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quarta-feira, 2 de outubro de 2024

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Agora é oficial: a Renault anunciou esta semana que deixará de fabricar motores para a Formula 1 depois da temporada de 2025. A fábrica de Wiry-Chatillon, nos arredores de Paris, continuará, porém, a fabricar motores mas para outras categorias, como a Endurance, onde a Alpine está lá, com o seu programa na classe Hypercar. 

Muitos falam que esta decisão poderá ter sido precipitada. "Insiders" na Formula 1 afirmam que eles poderão ter "acertado a mão" no projeto dos motores para 2026, e esta retirada poderá ter sido um tiro no pé nas ambições da Alpine-Renault. O que pode mostrar que isto, em muitos aspetos, não passa de decisões politicas.

Claro, como em tudo, pode ser que regresse um dia. Afinal de contas, desde 1977 que a marca do losango nunca anda longe do automobilismo, como fazem a Ferrari, a Mercedes, a BMW e outras marcas de automóveis com "pedigree" nesta atividade. Aliás, quem conhece a história do automobilismo, sabe que desde a sua fundação, em 1899, começaram a mostrar-se nas competições, e eles foram os vencedores do primeiro "Grand Prix" do automobilismo, no muito distante ano de 1906. 

O que poucos sabem é aquele período até aos anos 70, quando regressaram através da Renault Sport, primeiro nos ralis, depois na Endurance e por fim, na Formula 1. Aliás, o fã comum pouco sabe sobre a história da Renault. Acho que é altura de falar sobre três irmãos, que no final do século XIX, ficaram assombrados com uma nova invenção, usaram a sua imaginação para prosperar com ela e viram no automobilismo o meio para vender os seus carros.  

Marcel Renault nasceu em 1872, filho de Alfred Renault, um próspero industrial têxtil. Tinha um irmão mais velho, Fernand, nascido oito anos antes, em 1864, mas só foi depois do nascimento de Louis Renault, em 1877, que as coisas alavancaram. Frequentando o Lycée Condorcet, um dos mais elitistas de França, tornou-se num génio da mecânica, e na garagem da sua casa nos arredores da cidade, em Billancourt, construiu em 1898 um carro autónomo. O motor poderá ser 3/4 de um cavalo de potência, mas tinha uma grande novidade: um eixo-cardã, a ligar as rodas da frente e de trás, e uma caixa manual de três velocidades, uma delas serviria de marcha-atrás, o inicio dos automóveis modernos. Depois de patenteadas essas evoluções, no ano seguinte, os três iriam construir a Societé Fréres Renualt, com Fernand a ser o agente comercial para as representações na França e no estrangeiro, Marcel seria o chefe de administração, enquanto Louis era o engenheiro, e de uma certa forma, a "alma" da Renault. A fábrica seria em Billancourt, não longe da sua casa.

E imediatamente, começaram a entrar em corridas automobilísticas. E a vencê-las. Uma das mais importantes foi o Paris-Viena, em 1902, onde os carros, com fama de serem leves, mas eficientes, conseguiram ser melhores que carros mais potentes, mas mais pesados. E chegou tão à frente da concorrência que quando descobriu que estava a fazer a volta final no sentido contrário aos regulamentos... simplesmente colocou a marcha-atrás! 

A 24 de maio de 1903 começava o Paris-Madrid, uma das mais ambiciosas provas automobilísticas de então. A primeira etapa era entre a capital e Bordéus. Inscreveram-se mais de 400 carros, em diversas categorias, e a partida foi às 5 da manhã. E havia tantos carros, e tanta gente à espera de vê-los largar, em Versalhes, que quando partiu o último carro, o primeiro já estava a 240 quilómetros de distância!

Marcel e Louis Renault competiam e ambos eram dos favoritos, graças aos seus carros leves e eficientes. Cedo andaram entre os da frente, mas quando Marcel chegou a Payré, ao pé de Poitiers, no centro de França, e ao se aproximar de outro carro, ele ficou cego pela nuvem de poeira e não reparou numa vala. Sem segurança, ele e o seu mecânico, René Vauthier, foram projetados a mais de 100km/hora, sofrendo graves ferimentos. Se Vauthier sobreviveu, já Marcel Renault ficou em coma devido a ferimentos na espinal medula e morreu dois dias depois. Tinha 31 anos.

Contudo, aquele tinha sido um dos muitos acidentes daquela corrida, ao ponto de quando os carros chegaram a Bordéus, a prova tinha sido cancelada de imediato e o governo tinha cancelado as corridas em território francês. Desgostoso, Louis decidiu retirar-se como piloto, dedicando-se à gestão da fábrica e da marca. Participou no primeiro Grande Prémio da história, com o húngaro Ferenc Szisz, mecânico de Louis, a ser o vencedor. 

Mas quando a marca do losango voltou a entrar a sério no automobilismo, muita água passou por baixo das pontes do Sena, e a história deu as suas voltas e revoltas. Louis tornou-se no proprietário da fábrica em 1908, e começou a conseguir grandes contratos, especialmente com o Estado francês. O pequeno tanque FT, que levava duas pessoas, foi uma criação de Renault, e um dos mais fabricados na I Guerra Mundial. Enriqueceu e por causa dessas contribuições, ganhou o Grande Colar da Legião de Honra.

Contudo, duas décadas depois, na II Guerra Mundial, as coisas seriam diferentes. Bem diferentes. 

Primeiro, as suas visões tornaram-se pró-nazis, especialmente em relação aos sindicatos. Chamava ao seu rival, André Citroen, de "o pequeno judeu", e quando a Wermacht entrou França dentro, estava nos Estados Unidos, em missão para o governo francês, para comprar tanques. Quando regressou, com o Armistício, e com a constituição do governo de Vichy, decidiu colaborar, afirmando que com isso, impedia a sua fábrica de ser desmantelada e os seus trabalhadores de serem deportados para a Alemanha, ambos para ajudar a máquina de guerra nazi. Fora da fábrica, tinha-se tornado um recluso, no seu castelo nos arredores de Rouen. 

Claro, com isso, as suas fábricas foram alvo dos bombardeiros da RAF britânica. Para piorar as coisas, a sua saúde não era a melhor, graças a problemas renais. A partir de 1942, vitima de afasia, não conseguia falar.   

Em Agosto de 1944, Paris é libertada e começava os ajustes de contas. Com fama de colaboracionista e todas as bocas e jornais, franceses e estrangeiros, o governo de De Gaulle queria interrogar Renault. Ele foi detido a 22 de setembro na prisão de Fresnes, e devido à sua saúde frágil, a 5 de outubro, transferido para o hospital de Ville-Evrard, onde a sua saúde declinou ao ponto de ser transferido para a clinica Saint-Jean-de-Dieu, na Rue Oudinot, em Paris. Morreria a 24 de outubro de 1944, aos 67 anos. Nos anos seguintes, a família disse que ele foi espancado até entrar em coma, e uma exumação, em 1956, mostrou que sofrera uma fratura numa vértebra nos seus últimos dias de vida.  

Por esta altura, De Gaulle nem esperou que Louis Renault morresse para agir: nacionalizou a companhia, transformando-a em "Régie Nationale des Usines Renault". Quando o testamento foi aberto, ele tinha legado a marca aos seus 44 mil empregados. Hoje em dia, a fábrica já não pertence ao estado francês - 80 por cento dela foi vendida em 1996, e a sua participação ficou reduzida a 15 por cento, não deixando de ser um dos acionistas maioritários. 

quinta-feira, 28 de julho de 2022

Noticias: Vettel retira-se no final da temporada


Sebastian Vettel anunciou esta quinta-feira que irá abandonar a Formula 1 no final desta temporada. O piloto alemão de 35 anos, atualmente na Aston Martin, anunciou a sua decisão na sua conta no Instagram, depois de ter criado a sua conta pessoal mesa rede social... na véspera.

A decisão de me retirar foi difícil de tomar, e passei muito tempo pensando nisso. No fim do ano, quero passar mais tempo a pensar no que farei a seguir. Está muito claro para mim que, sendo pai, quero passar mais tempo com a minha família. Mas hoje não é hora de dizer adeus. Ao invés disso, é hora de dizer obrigado — a todos — especialmente aos fãs, sem os quais o apoio apaixonado a Fórmula 1 não existiria”, começou por afirmar.

Na mensagem, agradeceu aos responsáveis da Aston Martin pela oportunidade que ofereceram nas duas últimas temporadas. 

"Tive o privilégio de trabalhar com muitas pessoas fantásticas na Fórmula 1 nos últimos 15 anos – há demasiadas para mencionar e agradecer. Nos últimos dois anos fui piloto da Aston Martin e, embora os nossos resultados não tenham sido tão bons como esperávamos, é muito claro para mim que está tudo a ser feito para que uma equipa possa correr ao mais alto nível nos anos vindouros. Gostei muito de trabalhar com um grupo de pessoas tão fantástico. Todos – Lawrence [Stroll], Lance [Stroll], Martin [Whitmarsh], Mike [Krack], os gestores superiores, os engenheiros, os mecânicos e o resto da equipa – são ambiciosos, capazes, conhecedores, empenhados e amigos, e desejo-lhes felicidades", disse na sua mensagem gravada, nas vésperas do GP da Hungria.

Correndo desde 2007 em equipas como BMW Sauber, Toro Rosso, Red Bull, Ferrari e Aston Martin, conseguiu 53 vitórias - o terceiro mais vitorioso de sempre, apenas atrás de Lewis Hamilton e Michael Schumacher - 57 pole-positions, 38 voltas mais rápidas e 122 pódios em 290 Grandes Prémios, o alemão conquistou quatro títulos mundiais consecutivos, entre 2010 e 2013. Ainda é o campeão do mundo mais novo de sempre, quando alcançou o título mundial de 2010 aos 23 anos e 134 dias, em Abu Dhabi. E também é o recordista de vitórias consecutivas: nove, entre as provas da Bélgica e do Brasil, em 2013.

Nas reações ao anúncio da sua retirada, a Aston Matin agradeceu pelos seus serviços, da parte de Lawrence Stroll, o seu proprietário.

Quero agradecer Sebastian do fundo do meu coração pelo grande trabalho que ele fez pela Aston Martin no último ano e meio. Deixamos claro para ele que gostaríamos que ele continuasse com a gente no próximo ano, mas, no fim, ele fez o que achava certo para ele e a família dele, e, claro, respeitamos isso”, começou por afirmar o pai de Lance Stroll

Ele guiou algumas corridas fantásticas para nós e, nos bastidores, a experiência dele e o conhecimento dos nossos engenheiros foram extremamente valiosos. Ele é um dos melhores de todos os tempos da Fórmula 1, e foi um privilégio trabalhar com ele. Ele continuará correndo connosco até o GP de Abu Dhabi de 2022, que será o 300º GP dele. Vamos dar a ele uma despedida incrível”, assegurou.

Lewis Hamilton colocou uma mensagem na sua conta no Instagram, agradecendo a rivalidade na pista e a amizade nos bastidores.

Foi uma honra te chamar de rival e uma honra maior ainda te chamar de meu amigo”, escreveu Hamilton. “Você está deixando o automobilismo [numa situação] melhor do que encontrou, o que é sempre a meta. Não tenho dúvida de que o que quer que venha a seguir para você será empolgante, significativo e recompensador. Gosto muito de ti, amigo”, encerrou.

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Noticias: Raikkonen anuncia a sua retirada


Kimi Raikkonen anunciou esta quarta-feira que se retirará da Formula 1 no final desta temporada. O piloto de 41 anos, agora na Alfa Romeo, aproveitou a sua página no Instagram para fazer este anuncio, depois de vinte anos de automobilismo.

"É agora. Esta vai ser a minha última temporada na Formula 1. Foi uma decisão que tomei no último inverno. Não foi uma decisão fácil mas depois desta temporada é tempos de coisas novas. Apesar da temporada ainda está a decorrer, quero agradecer à minha família, todas as equipas [por onde passei] todos envolvidos na minha carreira automobilistica e especialmente todos os meus fãs que apoiaram ao longo deste tempo. A Formula 1 chega ao fim para mim, mas há mais coisas na vida que pretendo experimentar e gozar. Ver-nos-emos por aí!", disse no seu anuncio oficial.

Na Formula 1 entre 2001 e 2009, de 2012 até 2021, Kimi passou pela Sauber, McLaren, Ferrari, Lotus, e Alfa Romeo, que não é mais do que a nova roupagem da Sauber, correu em 341 Grandes Prémios, conseguindo 21 vitórias, a primeira em 2003, na Malásia, e a última em 2018, em Austin, nos Estados Unidos, conseguiu 18 pole-positions e 46 voltas mais rápidas, no total de 103 pódios. 

Para além da Formula 1, Raikkonen também teve uma passagem pelo WRC, onde correu por duas temporadas, com o melhor resultado um quinto lugar no Rali da Turquia de 2010.

Com este anuncio, é provável que a vaga aberta seja altamente cobiçada, pois alguns nomes andam a ser perfilados desde há alguns dias, desde Alexander Albon, que procura por vaga em 2022, até Valtteri Bottas, que poderá sair da Mercedes para colocar George Russell, vindo da Williams. 

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

WRC: Citroen anuncia a sua retirada

A Citroen anunciou esta quarta-feira que iria abandonar o WRC, com efeito imediato. Os rumores circulavam desde há algumas semanas, especialmente depois de Sebastien Ogier ter dito que queria continuar em 2020 numa máquina competitiva. Assim sendo, após vinte anos em competições, a marca francesa dá o adeus definitivo às classificativas. 

Na sequência da decisão de Sébastien Ogier, de deixar a Citroën Racing no final da temporada WRC de 2019, a marca Citroën decidiu terminar o seu programa desportivo no WRC em 2020, devido à ausência de um piloto de topo disponível para a temporada 2020.", disse a marca, no seu comunicado oficial.

A nossa decisão de parar o programa WRC no final de 2019 é motivada pela decisão de Sébastien Ogier de deixar a Citroën Racing. Esta é obviamente uma situação que não queríamos, mas não previmos a temporada 2020 sem Sébastien Ogier. Gostaria de agradecer às equipas Citroën Racing pela sua paixão e empenho. Parte do ADN da Citroën está intimamente ligada aos ralis e estamos orgulhosos de ser uma das marcas de maior sucesso na história da WRC, com nada menos que 102 vitórias e 8 títulos de fabricantes.”, acrescentou Linda Jackson, a diretora da marca.

Embora não sendo oficial, tudo indica que o piloto francês irá para a Toyota em 2020, depois desta perder o seu campeão, Ott Tanak, para a Hyundai. Agora, o grupo PSA irá investir os seus recursos no novo projeto dos hipercarros, liderado pela Peugeot, bem como continuará a trabalhar no projeto da Formula E, através da DS.


terça-feira, 14 de agosto de 2018

A imagem do dia

E agora, Fernando? 

Este era o dia que haveria de chegar, era certo. Deveríamos saber disso, mas não queríamos acreditar, queremos deixar isso para um futuro que o empurramos para o mais longe possível, como uma pedra chutada para a frente. Mas dezassete amos de Formula 1, ao mais alto nível, sem diminuir as suas capacidades, é um feito do qual muito poucos podem alcançar. Só mesmo ao nível de um Jim Clark, Jackie Stewart, Michael Schumacher ou um Ayrton Senna ou Juan Manuel Fangio, que ganhou títulos aos 46 anos de idade, sem abrandar.

Pois bem, chegou o dia. Muitos poderão dizer que foi derrotado pelo McLaren pouco competitivo, é verdade. Mas temos de dizer que ele, nestes últimos tempos, tinha a sua cabeça noutros lados. Tinha ido à IndyCar, às 500 Milhas de Indianápolis, e foi recebido como um "rockstar", como os americanos sabem tratar os pilotos de Formula 1. Não ganhou, mas foi o "rookie do ano" para os americanos.

E claro, quando este ano venceu as 24 horas de Le Mans, ao lado de Kazuki Nakajima e Sebastien Buemi, numa temporada de Endurance que vai ser longa, e do qual se vai empenhar a dobrar, via-se que pretendia outros desafios. Aos nossos olhos - e muitos nem sequer enxergaram - o que ele queria dizer era que existe automobilismo para além da Formula 1. E há muitos que dizem o contrário...

Não creio que vá descansar em 2019. A Endurance está no meio de uma super-temporada que terminará de novo em Le Mans, e ele participará, por causa do seu contrato com a Toyota. A participação na IndyCar poderá ser parcial, apenas com as 500 Milhas e mais algumas corridas para ajudar a McLaren no seu regresso à categoria americana, 40 anos depois de lá ter estado pela última vez.

E ainda há mais um desafio pela frente, caso queira. A Formula E, apesar de ser novata, começa a ser suficientemente atraente para que antigos pilotos de Formula 1 tentem a sua sorte. Alejandro Agag, seu compatriota, sabe perfeitamente que se conseguir convencer a testar o carro da Gen2 este ano, seria um enorme golpe publicitário a o fará pensar na ideia de ser um piloto completo. E caso aceite o desafio, acabando por vencer corridas e o título mundial, poderá ter algo que ninguém terá:

- campeão do mundo de Formula 1
- vencedor do GP do Mónaco
- vencedor das 500 Milhas de Indianápolis
- vencedor das 24 Horas de Le Mans
- campeão da IndyCar
- campeão do Mundial de Endurance
- campeão mundial da Formula E
- vencedor do GP do Mónaco da Formula E

O desafio está aí. E é perfeitamente alcançável.  

Noticias: Fernando Alonso abandona a Formula 1

Fernando Alonso vai abandonar a Formula 1. O piloto espanhol de 37 anos anunciou esta tarde no seu canal oficial do Twitter que irá pendurar o capacete depois de 17 anos ao mais alto nível. Contudo, ainda nada se sabe sobre o seu futuro, logo, a possibilidade de ele atravessar o Atlântico para tentar a aventura da IndyCar está em aberto.

No comunicado oficial publicado pela McLaren, Alonso falou da sua carreira e dos seus feitos:

Depois de 17 anos maravilhosos nesta categoria maravilhosa, é hora de fazer uma mudança e seguir em frente. Eu aproveitei cada minuto dessas temporadas incríveis e não posso agradecer o suficiente às pessoas que contribuíram para torná-las tão especiais", começou por dizer.

Ainda há vários GPs para esta temporada, e vou participar deles com mais paixão do que nunca. Vamos ver o que o futuro me trará. Novos desafios emocionantes estão ao virar da esquina. Estou tendo um dos momentos mais felizes da minha vida, mas preciso continuar a explorar novas aventuras."

Quero agradecer a todos da McLaren. Meu coração está com eles para sempre. Eu sei que eles vão voltar mais fortes e melhores no futuro e pode ser o momento certo para eu estar de volta na série; isso me deixaria muito feliz. Eu construí tantas grandes relações com muitas pessoas fantásticas na McLaren, e elas me deram a oportunidade de ampliar meus horizontes e competir em outras categorias. Eu sinto que sou agora um piloto mais completo [do que era antes]."

Tomei essa decisão há alguns meses e é firme. No entanto, eu gostaria de agradecer sinceramente a Chase Carey e à Liberty Media pelos esforços feitos para mudar minha opinião e todos que entraram em contato comigo durante esse período"

Finalmente, também gostaria de agradecer às minhas antigas equipas, antigos companheiros de equipa, competidores, colegas, parceiros, jornalistas e todos com quem trabalhei na minha carreira na Formula 1. E, especialmente, meus fãs em todo o mundo. Tenho certeza de que nossos caminhos se cruzarão novamente no futuro”, concluiu.

Zak Brown, diretor da marca, agradeceu a Alonso pelos seus feitos na equipa na na Formula 1.

Fernando não é apenas um excelente embaixador da McLaren, mas também da Fórmula 1. Seus 17 anos no automobilismo, como provavelmente o melhor piloto de sua geração, adicionaram, sem dúvida, outra camada à rica história da Fórmula 1", começou por dizer.

Há um tempo para todos fazerem uma mudança e Fernando decidiu que o final desta temporada será [a vez] dele. Nós respeitamos sua decisão, mesmo que acreditemos que ele esteja na melhor forma da sua carreira. Nosso diálogo aberto com Fernando significou que poderíamos planear essa eventualidade." começou por dizer o patrão da McLaren.

Ao avaliar seu futuro nos últimos meses, a competitividade de Fernando não foi prejudicada. Ele continuou a se apresentar no mais alto nível, como sabemos que ele fará nas nove corridas restantes desta temporada.

Eu sei que toda a equipa se junta a mim em prestar homenagem à enorme contribuição que Fernando deu para a McLaren. Ele é uma lenda tanto para o campeonato quanto para a equipa. Fernando é uma parte importante da nossa história e se juntará a uma linha ilustre de pilotos da McLaren. Em nome de Shaikh Mohammed, Mansour [Ojjeh] e toda a nossa diretoria, desejamos a Fernando todo o sucesso no seu futuro”, concluiu.

Quando terminar a temporada, Fernando Alonso Diaz, nascido a 29 de julho de 1981 em Oviedo, nas Astúrias, fará 314 Grandes Prémios, entre 2001, com um intervalo em 2002, e de 2003 em diante. Nessas corridas, feitas em carros na Minardi, Renault (duas passagens), McLaren (duas passagens) e Ferrari, venceu 32 Grandes Prémios, conseguiu 97 pódios, obteve 22 pole-positions e alcançou 23 voltas mais rápidas. E foi o mais jovem campeão do mundo de Formula 1, ao alcançá-lo em 2005, aos 24 anos, com a Renault, repetindo o feito no ano seguinte, sendo também o bicampeão mais jovem da história.

Para além disso, foi vice-campeão por três vezes: em 2010, 2012 e 2013, e terceiro em 2007.

Em termos de outras categorias, participou nas 500 Milhas de Indianápolis de 2017 e venceu as 24 horas de Le Mans de 2018, a bordo de um Toyota, com Kazuki Nakajima e Sebastien Buemi.

Resta saber o seu futuro, pois nada disse. Se será um ano sabático para tentar fazer a Endurance, e depois ir para a IndyCar, mais concretamente as 500 Milhas de Indianápolis, é algo do qual ainda não deu qualquer resposta. 

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Noticias: Martini vai sair da Williams no final da temporada


A Martini vai sair da Williams no final desta temporada. A Baccardi, a multinacional que detêm a marca italiana, fez o anuncio afirmando que o contrato expira no final desta temporada e que decidiram não o renovar. 

"Enquanto ambos gostaríamos de fazê-lo, o Grupo Bacardi contou-nos que eles se vão afastar completamente da Fórmula 1 quando nosso contrato expirar no final deste ano", contou Claire Williams. "Eles têm muitas marcas para apoiar e, obviamente, suas prioridades estratégicas evoluíram ao longo do tempo", continuou.

Para além das razões apontadas pela marca, o facto da Williams ter contratado dois pilotos abaixo dos 25 anos (Lance Stroll tem 19 anos e Serguei Sirotkin 23) também poderá ter levado à decisão da Martini de se ir embora da Formula 1, onde injetava cerca de 25 milhões de euros no orçamento da equipa de Grove.

Para a marca, que está na equipa desde 2014, com resultados mistos - nunca venceram qualquer corrida - o seu envolvimento no automobilismo tem mais de 40 anos. Começou em 1975 ao apoiar a Brabham, ficando por lá até 1978, altura em que passaram para a Lotus, permanecendo até ao final dessa temporada.

Depois disso estiveram a apoiar o programa desportivo da Lancia ao longo da década de 80, quer na Endurance, quer nos ralis, algo que continuou até 1992, onde conquistaram títulos, especialmente nos ralis, através do modelo Delta.

Após isso, e até 1996, a Martini apoiou a Alfa Romeo na sua passagem pelo DTM.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

WEC: Porsche abandona a competição no final do ano

A Porsche anunciou esta manhã que vai abandonar a Endurance no final de 2017, preferindo colocar um programa na Formula E a partir de 2019, entrando ao mesmo tempo que a Mercedes, que já anunciou esta semana que irá estar na competição, à custa das suas operações no DTM. A razão apontada pela marca de Estugarda para este abandono tem a ver com os regulamentos do Mundial de Endurance após 2020, algo do qual eles estão insatisfeitos.  Contudo, a companhia irá manter o seu programa na GTE-Pro com o modelo 911 RSR.

"Entrar na Fórmula E e alcançar o sucesso nesta categoria são os resultados lógicos do nosso programa de veículos rodoviários Mission E. A crescente liberdade de desenvolvimento de tecnologia interna torna a Fórmula E muito atrativa para nós", começou por dizer Michael Steiner, membro executivo da secção de Pesquisa e Desenvolvimento da Porsche AG. "A Porsche está trabalhando com conceitos de unidade alternativos e inovadores. Para nós, a Fórmula E é o melhor ambiente competitivo para impulsionar o desenvolvimento de veículos de alto desempenho em áreas como amizade ambiental, eficiência e sustentabilidade", continuou.

"Estou encantado em receber a Porsche no FIA Formula E Championship", começou por dizer Alejandro Agag, o seu presidente, no sitio oficial da competição. "Se alguém me dissesse, quando iniciamos este projeto há cinco anos, que estaríamos anunciando uma parceria com uma marca como a Porsche, não acreditaria nisso. Para ter um nome como este na Fórmula E, com tudo o que representa em termos de corrida e património - e em termos de carros esportivos - é um ponto de inflexão em nossa busca para mudar a percepção pública sobre carros elétricos. A revolução elétrica continua, e a Fórmula E continua a ser o campeonato daquela revolução", concluiu.

Jean Todt, o presidente da FIA, acrescentou: "A Porsche é uma marca que tem uma história fantástica no automobilismo, e sua intenção de se juntar ao FIA Formula E Championship ao lado de muitos dos maiores fabricantes de automóveis do mundo é muito positiva. É claro que o trabalho árduo feito para criar um laboratório relevante para o desenvolvimento de tecnologias de veículos elétricos foi bem sucedido, e espero ver a Fórmula E continuar a ser um lugar de grande competição desportiva e de inovação. Estou muito feliz que a Porsche esteja chegando à Fórmula E, mas lamento sua decisão de deixar o World Endurance Championship", concluiu.

A entrada destas duas marcas no automobilismo elétrico - onde a BMW e a Audi já lá estão - vai acontecer numa altura em que elas estão a ser acusadas de cartelização por causa da fixaçao de preços das suas peças automóveis, bem como ainda se ouvem as consequências do "Dieselgate", que aconteceu em 2015. Para além disso, a Alemanha anunciou recentemente que até 2040, os seus automóveis terão de ser elétricos, banindo os carros a Diesel e gasolina, por serem uma grande fonte de poluição e emissão de gases para a atmosfera.

terça-feira, 11 de abril de 2017

Kubica volta atrás

Inesperadamente, Robert Kubica decidiu não participar no Mundial de Endurance. Depois de ter assinado pela byKolles para esta temporada, e de ter andado em alguns testes com a equipa, o piloto de 32 anos decidiu abandonar de forma inesperada esta sua participação.

No comunicado oficial, divulgado esta tarde na sua página oficial de Facebook, o piloto polaco falou de uma decisão difícil e espera que não seja um ponto final definitivo à sua carreira nos circuitos:

"Depois do Prólogo decidi interromper o meu programa com a equipa ByKolles nos LMP1. Por isso não irei participar na ronda inaugural do WEC em Silverstone e nas outras corridas do campeonato. Resignar e perder a oportunidade de me juntar a um campeonato tão competitivo foi uma decisão difícil, mas espero que não seja uma despedida definitiva”, escreveu.

Desconhecem-se os motivos por este recuo tão em cima da primeira prova do Mundial de 2016 - que vai acontecer este domingo, em Silvrstone - mas Kubica sempre disse que queria estar num lugar onde se sentisse confortável. Depois do seu acidente, no Rali Ronda di Andora, em 2011, Kubica andou nos ralis, onde conseguiu o título do WRC2 em 2013, para depois correr no WRC até 2016, num Ford Fiesta.

No final do ano passado, Kubica testou o carro da byKolles, e as suas prestações foram mais do que suficientes para que Colin Kolles lhe desse um lugar na sua equipa, ao lado de Oliver Webb. Ainda não foi divulgado quem será o seu substituto.

sábado, 10 de dezembro de 2016

Abandonar no Auge: 8 - Alain Prost (1993)

No último capitulo desta série de pilotos que abandonaram a Formula 1 após alcançarem os seus títulos, falo de Alain Prost, o primeiro (e até agora único) francês que alcançou um título mundial, sendo o terceiro piloto mais vencedor de sempre com quatro títulos, empatado com Sebastian Vettel, e sendo superado apenas por Juan Manuel Fangio e Michael Schumacher. No caso dele, falamos do título mundial de 1993, que foi ganho por ele sob circunstâncias dos quais explico mais abaixo.

Nascido a 24 de fevereiro de 1955, Prost chegou à Formula 1 em 1980, a bordo de um McLaren onde, apesar dos resultados modestos, foi mais do que suficiente para que a Renault o contratasse para a temporada de 1981. Ali, venceu a sua primeira corrida na Formula 1 no circuito de Dijon, e começou logo a lutar pelos títulos mundiais, sem sucesso. Depois de perder o título mundial de 1983 a favor de Nelson Piquet, a Renault despede-o, mas dois dias depois, tinha sido contratado pela McLaren.

Ali, vive os tempos mais felizes ao ganhar três títulos mundiais (1985-86 e 89), mas depois ruma para a Ferrari em 1990, por causa do seu companheiro de equipa, o brasileiro Ayrton Senna, que já começava a ameaçar o seu aparente domínio na equipa. Na Scuderia, fica por lá por duas temporadas. Luta pelo título no primeiro ano, mas perde para Senna. Em 1991, as coisas correm pior, chegando ao ponto de ser despedido da Scuderia, no final dessa temporada, ainda antes do GP da Austrália. Testa com a Ligier durante o defeso, mas decide fazer um ano sabático em 1992.

Contudo, durante esse ano, Frank Williams contacta-o no sentido de ficar com ele na temporada de 1993. O acordo é secreto, e quando se sabe, no verão desse ano, causa ondas de choque, a tal ponto que Nigel Mansell decide abandonar a Formula 1 de imediato, indo para a CART americana. Prost senta-se no carro no inicio do ano, numa dupla totalmente nova, já que o seu companheiro de equipa é o estreante Damon Hill, filho da lenda Graham Hill, e que fica com o numero zero, algo que não era usado... há vinte anos.

Prost faz a sua parte, mas houve corridas em que foi humilhado pelo seu rival, Ayrton Senna. Especialmente em Donington Park, palco do GP da Europa, onde passou ambos os Williams logo na primeira volta, com relativa facilidade. No final, o francês conquista o tetracampeonato, mas foi feito de forma... burocrática. No Estoril, quando alcança o seu objetivo, anuncia que irá retirar-se da Formula 1, dando o lugar a Ayrton Senna, e Damon Hill voltaria a usar o número zero...

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Abandonar no Auge: 7 - Nigel Mansell (1992)

A história de Nigel Mansell na Formula 1 foi de persistência e muito azar na sua carreira. Nelson Piquet disse certo dia que ele "perdeu três campeonatos", o que é verdade. E pior, perdeu todos esses campeonatos de forma dramática, entre furos a alta velocidade e acidentes graves, que o atiraram para o hospital pelo menos uma vez, em 1987.

Contudo, o "brutânico" tornou-se num favorito para os fãs britânicos (e não só). Nascido a 8 de agosto de 1953, chegou à Formula 1 em 1980, como terceiro piloto da Lotus, onde ficou até 1984. Contudo, por ali, não venceu corridas, apesar da velocidade demonstrada e do arrojo.

Em 1985, transferiu-se para a Williams, onde foi mais feliz. Venceu a sua primeira corrida em Brands Hatch, terminando a temporada no sexto lugar, com 31 pontos, e no ano seguinte, lutou pelo campeonato mundial até ao fim, quando o seu pneu explodiu em plena reta, durante o GP da Austrália, em Adelaide, perdendo o Mundial para Alain Prost. No ano seguinte, continuou a estar na luta pelo título mundial, mas um acidente nos treinos do GP do Japão causou-lhe lesões nas costas e assim, o campeão acabou por ser o brasileiro Nelson Piquet, seu companheiro de equipa.

Em 1989, passou para a Ferrari, onde ficou duas temporadas, e ganhou na sua primeira corrida ao serviço da Scuderia, no Brasil, mas andava sempre atrás de Alain Prost, mesmo com um carro pouco fiável, muitas das vezes por causa da radical caixa de velocidades semi-automática.

Mansell voltou à Williams em 1991, e lutou mais uma vez pelo título mundial, desta vez contra a McLaren de Ayrton Senna. As coisas resolveram-se em Suzuka, a favor do brasileiro, quando ele perdeu o controle do seu carro na volta 14 do GP do Japão.     

Mas por fim, em 1992, alcançou o que tanto almejava: o título mundial. O Williams FW14 era o melhor carro do pelotão, tanto que ele alcançou o título no GP da Hungria, sete corridas antes do final da temporada. Nunca se tinha visto tamanho domínio na Formula 1 até então.

Contudo, Frank Williams negociava por trás dos bastidores a chegada de Alain Prost à equipa em 1993. Furioso, Mansell decidiu chocar o mundo da Formula 1 dizendo em Monza que iria abandonar a Formula 1 no final dessa temporada, rumando para a IndyCar, com um contrato chorudo, para a Newman-Haas. O britânico, apesar de ter 39 anos nessa altura, era ainda suficientemente competitivo para conseguir o título na competição americana em 1993, o primeiro "rookie", o segundo estrangeiro e o terceiro antigo campeão de Formula 1 a alcançá-lo, depois de Mário Andretti e Emerson Fittipaldi.

Mansell continuava competitivo em 1994, mas a meio do ano, Frank Williams pedia para perdoar e regressar à sua equipa. Perdera Ayrton Senna e Alain Prost não queria voltar. Mansell voltou e correu em três Grandes Prémios, vencendo em Adelaide, a última prova do campeonato. Tinha então 42 anos de idade, mas puxou demasiado da sua sorte em 1995, quando foi correr pela McLaren-Mercedes, ao lado de Mika Hakkinen. Duas corridas mal conseguidas acabaram com o seu abandono pela porta pequena...

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Abandonar no Auge: 6 - Jody Scheckter (1980)

O que acontece quando alcanças algo que tanto quiseste na vida? Muitos ficam tentando novamente o título, mas há quem simplesmente limite a cumprir o contrato e ir-se embora. Foi o que fez Jody Scheckter quando alcançou o título mundial no final de 1979, ao serviço da Ferrari: cumpriu o contrato até ao fim e dpeois pendurou o capacete, quando tinha apenas 30 anos de idade. Mas antes disso, o veloz sul-africano tinha uma reputação de velocidade tal que era... perigoso.

Nascido a 29 de janeiro de 1950 em East London, na África do Sul, tinha um irmão mais velho que também era piloto, Ian Scheckter. Chegado à Grã-Bretanha em 1971, a sua velocidade na Formula Ford e Formula 3 o fizeram chamar de "Baby Bear", para se diferenciar de Dennis Hulme, que era chamado de "Bear", pela sua velocidade pouco controlada.

Scheckter teve a sua primeira chance na Formula 1 no final de 1972, pela McLaren, e foi o suficiente para ter mais algumas em 1973. Contudo, a sua rapidez inerente poderia levar o pelotão a sérios estragos. O mais conhecido foi o que se passou no inicio do GP da Grã-Bretanha, onde causou uma carambola que eliminou onze carros, a maior até então. Contudo, a sua velocidade foi suficiente para correr na Tyrrell em 1974, onde alcançou a sua primeira vitória na Suécia, e lutar pelo título mundial nesse ano, terminando no terceiro posto.

Depois de uma temporada modesta em 1975, no ano seguinte andou no P34, o radical carro de seis rodas da Tyrrell. Venceu uma corrida, na Suécia, e acabou no terceiro lugar do campeonato, com 49 pontos, mas decidiu ir embora da equipa para aceitar o desafio da Wolf. E logo na primeira corrida de 1977, na Argentina, conseguiu uma inesperada vitória. Voltaria a vencer no Mónaco e no Canadá, acabando como vice-campeão, com 55 pontos. No ano seguinte, ainda com a Wolf, não venceu corridas, mas com quatro pódios e 24 pontos, ficou na sétima posição.

Mais do que suficiente para se transferir para a Ferrari. Três vitórias, seis pódios, uma pole-position no Mónaco e muito pragmatismo fizeram com que o piloto sul-africano conseguisse ser melhor do que o seu companheiro de equipa, Gilles Villeneuve, e ser campeão do mundo com 51 pontos. Ao ver que tinha conseguido o que queria, limitou-se a cumprir o contrato até ao final da temporada de 1980, mas nessa temporada, com o 312 T5, o carro perdera imensa competitividade e apenas conseguiu como melhor resultado um quinto lugar em Long Beach, tendo uma das piores defesas de título da história da Formula 1. 

No final dessa temporada, abandonou a competição de vez, para se assentar nos Estados Unidos, onde se tornou num empresário bem sucedido no ramo do armamento, e financiar a carreira dos seus filhos mais velhos, Toby e Thomas Scheckter, especialmente na IndyCar. Hoje em dia vive na Grã-Bretanha como agricultor orgânico.   

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Abandonar no Auge: 5 - James Hunt (1979)

Poucos meses antes de Niki Lauda, o seu maior rival no campeonato de 1976, o britânico James Hunt, também surpreendeu o mundo ao anunciar que iria abandonar a Formula 1, alegando que já se sentia desmotivado em correr. Em maio de 1979, sete anos depois de se ter estreado nas ruas do Mónaco, escolheu o mesmo local para dizer que pendurava o capacete de vez, quando tinha 31 anos de idade.

Nascido a 29 de agosto de 1947, Hunt era veloz, mas muitas das vezes as suas performances acabavam em desastre. em 1972, conheceu Alexander Hesketh e forjaram uma forte amizade que levou a ambos à Formula 1... e a muitos excessos fora de pista. Comprou um chassis March e estreou-se no GP do Mónaco, alcançando o seu primeiro pódio na Holanda, com um terceiro lugar. Repetiu o pódio com um segundo posto, no GP dos Estados Unidos, acabando a temporada no oitavo lugar, com 14 pontos.

A parelha Hunt-Hesketh teve o seu auge em 1975, quando ele venceu o GP da Holanda, conseguindo bater Niki Lauda, e acabar no quarto lugar da classificação, com 33 pontos. Contudo, no final dessa temporada, Hesketh ficou sem dinheiro e Hunt via-se sem carro para 1976, quando a McLaren veio em seu auxilio, pois um dos seus pilotos, Emerson Fittipaldi, decidira ir para a Copersucar. Apesar do mau inicio de temporada e um arranque imparável do seu rival, o austríaco Niki Lauda, o acidente deste no circuito de Nurburgring fez com que se aproximasse dele, vencendo seis corridas e diminuir a diferença para dois pontos antes da corrida final, no Japão.

Ali, Hunt beneficiou da desistência voluntária de Lauda para chegar ao fim na terceira posiçao, o suficiente para ser campeão do mundo, com 69 pontos, mais um do que Lauda.

Em 1977, Hunt continuou na McLaren, para defender o título mundial, mas conseguiu apenas três vitórias com o novo chassis, o M26, chegando ao quinto lugar do campeonato. Pior foi em 1978, quando se provou que o carro era impotente face aos carros com efeito-solo, e conseguiu apenas oito pontos. Decidiu abandonar a equipa no final de 1978, e para o seu lugar iria o sueco Ronnie Peterson, mas o acidente fatal que ele sofreu no inicio do GP de Itália, em Monza, fez com que começasse a contemplar o abandono. Para piorar as coisas, os seus excessos fora das pistas (alcool, festas e mulheres) também causavam um impacto no seu corpo.

Em 1979, Hunt foi para a Wolf, mas o carro não era fiável, e após o GP do Mónaco, ele achou que o seu tempo na Formula 1 tinha chegado ao fim. Decidiu aceitar um lugar como comentador na BBC, ao lado de Murray Walker, e somente no final da década de 80 (e de mais um casamento falhado) é que abandonou os seus maus hábitos, ficando sóbrio até à sua morte prematura, a 15 de junho de 1993, em Londres.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Youtube Motorsport Classic: A primeira retirada de Niki Lauda, 1979


Na onda das retiradas inesperadas, e como hoje falo sobre Niki Lauda, é bom recordar como é que o mundo recebeu essa noticia em 1979, durante o fim de semana do GP do Canadá, quando o piloto austríaco decidiu pendurar o capacete. No programa "grandstand" da BBC, o mítico Murray Walker explicou, na pela que apresentaram, as razões para a retirada de Lauda, bem como a sua carreira e os seus grandes momentos, não deixando de recordar o seu acidente quase fatal no Nordschleife, três anos antes. 

Abandonar no Auge: 4 - Niki Lauda (1979)

Ao contrário de Hawthorn, Stewart ou Rindt, o caso de Niki Lauda é um pouco diferente. Em 1979, aos 30 anos de idade, ele tinha dois títulos mundiais e era um dos melhores pilotos do pelotão, mas tinha perdido a sua motivação devido ao mau carro que tinha, associado com a perda de motivação de guiar um carro de Formula 1. O anuncio da sua partida foi um choque, mas crê-se que um dos "menos surpresos" tenha sido Bernie Ecclestone, então o seu patrão na Brabham. 

Lauda foi perseguir o seu objetivo de fazer a sua própria companhia aérea, mas três anos depois, em 1982, ele acabaria por voltar para a Formula 1 e vencer mais um campeonato, em 1984. 

Nascido a 22 de março de 1949, em Viena, Lauda chegou à Formula 1 em 1971, a bordo de um March, e em 1973 passou para a BRM, dando nas vistas o suficiente para que Enzo Ferrari lhe desse um lugar na sua equipa. Venceu a sua primeira corrida em Jarama, em 1974, e no ano seguinte, acabaria como campeão do mundo. Em 1976 partia rumo o seu segundo título, mas um acidente em Nurbugring quase o mataria. Desfigurado na cara, regressou a um carro 40 dias depois, a tempo de fazer o GP de Itália, para tentar manter a liderança, mas não conseguiu, ao abandonar voluntariamente na segunda volta do GP do Japão, vendo o título mundial a ser ganho por James Hunt.

Vencendo o segundo título mundial em 1977, chocou o mundo da Formula 1 ao sair da Scuderia e ir correr para a Brabham, que lhe dava um milhão de dólares nessa temporada. Venceu duas corridas e foi terceiro classificado no Mundial, com 40 pontos, e no ano seguinte, tinha um aumento salarial para o dobro, pago pela Parmalat.

Mas Lauda estava crescentemente desmotivado, e para piorar as coisas, o seu carro, o BT48 com motor Alfa Romeo, era um desastre. Só conseguiu quatro pontos e ele começava a ficar mentalmente cansado das constantes viagens para correr. No fim de semana de Montreal, Lauda decidiu ir ter com Bernie Ecclestone e dizer-lhe que iria pendurar o capacete, com efeito imediato.

Tempos depois, contou como é que chegou a aquela decisão:

"De repente senti um vazio, uma total falta de interesse no que estava fazendo. Fui para as boxes e acabei com tudo. Havia outro mundo lá fora. Foi uma decisão que tomei sozinho, só depois falei com Ecclestone e com os patrocinadores. Eles entenderam. Afirmei muitas vezes que um bom piloto de Formula 1 tem que ter um coração e uma cabeça muito especiais. Não sei qual dos dois mudou em mim, se o coração, se a cabeça”. (…)

Foram basicamente dez anos felizes para mim. Perfeitos. Fiz algo que gostei e me tornou rico. Que mais poderia querer? Digo que me enriqueceu, mas acima de tudo, enriqueceu a minha alma, não a minha carteira. De repente tinha o suficiente. Por isso a minha necessidade de outras coisas, o meu interesse pela aviação. Talvez daqui a dez anos, talvez mais cedo, procure outra coisa, outros objectivos. Rotina não faz o género de pessoas como eu.

Ecclestone logo encontrou um substituto no argentino Ricardo Zunino, numa altura em que - ironicamente - iriam estrear na corrida o novo modelo o BT49, agora com motor Cosworth. Lauda foi perseguir o seu objetivo na aviação, com a Lauda Air, mas dois anos depois, Ron Dennis convidou-o a testar o MP4-1, o primeiro carro feito em fibra de carbono. A sua vontade de correr tinha voltado - e também precisava do dinheiro para manter a sua Lauda Air a funcionar - e em 1982, estava de volta. Em Long Beach, a sua terceira corrida, conseguiu a sua primeira vitória em quase quatro anos, e dali partiria para um terceiro título mundial que alcançaria em 1984... por meio ponto.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Abandonar no Auge: 3 - Jackie Stewart (1973)

O terceiro piloto desta história que decidiu abandonar no auge é considerado como um dos melhores da sua geração. O escocês Jackie Stewart venceu três titulos mundiais e mostrou ter sempre capacidade para vencer corridas ao longo da sua carreira, numa era onde a possibilidade de morte era bem grande. Contudo, em 1973, Stewart já queria ir embora, mas guardou segredo sobre essa decisão... até que o acidente mortal do seu companheiro, Francois Cevért, precipitou essa retirada.

Nascido a 13 de junho de 1939, na cidade escocesa de Milton, Stewart tinha talento para o automobilismo... e para o tiro aos pratos onde foi campeão e chegou a ser considerado para a equipa olímpica britânica para os Jogos Olímpicos de Roma em 1960. Contudo, o apelo do automobilismo falou mais alto e em 1964 chegou à Formula 3, pela Cooper, onde conheceu Ken Tyrrell. Mostrou logo o seu talento e no ano seguinte, estreou-se na Formula 1 pela BRM, onde pontuou na primeira corrida, na África do Sul. Em Monza, no final do ano, venceu a primeira das suas 27 corridas que alcançará na sua carreira.

Em 1966, Stewart venceu no Mónaco, antes de ter um grave acidente em Spa-Francochamps, que o fez mudar a perspectiva sobre a segurança no automobilismo. Continuou na BRM até ao final de 1967, passando para a Matra, que era comandada por Ken Tyrrell. Vice-campeão em 1968, venceu o campeonato no ano seguinte, antes de Stewart decidir seguir Tyrrell no seu próprio projeto em 1970. Começou com um chassis March, mas no final do ano, mostrou o seu chassis próprio, o 001.

Em 1971, Stewart venceu com facilidade o seu segundo campeonato do mundo, com cinco vitórias e 62 pontos, e dando o primeiro mundial de Construtores para a equipa. Contudo, o escocês foi batido por Emerson Fittipaldi, no seu Lotus, conseguindo quatro vitórias e 45 pontos. 

Em 1973, Stewart tinha 35 anos e tinha em mãos um bom carro, o modelo 006 da Tyrrell. O ano foi de intensa luta contra os Lotus de Emerson Fittipaldi e Ronnie Peterson, com vitórias em lugares como Kyalami, Zandvoort e Nurburgring Nordschleife, nestas últimas duas em dobradinha com o seu companheiro de equipa. No final da temporada, Stewart era campeão com 71 pontos, e após o GP do Canadá, em Mosport, tinha disputado a sua 99ª corrida.

Mas o escocês tinha um segredo do qual só partilhou com Ken Tyrrell: ele decidira abandonar a Formula 1 no final do ano. A longa temporada - a primeira com 15 Grandes Prémios - e o acidente mortal de Roger Williamson na pista holandesa fizeram pesar na ideia de pendurar o capacete enquanto tivesse vivo. A ideia é que isso acontecesse em Watkins Glen, a última corrida do ano, e numa ocasião simbólica, pois iria fazer o seu centésimo Grande Prémio.

Contudo, a 6 de outubro de 1973, um sábado, e durante a qualificação do GP dos Estados Unidos, o seu companheiro de equipa sofre um acidente fatal, e a Tyrrell, em sinal de luto, decide abandonar a corrida. Stewart, ainda desgostoso com o que tinha acontecido com aquele que iria ser o seu sucessor, também decide anunciar o seu abandono, pendurando de vez o capacete.

domingo, 4 de dezembro de 2016

Abandonar no Auge: 2 - Jochen Rindt (1970)

Este "abandonar no auge" é muito mais trágico do que o anterior. Contudo, há um bom motivo para estar nesta lista: era sabido que caso ele conseguisse sobreviver para receber o título, iria pendurar o capacete de vez. Hoje, falo de Jochen Rindt, o primeiro austríaco campeão... e o único a título póstumo.

Nascido Karl Jochen Rindt a 18 de abril de 1942, ficou orfão com um ano de idade devido ao bombardeamento aliado a Hamburgo, que matou os seus pais. Criado pelos avós em Graz, começou a correr quando tinha 18 anos, tendo chegado à Formula 1 em 1964, no GP da Austria, a bordo de um Cooper. No ano seguinte, continuou na Cooper, conseguindo os seus primeiros pontos, enquanto que vencia as 24 horas de Le Mans num Ferrari 250 LM ao lado do americano Masten Gregory. Em 1966, apesar de não ter ganho qualquer corrida, conseguiu três pódios e alcançou o terceiro lugar do campeonato, com 22 pontos.

Em 1968, foi para a Brabham, conde conseguiu os seus primeiras pole-positions em França e no Canadá, e no final desse ano, foi para a Lotus, contratado por Colin Chapman. Veloz, contudo, tinha receio de guiar os carros dele, pois eram propensos a acidentes, como aconteceu em Montjuich, onde partiu o nariz, depois de um acidente devido à quebra da sua asa traseira. No final do ano, venceu em Watkins Glen e acabou o ano no quarto posto, com 22 pontos. 

Em 1970, a Lotus apresentou o seu modelo 72, e como todos os carros desenhados por Chapman, era revolucionário. A sua frente em cunha e os radiadores na parte lateral do carro eram algo que não se tinha visto antes. O carro, nas mãos de Rindt, tornou-se num vencedor nato, dando a ele quatro vitórias seguidas e a liderança destacada no campeonato. Mas o austríaco passava por mais uma tragédia pessoal, quando viu Piers Courage morrer em chamas durante o GP da Holanda, em Zandvoort. 

Abalado, decidira que iria abandonar a Formula 1 no final desse ano, com o título na mão, uma decisão que só a sua mulher sabia. Mas também havia outras razões para abandonar a Formula 1, uma delas era a sua relação tensa com Chapman, que achava que fazia carros demasiado perigosos para ele.

Contudo, a decisão que iria terminar no seu acidente fatal foi dele. Em Monza, decidiu tirar as asas do seu carro, porque acreditava que teria mais potencia nas retas. Apesar de andar mais veloz, iria pressionar ainda mais o sistema de travagem do seu Lotus, que era frágil. E no sábado, 5 de setembro de 1970, Rindt perdeu o controlo do seu carro no final da Reta Oposta, em Monza, e bateu em cheio no guard rail. Acabou por morrer a caminho do hospital, aos 28 anos de idade.

A revelação de que ele iria embora foi dada pela sua mulher, Nina, afirmando que pretendia ir embora, provavelmente para montar uma equipa de Formula 2. Como o seu empresário era Bernie Ecclestone, não ficaria admirado se ele acabasse por voltar à Formula 1 como dirigente de uma equipa como a Brabham...

sábado, 3 de dezembro de 2016

Abandonar no Auge: 1 - Mike Hawthorn (1958)

A decisão inesperada de Nico Rosberg de abandonar a carreira no seu auge, aos 31 anos, mostrou a toda a gente que o automobilismo pode ser uma atividade absorvente, do qual haverá sempre algo a perder, como por exemplo, o convívio com os amigos e a familia. Numa temporada que em 2016 acabou por ser a mais extensa de sempre, com 21 corridas, estar quase metade do ano fora de casa, por vezes em fins de semana seguidos...

Mas a situação não é virgem. Por vários motivos, alguns pilotos já abandonaram no auge das suas carreiras. Uns porque queriam evitar ter o destino de muitos dos seus companheiros de equipa ou outros pilotos, outros porque alcançaram o seu objetivo e não havia nada mais a fazer, outros até porque se viram encurralados em situações que não queriam aceitar. E ao longo destes dias, vamos recordar estas situações, começando por Mike Hawthorn, que até hoje é o campeão mais novo a retirar-se da Formula 1, apenas com 29 anos de idade.

Nascido a 10 de abril de 1929 em Mexborough, no Yorkshire inglês, Hawthorn começou na Formula 1 logo em 1952, aos 23 anos, a bordo de um Cooper. Conseguiu o seu primeiro pódio logo no GP da Grã-Bretanha, com um terceiro lugar, acabando a temporada na quinta posição, com dez pontos. No ano seguinte, passou para a Ferrari, onde conseguiu em França a primeira vitória de um piloto britânico, no GP de França, após um duelo com Juan Manuel Fangio. Acabou essa temporada na quarta posição, com 19 pontos. Voltaria a vencer no ano seguinte, em Barcelona, acabando nessa temporada na terceira posição, com 24 pontos.

Venceu as 24 horas de Le Mans em 1955, numa corrida marcada pelo acidente que matou mais de 80 pessoas durante a prova, quando o seu carro, um Jaguar com travões de disco, abrando inesperadamente à frente do Mercedes de Pierre "Levegh", que se despistou e embateu contra o muro onde se situava a bancada cheia de espectadores. Por esta altura, conhecera e fizera uma grande amizade com o seu compatriota Peter Collins, que o chamava de "Mon Ami, Mate".

Em 1958, a Ferrari tinha uma boa máquina, que andava contra os Maserati 250F, os Cooper de motor traseiro e os Vanwall. O modelo 246 Dino fazia parte de uma equipa que tinha ele, Collins e o italiano Luigi Musso, entre outros. Musso era o mais veloz, enquanto que Collins e Hawthorn eram mais consistentes, especialmente contra os Vanwall guiados por Tony Brooks e Stuart Lewis-Evans, e os Cooper de Stirling Moss.

A grande corrida de Hawthorn aconteceu de novo em Reims, no GP de França. O inglês venceu perante Collins e os Vanwall, numa corrida marcada pelo acidente mortal de Musso e a última corrida de Juan Manuel Fangio, que foi quarto e que em sinal de respeito. Hawthorn não o dobrou.

Contudo, o acidente mortal do seu amigo Collins, no Nordschleife, fez com que pensasse na retirada. Mas também havia outra razão, mais obscura: Hawthorn sofria de uma doença nos rins, e era provável que não iria viver por muito tempo. Controlou a distância para Moss, e apesar de vencer apenas uma corrida, conseguiu sete pódios, acabando com 42 pontos. E para piorar as coisas, na prova final do campeonato, em Marrocos, viu o seu compatriota Lewis-Evans sofrer um acidente mortal.

Hawthorn pensava que andaria o resto a vida a gozá-la, mas foi por muito pouco tempo: a 22 de janeiro de 1959, meteu-se numa competição de estrada com o Mercedes 300 SL de Rob Walker. Hawthorn ia no seu Jaguar 3.4 MK1 quando perdeu o controle do seu carro, sofrendo o seu acidente fatal. Tinha 29 anos.

O legado de Hawthorn, como o primeiro piloto britânico a vencer o Mundial, mantêm-se até hoje com a atribuição do Hawthorn Memorial Trophy, atribuído todos os anos ao melhor piloto britânico - ou da Commenwealth - na Formula 1. 

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Ron Dennis, o fim de uma era

A McLaren tem três senhores que moldaram a sua história: Bruce McLaren, o seu fundador; Teddy Mayer, o homem que a faz mover após a morte do seu criador, e Ron Dennis, o homem que trouxe nova vida à equipa, quando esta estava a caminho da sua extinção. Se quisermos colocar as coisas desta forma, os anos de 1965, 1970 e 1980 são importantes na história da marca.

Agora, temos de acrescentar 2016, pois este é o ano em que Ron Dennis se foi embora da empresa. Aos 69 anos de idade, Dennis foi demitido como CEO da empresa, depois dos acionistas terem dito que ele deve abandonar as suas funções. Este é o resultado de um longa luta entre ele e o seu antigo associado, Mansour Ojjeh, que decidiu o desalojar, dpeois de mais de 30 anos de uma boa associação entre os dois. 

Ambos tem 50 por cento das ações da empresa, enquanto que o fundo Mumtalaklat, do Bahrein, detêm outros 50 por cento.

No comunicado oficial, Dennis expressou a sua desilusão por este resultado: "Estou desapontado por os representantes da TAG e da Mumtalakat, os outros principais acionistas da McLaren, terem forçado esta decisão a me colocar de licença sabática, apesar das fortes advertências do resto da equipa sobre as potenciais conseqüências de suas ações sobre este negócio.

"Os motivos que eles afirmaram são totalmente falsos, o meu estilo de gestão é o mesmo que sempre foi e é aquele que tem permitido a McLaren se tornar um grupo de tecnologia automobilistico que ganhou 20 campeonatos mundiais de Fórmula 1 e rende 850 milhões de euros por ano", comentou.

Dennis disse também que pretende lançar um novo fundo de tecnologia, assim que terminar os seus compromissos com a empresa.

"Isto [o fundo de investimento] irá capitalizar a minha experiência, os meus recursos financeiros, juntamente com o investimento externo para prosseguir as muitas oportunidades comerciais que foram oferecidas nos últimos anos, mas do qual fui incapaz de assumir enquanto está empenhado no negócio existente", concluiu.

As divergências entre ambos já têm alguns anos. Tudo começou quando Dennis falhou encontrar patrocinadores de relevo para a equipa, que desde 2014 não vence um Grande Prémio. Para piorar as coisas, a aliança com a Honda tem sido um desastre, pois desde 2015 não tem conseguido qualquer pódio e só obteve uma volta mais rápida nas últimas duas temporadas, mesmo com veteranos como Fernando Alonso e Jenson Button ao volante.  

Ultimamente, Dennis tentava encontrar investidores chineses para comprar a parte que pertence a Ojjeh, mas uma oferta de 1,2 mil milhões de dólares acabou por não acontecer, o que fez com que a marca decidisse afastar Dennis. Não se sabe ainda quem vai ser o seu sucessor, mas há rumores de que o lugar poderá ser ocupado pelo americano Zak Brown.

Dennis, de 69 anos (nasceu a 1 de junho de 1947) tem meio século de automobilismo. Começou como mecânico da Cooper, em 1966, aos 19 anos, passando depois para a Brabham. Em 1971, ele e Neil Trundle decidiram fazer uma equipa de Formula 2 chamado Rondel (a junção de ambos os nomes), e chegaram a projetar ir para a Formula 1 em 1974. Contudo, quando o seu patrocinador, a Motul, abandonou o projeto por causa do primeiro choque petrolifero, deixaram a ideia por uns tempos. O chassis acabou por ser o Token, guiado por Tom Pryce.

Dennis continuou na Formula 2, fundando a Project Four. Com o apoio da Marlboro, tornou-se numa das melhores equipas da competição no final da década de 70, com pilotos como Andrea de Cesaris, Derek Daly, Chico Serra, Eddie Cheever ou Ingo Hoffmann. Em 1980, contrata John Barnard com a ideia de ir para a Formula 1 em 1981, com um chassis inovador. Contudo, a Marlboro entrou em ação e pediu a Dennis para que tomasse conta da McLaren, que estava numa espiral descendente.

Nessa altura, a McLaren não vencia desde o GP do Japão de 1977, e não conseguia desenhar verdadeiros carros com efeito de solo. Teddy Mayer precisava do dinheiro da Marlboro, e aceitou ceder 50 por cento da equipa a Dennis. Ele chegou e trouxe Barnard consigo, ajudando a projetar o MP4-1, cuja particularidade era de ser o primeiro chassis com fibra de carbono, um material leve e resistente.

Venceu a sua primeira corrida em 1981, com John Watson ao volante, e no ano seguinte, atraiu Niki Lauda da sua retirada, para ajudar a colocar a marca no topo. Em 1982, o austriaco venceu duas corridas, com Watson a vencer outras duas, e foram segundos classificados no Mundial de Construtores. O auge foi alcançado em 1984, quando Lauda e Alain Prost conseguiram o título de pilotos e Construtores, com o MP4-2. Por essa altura, Mayer já tinha ido embora e tinha entrado no seu lugar Mansour Ojjeh, um investidor de origem saudita, que era o proprietário da Techniques D'Avant Garde (TAG) e investiu perto de oito milhões de dólares em construir um motor Turbo, em colaboração com a Porsche.

A McLaren acabou por ser campeão de pilotos e Construtores em 1985, com Alain Prost, e só de pilotos no ano seguinte, com o piloto francês. Em 1988, passou a ter motores Honda e o brasileiro Ayrton Senna como piloto, ajudando a uma nova era na equipa, vencendo campeonatos de 1988 e 1991, quer com Senna, quer com Prost.

A Honda abandonou a Formula 1 em 1992, e Senna no ano seguinte, e a McLaren passou por uma travessia no deserto até 1995, ano em que chegou a Mercedes. Por esta altura, já tinha como piloto o finlandês Mika Hakkkinen, que tinha talento, mas que faltava crescer como piloto para chegar ao topo. Somente em 1997 é que voltaram a vencer, com o escocês David Coulthard, mas em 1998, foram campeões de pilotos e construtores, com o finlandês ao volante. Aliás, ele foi o único piloto que fez frente ao alemão Michael Schumacher, em máquinas como o MP4-8, desenhado por Adrian Newey.

Em 2001, Hakkinen retirou-se da Formula 1 e o seu lugar foi para o seu compatriota Kimi Raikkonen, que começou a andar ali em 2003. Mas somente em 2007 é que tiveram uma nova dupla capaz de ser campeã, com o espanhol Fernando Alonso e o britânico Lewis Hamilton, um talento que Dennis detectou desde cedo, quando fazia karting, e o ajudou até chegar ao topo. E logo por lá, quase venceu o campeonato. Acabaria por confirmar em 2008, numa batalha épica com Felipe Massa, da Ferrari, decidida na ultima curva da última volta da última corrida dessa temporada... no Brasil.

A associação com a Mercedes continuou até 2014, com pilotos como Jenson Button e o mexicano Sergio Perez, mas a última vitória da equipa de Woking data dessa altura, no Brasil, com Button ao volante. E desde então, a equipa tem estado afastado até dos pódios, numa altura em que a associação com a Honda não tem tido os resultados esperados, mesmo com o regresso de Alonso à equipa.