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terça-feira, 29 de outubro de 2024

A imagem do dia



Ontem falei de Bernie Ecclestone, por causa do seu aniversário natalício. Os mais velhos sabem da carreira dele como patrão da Brabham e de como ele contratou Gordon Murray para desenhar os seus carros, especialmente a partir de 1973, e depois, decidiu ser o patrão da Formula 1. Primeiro, como presidente da FOCA, a associação de construtores da Formula 1, e depois, começou a negociar com as televisões e os circuitos os direitos da competição, fazendo formar um negócio com receitas superiores a 1500 milhões de euros quando o vendeu para a Liberty Media, em 2017.

Contudo, o que poucos sabem é que teve outra equipa, a Connaught, em 1958, e tentou ele mesmo guiar em duas corridas, no Mónaco e em Silverstone, sem sucesso. Mas não é isso que falo hoje. Falo de uma terceira faceta, a de empresário.

Sim, ele geriu a carreira de gente como Jochen Rindt, mas aí, ele já era mais experiente. Falo de antes, bem antes. Falo dos anos 50, nos seus tempos de juventude e se apaixonou pelo automobilismo. E para isso irei falar de um piloto britânico que tinha talento, mas não teve tempo para o mostrar. 

Stuart Lewis-Evans nasceu a 20 de abril de 1930 em Luton, no Bedfordshire inglês, mas passou a juventude no sul, em Kent, onde o seu pai tinha uma oficina mecânica. Depois de ter trabalhado como aprendiz na Vauxhall Motors, começou a correr com um Cooper em 1951, incentivado pelo seu pai. Com o passar dos anos, começou a ganhar corridas importantes, mas o mais famoso resultado foi.. um segundo lugar, no Nurbugring Norschleife, em 1954, com o vencedor a ser, nada mais, nada menos que Stirling Moss.

Em 1956, passou para a Connaught, onde começou a ter bons resultados, incluindo a vitória no Glover Trophy, em Goodwood, e um dos que reparou no seu talento era um jovem vendedor de automóveis e motocicletas chamado Bernie Ecclestone. Até então, ele também tinha tido algum talento como piloto, mas depois de alguns acidentes, achou que o melhor seria estar nas boxes a assistir corridas e a gerir equipas.  Em 1957, foi ao Monaco, onde acabou a corrida no quarto lugar, porque o seu pequeno carro dava-se bem nas ruas estreitas do Principado. Foi o suficiente para Tony Vandervell, o dono da Vanwall, o convidar para ser seu piloto, ao lado de Stirling Moss.

Na corrida a seguir, o GP de França, Lewis-Evans começou a correr para eles e conseguiu um quinto lugar em Pescara, antes de alcançar a pole-position no GP de Itália, em Monza. Os cinco pontos parecem não ter sido nada de especial, mas era apenas a sua primeira temporada. 

Em 1958, Ecclestone compra a Connaught, e tenta até correr no GP do Mónaco, não conseguindo qualificar-se - anos depois, disse que a coisa não tinha sido séria - enquanto seguia a carreira do seu protegido. Uma pole-position no Mónaco e dois terceiros lugares, em Spa-Francochamps e Boavista, no GP de Portugal, fizeram que ele fosse considerado uma esperança para a vitória britânica, numa equipa como a Vanwall. Assim achava Vandervell. 

A última corrida do ano era na pista de Ain-Diab, nos arredores de Casablanca, em Marrocos. A Vanwall comemorava o seu título de Construtores, graças ao trio constituído por Moss, Lewis-Evans e Tony Brooks. Moss lutava pelo título contra Mike Hawthorn, no seu Ferrari, e apesar de Moss ter ganho, a regularidade de Hawthorn lhe deu o título, graças ao segundo lugar na corrida.

Quem estava na corrida a assistir a tudo isto era Vandervell... e Ecclestone. Lewis-Ewans tinha tido uma boa qualificação, conseguindo o terceiro lugar na grelha, mas na corrida, ele, apesar de largar em segundo, começou a perder terreno nas voltas seguintes, andando na sexta posição quando na volta 41, o seu motor quebrou numa curva e despistou-se, pegando fogo. Ele conseguiu sair do carro, mas estava gravemente ferido, com queimaduras em parte do corpo.

Transportado para a Grã-Bretanha no avião privado de Vandervell, Lewis-Evans acabou por sucumbir aos seus ferimentos seis dias depois. Vandervell, que na altura era um homem doente, decidiu abandonar o automobilismo, e Bernie, desgostoso, vendeu a Connaught e não quis saber da Formula 1 até 1965, quando decidiu ser o "manager" de outo piloto, um tal de Jochen Rindt... 

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

A imagem do dia


Passar por aqui para desejar mais um ano de vida para um senhor que cumpre hoje a sua 94ª primavera. Bernie Ecclestone ainda vive! 

sábado, 23 de dezembro de 2023

O cartão de Natal de Bernie Ecclestone


A grande novidade do cartão de Natal do velho de 93 anos é esta: não tem piada. É da idade? Capaz. Ou então, como passa o tempo no Brasil, talvez tenha saudades de neve. É bem provável.

A tradução: "Lamento que eu não consiga lembrar de algo excitante ou estranho que tenha acontecido durante o ano que possa ser ilustrado neste cartão, então eu desejo-vos um feliz final de ano, e que 2024 traga tudo que seja bom para vocês e um ano melhor".   

Mas independentemente do cenário, ele não falha: eis o cartão de 2023 do Bernie.  

segunda-feira, 11 de julho de 2022

Os novos sarilhos de Bernie Ecclestone


Bernie Ecclestone está novamente em sarilhos. A caminho dos 92 anos - que comemorará a 28 de outubro, caso lá chegue - o bilionário britânico, afastado da Formula 1 desde 2017 - mas não quer deixar de mandar as suas bocas, quando vê um microfone pela frente - agora tem um novo problema nas mãos. Ele, cuja fortuna anda pelos 2,5 mil milhões de libras, está a ser investigado pelo fico britânico por fraude, ao não divulgar cerca de 400 milhões de libras em investimentos estrangeiros, nomeadamente no Brasil, onde passa boa parte do ano por causa da sua terceira mulher, Fabiana Floisi.

O Crown Prosecution Service emitiu esta segunda-feira um comunicado confirmando que “autorizou a acusação de Bernard Charles Ecclestone de fraude por falsa representação, após uma investigação do HMRC”.

Andrew Penhale, o procurador-chefe da coroa britânica, afirmou no comunicado oficial: “O CPS [Serviços de Investigação da Coroa, em português] reviu um arquivo de evidências do HMRC [His Mejesty's Revenue and Customs, ou Serviços de Impostos e Alfândega de Sua Majestade, em português] e autorizou uma acusação contra Bernard Ecclestone por fraude devido à falsa representação em relação à sua falha em declarar ao HMRC a existência de ativos mantidos no estrangeiro num valor superior a 400 milhões de libras.", começou por afirmar.

O Crown Prosecution Service lembra a todos os interessados ​​que os processos criminais contra este réu estão agora ativos e que eles têm direito a um julgamento justo. É extremamente importante que não haja relatos, comentários ou compartilhamento de informações on-line que possam prejudicar de alguma forma esses procedimentos.”, concluiu o comunicado oficial.

De acordo com Simon York, diretor do Serviço de Investigação de Fraudes do HMRC, a acusação contra Ecclestone “está a seguir uma investigação criminal complexa e mundial”.

A acusação criminal refere-se a obrigações fiscais projetadas decorrentes de mais de 400 milhões de libras em ativos offshore que foram ocultados do HMRC”, disse York.

O HMRC está do lado dos contribuintes honestos e tomaremos medidas duras sempre que suspeitarmos de fraude fiscal. A nossa mensagem é clara – ninguém está fora do nosso alcance. Lembramos às pessoas que se abstenham de comentários ou compartilhamento de informações que possam prejudicar os procedimentos de alguma forma. Isso agora é uma questão para os tribunais e não comentaremos mais”, concluiu.

Não é a primeira vez que Ecclestone se meteu em sarilhos devido a problemas fiscais ou de corrupção. Entre 2012 e 2014, ele foi submetido a um julgamento de suborno na Alemanha, que terminou quando ele pagou um acordo de 60 milhões de libras para encerrá-lo sem admitir culpa. O caso em questão aconteceu quando pagou ao banqueiro Gerhard Gribowsky 44 milhões de libras para ficar com os direitos televisivos da Formula 1 quando o grupo Kirch faliu, em 2002. Ecclestone admitiu o suborno, mas que tinha feito isso por ter sido chantageado por Gribowsky, afirmando que iria revelar dados fiscais que ele tinha alegadamente escondido das autoridades. 

quinta-feira, 30 de junho de 2022

Bernie regressou... e disse mais uma asneira


Bernie Ecclestone sempre adorou polémica - e as luzes da ribalta - e agora não é excepção. Ainda por cima, aos 91 anos, apareceu a público para defender as declarações de Nelson Piquet, seu piloto nos tempos da Brabham, há 40 anos, afirmando que não é mau, nem tinha qualquer intenção de ofender Lewis Hamilton, que é apenas uma forma de conversação que foi mal entendida.

Conheço Nelson há muito tempo. Eu estive com ele há algumas semanas. Não é o tipo de coisa que Nelson diria, com intenção dizer algo ruim. Ele provavelmente pensa em muitas coisas que diz que podem nos chatear ou podem parecer um pouco ofensivas… [mas] para ele, não é nada. É apenas parte da conversa.”, começou por dizer numa conversa no programa Good Morning Britain. 

Estou surpreso que Lewis não tenha simplesmente deixado de lado”, acrescentou. “Ou, melhor que isso, respondeu. Mas agora ele se assumiu e Nelson pediu desculpas.

Contudo, mais do que desculpar Nelson Piquet Sr. pelas suas declarações, Bernie Ecclestone deitou mais uma bomba no ar ao defender as ações de Vladimir Putin na sua invasão à Ucrânia, a 24 de fevereiro. Primeiro, afirmou que "ainda levaria um tiro por ele" e acrescentou: "ele é uma pessoa de primeira classe e o que ele está fazendo é algo que ele acreditava ser a coisa certa que estava fazendo pela Rússia. Infelizmente, ele é como muitos empresários, certamente como eu, cometemos erros de tempos em tempos, e quando você comete o erro, você tem que fazer o melhor que pode para sair dele”, disse.

Sobre Volodymyr Zelenskyy, o atual presidente da Ucrânia, Ecclestone afirmou: “penso que parece que ele quer continuar essa profissão [comediante e ator]. Se ele tivesse pensado nas coisas, teria definitivamente feito um esforço suficiente para falar com Putin, que é uma pessoa sensata, e tê-lo-ia ouvido e poderia provavelmente ter feito algo a esse respeito”. Quando lhe perguntaram se estava a sugerir que o Sr. Zelenskyy “deveria ter feito mais para evitar a guerra e que poderia ter sido evitada pelas ações de Zelenskyy, e não por uma mudança nas ações de Putin”, Ecclestone disse: “absolutamente”.

A Formula 1 já se distanciou das declarações de Bernie, com um representante a afirmar o seguinte:

Os comentários feitos por Bernie Ecclestone são a sua opinião pessoal e estão em contraste muito acentuado com a posição dos valores modernos do nosso desporto”.

Contudo, a Formula 1 deveria pensar seriamente se ele ainda deveria ser bem-vindo ao paddock ou deveriam pensar em colocar um banimento como fizeram a Piquet Sr, pelas suas declarações que foram tornadas públicas no inicio da semana.

quinta-feira, 26 de maio de 2022

Noticias: Ecclestone detido no Brasil por posse de arma proíbida


Contado, ninguém acredita, mas é real: aos 91 anos, Bernie Ecclestone foi detido no Brasil. O incidente aconteceu nesta quinta-feira em São Paulo quando embarcava para a Suíça num avião particular, segundo conta a agência Reuters.

A arma terá sido encontrada na bagagem de Ecclestone durante a verificação de segurança e o antigo líder da disciplina rainha do automobilismo admitiu que lhe pertencia. Segundo a mesma fonte, no entanto, Ecclestone não sabia que a pistola estava dentro da sua mala.

No final, ele teve de pagar uma caução de nove mil libras para ser libertado e poder viajar para a Suíça.

domingo, 26 de dezembro de 2021

O cartão de Natal de Bernie Ecclestone


Todos ainda tem interesse de ver o cartão de Natal do velho Bernie, mesmo depois de ele ter saído de cena. E como sempre, a acidez do "anãozinho tenebroso" está em forma, especialmente quando ele goza com os esforços do pessoal de combater o racismo, enquanto a Formula 1 vai para as Arábias, sítios onde os direitos humanos não são lá muito respeitados, não é?

Eis o que foi o cartão de Natal deste ano...

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

As reações da derrota da Mercedes na Formula 1


A discussão do título de Formula 1 de 2021 ainda não acabou, e alguns já afirmam que o apelo da Mercedes é mais uma forma de dizer ao mundo que não sabe perder. E não é só Helmut Marko que o diz. Gente como Norbert Haug e Bernie Ecclestone apoiam essa decisão de largar o apelo e sancionar o título de Max Verstappen.

Numa declaração à Servus TV, Marko ridicularizou a Mercedes ao afirmar que viajou "com os melhores advogados", contrastando com eles. “Nós viajamos com os melhores engenheiros. A Mercedes viaja com os melhores advogados", começou por dizer. “Compreendemos a frustração. Mas se perdes, tens que aceitar isso. O que eu não entendo é que eles também tiveram a oportunidade de fazer uma paragem nas boxes e não fizeram isso. Portanto, foi o erro deles.”, continuou.

Levamos apenas os engenheiros mais bem pagos para tirar o máximo proveito do carro. Portanto, não podemos realmente entender como eles se comportaram após a corrida”, concluiu.

Curiosamente, quem se junta nos apelos para que a Mercedes abandone o apelo é Norbert Haug, antigo diretor desportivo da Mercedes nos tempos da McLaren, entre 1997 e 2004. O alemão afirma que esta reação é em parte, emocional.

"Viram a sua equipa parceira [o Williams de Nicolas Latifi] bater na parede e todos sabiam que, se o safety car saísse, seria difícil para eles. Não importa o que eles fizessem, era problemático. É claro que a raiva vem à tona. Não fizeram nada de errado e ainda assim perderam. Mas ninguém vai esquecer que foi uma temporada incrível.”, começou por dizer.

Via da regra, esses recursos não são frequentemente acatados. Não quero ver os acontecimentos da perspetiva da Mercedes, mas o automobilismo treina-te a aceitar estas derrotas”, concluiu o alemão.

Já Bernie Ecclestone, o antigo todo-poderoso da Formula 1, de 91 anos, não gostou do final da corrida e de uma certa maneira, lamenta este final do campeonato. “O desporto está a sofrer porque não se trata mais apenas de competição, mas apenas do interesse de alguns indivíduos”, disse Ecclestone ao jornal Munchner Merkur. “Todos estes chefes de equipa no rádio, a tentar influenciar as decisões do diretor da prova durante a prova, significa apenas que a grande competição entre Max e Lewis está completamente perdida.”, continuou.

Amanhã é a gala de prémios da FIA e a Mercedes ainda continua com a intenção de recorrer ao Tribunal de Apelo da FIA, em Paris, e as coisas poderão se atrasar na confirmação dos campeonatos, correndo o risco de só se decidir em 2022.

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

O tributo de Ecclestone a Frank Williams


Bernie Ecclestone, cada vez mais "o último dos moicanos", no alto dos seus 91 anos, fez um elogio a Frank Williams, morto este domingo aos 79 anos, recordando os mais de 50 anos de convívio que teve no "paddock" da Formula 1, e as coisas que aconteceram ao longo da sua vida. O antigo dono da Brabham recordou que ele, como "garagista", foi um dos que ajudou a fazer crescer a Formula 1 para estar onde está agora.

Sem esse tipo de pessoas, duvido que a Fórmula 1 ainda tivesse ido agora”, começou por dizer Ecclestone em declarações captadas pela Reuters. “Provavelmente a Ferrari teria parado e acabado. Não há muitos dos veteranos agora – aqueles que estavam com as equipas quando começaram. Podia-se comprar um motor e uma caixa de velocidades [naqueles dias]. Não era preciso investir milhares de milhões e ter 1.000 pessoas a trabalhar para si. Frank era especial como pessoa e isso notou-se na forma como ele continuava. As coisas nunca foram realmente más no que respeita a Frank, ele nunca se queixou das coisas. Prosseguiu da melhor maneira que pôde. E essa é a razão do seu sucesso. Ele foi um piloto de corridas. Ele estava sempre à frente do jogo. Ele sabia de camisolas de caxemira quando eu nunca tinha ouvido falar de caxemira. Era o Frank”, continuou.

Ele dizia-me ‘Podias emprestar-me 2.000 libras’. E eu diria que sim. E ele dizia: ‘Pago-te em 10 dias’. Tão certo como tudo, Frank voltaria em 10 dias com 2.000 libras. Ele falava de qualquer coisa e, pouco antes de ir, dizia: ‘Será que me pode ajudar? Acha que me podia emprestar 2.500 libras? Eu pago-lhe em 10 dias”. E foi assim que trabalhámos com o Frank. Eu confiaria a minha vida a ele”.

Ecclestone recordou ainda o seu acidente em 1986, onde ficou paralisado do pescoço para baixo, e a conversa com Sid Watkins, o médico da Formula 1, sobre as suas chances de sobrevivência, do qual o médico lhe deu uma perspetiva sombria.

Eu disse ‘Quanto tempo vai isto durar?” e ele [Watkins] disse ‘Penso que ele vai ficar aqui durante seis meses a olhar para o tecto’. Eu disse ‘Vai ele sobreviver a tudo isto?' e ele disse ‘Acho que não’. E Sid realmente sabia [a ciência]. Como sempre, Frank provou que todos estavam errados. Já não se fazem pessoas como o Frank”, concluiu.

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

A imagem do dia


Numa altura de pandemia, e também quando ele já não tem mais o poder que tinha antes, vale a pena falar de Bernie Ecclestone, no dia em que faz 90 anos. No ano em que foi pai mais uma vez - verdadeiro! - tenho de ser aqueles que, sendo critico dele e das suas politicas, não posso deixar de pensar que a Formula 1 moderna deve imenso a ele. Pela sua visão, em meados da década de 1970, ao trazer a televisão para o meio, como forma de comunicação para as massas, trazendo assim centenas de milhões de dólares para a competição e tirando-o do fundo da garagem para as luzes da ribalta.

Nunca escondeu que é de origem trabalhadora, e começou a interessar-se pelo meio depois do final da II Guerra. Primeiro como piloto, depois como empresário de pilotos - primeiro, Stuart Lewis-Evans, depois Jochen Rindt - e a década de ausência para enriquecer no meio do imobiliário e da venda de automóveis, chegando até a deixar circular o rumor de que ele tinha fornecido carros para o bando que fez o "Grande Assalto ao Comboio" de 1963, um dos roubos mais mediáticos da segunda metade do século XX. 

No final de 1971, deu 150 mil libras a Ron Tauranac para que este vendesse a Williams e entrasse na Formula 1 de modo mais permanente. Apesar das suas perdas pessoais - ele estava em Monza e carregou o capacete ensanguentado de Jochen Rindt minutos depois do seu acidente fatal - o apelo da Formula 1 era mais irresistível, e levou como sua a batalha para atrair mais dinheiro e mais construtores, e mexer no calendário. Brigou com quem tinha de brigar, ameaçou quem tinha de ameaçar e deu alguns passos em falso - a tentativa de cisão de 1981, no meio da guerra FOCA-FISA, foi uma delas - mas o final, conseguiu levar a sua água ao moinho, enquanto a Brabham era bem gerida nas mãos de Gordon Murray, que oficialmente era o projetista da marca, mas na realidade geria o dia-a-dia... excepto na parte dos dinheiros. Uma parceria que funcionou bem por 14 anos.

Depois de 1986, Ecclestone quis ser apenas o dono da Formula 1. Ali, expandiu fortemente para a Ásia e as Arábias, indo onde estava o dinheiro. Não quis saber dos direitos humanos para nada, pois competiu na África do Sul do regime do "apartheid", bem como na América do Sul no tempo das piores ditaduras, para não falar da China e Bahrein. Aliás, a sua politica do "quero, posso e mando" criou amores e ódios, mas ele, que sempre admirou Margaret Thatcher e Robert Mugabe - para não falar de  Adolf Hitler - achou que a sua palavra era lei numa competição sem os "checks and balances" típicos de uma democracia.

Em 2017, após três décadas de liderança, a Liberty Media comprou as ações da CC Capital Partners e Ecclestone saiu de cena para dar lugar a Chase Carey. Por esta altura, ele já estava desfasado com a realidade, não tendo tido a mesma visão em relação às redes sociais que teve quatro décadas antes com a televisão e o "pay per view", que praticamente cortou o acesso às novas gerações, que não tem o mesmo poder de compra que os mais velhos, "os velhotes com um Rolex no pulso", como disse certa vez. E ao mesmo tempo, ele, que nos anos 90, ao lado de Max Mosley, seu advogado nos anos 70 e depois o colocou como presidente da FIA, no lugar de Jean-Marie Balestre, tinha desertificado outras categorias que poderiam ser uma ameaça, como a Endurance e a IndyCar, agora observava a ascensão da Formula E e a chegada de marcas em catadupa sem fazer frente.

Agora, sem Bernie no caminho, a Liberty Media corrigiu essa parte das redes sociais, melhorando a sua comunicação e recuperando boa parte da juventude. Mesmo com um evento único como o coronavírus, onde a competição foi adiada, o calendário refeito e existiram imensas condicionantes para a presença de espectadores nos circuitos, a Formula 1 está mais ativo que nunca.

Mesmo assim, tiremos o chapéu ao que fez, no seu dia de aniversário.      

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Noticias: Ecclestone admite que teria sabotado a Formula E

Bernie Ecclestone
admite que teria feito de tudo para dar cabo da Formula E. O antigo patrão da Formula 1 afirmou que, caso fosse mais novo, ou tivesse aparecido duas décadas antes, teria encarado a competição elétrica como ameaça e teria feito de tudo para que não crescesse. Numa entrevista à britânica Autocar, afirmou que agora é muito tarde para isso, já que eles alcançaram o seu objetivo, que era de conseguir o maior número possível de construtores e que todos falassem da competição.

"Tenho pena das pessoas que dirigem a Formula 1 agora, pois precisam considerar o impacto da Fórmula E. Eu teria enterrado. Teria guardado todos os argumentos. Não teria acontecido se eu estivesse lá."

"Agora todos estão falando apenas de carros elétricos, então seria um pouco corajoso ir contra isso", admitiu. "Parece que a chamada geração mais jovem não está mais interessada em carros em geral. Suponho que dentro de alguns anos não haverá nada para se empolgar com um carro. Se for um carro elétrico para todos, será o mesmo.", concluiu.

Sobre os carros elétricos em geral, ele afirma que é o produto em si, e não a marca, é que ficará na memória, ao contrário da Ferrari, que para ele, só a a marca será suficiente para sobreviver para além da Formula 1.

"Acho que Tesla um dia será esquecido, mas a Ferrari nunca será esquecida. Outras pessoas farão carros elétricos. Hoje são líderes, mas em breve não serão especiais. Com o que as pessoas realmente se importam? É o fato de os carros serem elétricos, não a própria marca. Isso não vai durar para sempre".

"A marca da Ferrari é tão forte que eles podem se afastar da Formula 1 e ainda ser grandes. Mesmo quando não estão ganhando na Formula 1, você pode perguntar a um homem na rua que ganhou o título mundial e ele diria apenas Ferrari",concluiu.

A reputação de Ecclestone como alguém que fez a Formula 1 é grande, e exemplos de como lidou com a concorrência aconteceram no inicio da década de 1990, quando a FIA mudou as regras da Endurance, para que tivessem a motorização de 3.5 litros, iguais aos da Formula 1, para atraírem as equipas de fábrica como a Porsche e a Mercedes, e pouco depois, em 1994, quando alegadamente incentivou Tony George, dono do circuito de Indianápolis, a criar uma série paralela à CART, para tentar atrair os pilotos americanos para a Formula 1 e evitar que alguns campeões do mundo atravessassem o oceano, como Nigel Mansell tinha feito em 1993. 

quinta-feira, 2 de abril de 2020

A imagem do dia

Se tudo correr bem, Bernie Ecclestone chegará aos 90 anos em outubro. Teve uma vida longa e cheia de momentos inesquecíveis. Em criança, viu alemães e ingleses batalharem-se no céu, numa luta importante para a sobrevivência do seu país. Nascido pobre, viveu as agruras do racionamento, mas não virou a cara à luta.

Filho de um pescador, cresceu e trabalhou, descobriu que tinha vocação para o negócio e paixão pelos automóveis. Chegou a ser piloto, sem grandes resultados, e sobreviveu aos perigos da paixão. Viu bons amigos dele a morrer, ganhou dinheiro com eles, e um dia, comprou uma equipa de Formula 1, que a fez crescer e prosperar. E um dia quis mais, ficando com o negócio completo. E com ele fez contratos fabulosos, fazendo-o um milionário para além dos seus sonhos. E ser o rei de alguma coisa.

Casou mais do que uma vez e teve filhos, e um dia vendeu o seu negócio à melhor oferta. Agora goza os anos que lhe faltam ao lado de uma mulher que tem idade para ser sua neta. 

E porque falo disso tudo? Bom, aparentemente o anãozinho tenebroso vai ser pai pela quarta vez. A sua terceira mulher, a brasileira Fabiana está grávida aos 42 anos de idade, mostrando que, a ambos, as máquinas ainda funcionam! Ao todo teve três filhas, a mais velha, Deborah, tem 65 anos, e claro, as filhas de Slavica, a sua segunda mulher, Tamara e Petra, com 35 e 32 anos, respectivamente. E ele já é bisavô porque da primeira filha, teve cinco netos, e estes já tiveram filhos.

Ainda não se sabe o sexo da criança, mas aparentemente, nascerá em julho.

Como já disse, esta noticia só mostra que apesar da idade avançada, as máquinas ainda funcionam, porque não se acredita muito que ele não seja o pai da criança. E quem pode, pode. E claro, toda a felicidade aos futuros papás!

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

O cartão de Natal de Bernie Ecclestone

Se acham que o Bernie Ecclestone iria deixar de mandar cartões de Natal, agora que não está mais a controlar a Formula 1... enganam-se. Pois eis o cartão deste anos, que acabei de descobrir no Facebook do Emmanuele Pirro

Já agora a tradução do diálogo:

1. Leiam o livro de instruções antes da corrida. 
2. Não ultrapassaem as linhas, não interessa onde ou a cor [dessa linha]
3. As mensagens entre pilotos e engenheiros são vistas pelos advogados.
4. Se tiverem um acidente, culpem o outro piloto.
5. Não sejam apanhados para evitarem a desquilificação.
6. Não pensem, sigam as ordens de equipa.
7. Se forem interrogados por nós, tentem parecer honestos!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Youtube Motorsport Interview: Podcast com Bernie Ecclestone

Dominando a Formula 1 por quase meio século, e com quase 90 anos de idade, o nome de Bernie Ecclestone é incontornável na Formula 1. Foi ele que o moldou à visão que temos hoje, mas antes disso, foi piloto, manager de pilotos como Jochen Rindt e o dono da Brabham, entre 1972 e 1986.

E na semana passada, o podcast da Formula 1 entrevistou-o.

domingo, 17 de novembro de 2019

A imagem do dia


Algures em 1992. Contam-me que foi no fim de semana do GP de Portugal. E de uma certa maneira, a fina-flor da Formula 1. Bernie Ecclestone rodeado de dez dos melhores pilotos do pelotão de então.

Na fila de baixo: Gerhard Berger, Jean Alesi e o seu companheiro de equipa, Ivan Capelli. Na fila de cima, Martin Brundle, Michele Alboreto, Nigel Mansell, Riccardo Patrese, Michael Schumacher, Ayrton Senna e Thierry Boutsen, então piloto da Ligier.

A razão de falar desta foto nem é por causa dos seus interveninentes, mas sim pela pessoa que está por trás da câmara, sem que nós o vejamos. Esta foto é de Terry O'Neil, que morreu este sábado, aos 81 anos, depois de uma batalha contra um cancro na próstata.


A carreira de O'Neil foi recheada de fotografias com celebridades, principalmente com cantores e personalidades carismáticas como David Bowie, Frank Sinatra e Elton John, para além dos atores de Hollywood. Mas também fotografou muito dos "swing sixties", como os Beatles, Roling Stones, The Who ou Led Zeppelin. E em todos eles, mais do que o formalismo, apanhá-los em situações pouco ortodoxas foi a que o tornou famoso. Aliás, uma das suas primeiras fotos foi onde apanhou o então ministro do Interior adormecido num sofá no aeroporto de Heathrow.

Uma das mais icónicas fotos de O'Neil foi tirada a Faye Dunway na manhã seguinte ao Óscar que ela venceu pelo filme "Escândalo na Televisão", em 1977, na piscina do Beverly Hills Hotel. Ali, via-se os jornais que anunciavam o prémio, que rodeava a estatueta em cima da mesa, em destaque. Tudo isto deu não só dezenas de exposições, como também livros e o reconhecimento dos seus pares e do governo, que lhe deu um CBE - Comandante do Império Britânico - no inicio deste ano.

Em suma, O'Neil captou o espírito dos tempos, embora, ao ver esta foto, parece ser diferente daquilo que fez ao longo da sua carreira. Mas também vale a pena. Ars lunga, vita brevis, Terry.

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Youtube Motorsport Video: As decisões que a Formula 1 tem de corrigir

Toda a gente fala sobre as decisões que as equipas tem de fazer para que os novos regulamentos entrem em vigor em 2021, mas o mais importante é o de fazer com que algumas equipas abdiquem de alguns dos privilégios que Bernie Ecclestone lhes deu na última década, antes de passar as operações para a Liberty Media, como se fosse um presente envenenado.

Eis o video, feito pela Autosport britânica que fala sobre esses desafios.

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Quanto o automobilismo evoluiu desde o tempo em que nascemos

A primeira corrida que aconteceu após o meu nascimento foi a 273º da história, e ficou na memória como uma das mais interessantes e polémicas. Por muitos motivos. Primeiro, a BBC não a transmitiu nem passou o sinal para a Eurovisão por causa de uma picuinhice: uma das equipas, a Surtees, tinha como patrocinador a marca de preservativos Durex, que consideravam como sendo "imoral". Era o tempo onde o sexto era seguro e o automobilismo perigoso... e outras equipas tinham tabaco e uma delas, a Hesketh, era patrocinada por uma revista erótica rival da Playboy, a Penthouse. 

Foi a 18 de julho de 1976, seis dias depois do meu nascimento. Por causa do cérebro pequeno dessa gente, eles não viram a corrida que foi: duas partidas, a polémica sobre o carro de James Hunt, e a reação de 80 mil pessoas que "assavam ao sol" - estava um calor anormal para julho - que assobiaram, gritavam "nós queremos Hunt! nós queremos Hunt!" e atiravam garrafas de cerveja para a pista, o que poderia causar furos a alta velocidade. No final, os comissários cederam, deixaram-no participar, largou, passou Niki Lauda na Druids, a meio da corrida, e acabou por vencer. A Ferrari protestou o resultado, e dois meses depois, deram-lhe razão. E pelo meio, houve o acidente do austríaco em Nurburgring e a aproximação de Hunt, que deu o que deu na última prova do ano, no Japão.

E tudo isto a BBC não transmitiu  para o resto do mundo por causa de decisão mesquinha.

Mas foi por causa de todos estes episódios que referi agora, digo a toda a gente que a temporada do meu nascimento deu um filme de Hollywood. E é verdade.

Digo esta história porque no sábado, andei à conversa com o Antti Kalhola. Ele comentou o facto de ter nascido precisamente uma corrida após o 500º Grande Prémio, em Adelaide, em 1990. E que ele tinha havido tantos Grandes Prémios antes de nascer do que depois do seu nascimento. Claro, tem 28 anos, menos 14 que eu, que já aconteceram mais de 750 corridas desde o meu nascimento. Mas o meu primeiro que assisti, do qual me lembro, foi o de Las Vegas, em 1981, a corrida que deu o título a Nelson Piquet. Logo, devo ter assistido a mais de 600 corridas na televisão, já que pelo meio mudei de país e não vi a temporada de 1983 e parte da temporada de 1984.

Ele falou que no tempo dele estava a apanhar um pelotão cheio, com pré-qualificação, motores de V8, V10 e V12, Ferrari, Lamborghini, Honda, Judd, Ford Cosworth, Renault, Yamaha, entre outros. Equipas saiam e outras entravam - a Jordan estava prestes a entrar, por exemplo. E ele falava do contraste que havia nesse tempo - e que tinha pilotos como o Nigel Mansell, Ayrton Senna, Alain Prost e Nelson Piquet, com secundários como Riccardo Patrese, Thierry Boutsen, Gerhard Berger, entre outros. E não faltava muito para chegar Michael Schumacher.

Eu apanhei coisas... mais interessantes. Apanhei os Turbo, vi corridas do Gilles Villeneuve, Keke Rosberg, Alan Jones, Carlos Reutemann, René Arnoux, Elio de Angelis. Os anos 80 foram super-interessantes, mas infelizmente apanhei algumas mortes na Formula 1, como a de Villeneuve ou do Riccardo Paletti. Esse úlitmo lembro-me bem. 

Contudo, na conversa que tivemos, eu disse que apesar do passado, estava curioso sobre o futuro do automobilismo, como o WRC e a coisa totalmente nova que é a Formula E, por exemplo. Ele acabou por concordar, quando me falou os desenvolvimentos no WRC, que tem a Toyota que pretende voltar a dominar os ralis e tem na figura do estónio Ott Tanak de ser o primeiro não-francês a poder ser campeão desde 2003. 

Mas não falei na altura de algo do qual muitos consideram como sacrilégio: a Roborace, por exemplo. De quanto a tecnologia está a invadir os carros, acabando a mecânica para ser dominado pela tecnologia. Já mostrei por aqui: um carro sem condutor alcançou os 300 km/hora em linha reta. E sei que há milhares de engenheiros que trabalham no sentido de os carros serem cada e mais autónomos, poderem conduzir sem condutor, trabalhar em algoritmos que façam diminuir imenso a sinistralidade rodoviária.

E foi isso que lhe disse. Apesar da minha idade, não choro pelo passado. Já disse ontem: a Formula 1 comporta-se como um nobre à beira da decadência, que ainda julga que tem uma superioridade moral, que pouco ou nada vê o que se passa à sua volta. Que os seus fãs estão cada vez mais velhos, que choram por algo que definitivamente não é tecnológico. Não querem saber disso, querem entretenimento. Não querem saber, e quando sabem, desprezam coisas como a Formula E. Que tem nove construtoras, algo do qual a Formula 1 nunca teve. Que muitos ainda acham que os carros elétricos são uma fraude, que ainda acham que isso não passa de carrinhos de golfe. Que preferem gozar e hostilizar uma competição que em cinco anos já conseguiu atrair imensa gente, uma legião de fãs.

Até Bernie Ecclestone reconhece que a Formula E é uma força a ter me conta e não se importaria de gerir, se tivesse menos 30 anos. Ele que não se preocupe: A Formula E tem o seu Ecclestone, é o espanhol Alejandro Agag. E aprendeu muito com o anão.

E mesmo com coisas dos quais não gosto muito e dou alguma razão aos detratores - só circuitos urbanos, chassis iguais e os carros têm menos potência que os Formula 1 - eles têm sete vencedores diferentes em sete corridas, e a diferença entre o "top ten" a meio da temporada é menos de 12 pontos. Vencerá quem for mais regular. Há uma década, sabiam o que existia? Nada. Até os carros elétricos eram uma curiosidade. Hoje, a Tesla vai fazer cinquenta mil carros por mês numa só fábrica, e se calhar vai fazer o dobro quando a fábrica em Xangai estiver pronta, no final deste ano.

O carro mais veloz no Pikes Peak é elétrico. E a industria automóvel está a reagir, porque está a ser ultrapassada. Mas enfim, nada que não saibam, já avisei por aqui vezes sem conta, e já ando a desviar-me do assunto.

O que quero dizer é que nada é imutável. O automobilismo vai mudar. A Formula 1, por muita luta que haja no meio do pelotão, os favoritos são sempre os mesmos. Aliás, vivemos uma era onde os Flechas de Prata dominam. Não poderemos ter muita esperança de uma mudança, venha ela da Ferrari, da Red Bull ou da Renault. Oitenta por cento dos fãs sabe ou acredita que Lewis Hamilton será campeão. A Formula 1 teve imensos períodos de domínio, é verdade. Faz parte do ADN, tudo terá um começo e um fim. Já vimos a Ferari dominar, a Red Bull, a Williams, a McLaren... todos tiveram o seu periodo de domínio. E a Formula 1 manteve-se. Mas agora, as coisas começam a ser diferentes. As alternativas existem, e começam a incomodar, por muito que digam o contrário.

O que digo é isto: é bom ver o passado, mas não choro "paraísos perdidos". As coisas evoluem, é bom ver alternativas. Os verdadeiros automobilistas são os que vêm tudo e apreciam. E sabem que, dê no que der, no panorama geral, irá continuar. Está mais forte e saudável que nunca. Continuamos a gostar de ver e sonhar com ela. Se alargarem os horizontes, verão isso.

E isso tem um nome: evolução.

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Noticias: Ecclestone vê Formula E como "ameaça" à Formula 1

Ausente da corrida numero mil da Formula 1 devido a uma intoxicação alimentar, e a idade também não ajuda - vai a caminho dos 89 anos - Bernie Ecclestone falou sobre o futuro da categoria e da ameaça que a Formula E poderá ser num futuro não muito distante. "É uma forma diferente de entretenimento, mas a Formula E vai começar a melhorar muito e crescer muito, o que eles já estão fazendo devagar. A Formula 1 vai sofrer por causa disso", começou por dizer em declarações captadas pelo Grande Prémio.

De uma forma têm razão. Com oito construtoras presentes - BMW, Audi, NIO, DS, Jaguar, Venturi, Nissan, Mercedes (HWA) e no ano que vêm, a Porsche - a Formula 1 nunca teve ao longo da sua história tantos construtores na grelha de partida, o que mostra que a competição tem pernas para andar, devido à sua tecnologia. E coisas como o Attack Mode, o Fanboost, os chassis iguais, tudo isso contribui para um equilíbrio presente no facto de nesta temporada, nas seis primeiras corridas, terem havido seis vencedores diferentes.

Questionado sobre que categoria comandaria em 2019, Bernie afirmou que pelo coração, ele estaria na Formula 1. Contudo, pela razão, escolheria a Formula E.

"Meu coração está sempre com a Formula 1, então eu teria que dizer [isso], mas estaria um pouco preocupado com a Formula E, com certeza", prosseguiu. "Então acho que diria Formula E. Há mais chances de grande expansão e mais chances comerciais do que há para mudar as coisas na Formula 1", concluiu.

Mudou de opinião e abraçou as energias renováveis? Nem por isso. É a perspectiva de negócio. Ele provavelmente deverá saber que o futuro é aquele e existe muita coisa para ser explorada, no sentido de tornar a competição mais espectacular. E com o tempo, a Formula E evoluirá para estar a par com a Formula 1, e ali será uma altura de se pensar se poderá haver uma fusão, ou um deles decairá até à sua irrelevância, com o outro a ficar no lugar da competição dominante

sexta-feira, 15 de março de 2019

A imagem do dia (II)

Na foto, Charlie Whitting em 1978, a tratar do Hesketh de Divina Galica. Toda a gente tem um lado escuro. E Charlie, morto esta quinta-feira aos 66 anos de idade, em Melbourne, nas vésperas da nova temporada da Formula 1, tinha uma história que poucos sabiam até agora. É verdade que Whitting era uma excelente pessoa, de bom trato e capaz de aguentar as brigas e reclamações de toda a gente, desde pilotos e dirigentes, muitas das vezes acalmando egos. 

Contudo, esta história que vou falar é contada pelo Joe Saward, e já tinha lido logo no dia que morreu. Mas aqui estão muitos pormenores, todos referentes a Nick Whitting, o irmão mais velho de Charlie. Seis anos mais velho que ele, tornou-se num mecânico competente no final dos anos 60 no circuito de Brands Hatch, onde se tornou num excelente piloto dos "club racing". Com o passar do tempo, Nick montou uma equipa, a All Car Equipe (ACE), montou a sua própria garagem e vendeu carros usados, o "wheeler-dealer", como dizem na Grã-Bretanha. Montava caros melhores e vendia com lucro, claro. Atraído por esse mundo, Charlie começou a ajudar o seu irmão com 15 anos de idade e em 1976, ambos montaram um Surtees de Formula 5000 pertencente a Divina Galica, uma esquiadora britânica que se apaixonou pelo automobilismo e tornou-se numa das cinco mulheres a participar num Grande Prémio de Formula 1. E foi com ela que Charlie e Nick entraram nesse mundo.

Ambos ficaram sem emprego com o fim da Hesketh, a meio de 1978, mas se Charlie bateu à porta da Brabham e ficou no mundo da Formula 1 para o resto da sua vida, Nick decidiu continuar com a sua garagem e prosperar no negócio. 

Mas... como dizem nas nossas mães quando somos garotos: "cuidado com as más companhias". Nick tinha um amigo de infância, Kenneth Noye. E ele tinha-se metido com o submundo de Londres, no final dos anos 70, inicio dos anos 80, onde era relativamente fácil assaltar bancos e carrinhas de valores. E alguns desses mafiosos não gostavam de "pontas soltas". Em 1983, um grupo de ladrões foi para um sítio chamado Brink-A-Mat, onde esperavam levar um saque de 3 milhões de libras. Contudo, ali estavam 6800 barras de ouro, totalizando três toneladas. E esses três milhões de libras passaram a ser 26 milhões.

Noye foi envolvido no negócio e sabia onde buscar carros velozes. Contudo, sete anos depois, em julho de 1990, Nick foi raptado da sua garagem e desapareceu sem deixar rasto. Cinco semanas mais tarde, foi encontrado num pântano não muito longe da sua garagem, com marcas de facadas e cinco balas de 9mm no seu corpo. Provavelmente, foi um infeliz caso de "queima de arquivo", por saber demais e, com a policia a apertar o cerco sobre o roubo das barras de ouro, os que estiveram envolvidos começaram a entrar em parafuso. Noye acabou por ser apanhado e foi acusado de outros crimes, mas não do rapto e morte de Nick Whitting.

A história é arrepiante, de facto, mas apenas é uma infeliz conto de alguém que conheceu pessoas erradas. Que por sua vez, é irmão de uma personagem discreta, mas importante na Formula 1 nos últimos vinte anos. E esteve outros vinte num selecto clube, fazendo parte da historia do automobilismo.

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Youtube Formula One Video: O podcast de Nico Rosberg

Nico Rosberg tenta arranjar algo para fazer, agora que é um piloto retirado. E uma das coisas que anda a experimentar é fazer um podcast no Youtube. E claro, sendo o VIP que é, tem convidados VIP's. E o primeiro é Bernie Ecclestone. E com quase 88 anos, e finalmente retirado, depois de 45 anos a mandar na Formula 1, primeiro como patrão da Brabham, depois como patrão da Formula 1, sentou-se ao lado do campeão do mundo de 2016 para falar sobre o automobilismo, sobre quem vencerá o Mundial de 2018, e também sobre a atualidade.

E claro, Bernie foi igual a si mesmo. É quase uma hora de conversa que vale a pena ouvir.