estevão conspirar contra os Cabrais e Passos Manuel em plena propaganda maçónica. Era a época em que uma primeira incursão no Marrare exigia apresentação feita por qualquer veterano da casa. Aos desconhecidos que ousavam o sacrilégio eram lançados olhares de alto a baixo, os criados não os serviam de pronto e alguns jovens “dandies” mais irreverentes chegavam a convidá-los a sair. Por isso, muitos pais de família aconselhavam os filhos a não passar ali à porta, e era comum ver burgueses atravessando para o passeio em frente, quando havia aglomerações à entrada do café. »


Capítulo sobre os cafés de António Marrare,
em OS CAFÉS DE LISBOA 
de MARINA TAVARES DIAS




quarta-feira, 6 de novembro de 2013

OS ÓRFÃOS DOS CAFÉS: Marina Tavares Dias por Eduardo Prado Coelho

Um texto magnífico de 

EDUARDO PRADO COELHO

 sobre os livros de

 MARINA TAVARES DIAS. 

Disponível neste blog:





OS ÓRFÃOS DOS CAFÉS



Tal como Borges escreveu um dia, eu poderia de igual modo dizer: «Nasci noutra cidade que também se chamava Lisboa».

Borges diz que recorda o que viu e também o que os pais lhe contaram. Mas ele sabe que as nossas verdadeiras cidades são sempre as cidades da nossa infância. Por isso acrescenta: «sei que os únicos paraísos não proibidos ao homem são os paraísos perdidos. / Alguém, quase idêntico a mim, alguém que não terá lido esta página / lamentará as torres de cimento e o podado obelisco». A cidade de hoje será a infância de amanhã.

Por tudo isto gosto imenso dos livros de MARINA TAVARES DIAS. Com uma obstinação exemplar, ela tem vindo a reerguer a «Lisboa Desaparecida», isto é, a Lisboa da minha infância e sobretudo a Lisboa dos meus tempos de estudante, mas também a Lisboa dos meus pais e dos meus avós (com o tempo tudo se mistura, e regressamos todos à mesma pátria intemporal, à Lisboa fora do tempo, onde brincámos e aprendemos a amar). Associando a isto duas outras obsessões, mas a verdade é que as duas coisas não estão separadas: Sá-Carneiro e Pessoa, ligados aos cafés que eles frequentaram e aos lugares onde passearam e escreveram.

Num desses livros envolvidos numa aura de bruma, Marina Tavares Dias restitui-nos agora «Os Cafés de Lisboa» (Quimera). Noutro dia Jorge Listopad escrevia que à saída do Teatro São João do Porto me tinha visto, no último café iluminado na noite da cidade, a escrever certamente a crónica para o dia seguinte. Não era por acaso. As crónicas escrevo-as sempre em computador. O resto (que se poderia dizer «o essencial», mas talvez isto nem sempre bata certo), escrevo-o à mão, em cadernos verdes ou azuis, nos cafés ensonados e friorentos que ainda existem pelo mundo fora.

A verdade é que adoro cafés. E que tive em cafés alguns dos mais belos momentos de leitura, encontro, discussão, contemplação, escrita, estudo, violência de olhares, ternura das mãos, de que me posso lembrar. Nesses cafés que a Marina recorda no seu livro: o Monte Carlo, o Monumental, a Brasileira, o Palladium, ou, depois, a Grã-Fina, o Nova-Iorque, o Vává. E entre os motivos que tenho para gostar do Porto estão os cafés que ainda lá existem: cafés rodeados de noite e fumo, com velhos de unhas negras, prostitutas tristes, e adolescentes sufocando a tristeza num bolo de arroz e num leite quente.

Eduardo Prado Coelho, in Crónicas no Fio do Horizonte, Asa, 2004

sábado, 12 de janeiro de 2013

OS CAFÉS DE LISBOA de MARINA TAVARES DIAS

O Café CHAVE d'OURO

 
 

[.../...] O Chave d’Ouro Foi – pelo menos a partir da remodelação em 1936 – o maior café de Lisboa. Fundado em 1916, aproveitou o nome de uma antiga casa de ferragens existente na mesma morada: A Chave d’Ouro. A fachada inicial, representando um anjo, transformou-se rapidamente numa das imagens mais famosas do Rossio. Pelos meados da década de 20, o Chave d’Ouro era o café preferido dos comerciantes da Baixa, possuindo muitos deles mesa cativa, onde recebiam amigos e fornecedores, como se de um segundo escritório se tratasse. O Chave d’Ouro inaugurou por essa altura as suas “tardes musicais”, aproveitando a clientela mista da hora do lanche para divulgar um famoso chá com torradas com sabor a “charleston”. Sessões que se prolongaram através da década seguinte, já após as obras de transformação do edifício. Em1936, após sucessivas ampliações, o Chave d’Ouro foi completamente remodelado, passando a ocupar todo o edifício, com enormes áreas especialmente destinadas a restaurantes, barbearia, bilhares, tabacaria e salão de recepções.

[...]

Capítulo sobre os cafés do Rossio,
em

OS CAFÉS DE LISBOA de MARINA TAVARES DIAS

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

LISBOA DESAPARECIDA - O INÍCIO

Lançamento do primeiro livro com textos
sobre a Lisboa Desaparecida de Marina Tavares Dias.



Café Nicola, Rossio, Dezembro de 1987

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Cinco décadas de chávenas de A Brasileira (1945-1995)




OS CAFÉS DE LISBOA,
de Marina Tavares Dias (1999)

capítulo «A Brasileira».


Cinco décadas de chávenas da Brasileira (1945-1995). Quatro dos exemplares escolhidos para o livro.


terça-feira, 25 de outubro de 2011

LISBOA NOS PASSOS DE FERNANDO PESSOA - O grande livro da rentrée


LISBOA NOS PASSOS DE FERNANDO PESSOA
- O grande livro da rentrée
LISBON IN FERNANDO PESSOA'S FOOTSTEPS
- NOW IN ENGLISH AND PORTUGUESE EDITION
Not a turistical guide. Not a collection of modern photographs. A story of the Poet's life illustrated by sellected images during a 25-year old research. The city exactly as Pessoa saw it during his lifetime.


Lisboa e Fernando Pessoa são indissociáveis, como o
demonstra Marina Tavares Dias, profunda conhecedora da cidade e também da vida e
obra do poeta.
Viagem única através de textos e de imagens inéditas da
época, este passeio pela Lisboa pessoana remete-nos para uma Baixa Pombalina
alegre e animada, muito diferente da actual, e para uma cidade em que bairros
residenciais, como Campo de Ourique, eram ainda considerados pitorescos e muito
longínquos do centro.
Um passeio memorável e uma vivência ímpar de cenários que o
poeta conheceu, tal como ele os conheceu. Eis o que Marina Tavares Dias nos
oferece nestas páginas.

COD INTERNO
28309
ISBN
978-989-672-115-2
EAN
9789896721152
TITULO
Lisboa nos Passos de Fernando Pessoa
AUTOR
Dias, Marina Tavares
EDITORA
OBJECTIVA
PVP
22,00 €
TEMATICA
Monografias