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domingo, 25 de outubro de 2015

Alvalade




Excerto de:

LISBOA NOS ANOS 40
de
MARINA TAVARES DIAS


O plano de urbanização do Sítio de Alvalade, futuro bairro do mesmo nome, compreendia a área trapesoidal de cerca de 230 hectares limitada a norte pela Avenida do Brasil (denominada Alferes Malheiro na década de 40), a nascente pela futura Avenida do Aeroporto, a sul pelos terrenos confinantes com a Avenida Almirante Reis e a poente pelo Campo Grande e pela antiga Estrada de Entrecampos. O novo bairro, planeado no final da década de 30 e inaugurado na segunda metade da de 40, pretendia-se estampa ideal da nova cidade. O projecto é do primeiro urbanista português diplomado em Paris: Faria da Costa.

sábado, 25 de abril de 2015

A COSTA DE CAPARICA

LISBOA DESAPARECIDA
de 
MARINA TAVARES DIAS

(EXCERTO do capítulo «A Outra Banda»)

« [...] Ao longo de todo o século XIX, a Costa de Caparica é quase exclusivamente um extenso areal, pontilhado por casinhotos de madeira onde se abrigam as famílias dos pescadores. Vai-se à Costa provar a caldeirada ou, mais esporadicamente, visitar o vizinho Convento dos Capuchos, de cujas alturas se avista, plana e interminável, a linha sinuosa da orla atlântica.
Essas primeiras cabanas montadas nos areais deverão datar do último quartel de seiscentos, quando algumas famílias algarvias ou ílhavas ali se fixam provisoriamente, nos meses de Verão, para se dedicarem à pesca.

Documentos reunidos por um mestre das artes de pesca (Francisco José da Silva) apontam o ano de 1770 como data das primeiras residências fixas, em barracas certamente maiores, de vários “mestres” com as suas companhas. José Gonçalves Bexiga (algarvio), Joaquim Pedro (de Ílhavo), Romualdo dos Santos (algarvio) e José Rapaz (de Ílhavo): foram eles os primeiros residentes da Costa de Caparica. A primeira construção relativamente elaborada terá sido a igreja local, praticamente no mesmo sítio onde a vemos hoje, inicialmente revestida apenas de colmo e de junco.»


(continua)



aguarela de Roque Gameiro. 
Postal ilustrado. 
Arquivo Marina Tavares Dias

domingo, 23 de novembro de 2014

Belém: a zona demolida em 1939






Marina Tavares Dias

em volume V de

LISBOA DESAPARECIDA

capítulo sobre Belém:

«Até ao ângulo oriental do grande conjunto do mosteiro, prolongava-se a Rua de Belém. A sua área desaparecida incluía mais três quarteirões a Sul, uma praça e outro quarteirão a Norte. Os últimos números de polícia são hoje o 128 e o 105. Antes de 1939, continuavam até ao 138 (lado da Confeitaria dos Pastéis de Belém) e ao 167. Todos os andares térreos eram ocupados por lojas. O chafariz abastecedor do bairro estava no centro do Largo Frei Heitor Pinto, a poente do quarteirão onde outrora se erguera o palácio dos duques de Aveiro. Também esse largo desapareceria, sacrificadas que foram as casas do lado ocidental, recolhendo o chafariz - como já vimos no respectivo capítulo - a depósito camarário, sendo mais tarde reconstruído no Largo do Mastro.»

Postal ilustrado fotográfico
de Eduardo Portugal. 1939.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

BANHA DA COBRA

Photographias de Lisboa
de
Marina Tavares Dias :

«DEITEM-SE OS PÓS
n'um copo d'agua», diz o pelotiqueiro desencantado por Benoliel ali à praça Luiz de Camões, na fronteira do Bairro Alto. A reportagem do dia 6 de Junho de 1910 revela que os charlatães resolvem todos os problemas, desde a febre dos fenos até aos bicos de papagaio. Nesta época, estão por Lisboa toda. "Lisboa toda", salienta o articulista, é "o Chiado, a Rua do Ouro, o Rocio, parte da Avenida, as secretarias de Estado e o ambinete secreto de certos ninhos galantes". A todos, o charlatão leva os seus pós e o seu conforto. E a Praça de Camões é sempre um mar de gente.




quarta-feira, 16 de julho de 2014

REI D. CARLOS I : uma vida em datas

CRONOLOGIA
DA VIDA DO 
REI D. CARLOS

por MARINA TAVARES DIAS
em: D. Carlos (biografia)




1863

28 de Setembro: à uma e meia da tarde nasce o príncipe D. Carlos Fernando Luiz Maria Victor Miguel Raphael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis José Simão, na Sala Verde do Palácio Real da Ajuda, em Lisboa. O pai, D. Luís, foi aclamado Rei de Portugal (por morte do irmão D. Pedro V) menos de dois anos antes. A mãe, Rainha D. Maria Pia, é a filha mais nova do Rei de Itália. O médico obstreta assistente da então tradicional parteira (Narcisa) foi José Eduardo de Magalhães Coutinho.

29 de Setembro: «Te Deum» solene, na Igreja de S. Domingos, pelo nascimento do príncipe real.

19 de Outubro: O baptismo, feito no paço no dia do nascimento, é oficialmente confirmado na Igreja de S. Domingos, local onde tradicionalmente decorrem as celebrações religiosas da Família Real. A madrinha, por procuração, é a irmã da mãe: princesa Clotilde de Sabóia.



1864

11 de Fevereiro: Reconhecimento de D. Carlos como sucessor de D. Luís, em reunião das Cortes.



1865

31 de Maio: nasce o infante D. Afonso, único irmão de D. Carlos.

15 de Setembro: viaja com os pais para o Porto, para assistir à inauguração do Palácio de Cristal (demolido em 1954) e da primeira Exposição Industrial Internacional Portuguesa, congénere de outras iniciativas europeias destinadas ao desenvolvimento das indústrias e do comércio.

27 de Setembro: o infante D. Afonso é baptizado na capela da Ajuda.



1867

9 de Outubro: inauguração da Galeria de Pintura do Real Palácio da Ajuda.



1868

12 de Abril: acompanha a mãe, Rainha D. Maria Pia, na viagem a Itália para o casamento do tio, o príncipe herdeiro Humberto de Sabóia (com a princesa Margarida, filha do duque de Génova e prima de ambos).

2 de Julho: regressa, com a mãe, a Lisboa.



1869

10 de Junho: D. Fernando, avô de D. Carlos, casa com a ex-cantora de ópera Elisa Hensler, que recebeu em Coburgo o título de condessa de Edla.

31 de Outubro: o Rei D. Luís redige testamento.



1870

17 de Abril: um grande ciclone varre Lisboa, sendo particularmente sentido no bairro da Ajuda.

16 de Novembro: o príncipe D. Carlos inicia os estudos primários, com o professor Júlio Joubert Chaves.



1871

12 de Julho: chega a Portugal o Imperador D. Pedro II do Brasil, tio-avô de D. Carlos.





1872

25 de Junho: visita o Porto na companhia dos pais.

5 de Outubro: começa a receber aulas sobre as «leis do Estado» com o conselheiro Martens Ferrão.

Novembro: participa nas suas primeiras caçadas reais, com uma pequena espingarda oferecida pelo pai.



1873

26 de Janeiro: morre a Imperatriz D. Amélia, segunda mulher de D. Pedro IV, bisavô de D. Carlos.

2 de Outubro: D. Carlos e o irmão, D. Afonso, estão prestes a afogar-se numa zona da Boca do Inferno, em Cascais, conhecida por Mexilhoeiro, sendo salvos pela mãe e pelo faroleiro António de Almeida Neves.



1875

22 de Abril: morre a Infanta D. Isabel Maria, ex-regente do Reino, filha de D. João VI e tia-bisavó de D. Carlos.



1877

15 de Abril: faz a primeira comunhão.



1878

9 de Janeiro: em Itália, assiste com a mãe ao funeral do avô, o Rei Vítor Manuel II, primeiro soberano da Itália unificada.

14 de Março: na sessão especial das Cortes, em S. Bento, faz juramento como herdeiro presuntivo da coroa.

28 de Setembro: é nomeado alferes de Lanceiros, pelo pai, o Rei D. Luís. Recebe o seu primeiro barco, o Nautilus. Nesta noite, é oficialmente inaugurada a electricidade em Portugal, em candeeiros públicos dispostos na Parada de Cascais.





1879

2 de Junho: início da visita a Portugal pelos príncipes Rodolfo e Leopoldo da Áustria.

24 de Agosto: data oficial (inexacta na prática) do início da demolição do Passeio Público de Lisboa, jardim frequentado pela realeza e nobreza lisboetas desde o tempo de D. Maria II. No seu lugar, nascerá a futura Avenida da Liberdade.



1880

10 de Junho: assiste, com os pais, ao cortejo histórico que assinala o centenário de Camões. Neste dia é inaugurado, em Lisboa, o Atheneu Comercial.



1881

21 de Novembro: início da visita a Lisboa da princesa imperial do Brasil, primogénita do Imperador D. Pedro II.

24 de Novembro: parte, com a família, para mais uma visita ao Porto.



1882

26 de Março: D. Carlos assume o seu lugar no Conselho de Estado.



1883

22 de Maio: pela primeira vez, é jurado regente do reino, assumindo-se como tal durante uma viagem dos pais a Espanha.

2 de Junho: parte em viagem pela Europa, acompanhado de Martens Ferrão e António Augusto de Aguiar.



1884

5 de Fevereiro: morre a sua tia Maria Ana (casada com o príncipe Jorge, futuro rei de Saxe).

28 de Setembro: por sua maioridade, recebe a administração da Casa de Bragança, único morgadio ainda permitido em Portugal. D. Luís e D. Maria Pia começam a sondar as casas reais europeias, em busca de uma princesa para noiva do filho.

16 de Novembro: a Infanta D. Antónia, tia de D. Carlos, comunica não oficialmente ao irmão (D. Luís) a recusa duma proposta de casamento entre D. Carlos e a princesa alemã Victoria, irmã do futuro Kaiser Guilherme II. A mãe desta, filha mais velha da Rainha Vitória de Inglaterra, justifica-se com o facto de a família imperial alemã professar o protestantismo. D. Antónia sugere, como alternativa, «a Paris, pois é deveras uma rapariga muito galante» (refere-se à filha dos condes de Paris, futura noiva de D. Carlos que, aparentemente, aceita à partida a sugestão da tia).





1885

20 de Setembro: participa, com o Rei D. Luís, nas grandes manifestações lisboetas aos exploradores Capelo e Ivens.

15 de Dezembro: morre, no Palácio das Necessidades, o Rei D. Fernando, viúvo de D. Maria II e avô de D. Carlos.





1886

17 de Janeiro: parte para França, onde conhecerá pessoalmente a princesa Amélia de Orleães, filha dos condes de Paris

6 de Fevereiro: pedido oficial da mão da princesa D. Amélia.

7 de Fevereiro: ceia de gala no palácio dos condes de Paris, celebrando o noivado.

22 de Fevereiro: parte com a família da noiva para Cannes, onde fica até 5 de Maio.

20 de Maio: D. Amélia chega a Lisboa, desembarcando em Santa Apolónia.

22 de Maio: casamento, na igreja de S. Domingos, de D. Carlos com a princesa D. Amélia de Orleães.

22 de Junho: decreto do parlamento francês, expulsando de França todos os descendentes de famílias reais outrora reinantes no país. A decisão incliu os pais da Rainha D. Amélia e aparece ligada aos excessivos festejos do casamento desta com o príncipe real português.



1887

12 de Janeiro: início da visita do pai de D. Amélia, o conde de Paris, a Portugal.

21 de Março: nascimento do primeiro filho de D. Carlos e D. Amélia, duques de Bragança, o príncipe D. Luís Filipe.

27 de Março de 1887: chegada da Infanta D. Antónia, tia de D. Carlos, a Lisboa. É a sua primeira visita desde que, em 1861, embarcou na corveta Bartolomeu Dias com o marido, príncipe Leopoldo de Hohenzollern, rumo a Sigmaringen.

11 de Junho: D. Carlos e D. Amélia embarcam para Inglaterra, onde assistirão às celebrações do jubileu de ouro da Rainha Vitória.

14 de Dezembro: nasce, no Paço de Vila Viçosa, a infanta D. Maria, filha de D. Carlos e de D. Amélia. Morre duas horas após o parto.

17 de Dezembro: cerimónias fúnebres pela infanta D. Maria, no panteão real, em S. Vicente de Fora.





1888

1 de Janeiro: ausência do Rei D. Luís no acto solene de abertura das cortes, por motivo de doença.

25 de Março: a Rainha D. Maria Pia viaja para o Porto, para apoiar as famílias das vítimas do incêndio do Teatro Baquet, ocorrido cinco dias antes.

13 de Maio: início da visita do Rei Óscar II da Suécia.

10 de Junho: D. Carlos obtém quatro menções honrosas pelo gado apresentado na Exposição Pecuária Nacional de Lisboa, na Rotunda da Avenida da Liberdade.

30 de Julho: D. Carlos é jurado regente, enquanto seu pai se ausenta para uma cura termal na Áustria.





1889

3 de Janeiro: D. Carlos e D. Amélia visitam os pais desta, exilados em Espanha.

11 de Maio: o Rei D. Luís condecora D. Carlos como Cavaleiro da ordem Militar de S. Bento de Aviz.

19 de Agosto/17 de Setembro: D. Carlos visita Itália e Paris.

26 de Setembro: morre, no Palácio das Necessidades, o infante D. Augusto, irmão do Rei D. Luís e tio de D. Carlos.

19 de Outubro: o Rei D. Luís morre aos 50 anos, após longa e dolorosa agonia, na cidadela de Cascais.

15 de Novembro: nascimento do terceiro filho de D. Carlos e D. Amélia, o futuro Rei D. Manuel II.

7 de Dezembro: chegada do Imperador D. Pedro II a Lisboa, após ter sido deposto por um golpe militar que implantou a República no Brasil.

28 de Dezembro: D. Carlos é oficialmente aclamado Rei de Portugal. 
[.../...]


 (CONTINUA NO LIVRO. EDIÇÃO
  QUIMERA, 2007/2008. Nas livrarias)

ATENÇÃO: 
SE QUER UM LIVRO, PERGUNTE POR ELE. NÃO DEIXE QUE SEJAM AS LIVRARIAS A DECIDIR O QUE DEVE LER. As livrarias só repõem os livros esgotados depois de terem vendido aqueles cujas editoras compraram destaques ou «topos de gôndola». Não espere encontrar livros bons. Espere encontrar livros muito vendidos, através da promoção e da publicidade. 
Os livros de Marina Tavares Dias podem ser boicotados, mas continuarão a vender se O LEITOR EXIGENTE os pedir e deixar de comprar nas livrarias onde os não encontra.
REMEMOS CONTRA A CORRENTE DA MAIS-VALIA DE QUEM PAGA PARA NOS TER COMO CARNEIROS. Também nos nossos hábitos de consumo. Sobretudo nos nossos hábitos de consumo. Obrigado a todos os nossos leitores fiéis.




Negativo de JOSHUA BENOLIEL, 
mostrando o Rei a rir. 
Imagem raríssima, inédita para este livro, do 
ARQUIVO MARINA TAVARES DIAS

domingo, 29 de junho de 2014

PORTUGAL E A PRIMEIRA GRANDE GUERRA



«Arquiduque Francisco Fernando da Áustria com a mulher, Sofia, e os filhos. O casal foi assassinado em Serajevo - fez ontem (28 de Junho) precisamente um século. A ligação da Sérvia ao assassinato, cometido por um presumível jovem mercenário bósnio, desencadeou a Primeira Grande Guerra. 


Pouco tempo após estas mortes, a Áustria-Hungria (então o segundo maior império da Europa) declarou guerra à Sérvia. A política de alianças obrigou França, Inglaterra e Rússia a entrarem na guerra contra os austríacos, apoiados pela Alemanha. Nos quatro anos seguintes, a Europa assistiu à maior mortandade que jamais assolara os seus campos de batalha.[...]»




«No início da guerra, os franceses interrogavam-se sobre o atraso que a jovem República Portuguesa levava a decidir o envio de tropas, para cumprir os compromissos impostos por alianças diplomáticas. O postal de Xavier Sager mostra a França à espera de os ver chegar. [...]»


«Soldado a caminho da frente de batalha. Desenho de Stuart Carvalhaes, c. 1917.»



[...] «O Soldado Português visto pelos franceses. Finalmente a caminho das trincheiras, pronto para o massacre de batalhas como a de La Lys, deixará para trás um rasto de auto-sacrifício em nome da Pátria. Os campos franceses albergam centenas de campas com nomes escritos em português.»



Postais ilustrados editados entre 1906 e 1918. ARQUIVO MARINA TAVARES DIAS.

Do livro inédito
PORTUGAL NO TEMPO DA GRANDE GUERRA
de MARINA TAVARES DIAS.

sábado, 31 de maio de 2014

Peças do ARQUIVO MARINA TAVARES DIAS





Negativo de vidro do ARQUIVO MARINA TAVARES DIAS:
Oficiais nazis desfilam perto do Jardim da Estrela (1944).
Fotografia inédita - e intrigante.

Os oficiais serão provavelmente diplomatas de serviço em Lisboa. Seguem sozinhos, sem qualquer apoio de povo ou de militares portugueses, o que parece ser um funeral com honra de Estado. Decerto destinado ao cemitério alemão, ainda hoje existente em Campo de Ourique, muito recatado e desconhecido da maioria dos lisboetas.
Algum avião abatido no espaço aéreo português? Cada imagem conta uma história. Esta está sepultada em Lisboa.

sábado, 17 de maio de 2014

STEPHANIE, STEPHANIA, ESTEFÂNIA





O capítulo preferido pela autora da LISBOA DESAPARECIDA. Marina Tavares Dias dedicou uma densa investigação, de mais de 15 anos, ao estudo de todos os documentos relacionados com esta Rainha, tão diferente de todas as outras Rainhas, em qualquer época ou parte do mundo.
Esperamos que publique a biografia, anunciada desde 2002. Ou nunca se fará luz sobre as mentiras históricas instituídas há mais de um século. Mentiras não só sobre a Rainha D. Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen.
FORÇA! Amanhã é sempre um bom dia para recomeçar!

MARINA TAVARES DIAS 
EM 
LISBOA DESAPARECIDA VII (2001):

«[...] Da primeira vez que entrara, a aia que a acompanhava sentira-se mal[ ...], desculpando-se que a crinolina do vestido não passava porta tão estreita. Estefânia dobrou a sua própria crinolina em duas, seguindo decidida até à escada [...] que conduzia ao quarto [...] da doente. Fazia sempre as camas e batia os colchões de palha, aparentemente sem medo de contrair [...] maleitas, numa época anterior à penicilina, em que a exposição a ambiente insalubre representava perigo hoje impensável [...]

Quando o pai das crianças sofreu um acidente grave que o incapacitou de trabalhar, [...] passou a visitá-los duas vezes por dia, levando sempre consigo almoço e jantar para 12 pessoas. » [CONTINUA NO LIVRO]

sábado, 3 de maio de 2014

LISBOA, 1860

«Claro que a mediocridade impera, qual maldição, e de lés-a-lés, na política. [...]

D. Pedro V, consciente do que pode esperar do Governo, interroga: “Dorme o país, ou está ele morto?” Nas suas cartas pessoais para o Conde de Lavradio queixa-se da “suicida indisciplina da Câmara dos Pares”, da “indolência amável e inofensiva” dos ministérios, da falta de recursos do exército, da imoralidade dos partidos. Portugal está em marcha para um século XX com arremedos medievais. 
[.../...]
D. Pedro V morrerá logo em 1861, deixando vago um trono que durante o reinado do irmão, D. Luís, vai já prenunciar a queda da Monarquia. No início da segunda metade do século XIX, Lisboa dormita, pois, após décadas de convulsões.»

Excerto de crónica de MARINA TAVARES DIAS
(Janeiro de 2010)


D. Pedro V, o Rei liberal por excelência,
cultíssimo e possuidor de inexcedível
rectidão de carácter. A sua morte 
prematura vai deixar Portugal orfão de 
muito mais que um monarca.
(fotografias de Francisco Gomes. 1861)

terça-feira, 29 de abril de 2014

O Amola- Tesouras das nossas ruas

Alguns dos pregões (anúncios ambulantes) mais repetidos ao longo de todo o século XIX são impossíveis de reproduzir graficamente. O do ferro-velho, por exemplo, que se resumia a um rangido áspero, estridente, interminável. O uivo do galego aguadeiro, servindo de mote para assustar meninos mal-portdos. Ou o silvado da gaita do amola-tesouras-e-navalhas, hoje sobrevivente quase isolado no cancioneiro das ruas. Agora quase sempre de biccicleta (embora ainda os haja de «aparelho» completo; rodas e lima, circulando no pino da afinação.
Com a crise, multiplicaram-se. Para os estrangeiros, sobretudo para os franceses dedicados à cartofilia, é difícil explicar que um «petit métier» dos mais antigos e cotados em termos de postais antigos ainda existe em Lisboa, ao virar da esquina, para quem queira fazer postais «animés», «non-posés» e... editados em 2014.

MARINA TAVARES DIAS
«Vendedores e Pregões»,
um dos capítulos da
LISBOA DESAPARECIDA



quinta-feira, 24 de abril de 2014

O 25 de Abril do José Antunes

Já ouvi e li esta fotografia atribuída a mais de dez pessoas.
Quem morreu não se defende; mas quem a tirou, num ano em que eu ainda andava nos bancos da escola, foi o meu futuro colega do 'Diário Popular', o grande fotógrafo da sua geração: José Antunes.

E sim, vi o negativo, e a sequência toda. Não é no Carmo. É à porta do elegante Paris em Lisboa, no Chiado. Após eventual fuga de agentes da PIDE, vindos da António Maria Cardoso. Havia uns 40 fotógrafos neste sítio. Mas esta fotografia específica, que se transformou num dos logótipos do 25 de Abril, é do JOSÉ ANTUNES.

Através dela aproveito para homenagear aquela geração de repórteres de mão-cheia, que apanhei no apogeu da carreira quando, aos 18 anos, comecei a escrever e a publicar.
Saudades vossas. Saudades de Abril, também.

Saudosista, eu? - Nem por isso. Sempre escrevi sobre a História da cidade. Nada que tivesse visto. Nada que tivesse sido meu.
Mas de vós, sim, tenho saudades. Do tempo em que ser jornalista era partir em busca da notícia. Aprendi tudo convosco. Os que vieram depois não sabem o que perderam.'

MARINA TAVARES DIAS


Esta prova fotográfica específica
foi impressa por José Antunes 
em grande formato e oferecida
à Direcção Geral da Comunicação Social.
Durante anos, o fundador 
da Fototeca do Palácio Foz,
Avelino Soares, 
teve-a em destaque, à entrada
deste precioso arquivo fotográfico 
(extinto quando Carrilho foi ministro da Cultura)

quinta-feira, 10 de abril de 2014

LISBOA DEPOIS DO TERRAMOTO

Entre os gritos e o desespero que se seguiram à manhã do dia 1 de Novembro de 1755, um homem começou a planear uma cidade nova. Mais prática, mais ampla e mais segura. A cidade das Descobertas dará lugar à cidade do Iluminismo. O Marquês de Pombal traça ruas largas sobre a antiga e confusa malha da baixa lisboeta. Para cada rua, prevê um ramo de comércio: os capelistas, os ourives do ouro e da prata, os correeiros, os douradores, os fanqueiros, etc. O Rossio será realinhado. Desaparecerá o Hospital de Todos os Santos. Nascerão os novos mercados, os novos jardins públicos, os novos botequins. Uma cidade dará lugar a outra. E a Baixa Pombalina guardará sempre, como designação, a sua homenagem ao homem que mandou reconstruir Lisboa.




terça-feira, 4 de março de 2014



Damião de Góis

faz a sua
Descrição da Cidade de Lisboa


[...] Quem terá sido o primeiro fundador de Lisboa, eis o que não me atrevo a afirmar com certeza, a tantos séculos de distância.

Os escritores mais antigos incluem-na, porém, entre as mais antigas cidades de Hispânia. Varrão chama-lhe Olisiponem; Pto­lomeu, Oliosiponem; Estrabão dá-lhe o nome de Ulisseam, e parece atestar, baseado nas palavras de Asclepíàdes Mirliano, que foi fundada por Ulisses.

Este tal Mirliano presidiu na Turdetânea a um certame literá­rio e escreveu um livro acerca dos povos da região. Diz até que em Lisboa se encontravam então pendurados no templo de Minerva determinados objectos, tais como escudos, festões e esporões de navios, alusivos às viagens de Ulisses.
[...]

DAMIÃO DE GOES

domingo, 9 de fevereiro de 2014

O MUNDO: A demolição da memória de um jornal

Quando, no primeiro quartel de novecentos, a toponímia lisboeta foi alterarada para albergar o nome dos jornais mais importantes da cidade, os títulos homenageados eram os diários de maior tiragem na época: O Século (com sede na Rua Formosa), o Diário de Notícias (na Rua dos Calafates) e O Mundo (na Rua Larga de S. Roque). 

Pois é: a mudança de topónimos tradicionais dá sempre grossa asneira. Mas em nenhum outro caso ficou isso mais evidente. O Diário de Notícias (que saiu da «sua» rua em 1940) e O Século (encerrado em 1977) mantiveram no Bairro Alto nome e topónimo. O Mundo, republicano-progressista, cedo foi apagado da circulação e da toponímia. Conseguiu-se assim o prodígio da «rua com três nomes». Na década de 1980 ainda havia pessoas que chamavam Rua de S. Roque, e outras que chamavam Rua do Mundo à... Rua da Misericórdia

O edifício esteve quase a cair durante décadas. Hoje, recuperado, alberga a Associação 25 de Abril. Do Mundo nada resta. Reparem na fachada. Há um espaço «em branco» entre as varandas. Era lá que, imponente, se erguia o gigantesco globo. Parecia eterno.





segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

BENOLIEL coleccionador de postais ilustrados

O fotógrafo Joshua Benoliel, cujo espólio fotográfico sobrevivente é o mais importante do início do século XX português, foi um ávido coleccionador de bilhetes postais ilustrados

Aproveitava os exemplares que editores para quem trabalhava lhe davam, impressos em fototipia a partir de cada fotografia sua por eles comprada. Com esses postais, estabeleceu uma verdadeira rede de correspondência entre Portugal e vários países europeus. Preferia os correspondentes franceses. Ao longo de décadas, a olisipógrafa MARINA TAVARES DIAS frequentou todas as feiras de postais ilustrados antigos, em França, Bélgica, Reino Unido, Espanha e Itália. A frequência com que, após horas de buscas entre centenas de milhares de exemplares portugueses, encontrou a assinatura de Benoliel em «carte pour exchange» («postal para troca») permitiu-lhe descobrir uma faceta do famoso fotógrafo totalmente desconhecida até hoje, neste blog.

Aqui a revela, através de testemunho directo, pela primeira vez. Pronto: já podem começar a copiar a informação. LOL






(texto de João M. Sousa, 
ARQUIVO MARINA TAVARES DIAS)

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Ajude o ARQUIVO MARINA TAVARES DIAS a chegar ao seu público: todos os que precisam dele.



Com uma pequena contribuição, mesmo que de apenas 50 cêntimos ou um euro, pode estar a ajudar a organizar o ARQUIVO MARINA TAVARES DIAS.



Ferro-velho de Manoel de Macedo no Álbum dos Costumes Portuguezes

Com uma pequena contribuição, mesmo que de apenas 50 cêntimos ou um euro, pode estar a ajudar a organizar o ARQUIVO MARINA TAVARES DIAS.

Precisamos de tudo: digitalizações; organização temática (são cerca de 40 mil peças); cópia de fichas antigas; sistematização dos documentos por tema e por suporte; história de casas, ruas ou bairros específicos disponíveis para consulta imediata; instalações próprias; etc., etc., etc.

O nosso sonho é ter o arquivo «on line» para todos os investigadores, e aberto ao público para todos os que dele necessitem. Mas temos um longo caminho a percorrer. Nunca recebemos qualquer apoio ou agradecimento por parte da Câmara Municipal de Lisboa ou de qualquer outra entidade. Em nome da independência que nos caracteriza, também nunca o pedimos.

Através do Paypal, a mais fácil forma de enviar dinheiro do mundo, você pode fazer a diferença! Em total segurança e sem partilha de dados. 


Mesmo que não siga o link que diz «donate», pode ir ao site do Paypal e enviar o que quiser para o nosso endereço electrónico. É tudo aquilo de que necessita.

Bem haja!



lisboadesaparecida@gmail.com

www.paypal.com









terça-feira, 21 de janeiro de 2014

AJUDE O ARQUIVO MARINA TAVARES DIAS sem nada gastar

ARQUIVO MARINA TAVARES DIAS em organização.

Trabalho voluntário de uma equipa de 3 pessoas. A Câmara Municipal de Lisboa nunca apoiou o trabalho da olisipógrafa Marina Tavares Dias com um cêntimo ou com um elogio. Estamos a tentar organizar o arquivo para complementar o serviço público que, há mais de 25 anos, Marina Tavares Dias realiza, através da sua investigação e da publicação de dezenas de livros célebres.

Por favor clique nos anúncios desta página. 
O seu simples gesto pode contribuir para a compra de mais uma resma de papel.



segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

THE BEAUTIFUL AND LOST CENTRAL MARKET OF LISBON

THE PRAÇA DA FIGUEIRA MARKET

by historian MARINA TAVARES DIAS


« Praça da Figueira (Figtree Market) was one of Lisbon's tourist attractions in the 1900s, appearing on countless illustrated postcards of the time. It was Lisbon's central market place, set up in this locality following the 1755 earthquake. In 1849 it was decorated with wrought-iron railings and given eight large entrance doors. The stalls or «halles» were built in 1883. Each of the main façades was composed of three sections and at each corner there was a tower with a dome. Although it was demolished in 1949, Praça da Figueira still lives on in the city's imagination. When it was destroyed, the city irretrievably lost its main period piece built of iron and glass. In its place today, Figtree Square (“praça” being a common designation for both “market” and “square” in Portuguese) carries on bearing its name and its many memories. [.../...]»



                                             Lisbon's Central Market, demolished in 1949



The empty square nowadays (2014)



terça-feira, 7 de janeiro de 2014

A Empresa Cerâmica de Lisboa, no coração de Campo de Ourique

LISBOA DESAPARECIDA
de
MARINA TAVARES DIAS

Ilustração do capítulo sobre CAMPO DE OURIQUE,
no volume VII

A Empresa Cerâmica de Lisboa. Onde hoje está a Igreja do Santo Condestável. Fotografia em albumina sobre cartão, fomato, 40 X 30 cm. Rua Saraiva de Carvalho em 1904.


quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

2014: Um desejo por cada colina

LISBOA COMEÇA UM NOVO ANO.



Que 2014 seja ano de:

- Menos património demolido e abandonado.

- Menos negociatas para especulação de terrenos em zonas específicas.

- Mais alegria e animação nas ruas do centro.

- Mais lisboetas a regressarem à capital para morarem com a sua família.

- Mais segurança em todas as freguesias.

- Menos obras megalómanas que desfiguram as avenidas principais.

- Menos licenciamentos sem que quem os assina vá (realmente) ver o que está em causa.




BOM ANO A TODOS OS LISBOETAS.

Marina Tavares Dias e a equipa do blog.