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terça-feira, 2 de setembro de 2014

Animação numa praia perdida

Marina Tavares Dias 
em 
Lisboa Antes e Agora:

«Local: Praia de Algés

Data: c. 1902

Autor: fotógrafo da Casa 92 (Rua Nova do Almada)



Legenda: Cães amestrados em espectáculo para crianças, na praia de Algés. Depois da moda da praia de Pedrouços, que durou de meados de Oitocentos até à viragem para o século XX, o caminho-de-ferro viria, gradualmente, trazer os veraneantes para praias mais longe do centro da cidade. Algés era ainda moda quando esta fotografia foi tirada. Em breve, e em linha recta no espaço e no tempo, seria substituída pela Cruz Quebrada, por Oeiras e pelos Estoris [...]»

sexta-feira, 26 de julho de 2013

PRAIA COM VESTIÁRIO ÀS COSTAS

PHOTOGRAPHIAS DE VERÃO

de

MARINA TAVARES DIAS


 PRAIA COM VESTIÁRIO ÀS COSTAS


O barracão de madeira era imprescindível em qualquer praia. Foi-o até ao início do século XX. Começou por ser erguido sobre estacas, lançando pranchas sobre a água, porque os banhistas não queriam areia nos pés. A distância calculada, havia sempre mirones, no fito de verem as senhoras escorregar e estatelarem-se nos braços do banheiro. O António Maria, jornal humorístico dirigido por Rafael Bordalo Pinheiro, publicava hilariantes poemas estivais: «Afirma a D. Mafalda/ Que o brejeirete do Henrique// Tem uma pecha, uma balda:/ Esburacar o tabique,/ Ver as banhistas em fralda!// E não lhe escapa nenhuma/ Do feminino rebanho!/ Tem-nas visto uma por uma!/ - Se ele até não vai p'ra o banho/ Sem se munir de verruma!// [.../...] Bispa uma perna... Oh! ventura!/ Que perna arrebatadora,/ Da mais delicada alvura./ - Deve ser duma senhora/ De respeitável altura!...// Tosga um joelho... Que bom!/ Na forma e beleza rara/ Mostra que é dama de tom.../ Mas nisto, vendo-lhe a cara,/ Solta um grito...Era o Brion!...»

Nas duas primeiras décadas do século passado, o barracão de banhos dispensava já a prancha, mas continuava a zelar pelo recato de quem se despia antes do mergulho. Em meados de Agosto, antes da temporada alta, os banheiros desencantavam a velha construção riscada que estava a ganhar pó desde Novembro do ano anterior. E era vê-los pelas calçadas de Pedrouços e de Algés, de casa às costas e acompanhados pela Guarda, a preparar o conforto das praias. Pelo caminho, as ruas vinham à janela. 

(excerto de texto publicado na revista VISÃO)