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sexta-feira, 1 de maio de 2020

A imagem do dia

Coloquei há uns dias um video sobre aquela que é provavelmente a pior corrida da história da Formula 1, o GP dos Estados Unidos de 2005, onde seis carros alinharam numa prova onde os pneus Michelin deram parte de fraco nesse fim de semana e decidiram não largar, perante a surpresa - e depois a indignação - de dezenas de milhares de espectadores que estavam na pista de Indianápolis.

Ora, não sabia que por esta altura, a Racer tinha publicado uma entrevista que tinham feito ao Tiago Monteiro, então piloto da Jordan e ali conseguiu o seu único pódio na Formula 1, o último da história da equipa irlandesa. E ele contou por aqui o que foi essa corrida. O pessoal da Formula 1 PT traduziu-o para português, e eu coloco aqui algumas das partes mais interessantes de uma história que só em junho se comemorará 15 anos desses eventos, mas merece ser antecipado. 

Estávamos com muitas dificuldades ao longo do ano”, recordou Monteiro. “E também tivemos os nossos problemas com os pneus noutras pistas. Tivemos problemas com os Bridgestones em Monza e mal conseguimos terminar a corrida.”

Nós próprios passamos por muitos problemas e tentamos sempre terminar e dar espetáculo. Não podíamos aceitar que o facto de a Michelin ter chegado a Indianápolis com um pneu perigoso fizesse com que a competição parasse. Isso não era aceitável para nós.

Quando fomos para a grelha, e mesmo durante a pré-grelha, tudo parecia normal, por isso ninguém sabia ao certo o que eles iam fazer”, afirmou. “O Colin Kolles [diretor de equipa] estava a dizer-nos que não acreditava que eles fizessem uma corrida normal: poderiam parar mais vezes do que o habitual, passar pela via das boxes, diminuir a velocidade naquela curva… Mas alguma coisa iria acontecer, por isso havia uma real possibilidade de pontos.

Não tínhamos pensado nisso, porque não fazíamos ideia de que eles iriam parar. Eles nunca nos disseram. Houve talvez 30 reuniões naquele fim de semana e surgiram muitas propostas que as equipas da Bridgestone não aceitaram, por isso eles decidiram parar de comunicar connosco.

Quando eles chegaram todos à grelha, tínhamos a certeza de que todos iriam pelo menos começar e depois fazer algo durante a corrida. O Colin disse-nos: ‘Há pontos disponíveis este fim de semana, por isso não estraguem tudo – precisamos dos pontos e do dinheiro’.

É claro que isso trouxe muita pressão. Fizemos a volta de aquecimento com eles, mas assim que os carros começaram a entrar nas boxes, ouvi o meu engenheiro pelo rádio: ‘Este carro está a entrar nas boxes. Este também. Este também. Estão todos a entrar! Mantém-te na tua posição! Não entres nas boxes! Não te movas na grelha!

E foi isso que fizemos. Os Ferraris estavam perto da frente e nós deixamos o espaço e partimos de trás. Até então, não tinha percebido que havia uma possibilidade de pódio.

domingo, 7 de julho de 2019

A(s) image(ns) do dia



Ver estas imagens de Tiago Monteiro em Vila Real, na tarde deste domingo, tem um sabor de vingança. Especialmente para aqueles que depois do seu acidente em Barcelona, há quase dois anos, que apressaram a fazer a sua sepultura, dando-o como "acabado". De facto, foi difícil, mas ele não baixou os braços, e apesar de uma má temporada, este domingo, em "casa", o piloto português conseguiu a sua primeira vitória desde o seu regresso. 

Quem assistiu a esta corrida, reparou num piloto que controlou os avanços de Yvan Muller e Yann Erlacher - são curiosamente tio e sobrinho - os pilotos da Lynk, e depois distanciou-se deles, para poder ganhar de forma confortável. E foi o que aconteceu, depois de um décimo posto na corrida anterior. E quando cruzou a meta, certamente deve ter pensado no longo caminho que teve de cruzar, nas diversas vezes que teve dúvida se algum dia iria voltar a um carro de corridas, especialmente quando os médios lhe diziam que não poderia correr nunca mais, ou se tivesse outra colisão, poderia ter sequelas irreversíveis. E quando ele bateu, chegou a ter deslocação da retina devido ao choque. E felizmente, tudo voltou ao seu lugar.

Aqui está ele, como vencedor, algo que muitos julgavam que a sua carreira tinha acabado. Pois...

domingo, 7 de abril de 2019

WTCR - Ronda 1, Marrocos (Corridas 2 e 3)

Depois de ontem o argentino Esteban Guerrieri ter vencido ontem em Marrakesh, hoje, Gabriele Tarquini e Thed Bjork foram os vencedores das corridas de hoje na pista marroquina. Na primeira corrida, os Hyundai dominaram, e poderiam ter ficado com uma dobradinha se não fossem os problemas de travões de Nicky Catsburg. Na segunda, a mesma coisa iria acontecer aos Lynk, mas os problemas de motor de Yvan Muller impediram isso.

Quanto a Tiago Monteiro, foi oitavo na primeira corrida e não acabou a segunda, depois de uma colisão com o carro de Yann Erlacher.  

Com temperatura amena na pista marroquina, os pilotos tinham de ser cautelosos na segunda corrida pois, em caso de acidente, é provável que não teriam carro para a terceira prova, que iria acontecer menos de uma hora mais tarde.

Na primeira corrida, que tinha o Hyundai de Nicky Catsburg como poleman, a partida foi calma, com toques, mas sem alterações de monta, pois todos andavam cautelosos. Atrás, Tiago Monteiro caia dois lugares, para nono, e era pressionado por Frederic Vervisch. Na frente, os Hyundais de Catsburg e Tarquini começavam a escapar da concorrência, liderada pelo Lynk de Yann Erlacher. Tudo isto acontecia enquanto o local Mehdi Bennani desistia pela segunda vez esta semana.

As coisas andavam assim até à décima volta, quando Catsburg falhou a travagem e bateu no muro de proteção, dando a liderança a Tarquini e a entrada do Safety Car. A corrida retomou cinco voltas dpeois, com Tarquini a "fugir" do resto do pelotão, agora liderado por Jean-Karl Vernay, abrindo uma vantagem apreciável. Atrás, Tiago Monteiro era pressionado por Frederic Vervisch pelo oitavo posto, e ambos tinham na frente outro veterano, o Lynk de Yvan Muller. 

Contudo, no final, as posições não se alteraram e o veterano italiano foi o vencedor da primeira corrida da tarde, com Vernay e Erlacher nos restantes lugares do pódio. Monteiro ainda atacou Muller, mas nenhum dos três conseguiu ultrapassar ou ser ultrapassado, portanto, o piloto do Honda foi oitavo, entre o Lynk do francês e o Cupra do belga.

Poucos minutos depois, o pelotão estava de volta à pista para a segunda corrida da tarde. Com Vervisch e Muller na primeira fila e Tiago Monteiro na segunda, a corrida também prometia ser emocionante, porque seria mais longa - teria 21 voltas. Catsburg, devido aos danos que tinha sofrido, não iria largar nesta corrida.

Na partida, os Lynk foram mais velozes, com Muller a ser melhor que Bjork, enquanto Monteiro estava a perder posições. Mais tarde, na mesma volta, e a tentar aguentar a posição de Guerrieri, ele toca no carro de Erlacher e no impacto, ele bate a fica danificado. O Safety Car é acionado, e a corrida de ambos os pilotos terminava por ali.

A corrida voltou na volta seis, com Muller a afastar-se de Bjork, que servia de tampão ao resto do pelotão. Vervisch atacava o segundo posto do carro azul, mas as tentativas não corriam bem, Parecia que o veterano francês iria ter uma corrida tranquila, mas na volta 14, Muller tinha problemas a perdia a liderança para Bjork. Metros depois, descobriu-se que tinha um problema mecânico e acabaria por abandonar. Quase ao mesmo tempo, Augusto Farfus também andava lentamente na pista devido a problemas de caixa. 

Na frente, agora Bjork aguentava os ataques de Vervisch e Azcona, com sucesso. As coisas não mexeram até que na volta 21, os travões do Audi de Vernay falharam e ele bateu nas barreiras de proteção. Com isso, Tarquini subia para o quinto lugar, mas o lugar onde estava o piloto francês era o suficiente para o regresso à pista do Safety Car. Parecia que a corrida acabaria debaixo de bandeiras amarelas, mas não foi. Insuficiente para haver modificações, com Bjork, Vervisch e Azcona no pódio desta terceira corrida.

Com os Lynk a liderar nos Construtores, com 90 pontos, a próxima ronda do WTCR acontecerá nos dias 27 e 28 de abril, na Hungria.

sábado, 6 de abril de 2019

WTCR 2019 - Ronda 1, Marrocos (Corrida 1)

O argentino Esteban Guerrieri foi o vencedor da primeira corrida do WTCR, na pista de Marrakesh, em Marrocos. O piloto da Honda superou-se a Thed Bjork, da Lynk e de outro argentino, Nestor Girolami. Tiago Monteiro foi sexto no seu Honda, no regresso a tempo inteiro no WTCR.

Na pista urbana de uma das principais cidades do reino do Norte de África, o Mundial de Turismos regressava com um novo construtor, a Lynk, que era uma das marcas de chinesa Geeley, que tinha comprado a Volvo, e com ela, a preparadora Polestar. A Honda e a Hyundai também estavam presentes, com vontade de reforçar as suas equipas e atacar o título, bem como a Alfa Romeo, a Audi e a Cupra.

Na partida, Esteban Guerrieri aguentou o ataque dos Lynks de Thed Bjork e Andy Prilaux e manteve a liderança. Monteiro mantinha o sétimo posto no final da primeira volta, colado a Gabriele Tarquini, enquanto Mehdi Bennani e Tom Coronel iam às boxes, devido a uma colisão entre ambos, acabando por ser as primeiras desistências do ano.  

Nas voltas seguintes, as posições mantinham-se na frente, com Tarquini a subir para quinto, passando Prilaux. Os toques no meio do pelotão faziam danos nos carros, por causa da estreiteza da pista, mas o argentino estava relativamente confortável. Atrás, a direção de corrida decidira penalizar Jean-Karl Vernay em cinco segundos por causar uma colisão. O francês, que era terceiro, caiu para sétimo no final da prova.

No final, Guerrieri conseguiu aguentar os ataques do segundo classificado e ser o vencedor da primeira corrida do ano. As próximas duas provas do fim de semana marroquino acontecerão amanhã.

quarta-feira, 3 de abril de 2019

WTCR: Tiago Monteiro recuperado e pronto para a competição

Tiago Monteiro está de volta à competição. Depois de ano e meio em convalescença devido ao acidente sofrido durante uma sessão de testes em Barcelona, o piloto português está totalmente recuperado, e a bordo do Honda Civic TCR da KCMG, ao lado do húngaro Atila Tassi, vai querer competir pela vitória e respectivo campeonato. 

Depois dos últimos meses de ajudar na preparação e evolução do bólido para o arranque da temporada, em Marrocos, o piloto do carro numero 18 considera que não poderia estar em melhores condições para o que aí vêm: 

Foi um Inverno muito intenso e produtivo a todos os níveis. Apesar de não sabermos como estamos face à concorrência, acreditamos que o trabalho realizado vai dar os seus frutos. O carro está certamente melhor que o ano passado. Vamos ter uma das épocas mais competitivas e difíceis de sempre deste campeonato. Mais de 20 pilotos em condições de vencer, vai ser uma luta constante, mas é óptimo regressar nestas condições. Estar no top 10 vai ser um desafio para todos e o mínimo erro vai fazer qualquer um cair do topo para a cauda do pelotão. Será um ano atípico mas certamente dos mais interessantes para pilotos e para o público também”, começou por referir.

Em termos de objectivos pessoais, o piloto de 42 anos pensa em termos de Campeonato e não tanto no resultado desta primeira prova. 

Quero lutar pelo campeonato, esse é o meu foco principal. Foi duro o que aconteceu em 2017 e espero estar em condições de conseguir a desforra este ano. Para esta corrida especificamente é difícil fazer previsões. Não sabemos mesmo como estão os nossos adversários e em Marrocos também não será a melhor pista para avaliar, já que se trata de um citadino, mas vamos conseguir ter as primeiras indicações. E se estivermos a rodar no grupo da frente, tanto melhor. Estou muito ansioso e curioso por dar início a esta primeira prova. Acho que é um sentimento generalizado”, concluiu.

O campeonato têm dez rondas triplas. Começa em Marrakesh, nos dias 6 e 7 de abril e termina em Sepang, a 15 de dezembro.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

A imagem do dia

Demorou 415 dias. Um ano e dois meses, mais coisas, menos coisa. E muitos disseram abertamente que ele estava acabado, que a sua carreira estava terminada. Acreditem, li isso vezes sem conta nas redes sociais ao longo deste ano. 

Nunca acreditei nisso, porque apesar de saber que tinha sido grave - ficou literalmente vesgo! - as coisas poderiam voltar ao normal. Quem leu a entrevista que ele deu na Playboy portuguesa em março, sabia que ele voltaria ao carro mais cedo ou mais tarde. A única coisa que lhe impedia era saber se o cérebro e o pescoço estavam fortes suficientes para aguentar novo impacto forte, mesmo com o HANS no seu pescoço.

Pois bem, deram-lhe a "luz verde" para poder competir. E em Suzuka, a nação da Honda, ele voltou à competição, e o pelotão fez isto que se vê por aqui: uma guarda de honra, felizes por o verem de volta a um carro. E claro, calando todos os que já tinham cavado a sua sepultura e fechado o caixão. 

Não é ainda o regresso total - não vai competir em Macau - mas já é um principio para um regresso a tempo inteiro, para competir por mais uns tempos, se calhar competir até à idade que competem Yvan Muller e Gabriele Tarquini...

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

WTCC: Tiago Monteiro volta a correr

Demorou 415 dias, mas Tiago Monteiro vai voltar a correr no WTCR. Depois do seu acidente em Barcelona, em setembro de 2017, que lhe deixou fortes sequelas ao nivel cognitivo, do qual muitos sentenciaram que poderia ter sido o final da sua carreira, o piloto português vai colocar o capacete e participar na ronda japonesa da competição, que vai acontecer nos dias 27 e 28 de outubro em Suzuka, no Japão.

Para Tiago Monteiro este regresso reveste-se de muita emoção, pois para além de tudo o que viveu neste último ano, o circuito japonês foi aquele em que se estreou com a Honda em 2012. 

Não há palavras para descrever a sensação de estar de volta. Houve alturas em que tudo pareceu mais complicado, mas nunca perdi a esperança nem o foco. Ter estado ao longo de todo o ano nas provas em que devia estar a correr e não o fazer, dilacerou-me, mas também me deu ainda mais força e motivação, por isso tenho a certeza que todos os meus sentimentos vão estar à flor da pele em Suzuka”, começou por referir o piloto de 42 anos. 

Este será um regresso cauteloso e sem objetivos desportivos. Quero sobretudo divertir-me e sentir-me confortável com o meu andamento para depois poder regressar em 2019 a tempo inteiro. Tenho o privilégio de ser acompanhado pelos melhores profissionais e estou-lhes profundamente grato assim como à minha família, amigos e a todos os fãs. Foram todos fantásticos ao longo destes últimos difíceis 13 meses”, concluiu.

Contudo, este vai ser um "one-off" pois foi aconselhado pelos médicos para não participar na ronda de Macau, a última do ano.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

WTCR: Monteiro não pensa em regressar

Com Tiago Monteiro ainda a recuperar do seu acidente em Barcelona, há mais de seis meses, o piloto português ainda anda a ver a competição dos bastidores, confiando no seu inenso programa de reabilitação médica, onde ele sabe que todos os dias apresenta melhorias, mas ainda não ao ponto de poder enfrentar a exigência de uma corrida.

É um passo de cada vez e todos os dias é um novo dia. Não temos previsão de regresso mas sei que não estamos muito longe. Este fim-de-semana não vou entrar em pista mas vou lá estar e procurar ajudar a Honda com a minha experiência do passado. Nordschleife é sempre uma corrida muito carismática, diferente, exigente e perigosa. A experiência desempenha um papel importante para o sucesso. Vou fazer o meu trabalho nas boxes e também enquanto embaixador da marca”, referiu.

A terceira corrida do WTCR, no Nurburgring Nordschleife, acontecerá este sábado. 

segunda-feira, 26 de março de 2018

WTCR: Monteiro não participa em Marrocos

Afinal de contas, Tiago Monteiro não estará a cem por cento em Marrocos, a primeira prova do novo WTCR, o Mundial de carros de turismo. O piloto português da Boutsen Ginion Racing está numa recuperação a contra-relógio do seu acidente no passado mês de setembro, em Barcelona, e que o colocou de fora do campeonato do ano passado. Ele esperava estar em forma para o começo do campeonato, e ainda deu algumas voltas em Barcelona e Zandvoort, a bordo do novo Honda Civic TCR, mas no final, o seu corpo ainda não está em forma para que os médicos da FIA possam dar o seu OK.

"Sabia que esta era uma possibilidade. O corpo humano não é uma ciência exacta. Apesar de estar a recuperar a minha condição física, infelizmente o mesmo ainda não aconteceu a 100% com a capacidade ocular. Inevitavelmente isso não permite o meu regresso à competição. As evoluções têm sido notáveis, os tratamentos têm ajudado muito e a equipa médica tem feito um trabalho incrível, mas não posso correr riscos. Por mais que tenha feito tudo o que estava ao meu alcance, o corpo e a visão ainda não recuperaram totalmente. A condição humana fala mais alto. Ainda assim, tenho que agradecer à equipa fantástica e incansável que me tem acompanhado neste processo difícil", começou por referir o piloto português.

"Estou triste, claro. Queria muito que as sequelas do acidente tivessem ficado lá atrás e que pudesse começar do zero esta nova época. Não é possível para já. Vou no entanto continuar o meu percurso como até aqui na expectativa que tudo volte ao estado normal logo que possível. Até lá vou apoiar a equipa, os meus colegas e a Honda e ajudá-los com a minha experiência e conhecimento a conseguir bons resultados. Não vou estar em pista mas vou estar fora dela a dar todo o meu contributo. É importante manter o espírito de equipa e de interajuda", concluiu.

O WTCR vai ter o seu começo dentro de duas semanas, em Marrakesh, a 7 e 8 de abril.

domingo, 18 de março de 2018

A entrevista de Tiago Monteiro à Playboy portuguesa

A Playboy portuguesa deste mês tem coisas bem interessantes nas suas páginas (e não, não é isso que vocês pensam, seus pervertidos). Quero dizer que está uma entrevista bem interessante a Tiago Monteiro, onde ele fala sobre a sua carreira, e especialmente, sobre o seu acidente há quase seis meses em que andou todo "vesgo" e que colocou a sua carreira em risco.

Há coisas interessantes sobre esta "entrevista de vida", e começa logo com a sua passagem pela Formula 1. Desde ser operado por Colin Kolles (sim, ele é dentista de formação!) até ao infame GP dos Estados Unidos de 2005, onde ele conquistou o terceiro lugar, numa corrida com... seis carros.

P - Ser operado antes de uma corrida por um diretor que também era dentista foi a coisa mais esquisita que e aconteceu na Formula 1?

R - Muito provavelmente foi o mais caricato que tive na carreira, quase de certeza. Para já, teres um abcesso e uma inflamação no fim de semana não é fácil, nunca é agradável mas depois tens a coincidência de ter um dentista como patrão. É uma pessoa que não é muito agradável, é brilhante, mas não é muito simpático e tinha um aspecto assim muito agressivo e tal, por isso era a última pessoa que escolherias como dentista e a relação que tinha com ele era muito profissional, não própriamente de amizade. Não estava para aí virado, mesmo cheio de dores, e imaginar que iria ser tratado pelo Colin Kolles, estava mesmo muito preocupado. Mas olha que ele foi uma grande surpresa, o homem tinha umas mãos de fada e foi incrível, muito bom mesmo. 

(...)


P - E a corrida em que chegaste ao pódio foi a mais estranha da tua vida? [GP dos Estados Unidos de 2005, em Indianápolis]

R - Foi também algo muito caricato, inédito até hoje, toda a gente se lembra dessa corrida, aquele boicote dos concorrentes com os pneus Michelin e óbviamente foi a grande oportunidade, estavamos no sitio certo, na altura certa, mas nesses seis era preciso estar o mais à frente possivel e a luta lá atrás era feroz mesmo.

P - Então sentiste a pressão.

R - Ah sim, talvez a maior da minha carreira. Porque eu estava consciente que era uma oportunidade única. Era um fim de semana onde podia haver oportunidade de pontos, mas nunca imaginaria que seria assim, que houvesse tanta adesão ao boicote e iríamos ser só seis carros. A partir do momento em que víamos que éramos seis foi ainda pior. Um dos meus concorrentes na altura era o meu companheiro de equipa [o indiano Narain Karthikeyan], a luta era muito renhida entre nós e qualquer um poderia ter acabado em terceiro.

Felizmente naquele fim de semana estava muito forte, confiante. A equipa a meio da corrida, quando já estava com um bom avanço, deu-me indicações que estava com uns problemazitos da temperatura de caixa, etc, e que tinha de abrandar um bocadinho o ritmo que eu não queria. Não queria perder a minha concentração, manter aquele meu ritmo, estava confortável assim e não queria estar sob pressão no final da corrida. Por isso continuei a atacar ao máximo ate aos três quartos da corrida. 

Se perguntares quem fez quarto, quinto e sexto, quase já ninguém se lembra, por isso foi mesmo importantíssimo estar ali em terceiro. Se aquilo foi bom ou mau, não tenhas dúvidas que aquilo não foi fantástico para a Formula 1, mas fez parte daqueles pontos na história que eles se lembram, a bem ou a mal, tanto faz, mas o importante é que estava lá e agarrei aquela oportunidade.

A partir daqui, a entrevista fala sobre a passagem anterior pela então ChampCar, onde em 2003 foi piloto da Fittipaldi-Dingman, que surgiu depois de ele ter feito um teste com o Renault de Formula 1, no final de 2002, onde estava, entre outros, Sebastien Bourdais. E que o facto do teste e a final do programa de jovens piloto da marca do losango o fez migrar para a América e assentar boa parte do ano em Miami.

Também fala do seu filho, que já corre em karts, e depois fala do acidente que teve em setembro e que colocou a sua carreira em perigo.

P - Mas algum dos teus acidentes te fez pensar se deverias parar?

R - Sabes que, em 20 anos, o acidente que tive agora em setembro foi o primeiro onde realmente me magoei, passei perto de uma catástrofe muito maior. Estar aqui hoje a falar contigo já foi um milagre, segundo os médicos todos, e estar a andar, a mexer-me, é outro milagre, porque se não tivesse ficado lá o mais provável é ter ficado tetraplégico. Portanto, o facto de estar agora a treinar como estou a treinar, a andar como estou a andar, a falar...

Estive uma semana sem falar, estive um mês sem andar, estive bloqueado à direita, estive sem ver praticamente, durante alguns meses, ou seja, tive muita sorte na forma como as coisas estão agora a resolver-se. No entanto, se me perguntares se me fez pensar, óbviamente que num mês e meio acamado num hospital tive tempo para pensar em tudo e mais alguma coisa. Se me pensar em parar, acho que nunca, e não sei se isso é grave ou não, é um lado inconsciente que podemos ter. Acho que nem nos dias seguintes, quando comecei a recuperar os sentidos, nunca pensei em parar, antes pelo contrário, só queria recuperar o mais rápido possível, mas também acho que me deu a força para lutar, porque a recuperação foi muito dolorosa, fisicamente e psicologicamente também. Acho que se não tivesse esse objetivo de querer voltar, teria deixado andar as coisas, se calhar ficava deitado a ler um livro que é muito mais fácil. Ao inicio os médicos estavam bastante preocupados e alguns não sabiam se eu voltaria a andar.

P - Quando ficaste consciente já sabias que não ias ficar tetraplégico?

R - Eu só estive inconsciente oito horas. Quando acordei nas primeiras horas, estava completamente sedado, os primeiros dias não percebia nada do que é que se estava a passar, não tinha noção da realidade da situação, achava que a questão da visão foi só do impacto, que numa questão de dias iria passar, achava que não me mexer também era uma questão de dias, por isso não, não tens consciência. A pancada é tão forte, foste tão abalado e as drogas que te dão por causa das dores, estás completamente noutro planeta. 

Mas pouco a pouco, nas semanas seguintes, vais começando a perceber a gravidade das coisas mas também ao mesmo tempo sim, percebes que foi muito mais grave mas há uma boa hipótese de recuperar e foi isso que, apesar de algum negativismo em médicos que estavam mais pessimistas, felizmente havia alguns também optimistas e que me deram essa força. E tinha uma equipa fantástica à minha volta. O objetivo era voltar o mais rapidamente possivel, alguns médicos diziam-me no mínimo dois anos de recuperação até voltar a estar mais ou menos normal. Isso para mim, fora de questão. Aliás, durante o primeiro mês e meio, dois meses, era das oito da manhã até às oito ou nove da noite, fisioterapias todas, homeopatias, optometria, oftamologia, todos os tratamentos possiveis e imaginários, eu estava a fazê-los.

Agora passaram cinco meses e meio, ainda ontem estive com estive com um médico que me viu logo no início, um dos que dizia que isto. no mínimo, um ano e meio, dois e estava muito surpreendido, óbviamente, com a recuperação. Feliz, mas surpreendido. E isso eu acho que faz dar esta força, senão sabes, em vez de fazer oito horas por dia, se calhar já só fazes duas horas de tratamento e tal, o tempo vai passando e depois tenho 40 anos, se tivesse 20 era uma coisa, com 40 é outra.

P - como foi estar a liderar o Mundial e vê-lo escapar sem poder fazer nada?

R - Essa foi a parte mais difícil, uma coisa é estares em pista e as coisas não correrem bem, mas estás a lutar. Outra coisa é estares em tua casa, ou nos tratamentos, seja o que for e ver na televisão os outros a roubarem-te os louros. Foi um exercício psicológico duro, mas interessante ao mesmo tempo, porque descobri muitas coisas sobre mim próprio, obrigou-me a uma luta interna óptima, uma força muito grande para aceitar isso e passar à frente. Ainda fiquei uma corrida à frente do campeonato, apesar de não estar lá, e na segunda perdi a liderança, mas por meio ponto. E faltavam duas para acabar, ou seja, se voltasse à terceira corrida ainda dava. Não foi possível e foi uma fase difícil de aceitar mas só deu mais vontade que nunca.

Não digo que isto foi bom, isto não foi bom para nada, mas por um lado estou consciente de que vou saír disto muito mais forte. Foi uma bofetada muito forte, estão a roubar-te o campeonato, claro que ninguém me garante que eu tivesse ganho mas toda a gente sabe que era o maior candidato à vitória e roubar-me dessa forma é muito frustrante. Não digo que tenha perdido a paixão, antes pelo contrário, mas deu-me uma nova vontade, um novo alento de ir buscar o que é meu e de voltar à competição. Quando fazes isto há 20 anos, nem todos os dias é fantástico, é como tudo, há dias em que estás cansado, dias em que não te apetece tanto, e quando vais três/quatro dias para Barcelona ou para Valência no inverno, está um gelo e tu lá o dia todo no carro, com dores de cabeça, dores no corpo, não é fácil. Mas mesmo dessa parte agora estou com vontade, voltou a dar.me uma motivação interna incrível. 

A parte final da entrevista têm a ver com o novo WTCR, que basicamente é uma união entre o WTCC e o TCR, e um pouco sobre a atual Formula 1, e as hipóteses de ver pilotos portugueses a subirem a escada para o topo do autonmobilismo.

P - E agora, o que vai mudar no WTCC, para além do nome?

R - A grande diferença é o regulamento do carro, que é muito mais simples, ou seja, também muito mais limitado, não deixa tanta abertura de desenvolver o carro, para limitar os custos. Não podes partir de uma folha branca e fazer o que queres, tens de partir de um carro que já existe e desenvolvê-lo dentro dos parâmetros que são controlados, por isso todas as marcas têm muito interesse porque esse tipo de carros é mais fácil, não precisam de 50 engenheiros e designers para fazer um carro, partem de uma base que já existe. Obviamente alteram tudo e mais alguma coisa, mas dentro de certos parâmetros e tens um equilíbrio entre marcas muito maior. Dá um interesse para a marca, porque não só estão a vender carros e peças também, ao mesmo tempo fazem publicidade, são os carros deles que estão a andar. Continua a ser a Eurosport a promover o evento e a ter o carimbo da FIA, que também é muito importante.

P - E as três corridas no fim de semana, vão fazer muita diferença?

R - Não faço ideia, acho que a intenção é dar mais importância e interesse ao sábado, até agora eram treinos e qualificação, e agora ao final da tarde era mais atividades comerciais e coisas assim e quiseram por uma corrida também ao sábado. Francamente, não sou muito a favor porque já temos uma agenda muito preenchida, agora se vai trazer mais espectáculo, talvez.

P - Os testes para a nova época, não vais ser tu a fazê-los.

R - Não, por enquanto não estou, mas também mais uma vez os testes tem uma limitação, nos últimos anos no final de fevereiro, já tinha feito para aí uns 15 dias de teste. Desta vez foram feitos dois ou três dias de testes, lá está, para limitar um pouco os custos. Por isso não estou a perder assim tanto e vou, em princípio, começar a testar em março. 

P - Como vês a atual F1?

R - Altos e baixos. Não a vejo em grande forma para certas coisas, mas é claro que a F1 é sempre a F1, mas com esta nova compra dos americanos [Liberty Media] eles estão a procurar ainda, qual será o melhor formato, estão a tentar moldar a F1 às novas tecnologias, hoje em dia a forma de veres corridas, de veres televisão, mudou completamente. Já não é aquela situação de domingo à tarde que tens três canais na televisão, toda a gente via F1 porque era quase o que havia, hoje tens muito mais escolha, tens muito mais desportos interessantes. A F1 está a combater uma dificuldade de angariação de novos fãs muito grande porque querem coisas mais radicais, mais espectaculares e têm acesso a essas coisas. A nível desportivo, acho que não está mal, é verdade que houve um domínio nos últimos anos da Mercedes, mas com algumas lutas interessantes por parte da Red Bull, da Ferrari também. Tenho seguido obviamente de muito perto e acho que há muitas coisas interessantes mas têm de ser mais valorizadas.

(...)

P - E agora, é ir buscar o campeonato?

R - Tem de ser. Não tenho ainda garantias de estar a 100 por cento em abril, mas se me derem o OK para correr e começar o campeonato desde o inicio, o meu objetivo vai ser lutar pelo campeonato, não há dúvida. Apesar de ser um campeonato novo, os circuitos alguns são novos, carros novos, produtos novos, muita coisa nova, no entanto, sei que posso lá estar e lutar pelo campeonato e é isso que quero. Claro que não sei como é que vai estar o carro, isso também vai obviamente ter interferência nestas ambições, mas tenho experiência e capacidade para isso, vamos ver.

P - Quem é que dá esse OK? É mesmo a FIA?

R - Primeiro, vão ser os meus médicos cá em Portugal e depois tenho de fazer uma série de exames com a FIA. eles querem assegurar-se que não será um perigo para mim nem para os outros, e que não seja ainda prematuro a nível fisico, porque não é o facto de apto, é o facto de voltarmos a ter um acidente, muitas vezes os regressos são adiados por causa disso. Estás de perfeita saúde para pilotar ao mais alto nível, no então estão aí algumas lesões que podem estar um bocado fragilizadas e que, se voltas a ter um acidente grave, aí pode ser uma catástrofe e eles não querem arriscar isso.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

WTCC: Monteiro não corre, Tarquini substitui-o

Tiago Monteiro poderá não voltar mais às pistas este ano, algumas semanas depois de ter batido fortemente em Barcelona durante uma sessão de testes com o seu Honda Civic, no inicio de setembro. O piloto português não vai participar na ronda de Ningbo do WTCC por não ter recuperado das suas lesões na zona do pescoço, e assim sendo, será o veterano italiano Gabriele Tarquini que ficará com o seu lugar durante a ausência do piloto português.

"Estou incrivelmente desapontado por não conseguir correr na China", começou por dizer o piloto de 41 anos. "Como equipa, trabalhamos incrivelmente até chegar ao topo do campeonato e isso é um grande revés para todos. Infelizmente, o corpo humano é o que é, e apesar dos esforços extraordinários da minha equipe médica, eu só preciso de mais tempo.", continuou.

"Meu foco agora muda para estar recuperado a tempo [da corrida de] Motegi no final deste mês e retomar ali o meu desafio ao título

"Devo agradecer muito a Gabriele por entrar. Ele é um grande amigo e foi um companheiro de equipe fantástico durante muitos anos no WTCC, então não há mais ninguém que eu prefira no carro para apoiar meu impulso de título", concluiu.

Monteiro está neste momento a recuperar das suas lesões, que lhe afetaram a sua capacidade de visão. Ele espera recuperar totalmente, mas em termos de campeonato, as suas chances poderão ficar algo comprometidas, pois tem neste momento 12 pontos à frente do sueco Thed Bjork, da Volvo (200 contra 188), e 29 à frente de Norbert Mischelisz, que tem 171 pontos.  

domingo, 9 de abril de 2017

WTCC 2017 - Marrakesh (Corridas)

O Mundial de Turismos começou este domingo em Marrakesh, em Marrocos, e as vitorias foram repartidas entre um argentino e um português. Esteban Guerrieri foi o melhor, no Chevrolet da Campos Racing, enquanto que Tiago Monteiro aproveitou bem a pole.position para ficar com o primeiro lugar na segunda corrida, e assim liderar o campeonato.

Com apenas 15 carros inscritos para esta prova, e algumas novidades, com a inclusão de dois jovens franceses, Yann Erlacher - sobrinho de Yvan Muller e filho de Cathy Muller - e Aurelién Panis, filho de Olivier Panis, a corrida começou atribulada, com Coronel a liderar e algumas confusões atrás, mas os pilotos mantiveram as posições, Contudo, atrás, Nelson Girolami larga mal e John Fillipi ficou parado no meio da pista, vitima de um toque de Erlacher. Com ambos os carros parados no meio da pista, o Safety Car teve de ser chamado.

Ainda com o Safety Car na pista, Robert Huff teve de abandonar por causa de problemas na sua direção assistida, e na terceira volta, a corrida regressou, com Coronel a aguentar os ataques do argentino Esteban Guerrieri. Contudo, nas voltas seguintes, não houve ultrapassagens, apesar de todos andarem uns ao pé dos outros. Mas numa pista travada, os travões não iriam aguentar, e na volta 12, Coronel falhou a travagem, deixando a liderança para o argentino.

Agora, ele aguentava os ataques do Volvo de Thed Bjork, com Mehdi Bennani a ser terceiro, e Tiago Monteiro a ser sexto, atrás de Norbert Mischelisz. Contudo, até à meta, e tirando o toque de Daniel Nagy, que acabou por desistir, não houve nada de especial até cortarem a meta, dando à Campos e a Guerrieri as suas primeiras vitórias na temporada.

Na segunda corrida, Monteiro, o poleman, arrancou bem, com Mischelisz a ser segundo, e Nestor Girolami a ser o terceiro e melhor dos Volvo. Nas voltas seguintes, os quatro primeiros começaram a afastar-se do resto do pelotão, com Mehdi Bennani a acompanhar os três primeiros, depois de passar Nick Catsburg de forma mais... musculada.

As coisas andaram bem até à volta oito, quando o Honda de Aurelien Panis saiu em frente, devido à direção quebrada. Como o carro ficou numa posição relativamente perigosa, o Safety Car teve de entrar, para que pudessem tirar o carro em segurança. Contudo, a partir daí, não houve nada de especial, com Norbert Mischelisz a seguir Monteiro como se fosse a sua sombra, para no final acabar por ser uma dobradinha da Honda, com Nestor Girolami a fechar o pódio.

No campeonato, o piloto português agora é o líder, com 43 pontos. A próxima prova acontecerá em Monza, a 30 de abril.   

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Estados Unidos? Pode ser, mas...

Tiago Monteiro pode não ser empresário, mas ajuda muito em termos de conselhos para António Félix da Costa. E depois de ontem se ter falado que o piloto de Cascais pensa em correr na Endurance, para além de ter referido dos convites para a SuperFormula japonesa, coloca-se hoje mais uma nova competição para ele: a IndyCar, provavelmente a Carlin.

O António está sob contrato da BMW e na Andretti na Formula E, e obviamente que por agora esse é o seu principal programa. Contudo, e porque o calendário da Fórmula E é diferente das outras competições, há oportunidade para fazer outras coisas”, começa por afirmar à Autosport portuguesa o piloto de 40 anos, que em 2003 teve uma experiência na ChampCar, ao serviço da Fittipaldi-Dingman.

O António prefere obviamente correr em monolugares ou protótipos – algo mais rápido e com mais carga aerodinâmica. Ele adora a sua aventura na Fórmula E mas ambos acreditamos que guiar mais carros competitivos é sempre bom para qualquer piloto”, continuou.

Sobre a chance Carlin, é uma das hipóteses existentes, a par da SMP Racing, na Endurance, ainda por cima quando se sabe que Trevor Carlin ajudou muito o piloto português na sua subida nas categorias de promoção, como a GP3 e a GP2. “Ambas as equipas requerem algum dinheiro de patrocinadores e aí não estamos em posição de os ajudar. Mas Trevor (Carlin) foi uma pessoa importante na minha carreira – sem a qual nunca teria chegado à Fórmula 1 – e tem ajudado bastante a carreira do António. Por isso se pudesse ajudá.-lo estou certo que teríamos muito prazer e negociar com Trevor”.

Contudo, surgiram esta noite noticias dos Estados Unidos onde se fala que a Carlin, que andou na Indy Lights em 2016, poderá adiar a sua entrada na categoria maior da competição por falta de dinheiro para completar o orçamento e adquirir um chassis Dallara para esta temporada. Logo, a estreia nos Estados Unidos poderá ser adiada para 2018.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

WTCC 2016 - Qatar (Corridas)

Dois meses depois da última corrida, em Xangai, máquinas e pilotos estão no Qatar para a última prova do campeonato mundial de Turismos. Nesta corrida noturna, o WTCC estava num momento unico, pois a Citroen e a Lada irão abandonar a competição, e alguns dos pilotos presentes, como Gabriele Tarquini, Yvan Muller e José Maria Lopez, também abandonarão a competição, rumando a outras paragens.

Com Tom Chilton como o "poleman", a primeira corrida foi complicada. Tom Chilton ficou com o comando, mas no meio do pelotão, uma série de toques colocou fora de prova o Honda de Tiago Monteiro, por causa de danos na suspensão do seu Honda. A má colocação do seu carro fez com que entrasse o Safety Car na pista, mas duas voltas depois, a bandeira vermelha foi mostrada.

O piloto português explicou depois, nas boxes, o que aconteceu: “Aconteceram muitas coisas. Houve muito contacto. Fui empurrado por trás durante a travagem, eu próprio depois toquei no Péchito [Lopez] durante a travagem. E depois estava por dentro, e ao acelerar senti outra vez um grande empurrão no lado direito. É a primeira volta e todos estão a tentar dar o máximo, portanto não estou realmente a culpar ninguém. Mas o Péchito tocou-me, o pneu rebentou e fui bater na barreira dos pneus – mais uma razão para não os termos ali, porque o meu carro está muito danificado, e nem tinha visto que o Hugo [Valente] estava ali”.

Após alguns minutos, a corrida retomou atrás do Safety Car, para recomeçar na quarta volta, quando Gabriele Tarquini atacou Chilton para ficar com a liderança da corrida. Robert Huff ficou com o terceiro posto, pressionando Chilton, enquanto que Mehdi Bennani acabaria por ser penalizado com uma passagem às boxes.

Nas voltas seguintes, Tarquini afastou-se do segundo classificado, pois Chilton aguentava o piloto da Honda, e as coisas ficaram assim até à meta. Yvan Muller foi o quarto, sendo o melhor dos Citroen.

No pódio, Tarquini explicou o segredo do seu sucesso: “A chave foi a ultrapassagem. Com o safety car, no reinício, tive uma oportunidade e aproveita-a. O carro estava incrível. Esta vitória é para a equipa Lada, porque como sabes vai sair do WTCC, mas vai ficar no meu coração para sempre, porque esta pode também ser a minha última corrida no WTCC, e portanto sair assim é um sonho”, disse. “Foi fantástico ser nono na qualificação e ter esta oportunidade”, concluiu.

Na segunda corrida, com Bennani na pole, com Lopez no segundo posto, os vários toques na primeira volta fizeram com que o Safety Car entrasse na pista. Hugo Valente abandonava a corrida devido aos toques que danificaram o seu chassis, enquanto que Robert Dahlgren ia às boxes para tentar reparar os danos do seu Volvo.

Quando o Safety Car recolheu às boxes, Lopez tentou passar o piloto marroquino na primeira curva, mas sem sucesso. Thed Bjork e Yvan Muller estavam atrás, com Norbert Mischelisz e Tiago Monteiro colocavam os seus Hondas no quinto e sexto posto. O húngaro superou Muller, enquanto que o português perdia lugares para o Honda de Huff e o Lada de Tarquini. Ao mesmo tempo, Bjork superou o argentino e ficou com o segundo posto.

Nas voltas seguintes, Monteiro conseguiu apanhar Tarquini e Huff para ficar com o sexto posto, enquanto que na frente, Bjork tentava apanhar Bennani, mas ele conseguia defender-se desses ataques. Contudo, na penultima volta, Bjork saiu mais largo numa curva e a vitória ficou decidida a favor do piloto da Citroen.

O terceiro lugar ficou para "Pechito" Lopez, enquanto que o quarto posto decidiu-se entre Muller e Mischelisz, com vantagem para o piloto da Honda. O francês perdeu ainda o quinto lugar para Tiago Monteiro, que consegue assim manter o terceiro posto do campeonato, um ponto à frente do seu companheiro de equipa.

Foi muito difícil, mas tive muito apoio. Muito obrigado. A minha corrida foi muito difícil. Queria vencer, e portanto ou vencia ou colocava o carro contra um muro. Mas estou muito contente. Sabíamos que o Volvo era mais leve em 80 kg, e sabia que tinha de puxar no limite para mantê-lo atrás deles. Quero agradecer em particular ao Reino de Marrocos, porque sem o seu apoio não estaria provavelmente a lutar aqui”, disse Mehdi Bennani.

O campeonato regressa em abril do ano que vêm.

domingo, 20 de novembro de 2016

A(s) image(ns) do dia



Desde meados do século XVI até 1999, Macau era território português. Resistiu a séculos de agitações na China, à cobiça das potências mundiais pelo território chinês, a guerras civis e outras agitações sociais, até que foi devolvido, no final do século. Foi a última pérola de um império colonial que existiu, e hoje em dia, os vestígios dessa presença ainda são existentes, apesar de estar totalmente modificado por causa da acelerada construção civil naquele território, e dos inúmeros casinos que lá existem.

Ao longo da história do GP de Macau, não houve muitos portugueses vencedores na corrida principal, a Formula 3. Ironicamente, foi depois de sairmos de lá que vimos o primeiro vencedor, com André Couto, e passaram-se mais doze anos até que António Félix da Costa subiu ao lugar mais alto do pódio na corrida macaense. Nessa altura, ele era uma esperança para a Formula 1, depois de ter feito uma grande temporada na World Series by Renault, e era piloto da Red Bull, depois de ter feito uma grande temporada. 

Esperava-se que em 2013, por fim, o piloto português pudesse alcançar aquilo que estava destinado: a Formula 1, e se calhar tudo aquilo que o seu talento prometia. Não aconteceu: Helmut Marko preferiu o russo Daniil Kvyat, e depois dele, ainda apareceu o talento que eles tanto queriam, na figura de Max Verstappen. Ironicamente, o holandês, para chegar à Red Bull, deu um chuto no rabo do piloto russo...

Mas António Félix da Costa foi à sua vida. Fechou o capitulo da Formula 1, foi para a Formula E, andou na DTM, sempre a vencer corridas e mostrando o seu talento. Agora aos 25 anos, ele voltou à Formula 3 para disputar a corrida macaense, e demonstrou que não tinha perdido o jeito à coisa, ao dominar a corrida e subir ai lugar mais alto do pódio, batendo o sueco Felix Rosenqvist e o brasileiro Sergio Sette Câmara, este último, piloto da Red Bull Jumior Team.

E para melhorar as coisas, a corrida da TCR (Touring Car Series), que teve ali a sua ronda de encerramento, teve também como vencedor um português: Tiago Monteiro. O piloto do WTCC fez uma perninha na Honda, ao serviço da West Coast Racing, e depois de um terceuro lugar na primeira corrida, foi o melhor na segunda, mostrando todo o seu talento, apesar de ele ter sido apenas um mero convidado neste campeonato. Mas deu a primeira vitória de um piloto português nesta nova competição.

É bem interessante ver a bandeira portuguesa no lugar mais alto do pódio e o hino a ser tocado num sitio onde um dia, os portugueses tiveram a sua presença. E o Grande Prémio, quer queiramos, quer não, também é um legado da presença portuguesa naquelas bandas.

terça-feira, 19 de julho de 2016

A imagem do dia

Tiago Monteiro andou hoje a testar o Mahindra de Formula E no circuito catalão de Calafat. A grande questão é saber se foi algo para experimentar o carro, pois ele é conselheiro do António Félix da Costa, que guia um desses carros e provavelmente matou a curiosidade desse tipo de carros, ou haverá algo mais, pois como é sabido, José Maria Lopez vai ser a partir da próxima temporada, piloto da DS Virgin na Formula E...


sexta-feira, 1 de julho de 2016

Noticias: Tiago Monteiro volta a guiar no TCR Benelux

O português Tiago Monteiro vai voltar a guiar no TCR Benelux, depois de ter feito na primeira ronda do campeonato, em Spa-Francochamps. Desta vez, em Zandvoort, o piloto português vai guiar o Honda Civic TCR da Boutsen Ginion Racing, pintado com as cores de Michel Vaillant, ou seja, o "art car" feito para a ocasião.

Monteiro vai fazer dupla com Jean-Louis Dauger, antigo diretor de operações da Eurospot Events, e hoje responsável pelo marketing da editora Graton, responsável pelos livros de Michel Vaillant. O "art car" foi feito com a ajuda de Dominique Graton e Philippe Ghielmetti.

domingo, 26 de junho de 2016

A(s) image(ns) do dia

“Vai ser um momento do qual me vou lembrar para sempre. Eu sinto uma grande emoção por ter conseguido, foi um excelente trabalho de toda a equipa, a quem não sei como agradecer o suficiente. Tivemos muito trabalho, e depois aproveitámos as oportunidades que surgiram. É importante não cometermos erros, acabei por ser o que cometeu menos erros e consegui a pole-position.

[Sobre a recepção dos adeptos em Vila Real] “tem sido louca desde que chegámos. Quase que não dá para acreditar, já sabemos que as pessoas aqui têm uma grande paixão por corridas de automóveis e que fazem um grande esforço para realizá-las aqui. E eu podia ouvir as pessoas dentro do carro, mesmo com o motor a trabalhar e com os tampões de ouvidos. Este apoio popular acabou por fazer desta vitória mais especial. Tive muito mais apoio que com as vitórias no Estoril e em Portimão”.

Vila Real e diferente. Quem conhece isto sabe que é um classico do automobilismo nacional, que existe desde 1935 e que teve o seu auge nos anos 70, quando havia provas de Formula 3 e Turismos, chegando a ver carros como os Porsche 908 e 917 num circuito que chegou a ter oito quilómetros de extensão. Adormecida em 1991, após um grave acidente, foi reavivada na década passada, com alguns soluços, até que em 2015 decidiu acolher o Mundial de Carros de Turismo, o WTCC.

Tiago já é veterano nisto. Com quase 40 anos de idade - vai fazer a 24 de julho - ao piloto da honda só lhe falta o título mundial. Tinha uma grande chance este ano, mas a FIA decidiu puxar o tapete na secretária, para dar à Citroen um último título mundial antes de irem embora. Assim sendo, o melhor é pensar corrida a corrida e ser feliz. Para o piloto do Porto, foi um excelente fim de semana, depois de conseguir a pole-position no dia anterior.

E esta tarde, perante milhares de pessoas, no pódio, a multidão cantou o hino nacional, mesmo cortado a meio, o que arrepia qualquer um. E é assim que Tiago Monteiro acrescenta mais um ponto alto de uma carreira já bem longa, em várias categorias. Que continue assim!

quarta-feira, 4 de maio de 2016

WTCC: Tiago Monteiro confia num bom resultado em Marrakech

O Mundial de Turismos ruma este fim de semana a Marrocos, para um novo circuito nos arredores de Marrakesh, algo diferente do que nos anos anteriores. A quarta prova do Mundial vai ver mais do mesmo, entre a Citroen e a Honda, com a Volvo e a Lada a espreitar. 

Para Tiago Monteiro, que vai chegar a paragens marroquinas no segundo lugar da classificação geral, o novo circuito de citadino de Marrocos vai ser uma incógnita, sobretudo porque a extensão passou a ser mais curta. 

O factor novidade é igual para todos mas normalmente costumo adaptar-me bastante bem a novas pistas e espero que isso aconteça com esta também. É um traçado mais curto e PARECE ser bastante técnico e com poucos pontos de ultrapassagem. Adoro pistas citadinas pese embora saiba que os riscos são maiores”, começou por afirmar.

Quanto às corridas, ele espera continuar a obter pódios para se manter na luta pelo campeonato. “Garantir pódios é importante para manter a discussão dos títulos. Ainda estamos no início do campeonato mas é importante ser regular. Já mostrámos que o Honda Civic tem performance para vencer e é isso que vamos procurar fazer nestas corridas sabendo que o lugar na grelha será fundamental para o sucesso numa pista com estas características. Estou confiante para mais este fim-de-semana”, concluiu.

domingo, 24 de abril de 2016

WTCC: Bennani e Lopez triunfam na Hungria

O marroquino Mehdi Bennani e o argentino José Maria Lopez foram os grandes triunfadores esta tarde nas duas corridas do WTCC no Hungaroring. Em duas corridas marcadas pela chuva, a Citroen levou a melhor, enquanto que Tiago Monteiro, o líder anterior do campeonato antes de chegar à jornada húngara, teve sortes diferentes, ficando fora dos pontos na primeira corrida e sendo quarto na segunda, conseguindo mais doze pontos para o campeonato.  

O tempo já ameaçava chover quando os pilotos se preparavam para a primeira corrida. Com isso, muitos apostaram em colocar pneus "slicks" antes de prova, acabando prejudicados, e isso incluiu os dois pilotos na frente da classificação geral, "Pechito" Lopez e Tiago Monteiro. Em contraste, Gabriele Tarquini aproveitou a volta de aquecimento para colocar pneus de chuva no seu Lada e compensou. Quem também foi às boxes na volta de aquecimento foi Norbert Mischelisz, mas a razão fora diferente: o seu turbo tinha-se quebrado e acabou por não sair mais dali.

Mehdi Bennani também tinha colocado pneus de chuva e foi compensado, com uma liderança praticamente assegurada no inicio, enquanto que atrás, o Lada de Nicky Catsburg e o Citroen de Tom Chilton entraram em duelo pelo segundo posto, ao longo da corrida, com tudo a ser decidido na última volta, a favor do inglês. O sueco Frederik Ekblom foi o quarto e o melhor dos Volvos, na frente de Tarquini, que fez uma excelente corrida de recuperação e foi o quinto. 

Quanto aos pilotos da frente que decidiram manter os pneus secos, todos ficaram com uma volta de atraso. Robert Huff foi o melhor deles todos, mas apenas o 11º, na frente de Tiago Monteiro. José Maria Lopez, o "poleman", foi o 14º. 

A segunda corrida continuou com chuva, e as condições estavam a degradar-se lentamente. Depois de uma partida algo confusa, com Gregoire Demoustier a bater no final da reta, e Hugo Valente a colocar Norbert Mischelisz fora da pista, José Maria Lopez era o líder, com o Safety Car a ser chamado na terceira volta, para tirar o Citroen do piloto belga.

Quando o SC saiu de pista, Lopez começou a ser pressionado por Muller e os Honda de Robert Huff e Tiago Monteiro, numa altura em que as condições de aderência pioravam. Tarquini abandona na sexta volta, depois de um toque em Thed Bjork, ao mesmo tempo em que Muller falha a travagem e deixa escapar José Maria Lopez. Mas isso durou pouco tempo e o francês chegou-se à traseira do argentino.

Contudo, Muller não só não passava como Robert Huff já estava na traseira dos dois Citroen. Na volta 10, o inglês passou o francês e foi buscar o argentino. Contudo, na volta 12, os comissários de pista classificaram a ultrapassagem de Huff como "fora da lei" e ele teve de passar pela via das boxes, fazendo com que Tiago Monteiro subisse ao terceiro posto.

Contudo, por esta altura, ele era pressionado pelo Volvo de Thed Bjork. O sueco pressionava-o, e houve alturas em que ele esteve lado a lado, mas o português defendia-se. Atrás, Mischelisz subia até ao sexto posto, depois de ter passado Tom Chilton.

No final, o argentino voltava a vencer, dando uma dobradinha à marca francesa, com Muller a ser o segundo. Tiago Monteiro conseguia o quarto pódio da temporada em seis corridas, com Bjork no quarto lugar, e Mischelisz ia a caminho do quinto posto quando a suspensão traseira se quebrou. Mesmo assim, acabou nos pontos, na décima posição. Huff conseguiu subir até ao sexto posto, na frente de Bennani, o primeiro vencedor do fim de semana.

Na classificação geral, Lopez era o líder com 104 pontos, contra os 96 do piloto português. O WTCC volta à ação a 8 de maio, nas ruas de Marrakesh, em Marrocos.