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quinta-feira, 19 de junho de 2014

O NASCIMENTO DO ESTORIL

Os banhos medicinais do Estoril, em 1888 
(gravura da época)

Uma imagem como esta do Estoril – sem arcadas, parque ou casino – parece-nos hoje inacreditável. Aquela que viria a ser a mais elegante praia de 1950 ainda era assim menos de quatro décadas antes. Santo António do Estoril não possui as tradições de Cascais ou do Monte. Localidade praticamente esquecida até 1913, foi para ela que Fausto Cardoso de Figueiredo concebeu de raiz um arranjo urbanístico girando em torno do salão de jogos. A Primeira Grande Guerra atrasou o plano, publicado em livro e amplamente divulgado em 1914. Só no final dos anos 20, com a inauguração da nova estação ferroviária do Cais do Sodré (Lisboa), começou a afluência à nova praia da moda.



Ao longo das décadas seguintes, o Estoril tornou-se destino de férias das elites e morada desejada para reis, príncipes e celebridades em geral. Juan Carlos de Espanha aprendeu a nadar com os banheiros do Tamariz, Humberto II de Itália passeou-se pelo curto areal, o imperador do Japão veio em a lua-de-mel, Carol II da Roménia acabaria por morrer aqui. O Estoril, capa idealizada de folhetos turísticos, primeiro cartaz de veraneio do século XX, foi imaginado de raiz como o paraíso que encontraram. Passado ao papel sob orientação de um sonhador que soube aproveitar o nosso sol.

MARINA TAVARES DIAS 
in PHOTOGRAPHIAS DE VERÃO

sexta-feira, 26 de julho de 2013

PRAIA COM VESTIÁRIO ÀS COSTAS

PHOTOGRAPHIAS DE VERÃO

de

MARINA TAVARES DIAS


 PRAIA COM VESTIÁRIO ÀS COSTAS


O barracão de madeira era imprescindível em qualquer praia. Foi-o até ao início do século XX. Começou por ser erguido sobre estacas, lançando pranchas sobre a água, porque os banhistas não queriam areia nos pés. A distância calculada, havia sempre mirones, no fito de verem as senhoras escorregar e estatelarem-se nos braços do banheiro. O António Maria, jornal humorístico dirigido por Rafael Bordalo Pinheiro, publicava hilariantes poemas estivais: «Afirma a D. Mafalda/ Que o brejeirete do Henrique// Tem uma pecha, uma balda:/ Esburacar o tabique,/ Ver as banhistas em fralda!// E não lhe escapa nenhuma/ Do feminino rebanho!/ Tem-nas visto uma por uma!/ - Se ele até não vai p'ra o banho/ Sem se munir de verruma!// [.../...] Bispa uma perna... Oh! ventura!/ Que perna arrebatadora,/ Da mais delicada alvura./ - Deve ser duma senhora/ De respeitável altura!...// Tosga um joelho... Que bom!/ Na forma e beleza rara/ Mostra que é dama de tom.../ Mas nisto, vendo-lhe a cara,/ Solta um grito...Era o Brion!...»

Nas duas primeiras décadas do século passado, o barracão de banhos dispensava já a prancha, mas continuava a zelar pelo recato de quem se despia antes do mergulho. Em meados de Agosto, antes da temporada alta, os banheiros desencantavam a velha construção riscada que estava a ganhar pó desde Novembro do ano anterior. E era vê-los pelas calçadas de Pedrouços e de Algés, de casa às costas e acompanhados pela Guarda, a preparar o conforto das praias. Pelo caminho, as ruas vinham à janela. 

(excerto de texto publicado na revista VISÃO)


segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Casino do Monte Estoril



Esplanada
do
Casino do Monte Estoril

década de 1930).




Lisboa Desaparecida,
de Marina Tavares Dias,
volume IX,
capítulo «O Jogo em Lisboa».