Isto tem uns dias - aconteceu a 30 de setembro - mas vale a pena falar desta corrida que aconteceu há 20 anos, e do que significou. Afinal de contas, falamos de como Michael Schumacher ganhou o mais complicado do seus sete títulos, apesar de, quando chegou a Indianápolis, estava numa posição de vantagem face à concorrência.
Quando Schumacher terminou o GP da Hungria na oitava posição, a Ferrari sabia que estava colocada a um canto. O domínio dos anos anteriores tinha evaporado, por causa das novas regras, e a concorrência, especialmente Williams, McLaren e Renault, estavam com excelentes máquinas, dispostas a tirar um título ao alemão da Ferrari.
A quatro corridas do fim, sentiam a respiração dos outros a seu lado. E tinham de reagir.
Em Monza, Schumacher dominou o fim de semana, conseguindo primeiro a pole-position, antes de ganhar e ficar na frente de Juan Pablo Montoya, numa corrida tão rápida, que até este ano tinha sido a mais curta de sempre, com uma hora e 14 minutos de duração (a corrida deste ano durou 1.13,41 minutos, menos um minuto que o recorde anterior).
Contudo, Schumacher saia da pista italiana com 82 pontos, mais quatro que Montoya e mais sete que Kimi Raikkonen, que naquela corrida foi quarto, atrás de Rubens Barrichello.
Portanto, quando a Formula 1 chegou a Indianápolis, palco do GP dos Estados Unidos, Schumacher só tinha suas opções: ganhar... ou ganhar.
A Ferrari deu-lhe o chassis que queria para poder tentar a sua sorte... mas não conseguiu mais que o sétimo posto, numa qualificação dominada por Kimi Raikkonen. Dos candidatos ao título, era o pior deles todos a largar na grelha.
No dia da corrida, apesar das nuvens à volta, os pilotos corriam com secos, e os pilotos que largavam do lado "limpo" partiram melhor, como Kimi. Schumacher aproveitou para ser quarto no final da primeira volta e imprimiu o seu ritmo, ainda por cima quando Juan Pablo Montoya, que largara do lado sujo, caia para o meio do pelotão. Contudo, na terceira volta, o colombiano, que era sétimo, queria passar Rubens Barrichello, que estava na sua frente, tocou nele e o arrastou para a gravilha. O colombiano chegou a apanhar Schumacher, na volta 7, quando a chuva pingava em partes da pista, graças à melhor eficácia dos Michelin que tinha calçados.
Mas... era tudo inútil. Os comissários investigavam o toque com Barrichello e decidiram penalizar o colombiano, afirmando que o acidente era "evitável". E numa altura em que tinha começado a chover e decidira ficar na pista com os pneus secos. Resultado final? Muito tempo perdido. Iria ser sexto quando cruzou a meta. E provavelmente o seu campeonato tinha acabado.
Na frente, Raikkonen tentava aguentar Schumacher, mas na volta 28, o alemão apanhou-o e passou-o, pois na altura, quem liderava era Jenson Button, no seu BAR. Mas 10 voltas depois, o britânico ficou sem motor e o alemão herdou-o, com Raikkonen logo atrás, depois de passar Heinz-Harald Frentzen, no seu Sauber. No final, o alemão estava numa posição complicada, e mesmo com chuva, ele deu a volta e acabou como vencedor.
Apesar de ainda faltar uma corrida, e da matemática ainda não permitir, Schumacher tinha tudo na mão. Bastaria pontuar no Japão para ser campeão.