sábado, 19 de novembro de 2011

Youtube Rally: Um salto de Ken Block em Gales



Pode não ser o melhor piloto do mundo, e não acredito que algum dia ganhe um rali do WRC, mas aos poucos, Ken Block consegue aliar espectáculo com boas conduções. E o melhor exemplo disso foi o mais recente rali de Gales, onde deu este salto que mostro.

O piloto americano, conhecido pelas suas "ghynkhanas", conseguiu desta vez levar o seu carro até ao fim, e em lugar pontuável! Ou seja, chegou ao fim na nona posição, na frente do Mini de Armindo Araujo, a mais de 15 minutos do vencedor. E foi a segunda vez na temporada que o americano chegou no "top ten", e provavelmente lhe deu alento para mais uma temporada na categoria.

Williams e um contrato com o Diabo

Há dez anos, quando entrei na universidade, uma das minhas colegas de turma do meu curso de jornalismo era a Viviane, uma venezuelana filha de pais portugueses. Tinha vindo de Valencia, no centro do país e era provavelmente a mais engraçada de todas, pois fisicamente fazia-me lembrar uma "Barbie": loura, magra e olhos claros. Logo, quando vi, percebi a razão porque a Venezuela ganhava tantos concursos de Miss Universo...

Mas a Viviane não era nenhuma cabeça de vento: era anti-Chavez e lembro-me dos dias agitados de abril de 2002, quando se tentou apear Hugo Chavez do poder. Ela andava agitada pelos corredores, a fazer a festa, dizendo no seu portunhol que "por fim o povo está a livrar-se de um ditador", entre outras coisas. Só que as coisas não resultaram e Chavez ficou, mas ela continuou a manter a sua retórica anti-chavista. No final daquele ano, pediu transferência para outro lado e perdi contato com ela.

Eu falo do exemplo dela para terem um exemplo de como as coisas se passam por aqulas bandas e o que representa o Hugo Chavez: ou se ama, ou se odeia. E se muita gente aplaude os seus feitos, tem muitos que o criticam, seja o seu estilo autoritário, sejam as suas politicas algo erráticas, seja o fanatismo das suas gentes, etc, num país crescentemente violento, onde se mata mais gente do que no Brasil, por exemplo.

Porque falo da Venezuela e do Huguito? Porque uma das coisas em que deu dinheiro foi no automobilismo, através da petrolifera PVDSA. Patrocina tanto na IndyCar como na Formula 1 através, respectivamente, de Ernesto Viso e Pastor Maldonado. Maldonado, campeão da GP2, "comprou" a sua passagem para a Formula 1, mais concretamente à Williams. Sabia-se que teria sido por muito dinheiro, mas nunca se soube realmente quanto. Graças à Serena, sei agora: 36 milhões de dólares por ano, 180 milhões de dólares durante cinco anos. Grande negócio, hein?

Ora, o problema não é o negócio em si, mas sim a maneira como foi feito. Basicamente, foi o "sim" do Hugo Chavez e nada mais. Todos os outros, como o Congresso, deram o seu aval, mas eram todos "chavistas". Agora, há mais pessoal da oposição, e um deles, Carlos Ramos, enviou no passado dia 14 uma carta a Frank Williams para pedir uma cópia do contrato, para que possa fazer uma investigação parlamentar sobre a legalidade desse contrato. E disse que aos olhos da lei, esse contrato é ilegal.

Li o assunto no Joe Saward e no final do dia conversei com a Serena sobre este fato. E das conversas que tivemos deu no post que publicou esta tarde. A Williams não respondeu ao pedido do congressista, até agora, mas este problema aparece na pior altura possivel, pois a equipa, mesmo com este dinheiro, tem problemas de fundos, perdendo patrocinadores a uma velocidade alucinante, e não consegue contratar o nome mais sonante e disponivel do momento: Kimi Raikkonen. Pelo menos, não da maneira como se esperaria que fosse. Para além de outros problemas que já falei no passado, como as brigas entre Adam Parr e o resto da equipa.

Assim sendo, mesmo que no próximo ano eles recebam de volta a Renault para reativar uma parceria de sucesso (1989-97), e mesmo que desejem outro mega-patrocinador e se esforce para que o FW 34 seja um carro revolucionário, parece que Frank Williams, um dos homens mais admirados da história, pode ter assinado um pacto com um "Diablo" mais lunático do que os sheiks árabes com quem lida há mais de trinta anos...

Formula 3 (Macau): Wittmann vence, Felix da Costa desiste

Se o dia de ontem foi um sonho, o de hoje foi um pesadelo. Antonio Felix da Costa tinha tudo poara conseguir um bom resultado em Macau, mas a a sua caixa de velocidade partiu-se quando ficou sem a primeira velocidade, essencial para abordar as curvas mais apertadas deste circuito urbano. Resultado: desistência ao fim de quatro voltas.

"Uma frustração enorme. Arrancar da primeira fila em Macau é uma sensação ótima e, no arranque, ficamos sem a primeira mudança. Nem queria acreditar, meses a trabalhar para isto e acontece uma coisa que nunca se viu antes!", referiu o piloto, espelhando a sua frustração. "Não há palavras", concluiu.

Amanhã a sua tarefa é extraordináriamente complicada pelo fato de partir da 26ª posição, logo, o seu final de semana macaense está estragado. Mesmo assim, o piloto de cascais quer recuperar o maior numero de posições possíveis: "Partindo tão de trás na grelha, em condições normais a luta pelo pódio está fora do meu alcance, portanto vou entrar em pista ao ataque, decidido a recuperar muitos lugares", finalizou. em declarações à Autosport portuguesa.

Em relação á corrida de qualificação, foi uma luta entre o alemão Marco Wittmann e o brasileiro Felipe Nasr. Na partida, Wittman segurou o resto do pelotão para ficar com o primeiro posto, seguido do brasileiro Felipe Nasr. Atrás, o espanhol Roberto Merhi, penalizado em sete lugares devido a um incidente na qualificação, partiu ao ataque, passando quatro lugares logo no arranque. Pouco depois, passou o finlandês Valteri Bottas e passou a atacar Felipe Nasr para a segunda posição.

A corrida, qur tinha apenas nove voltas, acabou sob "safety car" devido ao acidente causado pelo sueco Jimmy Eriksson, que deixou o carro numa zona perigosa. Assim, os três primeiros, que já estavam definidos quase desde o arranque, foram esses. Atrás ficaram Bottas, o colombiano Carlos Huertas, o espanhol Daniel Juncadella, o belga Laurens Vanthoor e o alemão Daniel Abt.

A segunda corrida acontecerá amanhã de manhã.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Youtube Motorsport: Uma volta no Circuito de Huambo



Fundada em 1912, já se chamou de "Nova Lisboa" e foi palco de uma dura batalha durante a Guerra Civil de 1992/93. Agora chama-se Huambo, mas independentemente do nome ou de quem manda aqui, tem uma forte tradição no automobilismo, graças ao seu circuito urbano e ao entusiasmo dos locais.

Um dos senhores que organizou, nos tempos coloniais, foi o Armando de Lacerda, que teve a ousadia de trazer grandes nomes internacionais, especialmente na edição de 1972, como o Jan Balder ou o Hans-Joachim Stuck. E hoje em dia, passados os tempos difíceis, voltou a paixão pelo automobilismo, que aquele povo têm.

E coloco aqui um video de mais uma corrida de automóveis em terras angolanas, neste caso, no Huambo. E o piloto é o mesmo: Daniel Vidal Jr. Uma volta para verem como se corre por lá.

WTCC - Macau (Qualificação)

A qualificação do WTCC não foi fácil nesta sexta-feira. Acidentes são o pão nosso de cada dia naquele circuito - e dois deles bem fortes, como explicarei mais abaixo - e alguma chuva causaram perturbações nesta qualificação na antiga cidade-estado sob possessão portuguesa. Mas houve algo que não mudou: os Chevrolet monopolizaram a primeira fila da grelha, com os dois candidatos ao título a ficaram lado a lado. Robert Huff foi o melhor, graças a uma volta em 2.30,881, com Yvan Muller a ficar logo atrás, a ficar a 268 centésimos de segundo.

O melhor dos outros foi Gabriele Tarquini, no seu Saet da Sunred, mas o veterano piloto italiano ficou a uns longínquos... 1,2 segundos do autor da pole. O chinês Darryl O'Young foi o quarto com o Chevrolet da Bamboo, conseguindo também uma boa prestação na qualifcação. O BMW de Tom Coronel foi o quinto, seguido de outro BMW do marroquino Mehdi Bennani e do Seat do local André Couto, que mesmo se tendo envolvido com um toque cpm o suiço Alan Menu - que ficou tremendamente chateado com Couto, chamando-o de "idiota" aos microfones da Eurosport - conseguiu uma boa performance.

A fechar o "top ten" ficou o dinamarquês Michael Nyaeker, o BMW do alemão Franz Englester e o Volvo do sueco Robert Dahlgren. Contudo, o piloto sueco não deverá participar na prova, pois sofreu um forte despiste na Q2, batendo no "guard-rail". Outro dos que sofreram um forte embate contra o muro foi o suiço Fredy Barth, com o seu Seat, que foi retirado do seu carro, mas os estragos são muito grandes que o impedirão de competir no resto do final de semana.

Quanto a Tiago Monteiro, acabou por não conseguiir passar da Q1 ao conseguir apenas o 11º tempo, e por muito pouco poderia ter tido o 10º posto, mais do que suficiente para sair da segunda corrida na "pole-position". Isto porque, já nos instantes finais, o alemão Franz Engstler conseguiu o tão famigerado décimo registo e, assim, a pole para a segunda corrida do fim de semana. Quando o piloto do Porto quis responder, teve de abortar a sua volta devido à amostragem de bandeiras amarelas devido a um despiste.

"Como se diz na gíria portuguesa: brinquei com o fogo e queimei-me. Todos os pilotos querem estar perto do 10º lugar para assegurar a melhor posição possível na grelha para a segunda corrida. É um risco que todos corremos, porque como me aconteceu hoje, deu para o torto. É a primeira vez que fico de fora do top 10 e como tal da oportunidade de efectuar a segunda qualificação. É frustrante sobretudo porque tenho estado sempre entre os mais rápidos, na quarta posição, logo atrás dos Chevrolet!", explicou.

As corridas acontecerão ao longo do final de semana.

Da blogosfera para a Wikipédia

Já tenho este espaço há quase cinco anos e escrevi milhares de "posts", entre noticias de vários sitios na Net, entrevistas nos jornais e revistas e principalmente, entrevistas e biografias feitas por minha própria iniciativa. Sempre fiz questão de escrever coisas acerca do automobilismo, e nunca fiquei agarrado aos dogmas de que "automobilismo é Formula 1" ou "automobilismo é pista". Acho os ralis ou a Endurance categorias legítimas dentro do automobilismo, e que estão de igual para igual como a IndyCar ou a Formula 1. Aliás, até acho que estes têm o que têm devido ao poder da televisão, de há quarenta anos para cá.

Mas hoje faço esta introspeção devido a alguns fatos que ando a descobrir desde há uns tempos para cá. Desde sempre que escrevo biografias de pilotos, não é segredo nenhum. E também não é segredo que use muitas fontes, como os sites oficiais de alguns pilotos - ou sites de fãs - outras fontes como o Grand Prix e a Wikipédia, sempre as mais variadas possíveis, para mostrar a todos a biografia mais completa que existe.

Pois bem, desde há umas semanas a esta parte, tenho vindo a ser surpreendido com algo que pensava ser do domínio do "whisful thinking": algumas das minhas biografias tem aparecido na versão portuguesa da Wikipédia. Até agora vi que as bios de René Arnoux, Alex Caffi, Jacques Laffite e Andrea de Cesaris tem como base coisas que escrevi no passado neste estaminé. E pergunto a mim mesmo quantos mais artigos nessa mesma Wikipédia que tem como base artigos deste blog? Com a quantidade de artigos que já escrevi - centenas - deverá ser, seguramente, a ponta do icebergue.

E é verdade: numa rápida pesquisa que fiz enquanto fazia este post, descobri que, mesmo sem uma referência explicita, a biografia do Stefan Bellof tem base num artigo meu. Podem comparar aqui com aqui.

Confesso sentir o meu espanto, não porque as coisas estão bem ou mal feitas - nunca quis escrever para a Wikipédia porque a politica do site não permite - mas mais porque estou a receber as "consequências" de escrever aqui as coisas da melhor maneira que sei. Em suma - e perdoem-me se algum de vocês fica chocado com o que vou dizer - mas escrevo isto por prazer. E confesso ainda não entender muito bem a razão porque outros aproveitam os meus escritos e colocam-nos na maior e provavelmente a mais completa enciclopédia que a Humanidade irá conhecer.

Como deveria ser a reação quando vejo uma coisa destas? Agradeço, mas por favor, não usem os meus escritos como um fim em si mesmo. As coisas são mais completas quantas mais fontes forem usadas, isso eu aprendi com o tempo. Pelo menos é isso que faço quando me sento à frente do computador e perco as minhas madrugadas a fazer estas coisas. Se calhar poderá ser o inicio do meu contributo para a posteridade, quem sabe.

Formula 3 (Macau): Felix da Costa na primeira linha

Este é o final de semana do GP de Macau. Quer na Formula 3, que e a "prova rainha" do final de semana automobilistico naquelas paragens, quer no WTCC, que têm aqui a sua prova de encerramento da temporada. E claro, num circuito citadino como aquele, os acidentes são frequentes, especialmente na curva do Hotel Lisboa, a primeira curva a sério.

Mas agora fala-se sobre a corrida de Formula 3, onde perante a fina flor do futuro automobilistico mundial, Antonio Felix da Costa, mais conhecido por "Formiga", conseguiu estar em excelente plano, ao conseguir o terceiro melhor tempo, que passou para o segundo lugar com a penalização do espanhol Roberto Merhi, por este ter provocado um acidente numa das sessões de treinos livres. O poleman foi o alemão Marco Wittmann, da Signature.

"Confesso que entrei na qualificação um pouco sem saber onde iria estar em termos de classificação, pois ao não rodar nos treinos livres, parti em desvantagem em relação aos meus adversários diretos. Ataquei ao máximo numa volta quase perfeita, nos limites, que me permite estar em grande posição na grelha de partida", referiu o português que este ano esteve na GP3 e correu duas jornadas triplas na Formula 3 britânica pela britânica Hitech Racing.

Atrás de Felix da Costa ficou o finlandês Valteri Bottas, atual campeão da GP3, seguido do britânico Alexander Sims, que foi companheiro de Felix da Costa na Status Grand Prix, e do brasileiro Felipe Nasr, que venceu o campeonato britânico de Formula 3.

Em relação a corrida de qualificação de amanhã, que terá dez voltas de duração, a estratégia de António Félix da Costa passa por "não entrar em guerras e terminar nos três primeiros, para no domingo estar em posição de lutar pelo pódio e quem sabe até pela vitória. O carro está bastante equilibrado, a equipa trabalhou muito bem e eu estou muito concentrado nos meus objetivos", finalizou. As corridas acontecerão na manhã de Sábado.

Nasser Al-Attyah, terceiro piloto da Citroen?

Muita gente que segue os ralis sabe que a equipa Ford é apoiada pela organização de turismo de Abu Dhabi, mas provavelmente os mais "emperdenidos" sabem que a Ford oficial tem um terceiro piloto, que é o árabe Khalid al Qassimi. O piloto de 39 anos - vai fazer 40 no próximo dia 18 de fevereiro - é um dos melhores do Médio Oriente, tendo vencido um título regional em 2004, mas desde 2007 que corre no WRC, pela Ford. Apesar de em 2011 ter tido um carro igual a Mikko Hirvonen e Jari-Matti Latvala, ele raramente pontua. Aliás, o seu melhor lugar aconteceu este ano, no Rali da Austrália, onde acabou na quinta posição. E atrás dele na classificação ficaram carros do PWRC...

Contudo, ele é diferente do qatari Nasser Al-Attyah. Um pouco mais velho do que Qassimi (tem 41 anos), já venceu o Rali Dakar este ano e é multiplas vezes campeão regional e deu cartas na categoria de Produção. Este ano correu no SWRC, ao volante de um Ford Fiesta, terminando na sétima posição da categoria. Al-Attyah tem mais prestigio do que Al-Qassimi, mas nunca teve um WRC a sério onde pudesse mostrar se tem talento para andar ao nível do resto do pelotão.

Mas em 2012 poderá ser diferente, porque ele hoje anunciou em Doha, a capital do Qatar, que vai ter o mesmo estatuto que Qassimi na Ford. Segundo ele, irá trazer um forte patrocinador local para a equipa, que ficará ao lado da Red Bull, a outra patrocinadora da marca no WRC. Em troca, um Citroen DS3 WRC oficial estará às ordens do piloto qatari, ao lado de Sebastien Löeb e Nikko Hirvonen.

Contudo, poucas horas depois, a Citroen negou oficlamente estas noticias: "Falamos apenas com ele por uma vez a nada está assinado nesse sentido", começou por falar um porta-vos da Citroen Sport. "Ele não esteve presente na nossa apresentação de quarta-feira em Versailles-Satory", concluiu.

Iremos ver quais serão as próximas cenas deste episódio, mas creio que caso aconteça aquilo que ele afirmou, será mais um motivo interessante para seguir o Mundial do ano que vêm: ver o que os árabes irão fazer nas classificativas um pouco por todo o mundo. Vai ser, no mínimo, um espectáculo à parte.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

5ª Coluna: Que calendário vamos ter em 2012?

O caso do circuito de Austin, revelado nas últimas semanas mas que esta terça-feira rebentou em todo o seu esplendor (poucas horas depois de eu ter escrito isto) é o mais recente problema que Bernie Ecclestone têm nas suas mãos em relação a contratos futuros sobre circuitos e entidades que ele anda a negociar, algo que o faz há mais de 35 anos.

O problema de Austin é um duelo entre duas entidades, a que tem os direitos para construir o circuito, e a que tem os direitos de uma coisa abstracta chamada "Grande Prémio dos Estados Unidos". E como nenhuma das duas partes se entende neste aspecto, a entidade que está a construir o circuito decidiu parar as obras, afirmando que só volta quando tiver garantias de que irá ter a corrida em novembro de 2012. Ora, Ecclestone não está para brincadeiras e já disse que se isto continua assim, mais vale esperar mais um ano para ter a sua corrida nos Estados Unidos, mas em New Jersey, com Manhattan em pano de fundo.

Ecclestone funciona assim: quer um negócio feito, mas que sejam os outros a fazê-lo. Exige determinado caderno de encargos, mas são os outros que tem de arcar com essas despesas. Ele só vai lá para recolher o dinheiro e trazer o circo durante determinado período de tempo. Curioso é ele pedir sempre mais dez por cento a cada ano que passa, mesmo se o contrato em si já é bastante puxado. Mas se começarem a surgir problemas, ele pura e simplesmente se desliga do assunto e sai dali o mais depressa possível. É assim que ele funciona.

Agora que sabem disso, faço a pergunta que faz o título desta coluna. E porquê, duas semanas depois de ter escrito a mesma coisa? Porque os problemas continuam não só por resolver, porque também têm tendência para se agravarem. Nos últimos tempos tem surgido noticias de que as entidades que acolhem os Grandes Prémios tem chegado ao seu ponto de ruptura. Uns porque tem prejuízos constantes quando recebem a Formula 1 e afirmam que não conseguem mais pagar as exigências cada vez mais crescentes dele. Circuitos europeus como Hockenheim, Nurburgring, Spa-Francochamps, Barcelona e Valencia já disseram que quando terminarem os seus contratos irão exigir que ou que as suas exigências baixem, ou então que abdicarão de acolher a Formula 1. O ano de 2012 vai ser o penúltimo ou o último ano dos contratos de muitos circuitos, e quase todos já disseram que não querem continuar.

Até os circuitos asiáticos têm problemas. Singapura é um sucesso, mas os organizadores não tem pressa nenhuma em renovar o contrato, que terminará em 2012 e que custa aos cofres locais cerca de 50 milhões de dólares. E os problemas da Coreia do Sul, que lida com problemas com os habitantes locais, aliadas ao isolamento que o circuito de Mopko fica situado - demasiado longe de Seoul, a capital, e numa cidade que obriga parte da entourage da formula 1 a hospedar-se em... motéis - para além dos anticorpos que as equipas têm com o Bahrein, que vive tempos de agitação social, fazem com que se pergunte: quantos circuitos teremos em 2012?

Digo isto porque por esta altura já deveríamos saber do calendário definitivo para a temporada que aí vêm. Pode ser que saibamos em dezembro, depois da reunião do Conselho Mundial da FIA, mas como é Bernie Ecclestone que delineia o calendário e todos os outros só tem de abanar a cabeça, quais carneiros, o fato de os coreanos estarem dispostos a abdicar do seu Grande Prémio e dos construtores fazerem finca-pé no assunto Bahrein, e agora com os problemas de Austin, cada vez penso que não teremos vinte corridas em 2012. E se calhar poderão ser dezoito corridas.

Claro, pode haver beneficiados: sem o Bahrein, a Turquia, que saiu do calendário por causa do desinteresse das autoridades locais, está como reserva e poderia ter mais um ano de corridas do que aquilo que esperava. Porque há contratos a respeitar com as televisões, por exemplo, e Bernie Ecclestone sabe que caso hajam menos do que vinte corridas por temporada, as televisões irão reclamar indemnizações por quebra de contrato. E Ecclestone não está ali para perder dinheiro, claro.

Em suma: é estranho estarmos em novembro e não termos certeza sobre onde é que a Formula 1 andará dali a alguns meses. Creio que o "caso Austin" poderá ser apenas a ponta pública de um "iceberg" de proporçoes que só podemos imaginar, não é? E até pode ser que o Tio Bernie ande a perder o seu "toque de midas", devido ao sua excessiva obsessão com este negócio...

As dúvidas de Malcom Wilson

Nos últimos tempos, tenho falado da existência de dúvidas vindas da sede da Ford em relação à continuidade do seu programa de ralis, ativa desde meados da década de 90. Malcom Wilson, ex-piloto de ralis e atual diretor da M-Sport, contou hoje que, mais do que confirmar a presença de Sebastien Ogier na marca da oval, ao lado de Jari-Matti Latvala, ele quer ver se a marca continuará presentes nas classificativas um pouco por todo o mundo em 2012:

"Nesta altura não sabemos o que vai acontecer para 2012, pois as negociações com a Ford ainda não estão concluídas, mas esperamos encontrar uma solução e continuar no WRC. A nossa prioridade é manter Ford no WRC. Há muitos aspetos nas negociações com a Ford, pois é conveniente lembrar que a M-Sport não são só os WRC oficiais pois construímos os WRC privados, os S2000, os Fiesta R2 da FIA Academy, agora vão surgir os R1 e R4. Portanto, é uma panóplia grande, mas no fundo esperamos continuar a construir Ford que ganham ralis.", referiu aos microfones da IRally.

Quanto à questão do piloto em si, apesar de todos falarem que haverá uma troca entre Citroen e Ford, pois Mikko Hirvonen irá na próxima temporada para a marca da "double chevron", Malcom Wilson deitou mais um dado para cima da mesa nesse aspecto: "Não é segredo para ninguém que não estamos em posição de assinar contratos com novos pilotos. Logicamente o Jari-Matti (Latvala) tem contrato, e caso continuemos ele fica na equipa. Quanto ao outro piloto, depende da estratégia da Ford, pois eles podem querer optar por um piloto mais jovem. Sinceramente, não sei. A minha prioridade é manter a Ford no WRC.", insistiu.

Caso o improvável aconteça, várias hipóteses estão em cima da mesa. O norueguês Mads Ostberg ou o estónio Ott Tanak são os favoritos, enquanto que o russo Evgueny Novikov é uma hipótese mais remota. Mas toda a gente aposta que a dupla de 2012, caso a casa-mãe confirmar a sua continuidade, será constituida de Sebastien Ogier e Jari-Matti Latvala.

Na entrevista, Malcom Wilson aproveitou também para elogiar Mikko Hirvonen e contar o que aconteceu após o fim do Rali de Gales:

"Foi um momento muito difícil quando ele desistiu no Rali da Grã-Bretanha. Obviamente, já sabia do que se estava a passar, e tudo terminava ali. Foi difícil porque tivemos juntos muito tempo, e ele foi um importante 'ingrediente' nas vitórias da Ford nos campeonatos de Marcas de 2006 e 2007. Em duas ocasiões, lutámos pelo título de pilotos, mas a vitória não aconteceu. Confesso que há uma ligação especial entre nós, e estou confiante que ele vai ter saudades nossas, certamente nós teremos saudades dele. Vai ser estranho vê-lo com o fato da Citroen! Desejo-lhe o melhor. Foram cinco anos felizes, só espero que não seja bem sucedido demais pois quase que o vejo como o meu segundo filho.", concluiu.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Youtube Top Gear: As aventuras dos três na India



O Top Gear irá voltar em breve na BBC, e começará, como acontece todos os anos, com um especial de Natal. No ano passado, caso se lembram, foi uma viagem ao Médio Oriente em três descapotáveis, com passagens pelo Iraque, Turquia, Síria, Jordânia e Israel. E foi bem a tempo, por causa dos eventos que estão a acaontecer agora...

Este ano, foram à India, onde irão fazer tarefas em três carros fabricados antigo colonizador. Jeremy Clarkson, como sempre, quer potência, e foi com um Jaguar, James May decidiu-se por um Rolls-Royce, enfeitado com os costumes locais - provavelmente para dar sorte - e Richard Hammond, o mais pequeno de todos, foi num carro adequado à tarefa: um Mini. O que vão fazer por lá, desconhecemos, mas neste video os vemos a transportar algumas coisas interessantes, como instrumentos musicais.

Veremos depois o resultado final, lá para o final do ano. E claro, a nova série, do qual já vos mostrei um "clip" na semana passada...

A recuperação de Robert Kubica e a hipótese Ferrari

Quando se começaram a ouvir noticias de que a recuperação de Robert Kubica iria demorar mais do que o esperado e que a sua participação num teste no final deste ano estava descartada devido a uma operação que vai fazer no pulso, que está incluído no seu processo de recuperação, muitos decidiram "colocar o caixão à porta", dizendo a plenos pulmões que a sua carreira na Formula 1 está acabada. Contudo, existem muitas indicações que que o anuncio da sua morte pode ser exagerado.

Primeiro que tudo, parece que a sua vontade de regressar à Renault se esfriou. As batalhas dentro da equipa, mais as preferências de Gerard Lopez por pilotos pagantes, e não contando com as convulsões dentro da Lotus, a patrocinadora - e em breve proprietária da equipa - fizeram com que ele pensasse que talvez não fosse má ideia esperar mais um pouco para uma melhor oportunidade e fazer uma recuperação mais calma.

Mas um dos que acredita na capacidade do piloto polaco é Eric Boullier, que disse à BBC em Abu Dhabi que ainda está à espera de que Kubica se ponha em forma. "Não estou a guardar-lhe o lugar, mas estamos à espera de noticias dele em relação à sua condição física. Estamos a trabalhar em diferentes cenários e estamos muito perto de tomar decisões nese campo. Queremos saber até que ponto podemos contar com ele", referiu.

Contudo, Kubica poderá até ter decidido esperar mais um bocado em relação ao seu regresso. Isto porque em 2013 está tudo em aberto nas equipas da frente, entre os quais a Ferrari. Isto porque a Scuderia tinha uma espécie de acordo com o piloto polaco, assinado no inicio de 2010, e que deixou cair a meio deste ano, quando soube do acidente.

Mas a Scuderia de Maranello nunca deixou de estar atento nas prestações do piloto e aparentemente já sinalizou que poderá conceder-lhe um teste a meio do próximo ano, em Mugello, com um modelo mais antigo, para saber da sua condição física. E como nesta altura já deverá estar mais em forma, é bem capaz de estar pronto a correr num desses carros, caso tenha a resistência necessária para tal. É que os médicos que o acompanham afirmam que a cada dia que passa, ficam surpreendidos com a sua capacidade de recuperação...

Veremos. Que daria gosto em ver o Kubica dentro de um carro, daria. E voltar em termos competitivos, ainda mais.

A apresentação de Mikko Hirvonen na Citroen

Foi interessante a conferência de imprensa da Citroen Racing, esta tarde em Paris. Para além de comemorarem os títulos de Pilotos e Construtores, com o modelo DS3 WRC, a ocasião serviu para anunciar que o finlandês Mikko Hirvonen, que foi o maior rival de Sebastien Löeb nos últimos anos, correrão juntos na temporada de 2012, em substituição de Sebastien Ogier, que tudo indica está a caminho da Ford.

Ver Sébastien Ogier e Julien Ingrassia partir resulta num forte golpe emocional para toda a equipa, mas estamos muito felizes por receber o Mikko Hirvonen e o Jarmo Lehtinen. Eles foram os nossos adversários mais difíceis ao longo dos últimos anos e estamos muito ansiosos para começar esta nossa colaboração. O Mikko é um piloto talentoso e sua consistência será uma grande ajuda na nossa luta para manter o título de construtores.”, afirmou o diretor da Citroen Sport, Olivier Quesnel.

O diretor Geral da Automobiles Citroën, Frédéric Banzet, afinou pelo mesmo diapasão: “Gostaria de aproveitar esta ocasião para reforçar os meus parabéns a toda a equipa Citroën Racing pelos seus títulos, bem como Sébastien Loeb e Daniel Elena pelo seu oitavo título consecutivo. Gostaria de agradecer a Sébastien Ogier e Julien Ingrassia pelo seu envolvimento com a marca ao longo dos últimos quatro anos mas hoje recebo o Mikko Hirvonen e Jarmo Lehtinen que se juntam a nós para dar continuidade à aventura desportiva da Citroën Racing, e reforço a nossa determinação para alcançar mais vitórias, começando já com o Rali de Monte Carlo 2012″, referiu.

Com a apresentação da equipa, fica-se a entender que Sebastien Ogier será quase de certeza piloto da Ford em 2012, ao loado de Jari-Matti Latvala. Diz-se "quase" não tanto porque falta a copnfirmação oficial, mas também falta a confirmação da própria Ford de que irá continuar a correr de forma oficial em 2012, algo que também ainda não foi confirmado. E é essa indefinição, ailadas às dificuldades da Mini em garantir uma época completa em 2012 que faz com que o WRC, algo inesperadamente, se vêm em dificuldades...

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Youtube Rally Crash: o estranho acidente de Sebastien Löeb



O acidente aconteceu no domingo de amanhã, mas só agora é que vejo as imagens da coliusão com um carro numa ligação entre classificativas. Os estragos aparentemente não foram fortes, mas tal como no caso de Mikko Hirvonen, o radiador ficou afectado e teve de abandonar logo ali. Mas o francês não se importou porque... já era campeão do mundo. Pela oitava vez.

"Ele teve um reflexo instintivo, como costuma suceder aos europeus quando guiam na Grã-Bretanha. É fácil de guiar em Inglaterra, pois mentalizamo-nos que o temos de fazer pela esquerda, mas em situações de perigo, reages como o farias no teu país.", concluiu.

Mas hoje conheceram-se alguns detalhes interessantes. O condutor do carro, Felix Vidal Zabala, era espanhol, ciclista profissional e é um dos melhores amigos de, imaginem... Dani Sordo. "Quando o Daniel Elena [navegador de Löeb] me disse que era ele, eu nem queria acreditar. A Citroën não o culpa de nada, são acidentes que acontecem, e na verdade, até o convidaram para a festa", referiu Sordo.

São coisas que acontecem, de fato. Ainda bem que Hirvonen já estava de fora, caso contrário...

Mais nuvens negras sobre Austin

Há cerca de duas semanas falei de uma matéria na Autosport portuguesa onde se falava que as autoridades locais estavam a colocar muitos obstáculos financeiros para que a construção do Circuito das Américas, em Austin, não estivesse completo à altura prevista e não acontecer o Grande Prémio dos Estados Unidos. Pois bem, ontem à noite, enquanto passeava pelo Twitter, dei de caras com uma matéria no Formula 1 blog, onde se fala nos conflitos entre a entidade que está a construir o circuito, e a entidade que detêm os direitos para albergar ali o Grande Prémio dos Estados Unidos, em novembro do ano que vêm.

Algo que o próprio Bernie Ecclestone sumariza da seguinte forma: "Existem duas partes. Uma está a construir o circuito, e outra que detêm os direitos. E ambas esqueceram de combinar em falar uma com a outra." E tudo tem a ver com uma luta de poder, sobre quem é que manda no circuito de Austin, um conflito entre Tavo Hellmund, o homem da Full Throttle Productions, e que tem os direitos para organizar o GP americano, e a COTA, que está a construir o Circuito das Américas. E fala-se que, caso Hellmund saia de cena, a construção do circuito de Austin pode não servir de nada, pois Ecclestone automaticamente cancelará para 2012 o Grande Prémio dos Estados Unidos.

Hellmund afirmou no final da semana passada o seguinte: "O sr. Ecclestone tem sido incrivelmente paciente com os problemas que tem acontecido aqui em Austin. A Ful Throttle Productions tem estado incansavelmente a trabalhar no sentido de trazer a Formula 1 para Austin. E agora da responsabilidade do Circuito das Américas para fazer com que este projeto aconteça antes que a paciência do sr. Ecclestone se esgote". Ele pode ter Ecclestone a seu lado, pois trabalhou para ele na Brabham no final dos anos 80, e foi o seu pai que negociou o regresso do México à Formula 1 há 25 anos, logo, em muitos aspectos, pode estar em alta junto do "anãozinho tenebroso".

Steve Sexton, o presidente do Circuito das Américas (COTA) respondeu: "Os nossos fundos estão mais do que assegurados e a construção está dentro dos prazos, logo, não entendemos os comentários do senhor Ecclestone. Ele expressou um grande interesse na corrida de Austin e em expandir a Formula 1 para os Estados Unidos. Não existe qualquer dúvida em que, se quuiser que o GP dos Estados Unidos aconteça em 2012, ele irá ter isso.

Um projeto desta magnitude tem os seus desafios - e nós tivemos os nossos - mas a cidade, os nossos diretores, empregados e trabalhadores, bem como os nossos apoiantes dentro da comunidade estão a fazer tudo para que tudo fique pronto a tempo", concluiu.

Em suma, é um problema de dinheiro e poder, como afirmam os "insiders" que conhecem melhor o problema. Contudo, caso isto se arraste por mais algumas semanas ou meses, Ecclestone poderá perder a paciência e pura e simplesmente esprar por mais um ano para ver a Formula 1 a rolar nas Terras do Tio Sam. E com Manhattan como pano de fundo...

P.S: Como se fosse uma curiosa coincidência, soube-se hoje que as obras do Circuito das Américas vão parar, e os construtores sõ irão retomar "quando for assinado um contrato que assegure a realização do Grande Prémio dos Estados Unidos", segundo diz num comunicado oficial. Parece que esta briga passou para um outro nível, e se nenhum dos lados ceder, acho que a Formula 1 regressará aos estados Unidos via Nova Jersia...

A capa do Autosport desta semana

A capa do Autosport desta semana tem muito para mostrar. Tem a Formula 1 e a GP2, no Abu Dhabi, e tem os ralis, no País de Gales. E é isso que é destaque na sua capa, com o carro de Sebastien Löeb em "slide", quase que a comemorar mais um título mundial, o oitavo. "Löeb é melhor que Rossi e Schumacher" é o título da capa da revista.

Com um "Acidente em Gales não impede 8º título mundial", debaixo do título, reforça os feito do piloto da Alsácia de forma um pouco redundante ("Piloto da Citroen com mais títulos mundiais que Rossi e Schumacher") e sobre os eventos no País de Gales ("Latvala vence depois de desistência de Hirvonen e Löeb"). Acima, ainda há referências ao rali, quando se fala de um dos seus participantes, Armindo Araujo ("Armindo Araujo termina no 'top ten' inglês")

As refreências nacionais não terminam aí. Fala-se também de Carlos Sousa e os testes para o Dakar ("Carlos Sousa testa protótipo chinês") e os feitos de Antonio Felix da Costa no fima de semana de Abu Dhabi, pela GP2 ("Felix da Costa brilha na estreia e ruma a Macau")

E claro, a referência à Formula 1: "Vettel desiste e Hamilton vence em Abu Dhabi".

Mouton no Brasil ou a possibilidade do regresso ao WRC

Leio via Flávio Gomes que Michele Mouton estará amanhã em São Paulo para saber da possiblidade do Brasil acolher uma etapa do Mundial WRC a partir de 2013, trinta anos depois da última vez que este no calendário. Segundo o site brasileiro Grande Prémio, a ideia era de fazer um rali entre Rio de Janeiro e São Paulo, com uma passsagem por Campos do Jordão, o sitio onde o rali teve a sua base nas edições de 1981 e 82.

Mouton, ex-piloto de ralis e atual diretora da FIA para o WRC, está desde há algum tempo tentando modificar a estrutura dos ralis, no sentido de regressar a um passado em que este tipo de provas era mais de resistência do que as atuais provas de velocidade, concentradas numa área pequena, oncluidas no tempo de Max Mosley. E está a haver alguns resultados: em 2012, o Rally de Monte Carlo irá regressar ao calendário, após alguns anos de ausência.

Contudo, apesar do crescente interesse dos pilotos brasileiros no WRC - primeiro com Daniel Oliveira e depois com Paulo Nobre - vai ser complicado encaixar o Rali do Brasil no WRC. Para além do país não ter tradição neste desporto, e as edições terem sido um fracasso devido a questões politicas entre o então presidente da confederação de São Paulo e o seu organizador, Francisco Santos - sim, o homem que fazia os anuários de Formula 1. O que se garante que as coisas se modificaram em trinta anos?

Outra coisa que se tem a ver em conta: o Mundial tem treze provas, e candidatos não faltam, numa competição eurocêntrica. Monte Carlo, Suécia, Portugal, Catalunha, Alsácia, Sardenha, Alemanha, Finlândia, Acrópole e Gales são dez dos treze ralis que compõem o calendário de 2012, mais de três quartos do mundial. Os restantes são Nova Zelândia, Argentina e México. A entrada do Brasil seria muito provavelmente num contexto de rotação, algo que Austrália e Nova Zelândia fazem, e não sei se seria algo rentável ter Sebastien Löeb, Mikko Hirvonen, Sebastien Ogier, Jari-Matti Latvala ou Dani Sordo uma vez a cada dois anos. Para não falar das "aves raras" Ken Block e Kimi Raikkonen - caso eentretanto não volte às formulas.

Em suma: espera-se que a visita valha a pena. Mas "enfiar" o Brasil no WRC tem os seus riscos. E os eventos do passado não ajudam.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Dissecando o calendário do novo Mundial de Resistência

No final de semana em que foi divulgado o calendário do novo Mundial de Endurance, bem como o seu respectivo logotipo, vinte anos depois da realização do último Mundial pela FIA. De uma certa maneira, este regresso - combinado com a FIA e o Automobile Club de L'Ouest (ACO) representa a nova politica que Jean Todt, ex-Ferrari e que levou a Peugeot a duas vitórias em La Sarthe com o modelo 905, em 1992 e 93, quer instalar na FIA, após o longo consulado do britânico Max Mosley.

Nos últimos dois anos tem-se vindo a verificar a lenta adesão dos construtores à Endurance, principalmente por causa das nova tecnologias, como a eletricidade ou a tecnologia híbrida, tão importante para os carros do dia-a-dia. Se a Audi e a Peugeot estão na Endurance por causa dos motores a Diesel, agora com o regresso da Toyota em 2012, e a tecnologia híbrida que querem explorar, muito provavelmente isso poderá significar a médio prazo evoluções significativas nessa tecnologia. E claro, quem fala dos híbridos, fala dos eletricos. Mas isso é outra conversa.

O que quero falar é o calendário de 2012 desta nova WEC, a sigla inglesa para World Endurance Series. É um verdadeiro Mundial, com paragens em quatro dos cinco continentes, e tem quatro clássicas incluidas: as 12 Horas de Sebring, as Seis Horas de Spa-Francochamps, as 24 horas de Le Mans e as Seis Horas de Siverstone, embora alguns incluam aí as Seis horas de Mont Fuji, devido à sua participação durante o tempo do Mundial de Sport-Protótipos, nos anos 80.

Contudo, o Mundial tem também outras provas no calendário, algumas de caráter duvidoso, digamos assim. A prova na China ainda não se sabe qual é, por exemplo. A ACO quer sair de Zuhai para correr em Xangai em 2012, mas não se sabe se tal vai acontecer a tempo. Não se discute a opção chinesa - toda a gente quer uma fatia daquele mercado - mas não se sabe ainda se a intenção de transferir a prova para aquele "tilkódromno" será bem sucedida. Basta dizer que no caso da Formula 1, o governo local oferece muitas das vezes os bilhetes para fazer encher as bancadas...

A segunda dúvida tem a ver com o Brasil. O fato do Autódromo de Interlagos ir albergar pode ser um incentivo para ressuscitar as Mil Milhas, um clássico da Endurance brasileira, mas as dúvidas que se colocam no calendário tem a ver com as obras que o veterano Autodromo irá passar na zona da curva do Café após dois acidentes fatais nos últimos três anos. Caso a FIA aprove as obras a tempo da sua realização, a 16 de setembro, teremos corrida. E veremos se as equipas atravessarão o Atlântico para brindarem os locais. Pelos vistos, sim, porque a Audi já confirmou que estará presente em todas as provas de Seis Horas.

Mas a mais polémica decisão tem a ver com o Bahrein. O sempre chato tilkódromo de Shakir fará parte do calendário a 20 de outubro, entalado entre Mont Fuji e o circuito chinês, e muitos já reclamam com tal decisão, pois como se sabe, a agitação social na pequena ilha do Golfo Pérsico no inicio deste ano - fazendo parte da Primavera Árabe - transformou o país num pária na comunidade internacional e desportiva. O GP do Bahrein de 2011 foi cancelado e apesar dos esforços de Bernie Ecclestone para o recolocar no calendário em 2012, as equipas estão a fazer "finca-pé" e estão contra o seu regresso.

E se para uns, a inclusão do circuito de Shakir no calendário do WEC pode ser encarado como um "prémio de consolação" e para aplacar a "furia" da familia real barenita e de Bernie Ecclestone, muitos também já reclamam do fato de a FIA já começar mal esta cooperação com o ACO. Enfim, esta polémica vai ficar para durar.

Entretanto, amanhã será também apresentado o calendário da Le Mans Series, que no ano que vêm será encarado como a versão europeia da Endurance, da mesma forma que funciona atualmente a American Le Mans Series. Em principio terá cinco provas de mil quilómetros cada uma - ou seis horas - e há rumores fortes de que terá uma prova portuguesa, em Portimão - como fecho da temporada, em novembro - a acompanhar provas em Paul Ricard, Brno, Donington Park e Zolder. A ver vamos.

Noticias: Acidente em Rali belga mata dois espectadores

Infelizmente, este foi um mau fim de semana no automobilismo. Enquanto que na Argentina, um piloto perdia a vida após um acidente multiplo numa prova de Turismo Carrera, no circuito Juan Manuel Fangio, em Balcarce, no dia anterior, na Belgica, dois espectadores morriam quando assistiam o rali Condroz, um dos mais populares naquele país.

O acidente aconteceu quando um carro, um Subaru Impreza guiado pelo holandês Erik Moreé, bateu no parapeito de uma ponte, arremessando pedras para uma zona de espetadores, atingindo cinco pessoas. Uma mulher de 25 anos e um homem de cinquenta acabaram por morrer, enquanto que uma terceira pessoa, que foi atingida na cabeça, foi internada no Hospital de Liége, em estado grave.

O rali foi interrompido de imediato.

domingo, 13 de novembro de 2011

Noticias: Acidente na Argentina mata piloto



Acabo de saber agora. Um acidente na principal categoria de Turismos na Argentina resultou na morte de um piloto local, Guido Falaschi, que tinha apenas 22 anos de idade. O acidente aconteceu no Autódromo Juan Manuel Fangio, em Balcarce, a terra natal de "El Chueco", que tem fama de ser uma pista desafiadora naquele país.

E as imagens são fortes, muito fortes. Falaschi é o piloto do carro verde que perde o controlo e bate forte nos pneus. O impacto faz com que volte para a pista e leva mais duas batidas de carros, o segundo muito forte. Isto demonstra que apesar de toda a segurança existente nos nossos dias e do pulo que se deu desde há vinte ou trina anos a esta parte, o automobilismo continua a ser um desporto perigoso. E a possibilidade dos pilotos pagarem o preço mais alto continua a ser real.

E um mês depois de Dan Wheldon, em Las Vegas, três semanas depois de Marco Simoncelli, em Sepang, temos novo acidente fatal. E é sempre triste quando tal acontece, porque é um desporto que amamos.

WRC 2011 - Rali de Gales (Final)

Acabou esta tarde o Mundial de ralis, e se já se sabia que Sebastien Löeb que iria ser campeão do mundo pela oitava vez consecutiva, queria-se saber se Löeb iria reagir esta manhã para apanhar Jari-Matti Latvala. Afinal de contas... não. Um acidente numa ligação, quando o piloto francês bateu de frente com o carro de um espectador - é o que dá não guiar pela esquerda... - o obrigou a abandonar e impediu o piloto francês a lutar pela vitória neste rali.

Assim sendo, Latvala passeou a sua classe no último dia do Rali de Gales, limitando-se a levar o seu carro até ao fim, como todos fizeram nessa altura, para conseguir a sua primeira vitíoria na temporada de 2011. A acompanhá-lo no pódio, dois noruegueses: Mads Ostberg e Henning Solberg. Se no caso de Ostberg, parece que conseguiu resolver os seus problemas de motor, já no caso de Solberg, conseguiu resistir aos ataques de Chris Meeke, que no seu Mini JCW WRC, conseguiu desta vez levar o seu carro ao fim, ao contrário de Dani Sordo, desta vez. Meeke até poderia ter acabado o rali no terceiro lugar, se não fosse um pião na última especial do dia...

Outro que aproveitou bem as classificativas caseiras foi Matthew Wilson, que conseguiu levar o seu carro até ao fim na quinta posição, na frente do estónio Ott Tanak, que na sua primeira experiência com um carro de WRC, e com os novos pneus DMack, fez um excelente rali e conseguiu a melhor classificação do ano. Isso demonstra o grande potencial que este piloto têm, pois é orientado por Markko Martin e tem apenas 24 anos.

O russo Evgueny Novikov, que neste rali correu com o terceiro carro oficial, acabou na sétima posição, com um desempenho que muitos acharam que esteve aquém das expectativas. Dennis Kuipers e Ken Block, ambos em Ford, ficaram logo atrás, na oitava e nona posições, antes de Armindo Araujo, que conseguiu levar o seu carro no fim nos pontos.

"Foi uma das provas mais difíceis e traiçoeiras que disputamos nos últimos anos. Sentimos, desde início, que o MINI não tinha as condições de afinação ideais para imprimir um ritmo agressivo e optamos por aplicar uma tática moderada para tirar partido da nossa maturidade neste tipo de situações. Esta prova fez muitas baixas no pelotão mas nós não cometemos qualquer erro e conseguimos sair ilesos de todas as armadilhas. Fomos recompensados pelo trabalho que efetuamos", afirmou o piloto de Santo Tirso, que acaba o campeonato com cinco pontos e o 23ª lugar da geral.

E assim termina o campeonato do mundo de 2011. Em 2012, com mais pilotos e mais carros de WRC, bem como o regresso do Rali de Monte Carlo, no final de janeiro, provavelmente teremos um campeonato emocionante.

Formula 1 2011 - Ronda 18, Abu Dhabi (Corrida)

Independentemente do resultado final ou do campeonato, a corrida de Abu Dhabi será marcada por algo inédito nesta época: Sebastian Vettel abandonou. Um furo lento logo na segunda curva, que fez com que entrasse em pião, impediu-o de conseguir chegar perto do recorde de vitórias de Michael Schumacher numa só época. Com isso quem beneficiou foi Lewis Hamilton, que liderou a corrida sem qualquer oposição até à bandeira da meta, vencendo pela terceira vez esta temporada, e provavelmente lhe deu uma grande injeção de moral, depois dos tempos dificeis que passava.

Mas comecemos pela partida. Apesar da pole-position do dia anterior, conseguindo "in extremis", Sebastian Vettel tinha a oposição de uns McLaren em grande forma ao longo do final de semana, e que prometiam dificultar a vida do bicampeão do mundo. Afinal de contas, não precisaram de se esforçar muito. Na partida, Vettel foi para a frente, mas a liderança durou... duas curvas. O pneu treseiro direito furou lentamente e entrou em pião, tentando regressar às boxes para substituir o pneu danificado. Contudo, quando chegou, os estragos eram demasiados e o alemão acabaria por desistir pela primeira vez nesta temporada.

Depois disso, foi uma corrida aborrecida, como sempre se teme quando a corrida acontece neste tilkódromo. Lewis Hamilton nunca foi incomodado ao longo da prova, e a ação ocorria nos lugares mais atrás. Não tanto no caso do segundo lugar, que cedo caiu nas mãos de Fernando Alonso, mas no caso do terceiro lugar, onde Jenson Button andou à luta por essa posição com o australiano Mark Webber, no Red Bull sobrevivente, e o Ferrari de Felipe Massa. Havia uma razão para Button andar na luta contra aqueles dois, porque teve problemas com o seu KERS, mas mesmo assim, isso não impediu de lutar - e conseguir - o terceiro lugar. Isto porque Webber apostou numa tática de três paragens, contra as duas de Button e de Massa.

Mas na frente, as coisas estavam imutáveis, por muito que Alonso se esforçasse, e após 55 voltas onde vimos o sol a pôr-se e a noite a surgir, Lewis Hamilton caminhou para a meta no sentido de comemorar a sua terceira vitória do ano - ainda por cima no dia de anos da sua mãe - e o seu dominio foi tal que provavelmente deverá ter afastado qualquer fantasma que tivesse na sua cabeça.

Fernando Alonso ficou com o segundo lugar, também numa corrida em que, apesar de ter dado o seu máximo, não conseguiu apanhar um Lewis Hamilton hoje mais do que perfeito. Jenson Button herdou o terceiro lugar, depois de Mark Webber ter feito o seu máximo para o ultrapassar, mas que uma paragem na última volta o ter impedido de ficar com o terceiro posto. E não perdeu o quarto lugar, porque Felipe Massa fez um pião na parte final da corrida, permanecendo na quinta posição.

Nos restantes lugares pontuáveis ficaram os Mercedes de Nico Rosberg e Michael Schumacher - com os dois a estarem separados por mais de vinte segundos - os Force India de Adrian Sutil e Paul di Resta, que conseguiram pontos mais do que suficientes para praticamente garantir o sexto lugar no Mundial de Cosntrutores, e o ponto final caiu nas mãos do sauber de Kamui Kobayashi, que depois de sete corridas, voltou a pontuar no campeonato.

E com as comemorações no pódio, num "champanhe" não alcoólico - é o que dá correr no Golfo Pérsico - acabou a penultima corrida da temporada de 2011, do qual ninguém tem saudades. Daqui a quinze dias vai ser o final da festa em Interlagos, que muitos devem estar a encarar com alívio...