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quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

A imagem do dia (II)




O americano A.J. Foyt, lenda da IndyCar, e um dos quatro pilotos que ganharam as 500 Milhas de Indianápolis por quatro ocasiões, para além de ter ganho as 24 Horas de Le Mans e as 500 Milhas de Daytona, entre outros, comemora hoje o seu 90º aniversário. Mas se eu disse que ele já correu em três Grandes Prémios de Formula 1, acreditaria?

Como sei que acredita do que falo, pergunta-me: onde? Bom, foi em Indianápolis! E eu estou a falar a sério. 

Entre 1950 e 1960, a Formula 1 decidiu que as 500 Milhas de Indianápolis iria fazer parte do calendário, para dar ideia que era uma competição internacional - as outras corridas eram na Europa - mas nenhum piloto de Formula 1 ia competir para lá, e os americanos iriam correr nas outras corridas do calendário. Houve uma tentativa, em 1952, com a Ferrari a levar Alberto Ascari para essa pista, mas correu muito mal, e não foi mais tentado até ao final da década. 

Contudo, como Foyt se estreou no "Brickyard" em 1958, tecnicamente, competiu em três edições do Mundial de Formula 1. A sua primeira tentativa na pista aconteceu depois de ter começado a competir aos 18 anos, nos Sprint Cars. A 26 de agosto de 1956, com 21 anos, no Minnesota State Fair, ele superou 21 carros para acabar a ganhar a prova, dando uma demonstração de velocidade e arrojo. Foi a primeira de 28 vitórias naquilo que era a USAC National Sprint Car e claro, começou a dar nas vistas entre o pessoal da categoria superior. 

Em 1957, estava por lá, com alguns resultados de relevo, mas foi apenas em 1958 que fez a sua primeira participação em Indianápolis. Num Kuzma/Curtis inscrito pela Al Dean Racing, Foyt foi discreto, e a sua corrida acabou na volta 148, devido a um despiste. No ano a seguir terminou a corrida na décima posição - a única vez que acabou no período onde a competição fez parte da Formula 1 -  e em 1960, a corrida foi discreta e ela acabou na volta 90, com problemas na embraiagem.

Curiosamente, se a corrida tivesse ficado no calendário por mais uma temporada, a de 1961, Foyt... teria vencido. Ele é neste momento o mais antigo triunfador da maior prova da IndyCar ainda vivo, quase 64 anos depois de ele ter cruzado a meta no lugar mais alto do pódio. Ele ganharia mais três vezes: em 1954 - a última vez que um carro com motor à frente triunfaria - em 1967 e 1977, numa das maiores secas que um piloto teve entre duas vitórias, já superado por gente como Juan Pablo Montoya, cujas vitórias estão separadas por 14 anos. 

Dito isto, A.J. ainda está hoje em dia envolvido na sua equipa, que faz parte do pelotão da IndyCar, um exemplo de longevidade tão grande quanto a da sua carreira, ele que apenas pendurou o capacete em 1993, depois de tentar se qualificar para as 500 Milhas... pela 36ª vez. Parabéns, A.J! 

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Noticias: Bottas recusa Indycar... a tempo inteiro


O finlandês Valtteri Bottas revelou que recusou correr a tempo inteiro na IndyCar em 2025, mas abre a possibilidade de experimentar as 500 Milhas de Indianápolis. Sem chances de correr a tempo inteiro na próxima temporada, e provavelmente a caminho de ser piloto de reserva na Mercedes, o finlandês afirmou que não descarta experimentar uma ida ao "Brickyard" para experimentar as sensações de correr naquela oval. 

No Qatar, antes do fim de semana do Grande Prémio, ele revelou que foi uma decisão consciente. 

É uma decisão consciente, acho que vem demasiado depressa.", começou por afirmar à Autosport britânica.Digamos, por exemplo, que, ao entrar numa temporada completa da IndyCar após 12 anos de Formula 1, sinto que é um pouco rápido demais porque é muito trabalho árduo e muita familiarização a ser feita e todas essas coisas.", continuou.

Por isso, sim, prefiro dedicar um pouco de tempo a descobrir o que vem a seguir e partir daí. Sim, tive conversas e abordagens neste momento. Deixei bem claro que o ano que vem rápido demais [para mim]. 2026 ainda é uma chance de entrar num bom carro. Minha prioridade continua a ser a Fórmula 1. Se isso não acontecer em 2026, então [a IndyCar] será realmente interessante para mim no futuro."

Sobre se recebeu alguma oferta apenas para correr as 500 Milhas de Indianápolis, Bottas respondeu: 

Ainda não. Recebi uma oferta sólida para a temporada completa de 2025, mas apenas para a Indy 500, ainda não entramos em detalhes. Mas como eu digo, primeiro preciso de definir qual é o trabalho diário para [a temporada de 25] e partir daí.", começou por comentar.

"Quer dizer, a Indy 500 sempre esteve na minha lista, sempre fui fã dos V8 Supercars e todos esses tipos de competições. Então, no momento, ainda estou de mente aberta e só preciso... primeiro preciso decidir qual é o meu próximo passo e então veremos."

"Não me deixaram fazer nenhum rali nos últimos dois anos. Então seria ótimo voltar a isso, divertir um pouco.", concluiu.

quarta-feira, 5 de junho de 2024

The End: Parnelli Jones (1933-2024)


Parnelli Jones, piloto e dono de equipa norte-americano, morreu nesta terça-feira aos 90 anos de idade. A noticia foi dada esta noite pelo seu seu filho, P.J. Jones, que referiu que estava doente com Parkinson desde há algum tempo. Vencedor das 500 Milhas de Indianápolis de 1963, era o segundo piloto mais antigo ainda vivo, batido apenas por A.J. Foyt. Para além disso, alcançou feitos na Trans-Am e NASCAR.

Para além de ter sido piloto, foi também dono de equipa, e teve pilotos como Mário Andretti, Al Unser Sr., Johnny Rutheford e Joe Leonard, entre outros, ganhando em duias edições das 500 Milhas de Indianápolis, sendo dos muitos poucos que ganhou como piloto e dono de equipa. Chegou até a correr na Formula 1, com resultados modestos.

Rufus Parnell Jones nasceu a 12 de agosto de 1933 na localidade de Texarkana, no Texas. Cedo mudou-se para a California, onde começou a correr em "midgets", com um dos seus amigos, Billy Calder, a chamar de "Parnelli" para evitar que os seus pais soubessem que corria. É que ele tinha 17 anos quando começou...

Ao longo dos anos 50, tinha ganho corridas na Midget Class da NASCAR Pacific Coast Late Model Series, uma série regional, e em 1960, ganha um título na Sprint Car Series, na classe Midget. Foi o suficiente para, aos 26 anos de idade, alcançar o interesse de A.J. Agajanian, e o levar para Indianápolis e a USAC. Na sua primeira participação, acabou como "Rookie do Ano", depois de liderar parte da corrida e um acidente o ter ferido num olho, mas conseguiu levar o carro até ao fim na 12ª posição.


Em 1963, Jones participa nas 500 Milhas conquistando a pole-position, no seu Watson-Offenhauser de motor dianteiro. Foi o primeiro a bater a média de 150 milhas por hora - 241 km/hora - e também foi mais rápido que os Lotus-Ford de Jim Clark e Dan Gurney. Andou na frente entre as voltas 26 e 63, e regressou à liderança na volta 96, do qual não largou até à meta, triunfando frente a Clark e Foyt. Mas existiu uma polémica sobre a hipótese de desclassificação a qualquer piloto que largasse óleo na pista da parte do chefe dos comissários, Harlan Fengler. No final, depois do despiste de Eddie Sachs na volta 193, alegadamente por causa do óleo largado do carro de Parnelli Jones, Fengler decidiu não desclassificá-lo e manter a vitoria, apesar de Colin Chapman ter pensado em protestar, deixando em paz, afirmando que se ganhasse na secretaria, não seria popular para os adeptos.

Dois anos depois, Parnelli foi segundo classificado, atrás do Lotus de Clark. 

Em 1967, Parnelli entrou no carro a turbina, o STP-Paxton, que tinha como motor uma antiga turbina de helicóptero. Sexto na grelha, Parnelli liderou em 171 das 200 voltas da corrida, e parecia que iria ganhar quando um rolamento da transmissão quebrou - algo que na altura custava... seis dólares (!) e a vitória caiu ao colo de A.J. Foyt. No ano seguinte, os carros a turbina perderam progressivamente a competividade, por causa de regulamentos nesse sentido.


Entretanto, Jones foi convidado para participar numa corrida no deserto ao volante de um Ford Bronco. Inicialmente, não queria participar, alegando estar farto de correr em terra, mas depois, voltou atrás e participou numa corrida no deserto do Nevada. Apesar de não ter acabado, ficou viciado nesse tipo de corridas e em 1969, estava na primeira edição da Baja 1000, ao lado de Bill Stroppe, liderando boa parte da corrida, mas não chegando ao fim. Depois, foi participar na Trans-Am a bordo de um Mustang Boss 302 da Bud Moore Engeneering, acabando em segundo lugar, batido apenas por Mark Donohue. Ganhou cinco corridas em 1970 e a equipa ganhou o campeonato.

As suas útimas participações como piloto foram em 1971 e 72, quando ganhou as Baja 1000, tornando-se no primeiro piloto a ganhar quer as 500 Milhas, quer a Baja 1000.

Um tempo antes, a partir de 1970, monta a sua equipa, em conjunto com Velko "Vel" Miletich, seu parceiro de negócio. Com Al Unser ao volante, ganharam o campeonato desse ano e de 1971, com ele a ganhar também nas 500 Milhas de Indianápolis, num chassis Colt. O outro piloto, Joe Leonard, ganhou os campeonatos de 1970, 71 e 72, tornando-se uma das equipas mais importantes do pelotão. 

Em 1974, tinham Mário Andretti e contrataram Maurice Philippe, que tinha estado na Lotus, e com o apoio da Firestone, construíam um carro para a Formula 1. Estreando-se no GP do Canadá de 1974, acabaria no GP de Long Beach de 1976, depois de 16 Grandes Prémios, seis pontos e uma volta mais rápida. Por essa altura, Jones começava a desenvolver uma versão Turbo de um motor Ford, com a ajuda de  Larry SlutterTakeo "Chickie" Hirashima. Começado a usar a partir dessa temporada, a Cosworth ficou com o projeto e acabou poe evoluir naquilo que se tornou no DFX, que viria a ganhar todas as corridas de Indianápolis de 1978 a 1987.

Nos anos 90, o seu filho PJ Jones entrou na competição, correndo por quatro temporadas na CART, curiosamente na All American Racers, de Dan Gurney. A sua carreira foi longa, mas mais modesta que o seu pai. Jager Jones, filho de PJ e seu neto, participou em 2023 na Indy NXT, a categoria abaixo da IndyCar. 

segunda-feira, 27 de maio de 2024

A(s) image(ns) do dia

Há um domingo por ano onde ficamos pregados ao ecrã para ver automobilismo. Esse costuma ser no final de maio, mais ou menos entre o meio e o final primavera, e acontece nos dois lados do Atlântico, um na Europa e outro na América. 

E, de uma certa forma, este último domingo de maio de 2024 ficará na memória por muitos motivos.

No Mónaco, foi uma corrida que valeu por dois momentos. E o segundo entrou na história, não só do automobilismo, como a do próprio micro-estado europeu. Parecendo que não, o Mónaco é uma cidade-estado, reinado por uma monarquia, cujas garantias de existência são assegurados pela França. E não tem muitas coisas com que possa se representar. Por exemplo, não tem uma equipa nacional de futebol, e o seu principal clube joga na I divisão francesa.

E no domingo, fez-se história: desde 1929 que houve apenas um piloto monegasco a ganhar a corrida caseira. Foi em 1931, e quem o conseguiu foi Louis Chiron, um dos melhores pilotos da pré-guerra, que andou em carros da Bugatti, Alfa Romeo e Mercedes, entre outros. Em 1950, aos 51 anos, conseguiu ainda um terceiro lugar na sua corrida natal. E esse foi o único pódio na história da Formula 1, até chegar Charles Leclerc

Mas ele, até 2024, não tinha conseguido um resultado de relevo. Claro, uma pole-positon em 2021 que não resultou em nada - um acidente na qualificação resultou em danos internos que o impediram de correr - este ano, também resultou em pole-position, a primeira sem ser com Max Verstappen. Contudo, quem é monegasco, não quer saber muito se os dez primeiros são os mesmos que partiram. O que lhe interessa é que no domingo, fizeram história. 

Não é por acaso que Alberto II esteja feliz como uma criança naquele pódio. O seu pai, o principe Ranier, nunca viu uma coisa dessas, apesar de ter conhecido Louis Chiron. Mas ouvir o hino nacional monegasco naquele local... não tem preço. Não admira que ele chorasse no pódio. Quantas vezes ele não sonhou com este domingo?

E para o próprio Leclerc, não só é o final de uma corrida sempre marcada pela má sorte - nem um pódio tinha! - como de uma certa forma, conseguiu o seu sonho. E neste momento, irá pensar certamente no seu pai, Hervé, que morreu em 2017, quando o seu filho estava prestes a entrar na Formula 1. De onde estiver, tenho a certeza que está a comemorar o sucesso do seu filho. 

Quanto a Indianápolis, deveria ter acontecido quase uma hora depois da corrida monegasca. Mas na hora da corrida... os céus desabaram. Sim, previa-se chuva pelo meio dia e meia local, e quando aconteceu, interrompeu as cerimónias por mais de duas horas. Quando a chuva se foi embora e a pista começou a secar, viram que havia uma luta contra o tempo, porque havia um limite da corrida acabar pelas 20.15 locais, por causa da luz natural. Logo, tinham de correr rapidamente. 

Mas a chuva tinha limpou a pista, e com ela, a borracha acumulada. Logo, as chances de batidas iriam ser reais. E foi o que aconteceu... na segunda curva da pista, na primeira volta. E aconteceriam mais duas batidas - e o motor rebentado da Katherine Legge, a única piloto presente - antes da volta 50, para colocar a corrida perto do limite. No final, acabaram por ser oito, as situações da bandeiras amarelas. 

No final, como no ano passado, decidiu-se na última volta. Já com o lusco-fusco a envolver tudo, o mexicano Pato O'Ward, no seu McLaren, passou o Penske do americano Josef Newgarden, o vencedor das 500 Milhas do ano anterior, e parecia que ia a caminho da vitória. Mas na reta oposta, a duas curvas do final... ele reagiu e passou-o, para espanto de muitos... e júbilo de muitos outros. Porque ia fazer história.

Newgarden deu à Penske a sua 20ª vitória no "Brickyard", e pela primeira vez desde 2002, com Hélio Castro Neves, conseguiu repetir a vitória - "back to back", como afirmam os americanos. E claro, o delírio dos outros contrastou com a derrota de O'Ward: ele saiu do carro a chorar. 

E merecia: algumas voltas antes, controlou o carro por três vezes para evitar uma batida no muro que poderia ter terminado a sua corrida.       

Quanto à McLaren, que hoje tinha Mr. Brown... engraçado, mas real: nas três corridas de hoje, conseguiu ter um carro no segundo lugar: Jake Hughes na Formula E, Oscar Piastri na Formula 1 e agora, Pato O'Ward nas 500 Milhas. Como dixem os britânicos... "close, but no cigar".

Mas do final, valeu a pena estar acordado até perto da uma da manhã para assistir a isto. As 500 Milhas de Indianápolis são dos melhores espetáculos do automobilismo.

sábado, 25 de maio de 2024

A imagem do dia


Nas vésperas de mais uma edição das 500 Milhas de Indianápolis, a organização eu a todos os vencedores ainda vivos um casaco azul com o símbolo do Indianápolis Motor Speedway, muito semelhante aquilo que os golfistas recebem em Augusta quando ganham o Masters.

E a foto é muito boa: todos estes senhores, exceto Roger Penske, ganharam pelo menos uma edição das 500 Milhas. E perto do troféu estavam os múltiplos vencedores, como Hélio Castro Neves, Rick Mears e A.J. Foyt, os únicos que tem quatro triunfos ainda vivos.  

Há notáveis ausências na foto: Parnelli Jones, Gordon Johncock, Tom Sneva, Danny Sullivan, Eddie Cheever, Jacques Villeneuve e Juan Pablo Montoya. Mas os que estão lá é uma constelação de grandes pilotos. Para além dos que falei, estão gente como Al Unser Jr, Bobby Rahal, Emerson Fittipaldi, Takuma Sato, Marcus Ericsson, Dario Franchitti, Tony Kanaan e claro, Mário Andretti

É, sem dúvida, uma foto cheia de significado, especialmente numa edição que, em muitos aspectos, poderá ser bem interessante de se seguir, num domingo que estará cheio de automobilismo. Da manhã até à noite. E o casaco, embora simbólico, poderá ser algo que entrará na história das 500 Milhas com algum significado.   

sexta-feira, 17 de maio de 2024

Youtube Motorsport Crash: O acidente de Nolan Siegel em Indianápolis

Estamos nos dias da qualificação para as 500 Milhas de Indianápolis, e claro, estão a acontecer alguns acidentes graças às altas velocidades que os carros andam - cerca de 370 km/hora - e ao jovem Nolan Siegel, também não escapou ao encontro com os muros, nesta tarde de sexta-feira. 

Felizmente, não aconteceram danos pessoais, mas ele deu umas cambalhotas no ar.

Neste final de semana saberemos quem fará a pole-position e ficará nas primeiras filas da grelha da edição deste ano da corrida mais importante da América.  

segunda-feira, 8 de abril de 2024

A imagem do dia


Esta segunda-feira, parte dos Estados Unidos passou por um eclipse solar total, o primeiro em sete anos. Hoje, ele passou por estados como o Texas, Indiana, Ohio, Pensilvânia e Nova Iorque, entre outros. E um dos sítios onde todos puderam assistir ao espetáculo na sua totalidade foi no Indianápolis Motor Speedway. 50 mil espectadores foram lá para ver algo que demora muito menos que uma volta de qualificação das 500 Milhas, que acontecerá dentro de um mês.

A NASA decidiu fazer uma transmissão em direto de lá e contou com a presença de Alexander Rossi, o vencedor da edição de 2016, onde explicou a colaboração do sol no aquecimento, quer do asfalto, quer dos pneus, necessários para uma boa volta no "Brickyard". A explicação é instrutiva, mas o que todos queriam ver era o espetáculo que não aparece todos os anos, nem em todas as décadas. A última passagem no território americano foi em 2017, mas antes, tinha sido em 1979, e o próximo só aparecerá lá para... 2045.

Esta totalidade é um momento único, porque não se repetirá mais... ali, em Indianápolis, se calhar em 2099, mas não será tão "total" como foi hoje. Ou seja, este é um acontecimento único, de uma vida. Quando reaparecer, se calhar passarão séculos desde este dia. Que fica guardado na memória dos que experienciaram. 

Apesar de tudo, este é um grande espetáculo, o que a Natureza nos dá.  

sábado, 11 de novembro de 2023

A(s) image(ns) do dia





Nesta segunda parte sobre a (má) relação entre automobilismo e Las Vegas, lembro hoje outra experiência que acabou mal. Esta foi na IndyCar.

Como já disse ontem, a CART correu em 1983 e 84 no Ceasar's Palace, no circuito que foi construído para a Formula 1. Contudo, apesar de também ser a corrida que encerrava o calendário - foi ali que Mário Andretti conseguiu o seu último título, e o primeiro pela Newman-Haas, em 1984 - a competição deixou de ir à cidade no final desse ano e o circuito foi demolido, estando agora no seu lugar alguns edifícios.

Apesar de uma passagem fugaz da ChampCar em 2007, somente em 2011 a IndyCar pensou na "cidade do pecado" para a sua competição. E como das outras vezes, seria a corrida final. E foi tudo feito para que fosse um grande espetáculo.     

Nesse ano, já havia na cidade uma "superspeedway", construída e usada pela NASCAR. Os organizadores fixaram um prémio bem chorudo, e tentaram atrair pilotos de outras categorias para irem lá correr. A ideia era trazer ex-pilotos de Formula 1, por exemplo, mas no final, só conseguiram um piloto: Dan Wheldon. Nesse ano, ele só tinha corrido numa prova, as 500 Milhas de Indianápolis... e ganhou. Numa das vitórias mais dadas da história do automobilismo quando J.R. Hildebrand bateu no muro na última curva da última volta da corrida. Ainda assim, acabou em segundo.

Wheldon regressou, atraído pelo dinheiro, e também porque tinha de se treinar para a temporada seguinte - ia correr pela Andretti - e os organizadores queriam que ele partisse de último, para tentar algo impossível: ganhar a corrida. Se conseguisse, ganharia metade do prémio. Parecia ser improvável, mas ele tentou. E até pintou um capacete especial para o evento, que tinha roleta e catas de poker. Tipicamente Las Vegas. 

Como sabem, acabou mal. Uma carambola na 12ª volta acabou com Wheldon catapultado contra as redes e acabou por sofrer um acidente mortal, aos 33 anos de idade, e meses depois do seu maior triunfo no automobilismo - que tinha ganho pela segunda ocasião. A corrida foi imediatamente  cancelada, e mais tarde, a IndyCar foi depois criticada pelo fato de eles terem corrido ali, numa pista onde um "big one" - uma enorme carambola - onde 15 carros foram envolvidos e terminou na morte do piloto britânico, era inevitável por causa da quantidade de carros que corriam juntos, separados por centímetros, a mais de 320 km/hora. 

Em suma, tinha tudo para acabar mal. Só não se sabia quando. 

Não acho que seja agoirento, e entendo a ideia de atrair gente - mais turismo - para uma das cidades mais visitadas da América e do mundo. E desejo toda a sorte do mundo para eles. Contudo, todas as experiências anteriores resultaram em fracasso. Portanto... é bom que façam as coisas muito bem feitas. Nem que seja para contrariar a má relação entre automobilismo e esta cidade. 

Caso contrário, a aposta sai pela culatra e isto será mais um (mau) episódio. E ainda por cima, já foram investidos algumas dezenas de milhões de dólares, por causa do paddock que foi construído de raiz.   

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

IndyCar: Ericsson vai para a Andretti


A Andretti Autosport anunciou esta quarta-feira que o sueco Marcus Ericsson será seu piloto para 2024. O piloto de 32 anos, vencedor das 500 Milhas de Indianápolis em 2022 e segundo classificado em 2023, é o atual sexto classificado no campeonato, e pilotava pela Chip Ganassi até agora. 

Apesar desta transferência, a Andretti não especificou se o piloto irá ocupar o lugar de Romain Grosjean - que em 2024 correrá na IMSA, ao serviço da Lamborghini - ou do canadiano Devlin DeFrancesco, que têm contrato com a equipa até o fim desta temporada.

No caso do piloto francês, a sua inconsistência está a ser mais notada ultimamente, e a sua perda na Andretti faria uma mossa na equipa, dada a sua popularidade. 

Regressando a Ericsson, em termos de palmarés, o piloto tem quatro triunfos na IndyCar, onde chegou em 2019, depois de cinco temporadas na Formula 1, entre Caterham e Sauber, onde conseguiu como melhor resultado um oitavo lugar no GP da Austrália de 2015. Ao todo, obteve 18 pontos.  

quinta-feira, 6 de julho de 2023

IndyCar: As possibilidades para 2024


A IndyCar corre para 17 corridas no seu calendário para 2024, menos sete que a Formula 1 - mas eles têm um calendário mais compacto, entre fevereiro e setembro - e esta semana, o jornal Indianápolis Star falou que existe a chance de um evento extra-campeonato a acontecer no estrangeiro, algo que não acontece desde 2008. E que poderão estar a almejar corridas na América do Sul, nomeadamente Argentina e o Brasil.

A Argentina é uma conversa em desenvolvimento que [tem tudo para] ser promissora”, começou por afirmar Mark Miles, CEO da IndyCar. Miles, que fez uma viagem ao país no final de março deste ano com Ricardo Juncos, mais o vice-presidente da PEC, Michael Montri, e Tony Cotman, o designer de pistas de corrida, do qual a IndyCar se apoiou para vários projetos nos últimos anos. “Recebemos muitos ‘recebidos’, mas muitos deles não fazem sentido para nós, quando você pensa sobre nosso pensamento atual de que [uma corrida internacional] não deveria acontecer durante o campeonato. E quando você pega, digamos, a Europa, quando funciona em quais países da Europa Ocidental, em termos de clima? Nunca se passam [menos de] seis meses sem que alguém ou alguém em nome de alguém não entre em contato [de uma nova entidade que deseja sediar uma corrida].”, continuou.

De facto, a IndyCar esteve em Termas de Rio Hondo para avaliar a viabilidade de uma corrida por lá, e a demonstração foi bem concorrida, com 40 mil pessoas a assistir, mostrando a paixão que os argentinos tem pelo automobilismo.  

Miles afirmou que as noticias sobre a possibilidade de uma corrida em Interlagos em junho de 2024 são "prematuras", porque as conversações, embora existentes, estão ainda numa fase inicial. 

Eu não diria que estamos numa [conversação longa] com o Brasil como estamos [neste momento] com a Argentina”, disse Miles. “Pode ser porque ainda não nos conectamos realmente, mas não tivemos nenhuma conversa substantiva lá.

Miles afirmou que em 2024 haverá 17 corridas, e que uma delas poderá ser Milwaukee, no regresso da oval que lá existe. Ou seja, para acontecer, Iowa poderá deixar de ser uma jornada dupla para ser uma singular. Contudo, circuitos como Portland, tem o contrato com a IndyCar a terminar nesta temporada, e as conversações para a sua renovação estão a caminho. Roger Penske e Mark Miles também andam a falar com os donos de Road America no sentido de voltar a acolher a competição, que não vai lá desde 2015. Contudo, isso só acontecerá se poderem fazer algumas modificações a nível de segurança. 

segunda-feira, 29 de maio de 2023

A(s) image(ns) do dia






As 500 Milhas de Indianápolis são dos melhores espetáculos do mundo. Mesmo que o inicio seja muito americano - demasiado para alguns estômagos - no final, o que o povo gosta é a espontaneidade. Dos pilotos, especialmente. Mas também os gestos da organização são dignos de louvor. 

Que assistiu à corrida sabe que a primeira parte foi algo semelhante a uma corrida de paciência, com os pilotos a obedecerem a estratégias para poderem estar na melhor posição possível para as 50 voltas finais. Aliás, quase ficamos com metade da corrida sem acidentes, e bandeiras amarelas. 

A grande maluquice (se quisermos) aconteceu a partir da volta 150. As bandeiras vermelhas apareceram três vezes nas últimas 30 voltas, mas no final, que recomeçou a três voltas da meta, deu para uma última passagem emocionante, onde Joseph Newgarden passou Marcus Ericsson - que quase ganhou a corrida pela segunda ocasião consecutiva (!) - e no final, conseguiu triunfar. Pela primeira vez, o piloto da Penske triunfou... e foi comemorar para o meio da multidão, de forma espontânea, para alegria de todos, quer na pista, quer em casa, quer no grande edifício, onde o "capitão", que agora era o dono da IndyCar, estava feliz por mais um triunfo. 

E a senhora a beijar o Brickyard? Bom, a história poderia ter começado mal, mas acabou bem. 

Tudo começou quando outro sueco, Felix Rosenqvist perdeu o controlo do seu McLaren na Curva 1 - aparentemente, escorregou o seu carro, mas pode ter tido um problema na sua direção - bateu e entrou um pião, atingindo o Andretti de Kyle Kirkwood, que capotou na curva 2, e raspou o roll-bar no solo por mais de 200 metros. Eles saíram incólumes, mas no choque, uma das rodas de Kirkwood foi arrancada e saltou para fora da pista. Temeu-se que caísse na bancada, mas falhou por sorte. Acabou por cair no parque de estacionamento, caído num carro. Um Chevrolet Cruze branco. Amolgou o guarda-lamas e pouco mais.

Cedo, os organizadores descobriram o proprietário do carro. Que afinal, era uma proprietária. E no final do dia, no pôr do sol, deram-lhe uma visita que não poderia esquecer. E era daquelas que adoram as 500 milhas, porque... já repararam no que tinha vestido? Um vestido xadrez!

Youtube IndyCar vídeo: Os melhores momentos das 500 Milhas de Indianápolis

Depois do GP do Mónaco, muitos de nós não deixaram o ecrã de televisão para assistir a uma das melhores corridas que a América inventou: as 500 Milhas de Indianápolis. Foi uma corrida fluida até perto dos dois terços da corrida, altura em que os acidentes começaram a fazer parte do jogo, acabando com uma bandeira vermelha a pouco menos de 10 voltas do fim, e um final de cortar a respiração. 

Eis um vídeo com os melhores momentos dessa corrida.  

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Youtube Motorsport Video: Porquê importa assistir às 500 Milhas de Indianápolis

O fim de semana que aí vêm será glorioso. Teremos o GP do Mónaco à tarde, as 500 Milhas de Indianápolis mais tarde, e NASCAR pela noite (europeia). E de uma certa forma, a corrida no "Brickyard" é considerada como uma das melhores coisas que existe à face da terra - as 24 Horas de Le Mans é outra - e como muitos conhecem a sua história - a sua primeira edição aconteceu em 1911 - alguns questionam a razão dela ter de acontecer. 

Pois bem, o Josh Revell decidiu fazer este vídeo para explicar esta corrida, porquê surgiu e o que representa. Sentem-se porque merece passar 12 minutos das vossas vidas. 

terça-feira, 23 de maio de 2023

IndyCar: Rahal correrá no lugar de Wilson


A Dreyer & Rheinbold Racing anunciou esta terça-feira que Graham Rahal substituirá Stefan Wilson nas 500 Milhas de Indianápolis de 2023. O filho de Bobby Rahal, que não se conseguiu qualificar para a prova com o seu carro, será o piloto que correrá no lugar de Wilson, que sofreu ontem um acidente quando foi batido pelo carro de Katherine Legge

"Estamos contentes por anunciar que Graham Rahal irá pilotar o numero 24 na 107ª edição da Indianápolis 500! Rahal irá substituir o lesionado Stefan Wilson que sofreu um acidente na sessão de treinos de ontem", afirmou a equipa, num comunicado lançado na sua conta no Twitter.  

Não é a primeira ocasião que Rahal corre pela Dreyer & Rheinbold Racing: em 2010, correu na prova de Iowa, no lugar de Mike Conway. As 500 Milhas de Indianápolis acontecerão no domingo, no final da tarde. 

quarta-feira, 22 de março de 2023

Noticias: IndyCar explora ideia de correr na Argentina


A IndyCar conhece um momento alto num lugar improvável: a Argentina. Um país que sempre adorou automobilismo, segue com curiosidade e torcida a abentura de Ricardo Juncos, que conseguiu chegar até à categoria principal, montando uma equipa, colocando um dos seus, Augusto Canapino, num dos carros. 

Pois bem, o passo seguinte poderá estar a ser dado: segundo conta Marshall Pruett, da Racer, uma delegação está no circuito de Termas de Rio Hondo, no nordeste da Argentina, para saber da possibilidade de correr ali. Foi ali que aconteceu a demonstração de Juncos, perante uma audiência entusiasmada - ali na Argentina, as multidões são comparadas com as dos estádios de futebol - e se acontecer, sera a primeira corrida fora da América do Norte desde 2013, quando foram para São Paulo, no circuito urbano do Anhembi.

Este tem sido um grande, grande sonho para mim na Argentina”, disse Juncos à publicação americana. “Os fãs, há tantas pessoas que querem ter a IndyCar aqui e se isso é algo que podemos fazer acontecer com os patrocinadores e tudo o que precisamos para apoiar, acredito que será uma oportunidade incrível.”, continuou.

Resta saber que tipo de modificações terão de ser feitas para que isto seja uma realidade. A pista já recebeu em termos internacionais a MotoGP e o WTCR.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Youtube Movie Video: Uma critica a "Turbo"

Não é habitual haver filmes de animação com carros para além de "Cars". Contudo, "Turbo" foi um filme fora do habitual, especialmente por causa de uma história inverosímil: um caracol que tinha o sonho de correr e ganhar... as 500 Milhas de Indianápolis! Estranho, não é?

Enfim, o Josh Revell, que agora tem tempo livre pela frente, decidiu fazer um video sobre esse filme, que ele afirma ter feito... a pedido dos seus espectadores. Aqui está!

sábado, 1 de outubro de 2022

Rumor do Dia: Kimi Raikkonen em tempo parcial na IndyCar?


Poderá haver algo sensacional na IndyCar em 2023: Kimi Raikkonen poderá ter uma temporada parcial na competição em 2023, correndo nos circuitos mistos. A ideia era de ele competir pela Chip Ganassi, ao lado de Jimmie Johnson, que há duas semanas decidiu não correr a tempo inteiro no final desta temporada. O piloto de 47 anos quer correr nas ovais, até cinco provas no campeonato, incluindo as 500 Milhas de Indianápolis, com o finlandês de 42 anos a fazer o resto da temporada. 

Há negociações nesse sentido, como diz a NBC na sua conta no Twitter, e Kimi já esteve nos Estados Unidos neste ano a andar numa prova da NASCAR, em Watkins Glen, ande andou bem antes de abandonar devido a uma colisão.  

A Chip Ganassi tem quatro carros inscritos para 2023 e ter alguém mediático atrairia, sem dúvida, muita gente para poder ver o carismático finlandês na competição. Resta saber como - e se - estas conversações, se estão a acontecer, terão um final feliz.

E claro, se acontecer, não é nada de novo que Kimi já tenha feito. Em 2010 e 2011, andou no Mundial de Ralis, a bordo de um Citroen C4 WRC, com alguns resultados interessantes. 

O campeonato de 2023 começa a 5 de março, em St. Petersburg, na Florida, e acabará a 10 de setembro, em Laguna Seca, com as 500 Milhas de Indianápolis a acontecerem a 28 de maio.   

segunda-feira, 25 de julho de 2022

IndyCar: Penske quer um terceiro fornecedor de motores na competição


A IndyCar já têm há algum tempo dois fornecedores de motores na figura da Honda e da Chevrolet, e Roger Penske já disse desde há algum tempo que deseja um terceiro fornecedor de motores. Este fim de semana, no Iowa, ele afirmou que está em negociações com a Toyota para o seu regresso, e ele poderá acontecer em 2025. 

Numa altura em que a competição irá adotar um sistema de motores mais híbrido, apesar de ser um motor V6 de 2,4 litros twin-turbo, Penske quer a marca japonesa na competição porque afirma que este tipo de motor favorece os interesses da marca. Para além disso, Penske afirmou que a Toyota nomeou numa nova direção para as suas operações na América, que poderá ser mais favorável para o regresso a uma competição onde estiveram no final do século XX, quando ainda havia a CART.

"Estamos a ter uma conversa contínua com a Toyota, estamos a trabalhar com a nova equipa de gestão. Mas não se pode simplesmente estalar os dedos e esperar que o fabricante se comprometa imediatamente. Esperamos que a dada altura possamos fazer um acordo com eles. Não estou a dizer que temos um acordo, mas estamos a trabalhar nesse sentido.", afirmou Penske à racer.com.

O lado interessante disto é que Honda e Chevrolet... apoiam a entrada de mais fornecedores. Isto porque um terceiro fornecedor de motores aliviaria o seu investimento e a carga de trabalho, tornando os seus respetivos programas mais rentáveis. E quando entrar, eles poderão ser parceiros da equipa Vasser Sullivan Racing. 

A última vez que a IndyCar teve um terceiro fornecedor de motores foi em 2012, quando a Lotus construiu motores em parceria com John Judd, e foi um fracasso total, com alguns dos escolhidos trocarem rapidamente de motor, e após essa temporada para esquecer, desapareceram de cena.

domingo, 29 de maio de 2022

A imagem do dia




Eu não sou fã de ter duas corridas importantes no mesmo dia, porque é isso que faz com que as pessoas tenham de escolher. Ainda por cima quando essas corridas importantes são as 500 Milhas de Indianápolis e o GP do Mónaco. Mas como espectador, como alguém que vê as corridas à frente de um ecrã de televisão, ou no num outro meio - telemóvel ou portátil - este é provavelmente o mais excitante domingo do ano: ver duas das melhores três provas do automobilismo do ano, pois o terceiro está a duas semanas de acontecer - são as 24 Horas de Le Mans.

E a corrida americana não desiludiu.

Em claro contraste com a chuva no Principado, um sol de primavera acolheu as mais de 350 mil pessoas que foram ver as 500 Milhas. Com Roger Penske a dizer a mais ansiada frase do automobilismo americano, os pilotos foram para a pista dispostos a escreverem a sua parte na lenda, a beberem o seu copo de leite, a usar o seu anel e terem o seu busto na Borg-Warner, o maior troféu - em tamanho" - do automobilismo.

Foram 200 voltas onde se viu estratégia, astúcia e movimentações decisivas, onde um erro significava uma batida no muro - houve cinco, uma das vítimas foi Romain Grosjean - e no final, tudo se decidiu com um ataque e uma defesa. Mas as coisas começaram a menos de dez voltas do fim. 

Nessa altura, o sueco Marcus Ericsson tinha feito a sua movimentação para o McLaren de Patricio (Pato) O'Ward e ficado com a liderança, e a distância parecia o descansar perante os ataques dos outros. Ele iria ser o vencedor, o segundo sueco depois de Kenny Brack, e ainda por cima, o seu capacete para esta prova homenageava o seu intrépido compatriota Ronnie Peterson, que vencera no Mónaco 48 anos antes.

Mas então, Jimmie Johnson, um dos maiores pilotos da NASCAR de sempre, com sete títulos e que decidiu correr na IndyCar em 2021, bate no muro na curva 4, e os comissários decidem mostrar a bandeira vermelha. Tudo parado, e a vantagem de Ericsson a esfumar-se. E eu até pensava que ele não iria conseguir aguentar a investida que O'Ward iria fazer nas voltas finais, com mais gente ambiciosa atrás dos dois, como Tony Kanaan.

A quatro voltas do fim, eles regressaram à pista e a respiração... ficou sustida. Ericsson tentava cortar o ar, para impedir o ataque do mexicano da McLaren, mas no inicio da última volta, ele atacou. Ambos ficaram lado a lado... e o sueco aguentou. A liderança era dele, e essa defesa foi tal que abriu uma vantagem que acabou por ser decisiva. Aos 32 anos, e depois de cinco temporadas na Formula 1 pela Caterham e Sauber, na sua quarta temporada na IndyCar, e terceira pela Chip Ganassi, ele triunfou.

E não era o favorito entre eles. Muitos torciam por Scott Dixon, mas um erro na entrada das boxes, ao entrar em excesso de velocidade, o fez penalizar em uma volta, acabando ali as suas chances de conquistar uma nova vitória, e outros esperavam por mais gente, como por exemplo, Hélio Castro Neves, que tinha a chance de ser o primeiro a conseguir cinco vitórias no Brickyard.

No final, o espetáculo não desiludiu. Valeu a pena ter assistido a tudo isto neste domingo. E parabéns ao Marcus Ericsson pelo seu feito.

quinta-feira, 19 de maio de 2022

A imagem do dia


Há 40 anos, assistia-se a um dos piores acidentes da história do automobilismo. Em Indianápolis, Gordon Smiley e o seu carro desintegravam-se contra a parede e o piloto tinha morte imediata, numa descrição que o médico da altura, Steve Olvey, descreveu da seguinte forma:

"No caminho [para o centro médico], fiz um exame superficial e percebi que quase todos os ossos do corpo dele estavam quebrados. Ele tinha uma ferida aberta na sua lateral que parecia ter sido atacado por um grande tubarão. Eu nunca tinha visto um trauma tão grande."

A sua companheira de equipa, a sul-africana Desirée Wilson, contou anos depois, em 2010, sobre o momento em que trouxeram o que restava do seu carro.

"Eles trouxeram os restos do carro de Gordon para nossa garagem, e o maior pedaço foi uma pequena bola de motor. Não havia nada além de pedaços quebrados, um pedaço da caixa de velocidades, um pouco de roda, nem mesmo um assento. Foi muito feio. O camião de lixo apareceu e eles jogaram os restos na traseira do camião e o levaram embora dali.", recordou.

E assim acabava, aos 36 anos de idade, a carreira de um piloto ambicioso, que tinha ido à Europa para tentar ser piloto de Formula 1, e triunfou... numa corrida na competição britânica, numa Surtees modificada, em Silverstone. Regressado aos Estados Unidos, o seu objetivo era as 500 Milhas de Indianápolis, onde em 1981, conseguira um bem classificado oitavo posto na grelha de partida, para a sua corrida acabar na volta 141, devido a um acidente. 

E foi Smiley que, indiretamente, afetou o resultado daquela corrida, porque por causa do seu acidente, e da subsequente bandeira amarela, causou o incidente entre Bobby Unser e Mário Andretti, onde Unser ultrapassou diversos pilotos à saída das boxes durante uma situação de bandeiras amarelas, que levou à sua penalização e atribuição da vitória a Andretti. Apenas em outubro é que o apelo foi ouvido e revertido o resultado, dando a Unser a sua terceira e última vitória no "Brickyard". 

Em 1982, depois de alcançar o seu melhor lugar de sempre, um nono posto em Atlanta, Smiley foi para as 500 Milhas com um carro da Fletcher Racing, e esperava alcançar um resultado melhor. A 15 de maio, durante a segunda sessão de qualificação, Smiley tentava uma volta rápida quando perdeu o controlo do carro na curva 3. Ao tentar corrigir, o carro ficou de frente ao muro, embatendo com toda a força e desintegrando-se no impacto. Era a primeira morte no "Brickyard" desde a infame edição de 1973, quando Art Pollard e Swede Savage tiveram os seus acidentes fatais, e só haveria nova morte na pista dali a dez anos.