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quinta-feira, 17 de outubro de 2024

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Há 25 anos, em Sepang, deveria ser um dia de triunfo e esperança para a Ferrari, Na realidade... foi quase de desespero, por causa da vitória que lhes foi retirada na secretaria, depois de terem ganho na pista. E tudo por causa de uma interpretação literal dos regulamentos... e das margens de tolerância delas. 

A história da fuga que acabou por não acontecer começa no momento em que amos os Ferraris cortam a meta na pista malaia. Como "funcionário do mês" que conseguia ser, Schumacher cedeu a vitória a Eddie Irvine, embora na última volta, Mika Hakkinen passou Johnny Herbert para ser terceiro, assim mantendo alguma distância para o irlandês na corrida do campeonato. 

Quando a equipa comemora o resultado nas boxes, os comissários estão a verificar os carros, e começam a notar os difusores laterais, e começam a notar as diferenças. Assim sendo, avisam as irregularidades à Ferrari e decidem pela desclassificação. Quando a novidade é dita à imprensa, toda a gente sabia o que isso significava: o campeonato tinha acabado ali, e a favor da McLaren. E claro, Maranello decidiu apelar, afirmando que ainda estava dentro da margem de tolerância. Afinal de contas, os materiais dilatam com o calor e a Malásia é um país tropical.

Durante uns dias, o mundo da Formula 1 ficou com a respiração em suspenso. Alguns perguntariam se isso acontecesse com um Minardi, teriam o mesmo tipo de reação. Mas com uma corrida para acabar a temporada, existia essa dúvida a pairar sobre todos, todos aguardaram pela decisão do apelo que tinham mandado para a FIA. E quando esta leu os argumentos da Ferrari, especialmente do seu diretor, Jean Todt, que o difusor simplesmente dilatou-se com o calor, ficando dentro da margem de tolerância ditada pelos regulamentos, a 23 de outubro, a desclassificação ficou anulada, os pontos foram devolvidos, e a decisão do campeonato foi para o Japão, onde tudo poderia acontecer.

Mas por uns dias, o mundo da Formula 1 ficou suspenso de uma decisão de secretaria. E poucos queriam que um campeonato desses acabasse dessa maneira. 

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

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Em 1999, a Formula 1 estava na Malásia, uma nova localização no calendário, com Ferrari e McLaren a lutar avidamente pelo título. E se o circuito de Sepang, desenhado por Hermann Tilke, parecia ser desafiante, no paddock, todos celebravam o regresso de Michael Schumacher, que regressava depois de dois meses de ausência, depois do seu acidente de julho, em Silverstone. E na conferência de imprensa, ele afirmava que iria ser um bom soldado para reforçar as chances de título de Eddie Irvine, vinte anos depois da última vez, com Jody Scheckter

O que poucos sabiam eram duas coisas: que Schumacher não queria regressar ali, porque não queria ajudar Irvine, e que só estava ali porque Luca de Montezemolo o obrigou. 

Quando Schumacher fraturou a sua perna direita, na pista britânica, sabia que as suas chances de campeonato tinham evaporado. Iria ficar de fora por duas ou três corridas, suficientes para Mika Hakkinen afastar-se da concorrência, mas a Ferrari queria ganhar a todo o custo. Ali, a Scuderia e o piloto tinham ideias diferentes: eles queriam ganhar enquanto fosse matemático, e Schumacher queria descansar e tentar de novo, com força, na temporada seguinte, quando tudo estivesse no auge. E existia uma terceira coisa: ele decidiu... sabotar as chances de Irvine de ser campeão. Portanto, tentar prolongar a convalescença seria o ideal. 

Maranello quis saber se Schumacher estava apto a correr ainda antes do GP da Alemanha. Tendo sido operado logo a seguir, para reduzir as fraturas, ele estaria já grandemente recuperado nessa altura, mas um teste verificou que a área ainda estava inchada e sentia dores ao mexer com a perna dentro do cockpit. Vista a situação, combinou-se que as coisas voltariam a ser vistas depois do GP de Itália, em setembro. Ali, Schumacher já andava sem ajuda, e no dia a seguir, fez um teste, uma simulação de corrida para saber se estava em forma. De uma certa maneira, sim, mas ele continuava a queixar-se de algumas dores. 

Ao longo desse tempo, ele e Montezemolo discutiam sobre a rapidez da recuperação. E o alemão arrastava os pés nesta situação porque não queria que Irvine triunfasse. O primeiro campeão em 20 anos não poderia ser ele, caso contrário, a sua contratação perderia razão. A paciência (e tolerância) de Montezemolo a ele foi tolerável até ao dia em que telefonaram para a sua casa, na Suíça, e quem atendeu foi Gina-Maria, a filha mais velha (Mick ainda meses de idade), dizendo que ele estava a jogar futebol com os amigos. O presidente da Ferrari achou que já roçava o abuso e disse que queria um novo teste e independentemente disso, iria correr nas últimas provas do ano, a iria ser o escudeiro de Irvine na luta pelo campeonato. 

Em Sepang, ver Schumacher de regresso era um motivo de celebração, mas existia tensão dentro da equipa. O alemão obedecer a ordens e deixar que o irlandês vença e interfira entre Irvine e Hakkinen era algo novo nele, e pior: não fazia parte da sua natureza. Estar a cem por cento de forma para andar a 80 ou menos por cento para ajudar alguém que definitivamente, era mais lento, que ele mesmo escolheu porque sabia que não seria uma ameaça dentro da sua equipa, era contranatura. Mas mesmo assim, no final daquela qualificação, os Ferrari monopolizariam aquela primeira fila da grelha, com Schumacher na frente do irlandês, e na corrida, iria cumprir este novo papel. Um estranho e novo papel: ser escudeiro. 

E se desse certo, as tensões diminuiriam e voltaria a cair nas boas graças de Montezemolo, em particular, e Maranello, em geral.  

sexta-feira, 5 de abril de 2024

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Há 15 anos, acontecia do GP da Malásia, em Sepang. E num ano onde parecia que as coisas iriam acabar num domínio da Brawn GP - recomendo o documentário apresentado pelo Keannu Reeves - esta foi uma das poucas corridas - seis ou sete, creio eu - onde a prova não chegou ao final por causa do tempo: a chuva imensa. Depois disso, só mais duas corridas - creio eu, que ando a fazer isto de cabeça - é que não chegaram ao final: Japão 2014 (mas este recebeu os pontos todos) e Bélgica 2021.

Depois de uma dobradinha na Austrália, com Button e Rubens Barrichello, a Formula 1 seguiu para a Malásia, onde se sabia dos riscos de uma corrida perto do Equador (em termos de latitude, não no país sul-americano): ao final da tarde, chove quase sempre, por ser uma região húmida. 

Como na Austrália, os Brawn saiam na frente, com Jenson Button na pole. Mas Rubens Barrichello era quarto, batido pelo Toyota de Jarno Trulli e o Red Bull de Sebastian Wettel, que já se tinha mostrado na Austrália, lutando pelo segundo lugar com Robert Kubica... e acabara mal. 

A corrida começou com Button na frente... até Nico Rosberg ter arrancado melhor e conseguir a liderança. E lá ficou até à 15ª volta, altura em que foi passado por Button, numa altura em que as nuvens ameaçavam descarregar o seu conteúdo. E quando choveu, a partir da volta 19, os pilotos começaram a trocar para intermédios, e depois, para os de chuva, pura e dura. Lentamente, a chuva caia com crescente força, e os pilotos tinham crescentes dificuldades em controlar os seus carros dentro do asfalto.   

E assim, a corrida foi interrompida na volta 31, a 15 do final, e claro, menos de 75 por cento da corrida percorrida.

Claro, foi depois uma confusão. Mas é disso que são feitos os momentos que ficam nas nossas memórias. 

Alguns ficaram dentro do carro, esperando que a chuwa passasse, mas outros toparam tudo. É o caso do Kimi Raikkonen. Que é um contraste com Felipe Massa que, como os outros, ficou no carro à espera de um eventual recomeço. Ele pedia um visor branco, porque tinha o preto, para aguentar os raios de sol. E claro, saiu o agora famoso "Felipe baby, stay cool!". E já agora, o gesto do Kimi? Como disse em cima, o seu instinto deve ter visto que as coisas não iriam muito longe. Tirou o capacete, o fato, meteu uns calções e como estava calor, foi comer um Magnum de chocolate. Simples. Aliás, parece simples, mas como é um piloto de Formula 1, parece que eles tem de fazer coisas mais... anormais.

E não seria a última vez que iria chover naquela temporada.      

Youtube Formula 1 Vídeo: O "meio" GP da Malásia de 2009

Há precisamente 15 anos, estávamos também em fim de semana de Formula 1, mas na Malásia. Numa temporada onde sabíamos que os Brawn estavam a dominar o pelotão, quando a competição chegou a Kuala Lumpur, as chances de chuva eram enormes. Tão grandes que quando aconteceu, a corrida ficou a meio...

E claro, com a corrida interrompida, o Kimi Raikkonen teve... visão.  

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

A imagem do dia


A mudança de regras em 2014 apanhou a Red Bull desprotegida, depois de quatro anos de domínio. E para piorar as coisas, naquela temporada, Sebastian Vettel ainda foi superado na sua luta interna por um esfomeado australiano chamado Daniel Ricciardo, que conseguiu três vitórias, contra as zero de Vettel, que pela primeira vez desde 2007, não conseguia qualquer triunfo. Aliás, apenas conseguira quatro pódios e tinha sido superado pelo Williams de Valtteri Bottas!

Portanto, ir para a Ferrari parecia ser um passo adiante na sua carreira. Iria sair do casulo da Red Bull, onde praticamente correu em todos os Grandes Prémios da sua carreira - talvez, exceptuando, a sua corrida solitária na BMW Sauber, em Indianápolis 2007 - e muitos achavam que ali, ele se poderia espalhar ao comprido. Mas a jogada do alemão para a Scuderia tinha uma boa razão: queria imitar o seu ídolo, Michael Schumacher, que em 1995 fora contratado a peso de ouro para levantar a equipa e torná-la campeã.

Nessa altura, a "seca" já tinha sete anos de idade, e também o monte que iriam escalar seria muito alto. A Mercedes tinha encontrado a fórmula certa e eles iriam dominar o pelotão, com Lewis Hamilton e Nico Rosberg. Com o britânico a ter o carro dos seus sonhos, o que queriam saber era quando e onde seria campeão, que recordes iria derrubar e se iria a caminho de ser o GOAT do automobilismo. A Ferrari, que tinha dispensado Fernando Alonso para ele tentar de novo a sua sorte na McLaren, que tinha acabado de assinar um contrato para ter motores Honda - e sem ele saber, caminhariam sobre brasas infernais - acolhia Vettel de braços abertos e esperava que ele e o seu companheiro de equipa, o finlandês Kimi Raikkonen, colaborassem para ser "o melhor dos outros".

A entrada nem foi má, quando Vettel foi terceiro em Melbourne, atrás dos dois Flechas de Prata, mas na corrida seguinte, em Sepang, palco do GP da Malásia, as coisas foram mais competitivas. A começar pela qualificação, onde apesar de Hamilton ter sido o "poleman", Vettel largou a seu lado, intrometendo-se entre os Mercedes. Atrás, em quarto e quinto, estavam Daniel Ricciardo e Daniil Kvyat.

E os Manor-Marussia, ainda não estavam prontos para correr em 2015, onde depois e não terem participado na Austrália, não tinham feito tempo para participar na prova malaia.

Com Hamilton a largar bem e manter a liderança, Vettel começou primeiro por resistir aos ataques de Rosberg, especialmente depois de um período de Safety Car por causa de um depiste de Marcus Ericsson. Aí, quase todos os pilotos da frente foram às boxes, trocando de pneus, enquanto Vettel se mantinha de fora, ficando com a liderança. Depois, com o Safety Car nas boxes, ele aguentou os ataques dos Flechas de Prata até à volta 18, quando parou pela primeira vez. Regressado no terceiro posto, apanhou-os rapidamente, passando o alemão na volta 22, e ficando com a liderança quando Hamilton parou uma segunda vez na volta 24.

Vettel parou de novo na volta 38, com a liderança a cair nas mãos de Hamilton, que foi às boxes uma volta mais tarde, acabando com ambos com uma diferença de 12 segundos. Rosberg parou na volta 41, e apesar dos esforços de Hamilton, o alemão manteve a liderança até à meta. 

Era a primeira vitória dele desde o GP do Brasil de 2013, e a primeira da Ferrari desde o GP de Espanha desse mesmo ano, ganha por Fernando Alonso. E claro, um jubilante Vettel comemorava no pódio esse regresso.

No final da temporada, o alemão iria ganhar mais duas corridas, na Hungria e em Singapura, acabando a temporada como "o melhor dos outros", em terceiro lugar. Treze pódios, uma pole, uma volta mais rápida e uma regularidade suficiente para mostrar que tinha matéria de campeão, se estivesse no lugar de qualquer um daqueles pilotos inalcançáveis. 

Agora tinha de ajudar a construir um carro capaz. Mas isso não seria um projeto fácil.

domingo, 3 de abril de 2022

Noticias: Sepang não quer regressar


Com a chegada das corridas americanas, e a ideia da Formula 1 a querer alargar o calendário para 25 provas, há quem se lembre da Malásia para receber a competição, algo do qual fez até 2017. Contudo, apesar dessas lembranças e apelos, os organizadores do GP malaio e do circuito de Sepang afirmam que não tem planos para o regresso.

Azhan Shafriman Hanif, diretor executivo do circuito, afirmou aos jornais locais que precisaria de um apoio significativo da comunidade empresarial malaia para poder trazer a Fórmula 1 de volta ao país. E quanto? Segundo eles, cerca de 43 milhões de euros. 

Devemos olhar para o panorama geral de forma holística, como a Fórmula 1 pode beneficiar não só a empresa mas também a Malásia em termos de marca, capacidade de proporcionar oportunidades de emprego, desenvolvimento de talentos e outros”, disse Hanif em entrevista a meios de comunicação locais. “Assim, quando pagamos pelos direitos de organização relativamente elevados [da Fórmula 1], o retorno deve ser alto em geral, não só do ponto de vista do SIC [Sepang International Circuit]”.

É por causa disso que a Malásia prefere receber a MotoGP, que é mais barato e mais popular, do que ter a Formula 1, cujo retorno é duvidoso, apesar da presença da Petronas, a petrolífera malaia, nos flancos dos carros da Mercedes há quase uma década, depois de ter ficado outra década nos da Sauber. 

sexta-feira, 19 de março de 2021

GP Memória - Malásia 2006


Depois da corrida do Bahrein, a Formula 1 não teve muito tempo para respirar: uma semana depois, ele estava em terras malaias, mais concretamente em Sepang, para o GP da Malásia. A Renault chegava com a moral em alta, depois de Fernando Alonso ter conseguido bater Michael Schumacher num duelo bem duro, mas leal entre ambos os pilotos. A Ferrari tinha de reagir, se não queria ver fugir a sua rival para mais um título que não queria deixar escapar.

A qualificação foi calma, pelo menos na primeira parte porque na segunda, o motor de Ralf Schumacher explodia, obrigando-o o a mudá-lo e a ter uma penalização de dez lugares. A mesma coisa acontecia com Felipe Massa, que trocara de motor ainda antes da sessão de qualificação, e David Coulthard, Michael Schumacher e Rubens Barrichello, depois de más performances após a sessão de sábado.

No final, o poleman foi, de modo surpreendente, o Renault de Giancarlo Fisichella, supeando Jenson Button. Nico Rosberg era um surpreendente terceiro classificado no seu Williams-Cosworth, na frente do Ferrari de Schumacher - antes da penalização, cujo lugar foi preenchido por Mark Webber, seu companheiro de equipa - enquanto Juan Pablo Montoya era quinto, na frente do seu conpanheiro de equipa, Kimi Raikkonen. Fernando Alonso apenas tinha conseguido o setimo melhor tempo, na frente de Christian Klien, no seu Red Bull, e a fechar o "top ten" estava o Toyota da Jarno Trulli e o Sauber BMW de Jacques Villeneuve.


Na partida, Fisichella saiu bem, seguido por Button e Alonso, que aproveitou a luta entre os Williams para os passar na primeira curva. Atrás, Raikkonen e Klien bateram e o finlandês acabou por desistir, com o austríaco a passar pelas boxes para ver os danos sofridos no seu carro. As coisas andaram assim até à volta 15, quando o italiano foi às boxes reabastecer, deixando o comando para Alonso, já que Button também fez a mesma coisa. Alonso aproveitou e puxou pelo seu ritmo, para quando fosse a sua vez de reabastecer, mantivesse o primeiro posto. Mas quando isso aconteceu, foi na volta 26 e no regresso, ficou em terceiro, atrás de Fisichella e Button.
 
Com estratégias diferentes, Fisichella e Button pararam uma segunda vez quase um atrás do outro, acabando por regressar à pista atrás de Alonso. Aliás, o britânico da Honda demorou um pouco mais e regressou atrás de Montoya, em quarto. Massa era quinto, depois de Schumacher ter parado nas boxes, e quando voltou à pista, carregou sobre o brasileiro, mas este não se mexeu. Já o espanhol manteve o seu ritmo até perto do final, quando parou e cedeu o comando para o italiano, que o manteve até à meta, cruzando-a como vencedor, numa dobradinha invertida para a Renault.


A seu lado no pódio, estavam Alonso e Button, com Juan Pablo Montoya em quarto, na frente dos dois Ferrari, e a fechar os pontos ficaram o BMW Sauber de Jacques Villeneuve e o Toyota de Ralf Schumacher.   

quinta-feira, 18 de março de 2021

GP Memória: Malásia 2001


Duas semanas depois do arranque da temporada em Melbourne, máquinas e pilotos deslocavam-se a Sepang, palco do GP de Malásia, a segunda prova do campeonato. Michael Schumacher poderá ter tudo o melhor arranque do campeonato possível, mas com McLaren e Williams à espreita, não poderiam respirar fundo porque a temporada era longa e um tropeção seria o suficiente para tudo regressar à estaca zero.

Ainda por cima, em caso de nova vitória, Schumacher poderia ser o primeiro piloto a vencer seis corridas seguidas, algo que não acontecia desde Alberto Ascari, em 1952, também num Ferrari.

Mas as conversas daquele final de semana eram mais sombrias. A morte do comissário na corrida anterior, em Melbourne, atingido pelos destroços do BAR de Jacques Villeneuve, ainda era assunto, e os comissários malaios decidiram reforçar as proteções nos postos de comissários espalhados pela pista, e recuar os postos nas curvas 5 e 6 em dois metros, para evitar as rodas que separam dos carros em caso de colisão. Charlie Whitting viu as modificações e deu o selo de aprovação da FIA.

Feitas as modificações, máquinas e pilotos foram para o fim de semana competitivo determinados a tirarem o melhor de si e das suas máquinas. No final, o melhor foram os Ferrari, que monopolizaram a grelha de partida, com Michael Schumacher a levar a melhor sobre Rubens Barrichello. Ralf Schumacher era o terceiro, na frente do McLaren de Mika Hakkinen, enquanto na terceira fila estavam o Jordan de Jarno Trulli e o carro de Juan Pablo Montoya, no segundo Williams-BMW. Jacques Villeneuve era o sétimo, mo seu BAR-Honda, na frente do segundo McLaren de David Coulthard, e a fechar o "top ten" estavam o segundo Jordan de Heinz-Harald Frentezen e o segundo BAR-Honda de Olivier Panis.

A qualificação ficou marcada pela desclassificação do Arrows de Enrique Bernoldi, que tinha irregularidades na sua asa da frente e no seu fundo plano. Por causa disso, ele partia da última posição.


O tempo estava quente no dia da corrida e havia previsões de chuva. Minutos antes da prova, o carro de Schumacher tinha uma fuga de óleo e teve de correr para ir buscar o bólido de reserva. E na volta de formação, o Jordan de Frentzen teve um problema de ignição por causa de erros informáticos no seu mapa de motor. Mas a gota que fez transbordar o copo foi quando o carro de Fisichella ficou mal colocado na grelha de partida e isso foi o suficiente para os comissários abortarem o procedimento da largada, fazendo com que tudo voltasse à estaca zero. 

Poucos minutos depois, os carros voltaram a fazer a sua volta de aquecimento, mas no meio isto tudo, Montoya trocou de carro porque teve um problema de motor. Quando por fim as luzes se apagaram, Schumacher foi-se embora do resto do pelotão, seguido por Trulli e Ralf, que aproveitaram a má partida de Barrichello para o ultrapassar. Mas na primeira curva, Ralf e Barrichello tocam-se e o alemão da Williams acabou por ir para o fundo do pelotão. Mais atrás, Kimi Raikkonen era a primeira desistência com a quebra na transmissão do seu Sauber. 


Com os Ferrari na frente - Barrichello passou Trulli no final da primeira volta - na terceira... os céus malaios abateram-se sobre eles, ao mesmo tempo que o BAR de Panis tinha um problema de óleo e deitava um rastro na pista. Quando os Ferrari passaram por cima, disfraçados com a água que já caía, ambos se despistaram e foram para a gravilha. Quem aproveitou a ocasião foi Trulli, que subiu para o primeiro posto. Na volta seguinte, Montoya, Villeneuve, Bernoldi e o outro Sauber de Nick Heidfeld entraram em "acquaplanning" e retiraram-se, obrigando a entrada do Safety Car e os pilotos irem às boxes colocar pneus de chuva. Mas o primeiro a chegar foi Barrichello e com um dos pneus a não apaecer na altura certa e a remover a gravilha das entradas de ar laterais, perderam tempo a trocá-la, enquanto Schumacher aguardava pela sua vez de trocar de pneus. No final, ambos sairam das boxes na décima e 11ª posição.

Quando a corrida recomeçou, na volta onze, já tinha parado de chover, mas a pista ainda se encontrava molhada. Coulthard liderava o pelotão, mas todos andavam juntos, logo, os Ferrari ainda tinham chances de recuperar o tempo perdido. Já começava a haver uma linha seca, que os pilotos aproveitaram. O escocês foi-se embora, enquanto Schumacher começou a livrar-se dos obstáculos que estavam na sua frente, como Frentzen, Trulli e o próprio Barrichello. No final da 15ª volta, era segundo e aumentava o ritmo para apanhar o escocês, que lutava com um carro subvirador.

Demorou apenas uma volta e meia para apanhar o piloto da McLaren e no inicio da volta 16, ele já comandava o Grande Prémio. Barrichello veio depois, e ambos começaram a afastar-se do resto do pelotão. Mas a pista começava a secar rapidamente e os primeiros pilotos, como Hakkinen e Ralf, iam ás boxes para colocar pneus secos. Barrichello fez isso na volta 21, Coulthard na volta 25, mas nenhum dos dois incomodava Michael Schumacher.

Na volta 28, apareceu uma ligeira chuva, mas não a suficiente para afetar os pilotos e molhar a pista. Schumacher aproveitou a ocasião para fazer nova paragem, e quando saiu, tinha uma vantagem bem confortável e todos viam que, se não tivesse qualquer problema mecânico ou despiste, ele seria o vencedor. Pouco depois, a chuva deixou de cair e as coisas não se alteraram até à meta, com os Ferrari a fazer dobradinha e Schumacher a conseguir a sua sexta vitória seguida, igualando Ascari como o piloto da Ferrari com mais vitórias seguidas da pole-position.


Barrichello seguiu-o no pódio e a acompanhá-los estava Coulthard. Nos restantes lugares pontuáveis estavam o Jordan de Frentzen, o Williams de Ralf Schumacher e o segundo McLaren de Mika Hakkinen.  

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

A imagem do dia

Há precisamente vinte anos, em Kuala Lumpur, a Formula 1 recebia um novo país no calendário. Assistíamos à inauguração do circuito de Sepang e ao primeiro "tilkódromo" - embora a remodelação do circuito de Zeltweg, dois anos antes, tinha sido de sua autoria - mas o que também estávamos a assistir era o regresso de Michael Schumacher. E do seu papel que viria a ter, na tentativa abortada de levar Eddie Irvine a ser campeão do mundo.

Schumacher não era para se estrear ali. A ideia era de apenas voltar no ano seguinte, depois de uma tentativa em setembro, de regressar a tempo do GP de Itália, ter abortado depois de uma serie de testes em Fiorano descobrir que o alemão ainda tinha dores da perna que tinha fraturado em julho, durante o GP da Grã-Bretanha, em Silverstone. 

Contudo, com ele curado e com a reabilitação a todo o vapor, Luca de Montezemolo pediu para que antecipasse o seu regresso, para ajudar Irvine e quebrar a maldição, vinte anos depois de Jody Scheckter. Ele acedeu, e em Kuala Lumpur, ele foi fazer de escudeiro ao irlandês, para evitar que a McLaren tivesse vantagem.

Foi uma corrida de sonho para os "tiffosi", com Irvine a vencer e Schumacher em segundo, conseguindo ser um "team player", enquanto Mika Hakkinen ficava com o lugar mais baixo do pódio. Irvine saía de Sepang com um avanço de quatro pontos, mas... os comissários da FIA desclassificaram os carros por causa de uma irregularidade no pontão lateral dos seus carros. Ross Brawn disse que estavam dentro do limite tolerável, e convenceu a FIA disso.

E graças a isso, tudo se decidiria no Japão. 

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Noticias: Malásia recusa o regresso da Formula 1

As noticias da colocação de um novo sistema de holofotes ao longo da traçado do circuito de Sepang propagou o rumor de que a Formula 1 poderia tentar um regresso, com uma corrida noturna. Contudo, o governo descarta essa ideia, a começar pelo próprio primeiro-ministro, Mahatir Mohammad. “Normalmente, para a Fórmula 1, para a televisão, a imagem tem que ser muito boa. Esta não é brilhante o suficiente”, afirmou.

O ministro da Juventude e Desporto, Syed Saddiq, recusou o regresso, afirmando: “O gabinete decidiu afastar-se da Formula 1 e concentrar-se em desportos de duas rodas, incluindo o MotoGP e outras corridas de Superbike. A Formula 1 é cara e sabemos que tem retornos marginais decrescentes”.

A Malásia acolheu a Formula 1 sem interrupções desde 1999 até 2017 no circuito de Sepang, nas arredores de Kuala Lumpur. Primeiro, entrava no final da temporada, para depois acabar por ser a segunda prova do ano, normalmente no final de março, inicio de abril, até que nas últimas vezes, em 2016 e 2017, ir para setembro, após o GP de Singapura.

sexta-feira, 23 de março de 2018

GP Memória - Malásia 2003

Duas semanas depois do começo de temporada na Austrália, máquinas e pilotos viajavam até Sepang para o GP da Malásia, onde se esperava que alguns dos pilotos que não se tinham dado bem na primeira corrida tentariam melhorar por aqui e tentar não escapar alguns dos seus candidatos ao título. Mas a grande novidade dessa corrida malaia foi ver que a Renault estava em enorme forma, e especialmente Fernando Alonso, que na sua segunda temporada na Formula 1, iria começar a bater recordes de precocidade.

Apesar de não ter passado o fim de semana na melhor das formas - estava doente - a pole ficou nas mãos do piloto das Astúrias, o primeiro da sua sua carreira, e batendo um recorde de precocidade que pertencia desde 1994 a Rubens Barrichello. A seu lado iria ter Jarno Trulli, seu companheiro de equipa, com Michael Schumacher e David Coulthard a partilhar a segunda fila. Rubens Barrichello era o quinto, no segundo Ferrari, seguido pelo Sauber de Nick Heidfeld, com Kimi Raikkonen e Juan Pablo Montoya na quarta fila, lado a lado, e a fechar o "top ten" estavam o BAR de Jenson Button e o Toyota de Olivier Panis.

Os momentos que antecederam a largada foram confusos. Jacques Villeneuve e Cristiano da Matta tiveram problemas nos seus carros e tiveram de largar das boxes, enquanto que Giancarlo Ficichella estacionou o seu carro no lugar errado, acabando por ter problemas também no seu Jordan. Desses três, apenas o brasileiro da Toyota é que conseguiu largar para a corrida.

Na partida, os Renault mantiveram as posições, mas Schumacher tentou passar Trulli para ser segundo e não conseguiu, acabando por quebrar o seu nariz e arrastar-se até às boxes, enquanto que o italiano ia para a cauda do pelotão. Para piorar as coisas, Schumacher ainda teve de cumprir uma penalização, pois os comissários julgaram-o culpado pelo incidente. E ainda houve mais um acidente quando Antônio Pizzonia bateu na traseira de Juan Pablo Montoya, arrancando a sua asa traseira e perdendo duas voltas para o resto do pelotão. Iria ser apenas 12º, a três voltas do vencedor.

Com isto tudo, Coulthard era o segundo classificado no final da primeira volta, mas uma falha no seu sistema eletrónico fez com que a corrida acabasse na volta seguinte, para espanto de todos. Assim, o lugar era herdado pelo seu companheiro de equipa, Kimi Raikkonen, com Heidfeld e Barrichello atrás. Pouco depois, na décima volta, o brasileiro passou Heidfeld para ficar com o segundo posto.

Na volta 14, Alonso parou para reabastecer, deixando Raikkonen na liderança, e ele foi apenas cinco voltas depois, mas o suficiente para ficar com o lugar quando voltou à pista. Barrichello foi às boxes na volta 21, mas não conseguiu passar Alonso. Atrás, Trulli era sexto e apanhava Jenson Button, que estava na sua frente.

Na volta 35, começavam a segunda série de reabastecimentos, com Alonso a entrar em primeiro lugar, seguido por Barrichello, três voltas depois, e conseguindo ficar na frente do piloto da Renault, enquanto que Raikkonen, já muito longe, abasteceu na volta 40, sem ser incomodado na sua liderança.

No final, Raikkonen cortou a meta para subir ao lugar mais alto do pódio pela primeira vez na sua carreira, com Barrichello em segundo e Alonso em terceiro - também era o primeiro pódio do piloto espanhol. Ralf Schumacher foi o quarto, seguindo por Jarno Trulli, Michael Schumacher, Jenson Button e a fechar os pontos, Nick Heidfeld.

sábado, 7 de outubro de 2017

Formula 1 em Cartoons - Malásia (Cire Box)



Pode ser fim de semana do GP japonês, mas como Malásia foi há seis dias, só agora é que apareceu o cartoon do "Cire Box" explicando o que foi a corrida malaia...

domingo, 1 de outubro de 2017

Formula 1 2017 - Ronda 15, Malásia (Corrida)

Chegou o dia em que veremos esta corrida pela última vez. Como se sabe, há princípios, meios e fins, e ver uma pista - que até é boa, para "tilkódromo" - despedir-se do calendário da Formula 1, até ficas com um pouco de pena. Mas as circunstâncias mudam, os gostos mudam e o dinheiro, cada vez mais custoso, para manter uma corrida no calendário, falou mais alto. É verdade que no ano que vem, teremos mais corridas na Europa (bem-vindo, Paul Ricard!), mas Sepang nem era dos piores tilkódromos. Só que os piores já está fora do calendário, falidos por causa da veia caçadora de dinheiro de Bernie Ecclestone, que só lhe interessava os dólares, com os resultados que sabemos.

Havia muita expectativa sobre a corrida, especialmente sobre a possibilidade de chuva para a hora da corrida. De facto, choveu antes, e a pista ainda estava molhada na hora da partida, mas nada influiu no resultado, tanto que todos alinharam com os "supersofts", os pneus vermelhos.  

A coisa começou muito mal para a Ferrari. Minutos antes, Kimi Raikkonen tinha problemas com o Turbo e retirou-se o carro para as boxes. A volta de formação começava sem o finlandês e para a Ferrari, o pesadelo continuava. Quando começou, Lewis Hamilton manteve-se no comando, com Max Verstappen a aguentar-se dos ataques de Valtteri Bottas. Atrás, Sebastian Vettel subia para a 12ª posição e estava atrás de Fernando Alonso.

Na terceira volta, Hamilton tinha problemas na reta - tinha menos 160 cavalos por causa de um problema com as baterias - o D rating - e Verstappen passou o inglês no final da reta para ficar com a liderança. Ao mesmo tempo, Ricciardo passava Bottas e ficou com o terceiro posto, mas pouco depois, trocaram de lugar. Na volta 9, o australiano passou para o terceiro posto. Atrás, Vettel ficou congelado atrás de Alonso na porta dos pontos, e parecia que iria ficar assim por muito tempo. Mas no final da volta 9, passou Alonso e depois, Magnussen para ser nono, já na zona de pontos.

A partir da volta 12, os pilotos começaram a parar nas boxes, como Felipe Massa, e depois, Lance Stroll, todos mantendo os mesmos pneus vermelhos supermoles para correr. Depois veio o estreante Pierre Gasly, e na volta 14, Stoffel Vandoorne e Jolyon Palmer. Por esta altura, Vettel era sexto na pista, e iria tentar ficar na pista o mais tempo possível.

Enquanto tudo isto acontecia, os céus a volta de Sepang estavam a ficar ameaçadores. Mas nada iira acontecer.

A partir aqui, alguns pilotos decidiram ficar na pista por um pouco mais de tempo, como Vettel, os Mercedes, os Red Bull e Alonso. A diferença entre Hamilton e Vettel, para o campeonato, era de cerca de 23 segundos, e o alemão estava atrás do Force India de Sergio Perez, outro que não tinha parado. O alemão passou Perez na volta 23, para ser quinto, e foi atrás de Bottas. Por esta altura, alguns pilotos já se queixavam da degradação dos pneus.

Na volta 25, Ocon fez um pião e perdeu tempo depois de ter tocado no Toro Rosso de Carlos Sainz Jr quando o tentava passar. Contudo, ele continuou correr. Duas voltas depois, Hamilton foi às boxes para trocar de pneus, mudando para os "soft", e atrás, a mesma coisa acontecia a Alonso. Na volta seguinte, Verstappen e Vettel também foram às boxes trocar de pneus, e todos mantiveram os mesmos pneus vermelhos. Bottas trocou na volta 29, e ficou com o mesmo tipo de pneus que Hamilton, voltando para a pista atrás de Vettel, na sexta posição e mantendo os supersoft. Ricciardo também parou na volta 30, trocando também para os amarelos. Perez foi o último a parar, na volta 31.

Na mesma volta, Carlos Sainz tornava-se na segunda desistência da corrida, quando ficou sem motor no seu Toro Rosso. Na pista, Vettel era agora o quarto classificado, duas posições atrás de Hamilton, minimizando as perdas. A partir daqui, as coisas andaram calmas, exceptuando um ou outro incidente de corrida, como quando Alonso tentou passar Kevin Magnussen de forma musculada, dando depois razão a Nico Hulkenberg sobre a dificuldade do dinamarquês para passar (o famoso suck my balls).

Na parte final da corrida, Vettel conseguiu apanhar Ricciardo para ver se conseguia ficar com o lugar mais baixo do pódio. O alemão tentou por algumas vezes passar o australiano, mas sem efeito. Depois teve de ficar para trás para tentar arrefecer os pneus e o motor... e ficou-se por ali.

Na frente, Max Verstappen comemorava o seu aniversário (comemorado na véspera) com a sua segunda vitória na sua carreira, com Hamilton e Ricciardo a acompanhá-lo no pódio. Vettel era quarto, mais para guardar os seus pneus, mas não manchou a sua corrida de recuperação vinda do fundo do pelotão... e nos metros a seguir à corrida, o alemão toca em Lance Stroll, acabando com a suspensão quebrada! Um momento Vittorio Brambilla, digamos assim...

Contudo, apesar da recuperação de Vettel, Hamilton conseguiu ficar na frente do alemão e ganhou mais alguns pontos no campeonato. Agora, iria sair de Sepang com 34 pontos, o que continua a ser cada vez mais com a chance de ser campeão em Interlagos, e a aproveitar todas as chances onde a Ferrari não consegue aproveitar por azar ou azelhice. O tetra é cada vez mais um assunto de Hamilton. Mas na semana que vêm, temos outro clássico à vista, no Japão. 

sábado, 30 de setembro de 2017

Formula 1 2017 - Ronda 15, Malásia (Qualificação)

De todos os tilkódromos, é um pouco irónico saber que em 2018 os seus dois melhores projetos estarão fora do calendário da Formula 1. Istambul já está fora desde 2012, e este ano, veremos Sepang pela última vez, depois de dezoito anos de bons serviços, algumas corridas excitantes... e outras, nem tanto. 

Pessoalmente, acho uma pena ver Malásia ir fora do calendário. Não era um mau circuito, para ser honesto. Contudo, ele chegou à Formula 1 numa altura em que o governo de então queria dar nas vistas, e hoje em dia, já não precisam tanto disso. E claro, os crescentes custos e o crescente desinteresse do público pela corrida - tem Singapura não muito longe dali, e é mais popular - fizeram com que acabasse por sair esta corrida do calendário, e no ano que vêm, veremos clássicos de volta, como Paul Ricard.

Contudo, a ida derradeira da Formula 1 a aquelas paragens tinha mais uma surpresa reservada na manga, uma daquelas que provavelmente queria fazer com que fosse inesquecível: a chuva. Havia esse pensamento no ar, mas naquela hora, tal não aconteceu. E havia outra coisa, que era a chance dos Ferrari redimirem-se do que acontecera em Singapura.

Mas depois do terceiro treino livre, Sebastian Vettel teve um problema: o motor falhou e teve de ser trocado. A troca aconteceu a tempo de ter tudo pronto para a qualificação, mas depois de uma volta de instalação, o alemão voltou às boxes, sem marcar tempo. Aquele último posto foi outro golpe duro na equipa de Maranello, pois parecia que um azar nunca vinha só. Sem Vettel, tiverem de confiar em Kimi Raikkonen para ver se pelo menos, poderiam tirar a pole a Lewis Hamilton ou a algum dos Red Bull.

Hamilton, Verstappen, Raikkonen e Bottas tentaram marcar os melhores tempos na tabela nesta Q1, que acabou com o inglês, que marcou um tempo de 1.31,605. Na cauda do pelotão, a acompanhar Vettel ficaram os Sauber e os Haas. Pierre Gasly, o estreante, ficou com o 16º tempo, passando in extremis para a Q2.

Na Q2, todos andaram com supermacios na pista. Se Bottas foi o primeiro a marcar um tempo, Hamilton reagiu fazendo 1.31,009, com Raikkonen a melhorar, fazendo 1.30,926. Max Verstappen andou muito perto, fazendo um tempo cinco milésimos de segundo mais lento. Depois de um momento de pausa, eles voltaram à pista para os momentos finais, e havia algumas surpresas entre os que foram para a parte final. Os McLaren foram, algo raro nos dias atuais, acompanhando Red Bull, Mercedes, Force India, o Renault de Nico Hulkenberg e o Ferrari de Raikkonen. Quem ficou com "a fava" foi o Williams de Felipe Massa, 11º e a ver o resto da qualificação nas boxes.

A parte final deu alguma luta, pois Hamilton não era o favorito. Aliás, quando ele fez o seu tempo de 1.30,076, esperava-se que Kimi Raikkonen se aproximasse e o batesse. Contudo, na última curva, ele não a fez bem e perdeu tempo precioso. No final, perdeu por 45 milésimos, perante o desespero de Jock Clear, que chorou ao ver essa derrota, esse desperdício de oportunidade. E claro, para Hamilton, a sua 70ª pole da sua carreira, alargando ainda mais o seu recorde, provavelmente para números estratosféricos.

No final, Hamilton confessou ter ficado surpreendido com o seu resultado: "Nós tivemos um dia muito difícil ontem, porque foi difícil entender onde estávamos. Não dormi muito bem, assim como todos meus engenheiros, simplesmente porque não sabíamos se resolveríamos ou não o problema. Hoje, o carro se mostrou melhor. Mas, ainda assim, a Ferrari parecia longe. A volta da pole foi muito bem calculada, foi muito boa, mas eu realmente não sei de onde veio, eu me surpreendi" disse.

Falta muito para ver como isto ira acabar. Duas semanas antes, quando Vettel comemorava a pole em Singapura, também se pensava que a Ferrari poderia rebater Hamilton e a Ferrari, mas depois viu o que se viu. Contudo, depois do que se viu hoje, e se o inglês não cometer erros amanhã, é provável que ele já tenha a via aberta para o tetracampeonato.

Mas isso só poderemos ver amanhã. Ou não. 

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Noticias: Fim de semana chuvoso em Sepang

O último fim de semana malaio da Formula 1 poderá ser chuvoso. É isso que indica o boletim meteorológico previsto para os três dias seguintes. Se na sexta-feira é mais do que inevitável (entre os 37 e os 52 por cento), no sábado, por alturas da qualificação, as chances serão mais pequenas (cerca de 37 por cento), mas no domingo, as hipóteses aumentam para 48 por cento na hora da corrida. Mas se fosse três horas antes, por alturas do warm up, as chances sobem para 71 por cento.

Isso poderá querer dizer que, mais do que ter uma corrida debaixo de chuva, é aquilo que vimos na qualificação de Monza, no inicio do mês: se chover, a sessão é interrompida, por causa da (como chamam alguns) obsessão pela segurança por parte da FIA. Logo, a chance de complicações nesse sentido é possível. 

E ao longo da história, já choveu imenso em terras malaias. Em 2003, houve uma "flash flood" que interrompeu temporariamente a corrida, e em 2009, foi a chuva que causou o fim prematuro da corrida, com os pilotos a ficar com metade dos pontos.

Veremos.

terça-feira, 2 de maio de 2017

A polémica entre Ecclestone e Sepang

Bernie Ecclestone nunca foge de uma boa polémica. A sua boca diz sempre aquilo que pensa, mandando as convenções a aquela parte. E mesmo que já não mande na Formula 1 - está agora a Liberty Media - ele ainda anda a passear no paddock e dizer asneiras a quem o queira ouvir. Como aconteceu agora em Sochi, quando falou sobre o fim do contrato da Formula 1 no circuito de Sepang, afirmando que não sente faltam porque já tem garantido o contrato do GP de Singapura.

"Nós realmente não tínhamos muita escolha. Eles iriam parar", disse Bernie acerca do GP da Malásia.

"Acho que convenci Singapura a ficar, mudamos um pouco as condições e os termos. Eles ainda não decidiram, mas podem ainda não continuar", concluiu.

Contudo, Ecclestone contou que ele tinha puxado demasiado os promotores em relação à construção de circuitos, a sua exploração e à procura de subsidios estatais para poder pagar as comissões exigidas pelo patrão da FOM.

"Senti-me roubado de alguma maneira, mesmo que nós não tenhamos sido forçados a assinar o acordo", disse em declarações à Autosport.

"Mas para chegar a uma declaração como essa - como é que isto nos faz sentir? Durante todo esse tempo ele nos cobrou demasiado e não recebemos o que queremos, como boas corridas e acesso a pilotos e equipas. Claro, ninguém colocou uma arma na nossa cabeça, mas para você ler comentários como esse nos faz sentir mal. Isso nos faz sentir que fomos enganados e não recebemos aquilo o que pagamos", concluiu.

Razali disse depois que teve "discussões" com representantes da Liberty Media sobre a possibilidade de continuar para além de 2018, mas eles não chegaram a um acordo nesse sentido.

"Eles fizeram uma tentativa, mas para mim não foi forte o suficiente para que pudessemos reconsiderar", disse. "Tivemos longas discussões com eles no Bahrein. A Liberty ofereceu para reduzir as taxas, mas a oferta não foi suficiente para que possamos continuar para além de 2018", concluiu.

Contudo, ao ouvir estas reações, Ecclestone reagiu... à sua maneira. Numa entrevista à Reuters, demoliu o promotor.

"Ninguém o fez parecer idiota, e é difícil fazer as pessoas parecerem idiotas. Se forem, eles são", disse Ecclestone.

"Eles fizeram um trabalho muito bom com as motos, eles estão apaixonados pela MotoGP e que aparentemente ganham muito dinheiro com ele. Com a Fórmula 1 eles não ganharam dinheiro e o que eu disse foi que não estávamos entregando o que eles compraram. Não é nossa culpa, nós não providenciamos o espectáculo", concluiu Ecclestone.

Apesar de dizer que não é ele que está a providenciar o espectáculo - são as equipas, nesse ponto - ele foi o "dono da tenda". E foi ele que disse a eles que tipo de condições ele exigiu. E foi ele que exigiu todas as condições que vimos ao longo destes anos na Ásia: os circuitos construídos de raiz, as dezenas de milhões de dólares pagos ao longo dos anos em sitios onde a Formula 1 era uma minoria, quase como se fosse um OVNI, e depois abandonar aqueles locais em poucos anos, com prejuízos enormes para o operador local, e a FOM se safar quase impune, é este o legado que o senhor Ecclestone deixa para aqueles lados.

E só agora é que vemos as consequenciais desta politica. E como o promotor malaio, aposto que mais alguns desses promotores deverão ter esse tipo de queixas sobre ele. E claro, Bernie dirá que a culpa não foi dele, foram dos que aceitaram as suas condições. Confuso. não? Não. Para ele, nunca teve culpa do estrago, foram os que aceitaram as condições. Enfim...

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Noticias: GP da Malásia acaba em 2017

O GP da Malásia, que vai acontecer a 1 de outubro, vai ser o último da sua história. A decisão foi anunciada esta sexta-feira pelo diretor comercial da Formula 1, Sean Bratches. "É sempre triste dizer adeus a um membro da família Formula 1. Por quase duas décadas, os fãs malaios se mostraram um dos mais apaixonados", começou por declarar Bratches. 

"Como dissemos em Melbourne, temos grandes planos para trazer a nossa base global de fãs mais perto do desporto do que nunca, fornecendo uma experiência digital e criando novos eventos. E estamos ansiosos para falar destes planos ao longo da temporada”, continuou.

"Iremos ter 21 etapas animadas no calendário de 2018 com as adições das corridas francesa e alemã", concluiu, afirmando que eles regressarão aos circuitos tradicionais.

A corrida de Sepang, inaugurada em 1999, foi o primeiro da chamada "tendência asiática", dando origem a corridas como a da China, que começou em 2004, da Singapura - em 2008 - e da Coreia do Sul (2010-2013) e da India (2011-2012). Em termos de vencedores, Sebastian Vettel é o que tem mais triunfos, com quatro (2010, 2011, 2013 e 2015). Quanto a Construtores, a Ferrari venceu por sete vezes (1999-2001, 2004, 2008, 2012 e 2015)

A saída da corrida malaia pode não significar que tenham terminado as saídas, pois há rumores desde há algum tempo que a prova noturna de Singapura poderá ser a próxima a sair.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Rumor do Dia: Malásia com os dias contados?

O Grande Prémio da Malásia está em risco. As noticias de que o circuito de Sepang poderá deixar de acolher a formula 1 surgiram esta segunda-feira quando um responsável governamental admitiu em pleno Twitter de que os custos começam a ser insuportáveis, com um retorno limitado em termos de receitas. 

Talvez a Malásia precise de fazer uma fazer uma pausa no calendário. Penso que este produto já não é entusiasmante. Atualmente a Formula 1 é dominada por uma equipa”, entende Ahmad Razahli, o diretor do circuito de Sepang. 

Uma posição que é reforçada pelo Ministro da Juventude e do Desporto, Khairy Jamaluddin. “Penso que devemos parar de receber um Grande Prémio de Fórmula 1. Pelo menos durante um tempo. Os custos são muito elevados e o retorno é limitado. Quando recebemos pela primeira vez a Formula 1 foi um grande negócio, pois era a primeira prova realizada na Ásia fora do Japão. Agora existem muitos mais Grandes Prémios pelo que já não temos vantagem”, afirmou na conta oficial no Twitter.

Desde 1999 no calendário, a corrida decorre no circuito de Sepang, e foi o primeiro desenhado por Hermann Tilke. Acolhido inicialmente no final do ano, em 2001 passou para o mês de março, logo no inicio da temporada, algo que ficou até regressar este ano ao mês de setembro. O alemão Sebastian Vettel é o maior vencedor, com quatro triunfos (2010-11, 2013 e 2015), seguido por Michael Schumacher, com três (2000-01, 2004) e Fernando Alonso, também com três (2005, 2007 e 2012)

As declarações poderão ser vistas como uma forma de pressão para que o governo local pague menos por receber a corrida, cujo contrato atual termina em 2018. Apesar dos preços até serem competitivos - pelo menos em relação a outros circuitos - o número de espectadores este ano foi o mais baixo de sempre, em contraste com a Moto GP, que vai acontecer daqui a uma semana, mas que já tem lotação esgotada.

Apesar de ainda faltar algum tempo, poderá haver desenvolvimentos nas próximas semanas nesse sentido, pois decorrem conversações para a renovação do acordo com a Formula 1, e tudo indica que a continuidade está dependente das verbas que estão dispostas a pagar.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Uma questão de atitude

Ele ligou-me a pedir desculpa, o que é sempre bom. É uma acção que não me faz recuperar os pontos que perdi, mas é sempre positivo ouvir umas palavras de conforto” - Nico Rosberg, sobre a ação de Sebastian Vettel no GP da Malásia.

Ontem falei dos pilotos que estavam sob pressão, e que é nos momentos criticos que vemos de que matéria eles são feitos. No domingo, falei de Lewis Hamilton, hoje falo de Sebastian Vettel, tetracampeão do mundo pela Red Bull, três vezes vencedor em 2015 pela Ferrari e que em 2016, arrisca a ter um ano sem vitórias, algo que só aconteceu no seu último ano na Red Bull, em 2014.

A atitude do alemão de Heppenheim, na primeira curva e na primeira volta de Sepang é algo que somente os campeões têm. Claro, Vettel vai ser penalizado pelo que fez na primeira curva - perda de três posições na grelha - mas a atitude é o que conta. O alemão da Ferrari telefonou ao alemão da Mercedes, reconheceu o erro e pediu-lhe desculpas. Se vai voltar a fazer o mesmo? é bem capaz. A atitude dos pilotos, quaisquer que sejam é que "se vês a frincha e não aproveitas, não és piloto", como disse Ayrton Senna, no final de um famoso GP do Japão.

As pessoas adoram dizer que piloto A ou B são "arrogantes". Eis um "newsflash" para o fã ingénuo: são todos arrogantes. Tem todos na cabeça a atitude de eu contra eles, e viram isso ontem quando Lewis Hamilton saiu do carro, depois do seu motor explodir, dizendo que havia uma conspiração contra ele para que não consiga o título mundial, julgando que é seu por "direito divino". A mesma coisa pensa Vettel, Rosberg, Ricciardo, Verstappen... até Fernando Alonso, acreditem. O fico muda de piloto para piloto, a cada fim de semana de corridas, porque são eles que põem a boca no microfone e debitam o "soundbyte" do dia, para causar a tempestade que agrada aos que escrevem e divulgam, por causa dos "clickbaits", agora a moda desta década do século XXI.

Mas eu tenho ainda a minha simpatia por Sebastian Vettel, ainda acho que é um pouco diferente. A atitude dele atrai-me. É esperto e brincalhão, é discreto e privado. Não é um Hamilton que persegue o rabo da Rihanna ou está no estúdio de Kanye West para tentar "rappar" como eles, ou é um Raikkonen que tem atitude de "estou a ca**r para o mundo" e que ultimamente dá "memes" na Net e anúncios publicitários. E é dos poucos que não tem Facebook, nem tem Twitter. Pelo menos, de forma oficial... 

E também de forma interessante, é ele que decide por ele mesmo, em termos de contratos. Não tem empresário, o que é espantoso por estes dias que correm. O que significa que é dos poucos que anda com uma "entourage", não há "sanguessugas" que vivem à custa dele. Agora, com o que se passa na Ferrari, é provável que esteja arrependido de estar na Scuderia. Mas pensando bem, eles são os únicos que pagam aquilo que ele quer.

Vettel pode não ganhar corridas neste ano, numa altura em que eles parece que regressaram à "estaca zero". Mas o nome e prestigio da Scuderia pode ser que atraia os grandes nomes da engenharia, numa altura em que a formula 1 passará por um novo tipo de regulamento, com novos carros, e provavelmente, um novo dominio na competição. Ver se serão os Ferrari nesse novo tempo que aí vêm poderá fazer com que ele pense que ainda está no lado dos vencedores. E talvez sorria um pouco mais do que tem sorrido ultimamente.

domingo, 2 de outubro de 2016

Formula 1 em Cartoons - Malásia (Pilotoons)

A Red Bull comemorou hoje algo que já não acontecia há muito tempo: uma dobradinha, com Daniel Ricciardo e Max Verstappen, à custa do acidente de Nico Rosberg e do motor que explodiu por parte da Lewis Hamilton. E ambos comemoram à sua maneira...