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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014





MORADAS DOS MAIS MÍTICOS 
CAFÉS DE LISBOA
ATRAVÉS DOS SÉCULOS

Recolha do Arquivo Marina Tavares Dias
com base, exclusivamente, 
nos livros da olisipógrafa

parte I

CAFÉS DO ROSSIO


Café Nicola – Rossio (Praça D. Pedro IV), 25.
Desde 1929. O Nicola inicial, de tempo de Bocage, era anterior a 1787, encerrando em 1837.

Botequim das Parras – Rossio (Praça D. Pedro IV), 27 a 29. Fundado antes de 1790, durou até meados do século XIX. Leitaria Luso-Central a partir de 1916. Depois Restaurante e “
Snack-Bar” Pic-Nic e agora de novo com o nome Luso-Central (restaurante), vale a pena ir ver a recuperação da sua bela fachada de 1916.


Café Chave d’Ouro – Rossio (Praça D. Pedro IV), 33 a 38.
Fundado em 1916 e encerrado em 1959, ocupou inicialmente e até 1935 apenas os números 37 e 38. Comprado pelo Banco Nacional Ultramarino, continua a ser dependência bancária.


A Brasileira (conhecida por Brasileira do Rossio, distinguindo-se assim da Brasileira do Chiado) – Rossio (Praça D. Pedro IV), 51 a 53. Fundada em 1911 por Adriano Telles, o dono da Brasileira do Chiado (café este de que falaremos noutro post) e encerrada em 1960. Reabertura temporária, com o tecto original alterado, durante alguns meses de
 1966. Actualmente: BCP-Millenium.


Café Portugal – Rossio (Praça D. Pedro IV), 56 a 58.
1935-1988, funcionando ultimamente como sala de jogos electrónicos. A partir de 1990 esteve no local a «mega-loja» Valentim de Carvalho. Hoje, é uma sapataria.

Botequim do Freitas – Rossio (Praça D. Pedro IV), 64 e 65.
Mais tarde Café do Gelo.
Inaugurado em 1883. Remodelado em 1939 e em 1954. Encerrado em 1991. Ultimamente, com a mesma designação, funcionava como pastelaria e “snack bar”. Mudou para a denominação Abracadabra em 1991, pretendendo-se “fast-food” português. Há poucos anos, retomou a vocação de café e ainda se chama Gelo. Curiosa a disposição interior, em «L», formato original do estabalecimento.


Botequim do Barão – Rossio (Praça D. Pedro IV), 66 a 68.
Depois sucessivamente chamado Café Moreira e Café Europa. Deu lugar a uma livraria no final do século XIX. Actualmente: telefones públicos do Rossio (loja da Portugal Telecom ou, desde esta semana, chamada MEO).


proximamente:
CAFÉS DA PRAÇA D. JOÃO DA CÂMARA 
(ANTIGO LARGO CAMÕES)



quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

RECORTES

Pormenor de leque aguarelado representando uma cena à
entrada do desaparecido Passeio Público, onde hoje está 
a Avenida da Liberdade. O Passeio lisboeta foi um dos
primeiros temas abordados na LISBOA DESAPARECIDA




Excerto de uma entrevista de Marina Tavares Dias ao JORNAL DE LETRAS, marcando a primeira década da publicação da LISBOA DESAPARECIDA:



«A "Lisboa Desaparecida" completa a sua primeira década. Pedem-me agora que sobre ela escreva, o que se me afigura tarefa espinhosa: nunca tal fiz, ao longo de todo este tempo.
[.../...]

Naquela época, julguei fácil convencer uma editora a investir nos textos do "Popular" (alguns, entretanto, publicados também no "Expresso"), porque contavam já com o que eu julgava ser um público fiel. Ninguém embandeirou em arco, houve hesitações e recusas até ao dia em que, sentada à minha secretária na Redacção, recebi uma chamada: "Somos uma editora nova e gostamos imenso das suas páginas de Sábado". Meses depois, eu e essa "editora nova" estávamos a lançar o primeiro volume da "Lisboa Desaparecida" no Café Nicola. O resto é sabido.

Passaram 10 anos. Muito pouco daquilo que era o meu estilo desse tempo (aos vinte e poucos anos) permanece. Muito pouco do que foram as motivações iniciais é hoje prioritário. Desapareceu o "Diário Popular" - o seu público fiel onde estará? -, a enorme Redacção em «open-space» (como agora é uso dizer-se) está vazia, o precioso arquivo talvez perdido. O Bairro Alto deixou de ser o bairro dos jornais e os diários vespertinos cumpriram o seu ciclo temporal. Existe hoje em dia, pela primeira vez, uma "Lisboa Desaparecida" onde eu vivi. [...] Em 1987, partia-me a rir dos colegas mais velhos que me chamavam saudosista. Saudosista de quê? - Eu nunca vira os edifícios demolidos sobre os quais escrevia, condenando a destruição da cidade. Era tudo investigação. A mim, ao meu passado, não tinham ainda arrancado nada.»

sábado, 25 de janeiro de 2014

Cafés: acolhedores cenários da nossa criatividade.



Muitos têm sido os escritores que referem o papel importante que escrever e ler nos cafés da capital teve nas suas vidas.

Dessas frases, duas são imortais. Mesmo!


(Recolhidas de OS CAFÉS DE LISBOA de MARINA TAVARES DIAS, 1999)





Um visitante experimentado e fino chega a qualquer parte, entra no café, observa-o, examina-o e tem conhecido o país em que está, o seu governo, as suas leis, os seus costumes, a sua religião. - Almeida Garrett.




E as metafísicas perdidas nos cantos de cafés de toda a parte. - Álvaro de Campos.



quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O PRIMEIRO NICOLA

[...] O apelido Nicola aparece ligado ao comércio da cidade desde meados do século XVIII. Antes do terramoto terá existido pelo menos um italiano Ni­cola, fabricante de velas [...] em plena Baixa, próximo do Pátio das Comedias [área compreendida entre as actuais ruas Augusta e da Prata], tendo mesmo dado origem a um topónimo espontâneo: Beco do Nicola.

[...] Após pesquisa nos livros de despachos régios [...] verificamos a existência de dois Nicolas na Lisboa de 1808: Joaquim Nicola e Nicola Marengo. Um terceiro Nicola é, em 1827, anunciante da “Gazeta de Lisboa”. Possuía casa no número 136 do Campo Grande e aí vendia raízes de plantas oriundas da Itália e da Holanda. Este Nicola Breteiro é, segundo Tinop, o candidato mais provável à identidade real do botequineiro do Rossio, visto terem os seus anúncios na “Gazeta” terminado no preciso ano em que o próprio café foi trespassado: 1829. [..../...]

.... Continua no livro OS CAFÉS DE LISBOA
de MARINA TAVARES DIAS.
O Café Nicola, reconstruído no século XX,
é o último que resta dos clássicos cafés do Rossio


quarta-feira, 6 de novembro de 2013

OS ÓRFÃOS DOS CAFÉS: Marina Tavares Dias por Eduardo Prado Coelho

Um texto magnífico de 

EDUARDO PRADO COELHO

 sobre os livros de

 MARINA TAVARES DIAS. 

Disponível neste blog:





OS ÓRFÃOS DOS CAFÉS



Tal como Borges escreveu um dia, eu poderia de igual modo dizer: «Nasci noutra cidade que também se chamava Lisboa».

Borges diz que recorda o que viu e também o que os pais lhe contaram. Mas ele sabe que as nossas verdadeiras cidades são sempre as cidades da nossa infância. Por isso acrescenta: «sei que os únicos paraísos não proibidos ao homem são os paraísos perdidos. / Alguém, quase idêntico a mim, alguém que não terá lido esta página / lamentará as torres de cimento e o podado obelisco». A cidade de hoje será a infância de amanhã.

Por tudo isto gosto imenso dos livros de MARINA TAVARES DIAS. Com uma obstinação exemplar, ela tem vindo a reerguer a «Lisboa Desaparecida», isto é, a Lisboa da minha infância e sobretudo a Lisboa dos meus tempos de estudante, mas também a Lisboa dos meus pais e dos meus avós (com o tempo tudo se mistura, e regressamos todos à mesma pátria intemporal, à Lisboa fora do tempo, onde brincámos e aprendemos a amar). Associando a isto duas outras obsessões, mas a verdade é que as duas coisas não estão separadas: Sá-Carneiro e Pessoa, ligados aos cafés que eles frequentaram e aos lugares onde passearam e escreveram.

Num desses livros envolvidos numa aura de bruma, Marina Tavares Dias restitui-nos agora «Os Cafés de Lisboa» (Quimera). Noutro dia Jorge Listopad escrevia que à saída do Teatro São João do Porto me tinha visto, no último café iluminado na noite da cidade, a escrever certamente a crónica para o dia seguinte. Não era por acaso. As crónicas escrevo-as sempre em computador. O resto (que se poderia dizer «o essencial», mas talvez isto nem sempre bata certo), escrevo-o à mão, em cadernos verdes ou azuis, nos cafés ensonados e friorentos que ainda existem pelo mundo fora.

A verdade é que adoro cafés. E que tive em cafés alguns dos mais belos momentos de leitura, encontro, discussão, contemplação, escrita, estudo, violência de olhares, ternura das mãos, de que me posso lembrar. Nesses cafés que a Marina recorda no seu livro: o Monte Carlo, o Monumental, a Brasileira, o Palladium, ou, depois, a Grã-Fina, o Nova-Iorque, o Vává. E entre os motivos que tenho para gostar do Porto estão os cafés que ainda lá existem: cafés rodeados de noite e fumo, com velhos de unhas negras, prostitutas tristes, e adolescentes sufocando a tristeza num bolo de arroz e num leite quente.

Eduardo Prado Coelho, in Crónicas no Fio do Horizonte, Asa, 2004

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

LISBOA DESAPARECIDA - O INÍCIO

Lançamento do primeiro livro com textos
sobre a Lisboa Desaparecida de Marina Tavares Dias.



Café Nicola, Rossio, Dezembro de 1987

terça-feira, 21 de abril de 2009

TEXTO PUBLICADO NO «JORNAL DE LETRAS»
EM 1997, MARCANDO
A PRIMEIRA DÉCADA
DA PUBLICAÇÃO DO PRIMEIRO LIVRO.


A "Lisboa Desaparecida" completa a sua primeira década. Pedem-me agora que sobre ela escreva, o que se me afigura tarefa espinhosa: nunca tal fiz, ao longo de todo este tempo.
[.../...]

Naquela época, julguei fácil convencer uma editora a investir nos textos do "Popular" (alguns, entretanto, publicados também no "Expresso"), porque contavam já com o que eu julgava ser um público fiel. Ninguém embandeirou em arco, houve hesitações e recusas até ao dia em que, sentada à minha secretária na Redacção, recebi uma chamada: "Somos uma editora nova e gostamos imenso das suas páginas de Sábado". Meses depois, eu e essa "editora nova" estávamos a lançar o primeiro volume da "Lisboa Desaparecida" no Café Nicola.

Passaram 10 anos. Muito pouco daquilo que era o meu estilo desse tempo (aos vinte e poucos anos) permanece. Muito pouco do que foram as motivações iniciais é hoje prioritário. Desapareceu o "Diário Popular" - o seu público fiel onde estará? -, a enorme Redacção em «open-space» (como agora é moda dizer-se) está vazia, o precioso arquivo talvez perdido. O Bairro Alto deixou de ser o bairro dos jornais e os diários vespertinos cumpriram o seu ciclo temporal. Agora, existe mesmo uma "Lisboa Desaparecida" onde eu vivi. [...]abordei-a ao de leve no volume IV, como parte da história da cidade. E, pela primeira vez, terei então dado razão aos que - sem a terem lido - diziam ser esta uma "Lisboa" saudosista. Agora, talvez até seja. Para fugir a isso, à medida que o tempo passa, a investigação vai assumindo uma postura que alguns dos leitores antigos me dizem ser "demasiado séria": «Pois não é que você escreveu um texto com notas de rodapé? - E ainda tem lata de dizer que este livro serve para divulgar a história da cidade e que é escrito para todos os lisboetas?»
Assim o quis, de facto. E nunca os lisboetas me desapontaram.

Marina Tavares Dias