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No dia 30/07/08 foi publicado no IOL on-line este artigo de Filipe Caetano intitulado «Magalhães, um computador pouco português».
São 500 mil portáteis disponíveis para as crianças dos seis aos dez anos. Um agrado para os mais novos, que com certeza também satisfará os pais.
Na Indonésia o «Magalhães» é conhecido pelo nome de «Anoa», na Índia é o Mileap-X series, na Itália é o Jumpc e no Brasil é conhecido por Mobo Kids. O Governo do Vietname percebeu o sucesso da oferta e já o colocou nas escolas a preço reduzido. Uma ideia agora adoptada por José Sócrates.
Computadores, internet e outras tecnologias são recursos que pretendem melhorar a vida de todos nós. São cada vez mais apelativos, mais interessantes, de fácil acesso e utilização. Muitos de nós já nem passamos sem eles. Tornamo-nos de algum modo dependentes dos mesmos. Quando pensamos em dependência também devemos pensar que a mesma pode acarretar bastantes perigos para a nossa saúde. E se existem perigos, ou se os perspectivamos que possam vir a afectar a saúde das crianças, será conveniente que saibamos ensinar os miúdos a fazer o uso correcto do PC/Net. Isto vem a propósito do computador "Magalhães" que TODAS as crianças de 6 anos irão ter acesso, já no início do próximo ano lectivo. Se os nossos governantes parecem não se preocupar com a
saúde mental das crianças, nem com o uso menos adequado que muitas delas poderão vir a fazer do PC, será importante que nós, educadores estejamos cientes dos possíveis efeitos maléficos da utilização do computador e da internet na
saúde física, social e emocional do cidadão. Devemos estar cientes do que queremos, como queremos e o que fazemos para e pela saúde das nossas crianças. Porque, nós adultos (alguns!) sabemos o que são e podem ser os computadores/internet. Temos (felizmente) as "ferramentas" emocionais mais ou menos estáveis para nos precavermos dos potenciais perigos emergentes. As crianças não. E cada vez mais cedo se verifica a implementação de uma filosofia do aqui e do agora, onde se tenta modelar comportamentos na premissa que temos que acompanhar o progresso e sermos mais competitivos. E as "ajudas" aí estão para que se cumpra esse desiderato. E, já que vamos ser nós a "acompanhar" o crescimento e desenvolvimento das crianças nesta área, também não estará posta de parte, a hipótese de alguém, daqui a uns anitos, se lembrar de nos vir responsabilizar pelos vários
problemas emocionais e mentais que os jovens/crianças possam vir a apresentar como resultado da má utilização do PC. Afinal, os professores e as famílias não souberam "controlar" os seus filhotes, nem lhes ensinaram o
bê-á-bá tecnológico. Mas, se isso vier acontecer, podemos ficar descansados que o governo resolve facilmente o problema. Coloca nas escolas os
psicólogos (muitos) que andam por aí no desemprego, ou a exercer funções para as quais não possuem qualquer formação. Pelo menos irão contribuir para remediar o problema. Para terminar remeto para quem estiver interessado,
este artigo já não muito recente sobre os novos (?) problemas resultantes do uso e abuso das tecnologias. Alguns resultados interessantes que devemos ter em consideração, porque o "caminho" já outros o trilharam, e nós, pouco a pouco vamos vendo as "evidências" dos caminhos percorridos e sentindo-os como nossos. Alguém sabe de algum
estudo português sobre este assunto?