CESÁRIA
MARINA TAVARES DIAS
in LISBOA DESAPARECIDA
volume IV
[....] A Cesária, ou "a mulher de Alcântara", conheceu renome apenas comparável ao da Severa. Ceceiava na pronúncia e não vestia de modo ousado, como a sua congénere. Mas a sua voz era capaz de atear insuspeitas convulsões de paixão. Além do mais, Tinop dixit, tinha "muita livraria": sabia de cór todas as resmas de versos que os cegos apregoavam pela cidade. Ao longo das décadas, muitos fados prestaram homenagem à Cesária. O primeiro, composto por Ambrósio Fernandes da Maia em 1870, chama-se "Fado da Cesária" ou "Fado de Alcântara". Os fadistas míticos acumulam sempre, após a morte, uma espécie de reportório paralelo, inteiramente constituído por fados in memoriam.[......]
(continua)
Na ilustração: A Cesária retratada por Roque Gameiro.
Imagem adaptada para a capa de um tardio folheto de cordel.