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sábado, 23 de novembro de 2024

Youtube Formula 1 Vídeo: As polémicas de Ben Sulayem

Mohamed ben Sulayem está na presidência da FIA desde 2021, depois de mais de três mandatos de Jean Todt. Esperava-se que depois de uma presidência sem grandes sobressaltos do francês, antigo navegador de ralis, ditrtor técnico da Peugeot e da Ferrari, com sucessos nos ralis, Dakar, Le Mans e Formula 1, o antigo campeão do médio Oriente de ralis, dos Emirados Árabes Unidos, poderia trazer nowas ideias para o automobilismo. 

Contudo, depois de quase dois anos de mandato, parece que ele gosta de dar nas vistas... e pelas piores razões. Desde os códigos de conduta aos pilotos, para a maneira como tratou o caro da Andretti, passando pela instabilidade do cargo de diretor de corrida, a Liberty Media e os donos das equipas passaram a... não gostar dele. E com alguma razão. 

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Noticias: GP do Mónaco fica no calendário até 2031


É oficial: a Liberty Media e o Automobile Club de Monaco assinaram um acordo onde o GP do Mónaco fica no calendário até 2031, ou seja, até para além do centenário da primeira edição, que foi em 1929. Esta extensão é de seis anos, pois tem como base um acordo existente, que vai até 2025, e claro, preserva uma das corridas mais emblemáticas do automobilismo.

Estou muito satisfeito por a Fórmula 1 continuar a correr no Mónaco até 2031”, começou por afirmar Stefano Domenicali, CEO da Formula 1. “As ruas de Monte Carlo são únicas e uma parte famosa da Fórmula 1, e o Grande Prémio do Mónaco continua a ser uma corrida que todos os pilotos sonham vencer."

Gostaria de apresentar um agradecimento especial a Sua Excelência o Príncipe Alberto II do Mónaco, a Michel Boeri, Presidente do Automóvel Clube do Mónaco e a todos os envolvidos na extensão desta importante parceria.”. concluiu, no comunicado oficial.

Uma das coisas interessantes deste acordo é que a partir de 2026, o GP monegasco passa a acontecer na primeira semana de junho, deixando de lado o final de maio - em 2025, será a 25 desse mês - e com esta renovação, um dos maiores desafios da temporada mantém-se e uma das pistas com mais história e mais glamour permanece nas contas da Formula 1, apesar de alguns apelos no sentido de ser retirado por causa do seu anacronismo perante o crescimento dos bólidos nas últimas temporadas.

Para além disso, outro fator a ter em conta é que os organizadores poderão ter aberto os cordões à bolsa para ter a corrida no calendário. Se no tempo de Bernie Ecclestone, os valores eram baixos, este novo contrato poerá ter feito com que passem a pagar 30 milhões de dólares por ano, o dobro do que pagavam anteriormente.

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Noticias: Formula 1 muda seu diretor de corrida


A Formula 1 e a FIA decidiram mudar o seu diretor de corrida. O alemão Niels Wittich irá ser substituído pelo português Rui Marques, que até agora tinha assumido essas funções na Formula 2 e Formula 3. A substituição terá efeito imediato e ele começará as suas novas funções no GP de Las Vegas, no final do mês. 

Segundo um porta-voz da FIA, agradeceu a colaboração de Wittich durante este tempo: “Niels cumpriu as suas inúmeras responsabilidades como diretor de prova com profissionalismo e dedicação. O Rui traz uma vasta experiência, tendo anteriormente desempenhado funções de marechal de pista, escrutinador, comissário nacional e internacional, vice-diretor de prova e diretor de prova em vários campeonatos”.

Wittich chegou à FIA em 2022, vindo da DTM, e substituiu Michael Masi, que se viu envolvido na controversa decisão no GP de Abu Dhabi de 2021, onde Max Werstappen acabou por ser campeão do mundo, depois de uma entrada do Safety Car a poucas voltas do final, acabando por prejudicar o Mercedes de Lewis Hamilton

Esta substituição foi algo inesperada, porque não só aconteceu com pouco tempo de aviso, como acontece antes do final da temporada. Para além disso, esta é a mais recente substituição dentro da estrutura da FIA, depois de gente como Steve Nielsen, diretor técnico na FIA, que deixou a organização em dezembro, após menos de um ano no seu cargo. Em janeiro, o engenheiro principal Tim Goss deixou o cargo de diretor técnico de monolugares, rumando para a Red Bull. E em maio, Natalie Robyn abandonou o cargo de CEO externo, após 18 meses no lugar.

Tudo isto acontece numa altura onde a gestão de Mohamed ben Sulayem está a ser contestada por várias entidades, a última das quais a GPDA, Grand Prix Drivers Association, na qual pedia para serem tratados como adultos, na sequência de penalizações a Max Verstappen e Charles Leclerc, da Ferrari, por dizerem asneiras.

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

A rebelião dos pilotos


E... surpresa (ou nem tanto) os pilotos revoltaram-se. A GPDA (Grand Prix Drivers Association), liderada por George Russell, decidiu publicar uma carta aberta nesta quinta-feira reclamando contra a FIA e o seu presidente, Mohammed bin Sulayem, reclamando que querem ser tratados como adultos e não serem punidos por dizem palavrões ou a maneira como se vestem - especialmente, Lewis Hamilton

Na carta aberta, os pilotos afirmam que querem ser tratados com respeito e sobretudo, como adultos que são (e muito ricos adultos, diga-se), especialmente quando são multados ou chamados à atenção pela sua linguagem e por aquilo que vestem nos circuitos. Os pilotos defendem que o uso de palavrões em situações de alta pressão é normal e não deve ser punido, apenas quando é direcionado a outras pessoas de forma ofensiva.

Para além disso, a GPDA critica o uso de multas como forma de punição, argumentando que isso não é benéfico para o desporto, numa carta que demonstra uma forte frustração dos pilotos com a postura da FIA em relação a estas e outras questões.


Eis a carta na íntegra:

"Como acontece em todos os desportos, os concorrentes devem acatar a decisão do árbitro, quer gostem ou não, quer concordem ou não com ela. É assim que funciona o desporto. Os pilotos (os nossos membros) não são diferentes e compreendem-no perfeitamente.

Os nossos membros são pilotos profissionais que correm na Fórmula 1, o auge do desporto automóvel internacional. Eles são os gladiadores e todos os fins de semana de corridas dão um grande espetáculo aos fãs.

No que diz respeito aos palavrões, há uma diferença entre os palavrões destinados a insultar os outros e os palavrões mais casuais, como os que se usam para descrever o mau tempo, ou mesmo um objeto inanimado, como um carro de Fórmula 1, ou uma situação de condução.


Exortamos o Presidente da FIA a ter também em consideração o seu próprio tom e linguagem quando fala com os nossos pilotos membros, ou mesmo sobre eles, quer seja num fórum público ou não.

Além disso, os nossos membros são adultos, não precisam de receber instruções através dos meios de comunicação social, sobre assuntos tão triviais como o uso de joias e cuecas.

A GPDA já exprimiu, em inúmeras ocasiões, a sua opinião de que as multas pecuniárias aplicadas aos pilotos não são adequadas ao nosso desporto. Nos últimos três anos, solicitámos ao Presidente da FIA que partilhasse os pormenores e a estratégia sobre a forma como as multas financeiras da FIA são atribuídas e onde os fundos são gastos. Também transmitimos as nossas preocupações sobre a imagem negativa que as multas financeiras dão ao desporto.

Mais uma vez, solicitamos ao Presidente da FIA transparência financeira e um diálogo direto e aberto connosco.


Todas as partes interessadas (FIA, Formula 1, equipas e GPDA) devem determinar em conjunto como e onde o dinheiro é gasto em benefício do nosso desporto. A GPDA deseja colaborar de forma construtiva com todas as partes interessadas, incluindo o Presidente da FIA, para promover o nosso grande desporto em benefício de todos os que trabalham nele, pagam por ele, assistem a ele e, na verdade, o amam. Estamos a desempenhar o nosso papel.

Com os melhores cumprimentos, os Diretores e o Presidente da GPDA em nome dos pilotos de Grande Prémio."

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Noticias: FIA decide retirar o ponto da melhor volta em 2025


A Formula 1 e a FIA anunciaram esta quinta-feira que iriam eliminar o ponto para a volta mais rápida a partir de 2025. A decisão aconteceu no Conselho Mundial de Automobilismo da FIA, e acontece depois de cinco anos onde os pilotos beneficiavam desse ponto extra, desde que se classificassem nos dez primeiros lugares. 

Apesar de, na ideia inicial, fosse uma forma de tornar a ação mais excitante, na realidade, nunca teve o resultado esperado, ficando o prémio, normalmente, com o piloto que trocava de pneus mais tarde na corrida. Aliás, a ideia de conseguir isso tornou-se algo desvalorizado para os pilotos. Assim sendo, a partir de 2025, volta ao formato clássico, que existiu entre 1960 e 2017. 

Para além disso, ficou também definido que a partir de 2025 cada equipa terá de ceder cada um dos seus carros duas vezes a um jovem piloto nos treinos livres de um grande prémio. Até agora, isso acontecia apenas em uma ocasião. 

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Noticias: Corrida de "rookies" adiada para 2025, três testes em 2026


A FIA decidiu que em 2026, acontecerão três testes de pré-temporada, com três dias cada um. A razão por trás disso é para ajudar as equipas a adaptarem-se às novas unidades motrizes e aos regulamentos técnicos. A decisão foi tomada esta semana, durante uma reunião da Comissão de Formula 1, presidida por Nikolas Tombazis, da FIA, e pelo Presidente da Formula 1, Stefano Domenicali, que também incluiu representantes das equipas e da FIA.

Para além disso, A Fórmula 1 adiou os seus planos para uma corrida especial de estreantes em Abu Dhabi, inicialmente prevista para dezembro deste ano, devido a desafios logísticos. Agora, ela acontecerá em 2025. Nessa reunião, também aconteceu uma alteração nos regulamentos financeiros para garantir um equilíbrio entre a equidade competitiva e a sustentabilidade financeira. 

"Foi discutido o conceito de uma 'corrida para rookies' a realizar nos testes de pós-temporada de 2024, em Abu Dhabi", pode ler-se no comunicado oficial da FIA, que continua: "embora o conceito tenha recebido amplo apoio, foi determinado que, devido a restrições de tempo e organização, o evento não ocorrerá em 2024, e as discussões continuarão para formular um conceito e plano potencial para 2025".

As conclusões serão apresentadas na próxima reunião do Conselho Mundial, que acontecerá no próximo dia 17 de outubro. 

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

A imagem do dia


Isto não é uma imagem, é um comunicado. Mas mostra o absurdo destes dias, e se calhar, a irrelevância da FIA. A história é sabida de todos, mas conto na mesma: ontem, na conferência de imprensa pré-GP de Singapura, Max Verstappen disse asneiras, e foi advertido. Ele não ligou e continuou. Tudo bem. Hoje, soube-se que ele foi advertido pela FIA por causa da sua linguagem e foi forçado a servir pena comunitária. 

Todos sabemos que os pilotos desabafam. E quando se desabafa, as pessoas falam asneiras. E no caso do Max, As coisas não andam bem com ele e com a sua equipa. Estão a perder a vantagem do inicio da temporada e o próprio Helmut Marko já admite que o título de Construtores pode estar perdido para... sabe-se lá quem. Mas isso não conta para aqui. 

Esta semana, a FIA pediu aos pilotos para se conterem. Mas se formos ver as comunicações de rádio de cada Grande Prémio, os pilotos não se contêm quando há qualquer problema com o carro ou cometem em erro. Tem de desabafar, ponto. 

A FIA não está mais no tempo de Jean-Marie Balestre, mas há quase 45 anos, por causa de uma mesquinhice, quase causou uma cisão (sobre isso, conto quando for a altura). Max Mosley fez o seu trabalho para a tornar irrelevante aos olhos das equipas, e agora como não manda em nada em termos de regulamentos e do espetáculo da Formula 1, decidiu ser "professor de etiqueta e de boas maneiras". E as reações são exatamente isso: por um lado, queixam-se de elas serem ridículas, especialmente numa altura em que as pessoas já se habituaram ao mau palavreado. E segundo, apontam no sentido do "rei vai nu": a Formula 1 não precisa da FIA para nada, apenas para colocar um carimbo nas decisões que foram tomadas pelas equipas. O seu poder é o de uma monarquia constitucional, e Mohammed Ben Sulayem é o rei da Inglaterra. 

Anda lá, FIA, não sejam mesquinhos. Caso contrário, as pessoas começam a dizer algumas verdades sobre a sua relevância para a Formula 1...  

quinta-feira, 20 de junho de 2024

A(s) image(ns) do dia






Em 1904, o automobilismo já tinha percorrido a sua primeira década, passando de corridas entre cidades para os inícios de uma competição de circuito fechado. Milhares de marcas de automóveis tinham nascido, a grande maioria na Europa, e mais algumas dezenas na América. Ainda não se tinha decidido qual seria o sistema de propulsão para os carros de estrada, entre o vapor, a eletricidade e os motores de combustão interna. Mas este último tinha há muito sido o modelo de eleição para as corridas automobilísticas. 

Nesse ano, a grande corrida era a Gordon Bennett Cup, uma competição entre nações, com carros de países como França, Alemanha, Bélgica, Reino Unido e Itália, entre outros. Decorria na Alemanha, num circuito fechado com... 128 quilómetros de diâmetro na região dos montes Taunus, numa corrida que durou quatro voltas - 527 quilómetros no total. Marcas como Mercedes, Fiat e Wosleley participavam nessa corrida. 

O primeiro carro partiu às 7 da manhã do dia 17 de junho e ao final de cinco horas e 50 minutos, o vencedor acabou por ser o francês Léon Théry, a bordo de um Richard-Brasier, que bateu o Mercedes do belga Camile Jenatzy, que cinco anos antes, tinha sido o primeiro piloto a rodar a mais de 100 km/hora no seu protótipo elétrico "Jamais Contente".

No regresso dos franceses a Paris, com o troféu nas mãos, o Automobile Club de France decide reunir-se para formar uma associação que reúna os Automóveis Clubes que começam a surgir um pouco por todo o mundo, e reconhecer aqueles que poderão surgir no futuro. Deram o nome de "Association Internationale des Automobile Clubs Reconnus", ou a sigla de AIACR.

Os seus membros iniciais? Quase todos europeus: França, Alemanha, Reino Unido, Bélgica, Itália, Países Baixos. Os Estados Unidos foram a excepção à regra. Com o tempo, crescerão para acolher mais de 200 federações - há países que tem mais de uma federação, a automóvel (no caso português, é o ACP, o Automóvel Clube de Portugal, fundado em 1905) e a desportiva, que em Portugal é representada pela FPAK, a Federação de Automobilismo e Karting. 

A escolha para presidente acabou por cair no franco-belga Étienne van Zuylen van Nyevelt. Então com 43 anos, era um barão que tinha sido o primeiro presidente do Automobile Club de France, em 1895, e as suas qualidades de diplomata vinham de longe: seu pai tinha sido embaixador, o seu avô, o presidente da câmara de Bruges, uma importante cidade belga. Casou-se com um membro da família Rothschild e tinha uma paixão pela equitação, bem como o automobilismo.

Dezoito anos depois da sua fundação, em 1922, a AIACR decidiu separar o ramo desportivo do ramo automobilístico, criando assim a "Comission Sportive International", que iria elaborar os regulamentos desportivos internacionais das diversas competições, e dar títulos a campeões, primeiro de Construtores, depois de pilotos, e em especial, na Europa. Apenas em 1946, quando a AIACR ser renomeada de FIA, é que elaborou os regulamentos daquilo que viria a ser a Formula 1, o Mundial de Ralis, o Mundial de Kart e de Endurance, entre outros, todos sob a capa da CSI, que em 1978 viria a ser chamada de FISA. Em 1993, ambas as entidades, FISA e FIA, iriam fundir-se.  

Quanto ao resto, a Copa Gordon Bennett desaparecerá depois de 1905, para dar lugar ao Grande Prémio de França, o primeiro de todos os "Grand Prix". Léon Thery morrerá em 1909, aos 29 anos, vítima de tuberculose. A Richard-Brasier desapareceu em 1930, vítima da Grande Depressão, e Étienne van Zuylen van Nyevelt retirou-se da sua posição como presidente em 1931, três anos antes de morrer. A FIA, nas suas múltiplas encarnações, continua a lidar até aos dias de hoje com os interesses do automobilismo no mundo inteiro e tenta expandir com novos eventos, como o FIA Motorsport Games. Feliz Aniversário!   

segunda-feira, 13 de maio de 2024

As imagens do dia



Se o ambiente naquela sexta-feira de maio não era de cortar à faca, pouco faltava. Os pilotos, jornalistas e espectadores pareciam não ter descanso, depois de Imola, e ainda por cima, Karl Wendlinger estava a lutar pela vida. A Sauber tinha-se retirado da corrida por causa do que tinha acontecido ao seu piloto, e tudo estava em dúvida. Até à própria existência da Formula 1. 

Foi nesse ambiente que dois grupos se reuniram. O primeiro, da FIA e da FOM, com Bernie Ecclestone e Max Mosley, então presidente da FIA, a tentar algo para mostrar ao mundo que estavam a reagir aos eventos.

E a quantidade de medidas naquele final de semana foram provisórias mesmo. Excepto duas.

Aparte de abrir uns buracos nos chassis - alguns perderam downforce, outros nem por isso - as medidas que ficaram até aos dias de hoje foram a limitação de velocidade nas boxes, e no Mónaco, foi para meros 80 km/hora. Bem lentos para carros muito rápidos como aqueles. A segunda medida foi a colocação de um degrau de madeira nos carros, e com um desgaste relativo para poder passar, caso contrário, levariam com uma desclassificação. De uma certa maneira, foi uma resposta à alegação de que a pressão dos pneus num carro com fundo plano ajudou no desastre de Ayrton Senna, duas semanas antes. 

O segundo grupo, dos próprios pilotos, decidiram-se unir para dizer às entidades do automobilismo e os organizadores dos Grandes Prémios, que era altura de mexer nos circuitos para diminuir a velocidade dos carros e melhorar as curvas "cegas", logo, perigosas. 

Ou seja, naquele final de semana, a GPDA acordou, depois de uma longa hibernação. 

Na realidade, tinha acordado naquele domingo de Imola. E muito provavelmente, um dos seus líderes seria Ayrton Senna, se não fosse o seu acidente fatal. Duas semanas depois, Gerhard Berger dava a cara, ao lado de Damon Hill, Niki Lauda e Michael Schumacher. E a missão era clara: identificar os pontos críticos e modificá-los, de modo provisório, para depois fazer o trabalho com mais calma para 1995 e seguintes.

Para Berger, foi ideal, porque por muito tempo, pensou pura e simplesmente... pendurar o capacete. 

Não foram dias fáceis. O seu melhor amigo na Formula 1 tinha morrido, para além de um compatriota seu, e foi dos únicos que assistiu a ambos os funerais. Piloto da Ferrari e a caminho dos 35 anos, Berger também tinha sido uma das vitimas de Tamburello, cinco anos antes, ainda por cima, o carro pegou fogo, com ele a ser retirado menos de um minuto depois, com queimaduras nas mãos. 

Durante esse tempo, considerou seriamente a retirada imediata: pendurar o capacete e entregar o volante (se calhar) a Nicola Larini e ir para casa pensar na vida depois da Formula 1. Contudo, chegou à conclusão que a melhor maneira de honrar a memória de ambos seria correr e lutar pelos seus direitos. 

Eles decidiram reagir. Agora era saber se isso iria ajudar a tempestade passar. 

sexta-feira, 12 de abril de 2024

Noticias: Domenicalli e FIA elogiam calendário de 2025


A divulgação do calendário da Formula 1 para 2025, num ano em que a Formula 1 fará as suas bodas de diamante, deixou felizes os responsáveis da Formula 1 e da FIA, que colaboram entre si para a acomodação do calendário, apesar deste ser o maior de sempre, com 24 corridas. 

Apesar de tudo, este calendário continua com as alterações iniciadas esta temporada, com o enfase num melhor fluxo geográfico das corridas, com o ajuntamento do máximo corridas no mesmo continente na data mais próxima, apesar de ainda existirem coisas como Miami em maio e Montreal em junho, destacados da maior parte das corridas nas Américas, que acontecem no inicio do outono, por exemplo.

No momento do anúncio do calendário, o Diretor Executivo e Presidente da Fórmula 1, Stefano Domenicali disse que: “2025 será um ano especial, pois celebramos o 75º aniversário do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 da FIA, e é esse legado e experiência que nos permite apresentar um calendário tão forte."

Mais uma vez, visitaremos 24 locais incríveis em todo o mundo, oferecendo corridas, hospitalidade e entretenimento de primeira classe, que serão apreciados por milhões de fãs em todo o mundo. Estamos gratos à FIA, aos nossos promotores, aos parceiros das cidades anfitriãs e a todas as federações nacionais relacionadas pelo seu empenho e apoio na realização deste calendário e na garantia do que promete ser mais um ano fantástico para a Fórmula 1. Gostaria também de prestar homenagem às nossas equipas e pilotos de Formula 1, os heróis do nosso desporto, e aos nossos fãs em todo o mundo por continuarem a seguir com um entusiasmo incrível.”, concluiu.

Do lado da FIA, o seu Presidente, Mohammed Ben Sulayem, acrescentou: “O calendário do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 da FIA de 2025, aprovado pelo Conselho Mundial do Desporto Automóvel, é mais uma ilustração da nossa missão colectiva de cumprir os objectivos de sustentabilidade através da regionalização dos eventos. Embora o nosso foco esteja na estabilidade geral da Fórmula 1, também temos um dever partilhado para com o ambiente e para com a saúde e o bem-estar do pessoal que viaja.

A Formula One Management, sob a direção de Stefano Domenicali, produziu um calendário que combina bem os circuitos tradicionais e os locais modernos.", continuou.

Agradecemos às federações anfitriãs, aos organizadores locais e aos muitos milhares de voluntários da FIA pelos seus esforços incansáveis para fazer da Fórmula 1 um espetáculo verdadeiramente global e de grande audiência, enquanto nos preparamos para celebrar o 75º ano do desporto.”, concluiu.

terça-feira, 5 de março de 2024

Rumor do Dia: FIA dificultou homologação do circuito de Las Vegas


Como se um rumor não vem só... surgiu hoje outro envolvendo o presidente da FIA, Mohammed ben Sulayem. Depois de ontem, o primeiro rumor ter a ver com a tentativa de alterar uma penalização a Fernando Alonso no GP da Arábia Saudita de 2023, desta vez tem a ver com o circuito de Las Vegas. Segundo conta hoje Andrew Benson, jornalista da BBC, que terá tido acesso ao relatório do Compliance Officer’ da FIA – que supervisiona e controla o cumprimento das normas éticas daquela entidade federativa – apresentados ao comité de ética, e descobriu que ele, alegadamente, deu instruções aos funcionários da FIA para não homologarem o circuito de Las Vegas para a sua corrida do ano passado.

À BBC, um porta-voz da FIA negou qualquer irregularidade na certificação do circuito de Las Vegas para a sua corrida no ano passado, na sequência destas acusações contra o presidente da FIA. Esse mesmo porta-voz afirmou que a aprovação do circuito cumpriu o protocolo em termos de inspeção e certificação, apesar de na altura, ter havido um atraso devido às obras de construção em curso. 

Curiosamente, o circuito de Las Vegas foi uma aposta pessoal da Liberty Media, que pagou a conta das obras feitas para fazer o "paddock" para acolher as equipas - ao todo, mais de 500 milhões de euros - logo, quer as receitas, quer as despesas, pertencem à competição. E claro, a ideia era de promover a competição nos Estados Unidos. 

Na sua primeira corrida, existiram problemas no primeiro dia de treinos livres quando uma das tampas de esgoto saiu do seu lugar na passagem do carro de Carlos Sainz Jr, que o destruiu. s tampas foram coladas com cimento, e eles aguentaram o resto do fim de semana.  

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

WRC: FIA decide mudanças na classe Rally1


A FIA decidiu esta tarde, na reunião do seu Conselho Mundial, que irá abandonar os sistemas híbridos, e os carros de Rally1 serão limitados a 330 cavalos e a um "cost cap" de 400 mil euros a partir de 2025, com o abandono das atuais regras na temporada de 2026. Atualmente, um exemplar de um Rally1 custa cerca de um milhão de euros por exemplar e é isso que, segundo alguns, está a causar a falta de competição e de mais equipas no WRC, em contraste com o que se passa na Endurance, com a explosão na principal categoria, a Hypercar.

O atual carro de Rally1 continuará sendo o simbolo do WRC em 2025 e 2026, mas com modificações para reduzir custos e desempenho”, começa por afirmar o comunicado oficial da FIA. “Isso inclui a retirada da unidade híbrida plug-in, com o desempenho compensado pela redução do peso total, e pela redução do restritor de ar e da aerodinâmica.", continua.

Quanto aos carros de Rally2, estes continuarão na sua forma atual durante a sua homologação, que serve como base para as diversas competições nacionais e internacionais, como o Europeu de ralis.

No entanto, os carros de Rally2 que competirem em eventos WRC a partir de 2025 terão a opção de rodar com um kit WRC composto por um restritor, um tubo de escape, uma caixa de velocidades estilo "paddle shift" opcional, bem como uma asa traseira maior, com o objetivo de reduzir a diferença de desempenho entre os carros de Rally1 e Rally2.

Os carros de Rally1 serão obrigados a disponibilizar os seus carros para venda direta no parque fechado de cada evento do WRC.

Os membros do WMSC [World Motor Sport Concil, Conselho Mundial de Automobilismo]  consideraram cuidadosamente as recomendações do Grupo de Trabalho do WRC e estiveram unidos no seu apoio à série de objetivos que foram estabelecidos”, começou por afirmar o presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem. “Estamos no ponto em que a Comissão do WRC pode agora trabalhar na finalização de propostas que irão percorrer um longo caminho no sentido de cimentar o rumo futuro do WRC, uma vez aprovado pelo WMSC, é um momento significativo para o campeonato, para os seus stakeholders e para a comunidade de ralis, em geral."

Também é importante notar que os resultados da Pesquisa de Engajamento dos Torcedores do WRC serão cuidadosamente considerados pela Comissão do WRC durante o processo de elaboração das propostas finais.", continuou.

Agradeço a todos aqueles que participaram enquanto continuamos o processo de entrega de um WRC que seja relevante para o presente e adequado para o futuro.”, concluiu.

O WRC continua o seu campeonato dentro de um mês, em terras quenianas, para o Rali Safari.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

A Haas é para vender? Provavelmente, sim


A noticia do despedimento de Gunther Steiner da Haas foi chocante, para dizer o mínimo. A razão é simples: para além do ado inesperado da coisa, Steiner era uma personagem carismática, especialmente depois da sua passagem pela série "Drive to Survive", uma das séries de maior sucesso da Netflix. Contudo, menos de uma hora depois, as redes sociais estavam cheios de reações ao despedimento de Steiner, e 95 por cento das pessoas que reagiam, diziam o mesmo: que venda a equipa para a Andretti. 

Claro, Gene Haas reagiu afirmando que a equipa não está à venda, que não desistiu do projeto. Disse o seguinte à Formula1.com. “Não entrei na Fotmula 1 para vender. Fi-lo porque queria correr. Günther tinha a mesma opinião. Não estamos aqui para ganhar dinheiro, queremos correr e ser competitivos. Se olharmos para qualquer equipa, historicamente, têm tido muitos anos bons e muitos anos maus”. 

Na mesma entrevista, Haas desmentiu também a ideia de que não investe no projeto, embora admitisse que tinha de ser mais eficaz com os gastos. “Há a perceção de que gastamos muito menos dinheiro [do que os adversários]; normalmente, estamos a menos de 10 milhões de dólares do limite orçamental”, explicou o norte-americano. “Só acho que não fazemos um bom trabalho ao gastar esse dinheiro. Muitas equipas fizeram investimentos anteriores em infraestruturas, edifícios, equipamentos e pessoal. O nosso modelo consistia em subcontratar muitas dessas coisas. Gastamos muito dinheiro. Não ultrapassamos o limite máximo, mas estamos muito perto dele. Só não acho que estejamos a fazer um bom trabalho ao gastá-lo da forma mais eficaz”, concluiu.

Contudo, quando lês gente como Ben Anderson, no site the-race.com, mostra o estado atual da Formula 1: não querem aventureiros, não querem aventuras. Os tempos de 2010, quando houve 12 equipas na grelha, terminaram. E a Liberty Media, mesmo que tenha conseguido estancar a hemorragia dos orçamentos sem freio, deixaram o recado: nem mais, nem menos que 10 equipas, 20 lugares. A Andretti, se quiser entrar, a condição é esta: compre um lugar de uma das equipas presentes. E agora, o que o mundo da Liberty Media está a dizer a Michael Andretti é: fiquem com a Haas e ele, mais a sua parceira, a Cadillac, são bem-vindos.   


O espirito da Haas, quando surgiu em 2014, era este: Steiner foi ter com Gene Haas e afirmou ao que ia. Queria "estabelecer uma equipa de Formula 1 que não se baseasse em investimentos maciços em infraestrutura, mas sim em alianças e na compra de tudo o que era permitido pelas regras da altura. E foi o que aconteceu. Desde então, os regulamentos foram ajustados para impedir que a mesma coisa acontecesse novamente e hoje os carros da Haas são projetados pela própria equipa, reconhecidamente baseada no campus da Ferrari em Maranello. Eles não são funcionários da Ferrari, embora muitos já o tenham sido. Os carros são fabricados pela Dallara e estão equipados com motores e caixas de velocidades da Ferrari, além de certas peças de suspensão e outros mecanismos permitidos. Porém o monocoque e as superfícies aerodinâmicas são projetadas pela Haas, embora utilizando o túnel de vento da Ferrari. Mas ainda assim é uma forma econômica de competir."

Esta explicação não é minha, daí ter colocado entre aspas. Foi feita pelo Joe Saward no seu blog. Mas a ideia era seguir um pouco a então Toro Rosso, mas não na ideia de ser uma "equipa B" da Ferrari, porque agora, como já leram, a própria Formula 1 não deixa mais. 

Os resultados da Haas, embora sendo muito melhores que o trio de equipas que entraram em 2010 - Caterham, Hispania e Marussia - não conseguiram alguns resultados que desejariam, provavelmente, ter obtido. Apesar de uma pole-position e duas voltas mais rápidas, nunca subiram a um pódio e em 2021, conseguiram... nenhum ponto, com Serguei Sirotkin e Mick Schumacher aos comandos dos seus carros. A ideia dos críticos parece ter alguma razão: parece que Gene Haas, sempre discreto nos bastidores, tem andado algo forreta em termos de investimento, apenas esperando por receber a sua parte no bolo que a Liberty Media dá às equipas. E mesmo com Steiner a dar a cara, Michael Andretti tem mais mediatismo, por causa do seu palmarés no automobilismo, quer como piloto, quer como dono de equipa. 

E eles podem dar-se a esse luxo porque, uma década antes, a Formula 1, ainda com Bernie Ecclestone ao leme, esteve muito próxima de ter uma das grelhas mais pequenas da sua história, pois para além das três que foram embora, teve a Sauber no limiar da sobrevivência, a Renault a correr para salvar a "Lotus", e a Force India, a independente mais eficaz, a colocar em dúvida a sua continuidade por causa do aumento dos custos. Em suma, a Formula 1 estava perto de ser canibalizada.

Agora, as coisas estão salvas. O "cost cap", o controlo de custos, estabilizou os orçamentos, quase todos dão lucros - a Haas tem prejuízos, mas são da ordem dos 10 milhões de dólares por temporada - e a Formula 1, sob gerência da Liberty Media, ganhou um enorme mediatismo, logo, atraiu mais dinheiro e fãs para a competição... e americanizou-a, ao ponto de, de vez em quando, se ouvir que existe o interesse dos sauditas em adquiri-la, e por valores agora considerados "absurdos": 20 mil milhões de dólares. Para terem uma ideia, em 2017, a Liberty pagou oito mil milhões para tirar do controlo de Bernie Ecclestone.


E todo este luxo sobre como é que as equipas devem entrar na Formula 1 é tal que, eles comportam-se como se forem os donos da competição. Desprezar a FIA, que autorizou a entrada da Andretti em 2025, ao ponto de entrarem em conflito com Muhammed ben Sulayem, o seu presidente, é o seu sinal ao mundo afirmando que "querem, podem e mandam", não porque fizeram as regras para que tal acontecesse, mas porque aproveitaram as regras que existiam quando há 20 anos, se elaborou o "acordo dos cem anos", entre FOM e FIA (obrigado, Bernie e Max!). E agora, se a aposta de Las Vegas der muito certo - é a única corrida que a Liberty paga do seu bolso - então, os últimos laços com a FIA podem ser cortados e eles farão o que quiserem com ela. Até vender para os sauditas. E afirmar quantas equipas é que deixam correr.

E claro, nenhuma delas é dona no seu lugar. Nem Ferrari ou McLaren, as mais antigas do pelotão. 


Portanto, no final do dia, o conselho está dado: gostamos dos esforços, mas achamos que, se queremos uma equipa americana, Andretti soa melhor que Haas, e sem Steiner, venda a equipa por um bom preço. De preferência, antes do final da temporada. Os outros fazem isso e não dói muito. Afinal de contas, esta é a nova Formula 1.    

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Esta estória do GP de Madrid


Madrid, a capital de Espanha e um dos centros económicos da península Ibérica - cerca de quatro milhões na sua área metropolitana - não tem uma corrida de Formula 1 há 42 anos, quando eles correram pela última vez no circuito de Jarama. Contudo, isso poderá mudar em breve com o anuncio - próximo, segundo dizem algumas fontes - de uma pista citadina perto do parque de exposições da cidade, o IFEMA. A acontecer, não só significaria a saída do GP de Espanha de Barcelona, onde está desde 1991, sem interrupções, como também significaria a primeira corrida noturna no continente europeu, e aparentemente, a tendência que a Liberty quer colocar na Formula 1 do futuro: um espetáculo para um sábado - ou domingo - à noite. Como fizeram agora a Las Vegas. 

Contudo, neste fim de semana em Baku, na Gala dos Prémios da FIA, Carmelo Sanz de Barros, Presidente do Senado da FIA e responsável máximo do Real Automóvil Club de España (RACE), afirmou que a Federação Espanhola não recebeu qualquer proposta para analisar e fazer chegar à FIA.

Como presidente da RACE, o que é que posso dizer? A última vez que Madrid teve Formula 1 foi em 1981. Ter a Fórmula 1 em Madrid é um desejo de muita gente, mas penso que, e esse é o risco destas coisas, há um processo claro para ter um Grande Prémio num lugar, e não acho que o processo esteja a ser seguido, nem que os passos do processo tenham sido dados, ao contrário do que se pode ler”, afirmou.

Há um processo que temos de respeitar e há outras pessoas à espera. E, para além disso, temos a situação política espanhola com o governo, porque também tenho lido muito sobre Madrid estar a tentar roubar [a Formula 1] a Barcelona, a tentar matar Montmeló, ou coisas do género. Até agora, nada. E isso é outra coisa que temos de avaliar melhor.  Espanha pode ter duas corridas no calendário? Sim, temos três nos Estados Unidos, temos duas em Itália. Porque não? Já as tivemos antes? Sim. É fácil? Não. É possível? É possível, mas até agora, com toda a procura [a Formula 1 tem], não me parece que vá ser fácil”, concluiu.

Manuel Aviñó, presidente da Federación Española de Automovilismo e vice-presidente da FIA na Europa, segue o mesmo diapasão de Sanz de Barros, afirmando que nada recebeu de concreto. 

Quando a federação espanhola considera que este projeto é válido e que está interessada, encaminha-o para a FIA. Porquê? Porque estamos a falar de qualquer circuito citadino e, em casos como este, a primeira coisa a fazer é homologar, certificar, coisas do género. Quem faz todo este processo? A FIA. A federação espanhola não recebeu nada, portanto não canalizou nada para a FIA, a FIA não recebeu nada. Ninguém, nenhum engenheiro, ninguém tem estado a trabalhar até agora neste projeto que tem sido noticiado na imprensa nos últimos dias”.


A conclusão que se chega poderá ter a ver com o que se passa entre a Liberty Media e a FIA. As tensões que estão a aparecer entre Mohamed Ban Sulayem e a Liberty Media, agora dirigida por Stefano Domenicalli, estão a fazer especular sobre a chance de acontecer uma cisão entre ambas as entidades. Com cada vez mais a Formula 1 a ter sucesso e a procura a aumentar - há especulações sobre uma oferta de compra da Arábia Saudita - o poder de controlar é cada vez maior. E com a FIA sempre a ficar de lado nos tempos de Bernie Ecclestone-Max Mosley, a tentativa de controlo do que resta por parte da entidade máxima do automobilismo é algo do qual as equipas não acham muita graça. E a polémica do conflito de interesses entre Toto Wolff e a sua mulher, Susie, do qual todas as equipas manifestaram a sua solidariedade, afirmando que nenhuma delas denunciou o eventual conflito, deixando grande desconfiança da parte da FIA, passa a ideia de que por aquelas bandas, a paz já foi embora há muito.

E ainda mais, o gesto de Lewis Hamilton de entregar o troféu de terceiro classificado a um fã na noite da Gala da FIA, mais do que um gesto de generosidade, poderá estar a ser interpretado como um gesto simbólico de desprezo por parte das equipas para a FIA. 


A Formula 1 já esteve em situações de conflito em 1980 e 2009, e sempre se evitou a cisão ao último momento, porque cabeças mais frias prevaleceram. Curiosamente, um dos momentos de colisão entre ambas as entidades foi precisamente... em Madrid, no GP de Espanha de 1980, que viu a retirada da Ferrari, Renault e Alfa Romeo, e as equipas FOCA a correrem. A FIA retaliou considerando a corrida como "pirata" e os seus resultados não contaram para o campeonato. 

Contudo, a Liberty Media pode olhar para o exemplo da IndyCar como o de uma organização de equipas que construiu uma competição de sucesso sem interferência de entidades superiores. Aliás, a IndyCar não precisa da FIA para sancionar o seu calendário, por exemplo. Aliás, foi o primeiro de três corridas polémicas, com boicotes - os outros dois foram o GP da África do Sul de 1981 e o GP de San Marino de 1982 - e a cisão foi evitada com o primeiro Acordo da Concórdia. 

E a Liberty Media é americana, só para avisar...

Quanto a esta história de Madrid e das declarações dos responsáveis das federações, se calhar é uma maneira de afirmar que nestas coisas, a FIA ainda tem o seu poder. E não sabemos quem tem a faca e o queijo na mão em coisas como Super-Licenças, por exemplo...

Em suma, cenas dos próximos capítulos. E claro, que cabeças mais frias prevaleçam.    

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Youtube Formula 1 Video: A chegada da Andretti

Toda a gente sabe que a Formula 1 irá acolher a Andretti a partir de 2025, pelo menos. Será a 11ª equipa na competição, mas quase ninguém o está a acolher de braços abertos por uma simples razão: dinheiro. As outras equipas acham que perderão receitas com a sua inclusão, mesmo com teto orçamental, por exemplo. Aliás, mais uma equipa significa 10 por cento menos receitas para as outras, mesmo que eles coloquem uma caução de cem milhões de dólares, por exemplo.

Contudo, a ideia de ter o nome Andretti de volta à Formula 1 está a colocar os olhos dos americanos ainda mais na competição, especialmente com a tal parceria com a Caddilac. E foi por isso que a Bloomberg fez este vídeo, entrevistando a pessoa por trás do projeto, Michael Andretti.   

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

A imagem do dia


As equipas querem que a Formula 1 seja um clube fechado, e se alguém quiser entrar, então... que comprem. Ao longo dos dias depois do anuncio da FIA da chegada da Andretti à Formula 1, na temporada de 2025, as equipas disseram que ou estão contra, ou afirmam, de forma "politicamente correta", que não encontram "valor à competição". 

Mas no fim de semana do GP do Qatar - altura em que estas linhas estão a ser escritas - existe uma boa razão porquê exista esta ação concertada: Lawrence Stroll, o patrão da Aston Martin, aparentemente quer vender a sua quota pela melhor oferta. E ter onze equipas, em vez das atuais dez, "estragaria" o preço de venda que o Stroll Sr. pretende.

A Formula 1 tornou-se num lugar apetecível. Um dos candidatos chegou a dizer, para que fosse escolhida, que estaria disposto a dar 600 milhões de dólares para a "clausula anti-diluição". E clausula é atualmente de 200 milhões, que seria devolvida nos anos seguintes. Quando a Haas chegou, em 2016, Bernie Ecclestone disse que eles tinham de gastar até mil milhões de euros para "merecerem" ficar na Formula 1. 

A competição não quer mais regressar aos tempos do final dos anos 80, inicio dos 90 do século passado, com pré-qualificações e o desaparecimento de equipas como a Tyrrell e a Lotus. E o aparecimento de "gente folclórica", como Jean-Pierre Van Rossem (Onyx) ou Andrea Sassetti (Andrea Moda). Querem um clube fechado, ponto. E se querem entrar, comprem o lugar, não o iremos alargar. Daí a tal oferta de venda do senhor Stroll.

Mas depois pergunto: se é assim, está a vender a sua equipa por sabe-se-lá-quantos-mil-milhões? É para os sauditas comprarem, por exemplo?

Um razão bem forte para que a Formula 1 não queira mudar nada é porque se tornou num lugar apetecível. A Netflix atraiu milhões com o seu "Drive to Survive", os americanos colocaram mais duas corridas no seu calendário, incluindo uma em Las Vegas, e tirando a história das criptomoedas - que despenhou-se com estrondo - nunca entrou tanto dinheiro como agora. Aliás, corre o rumor de que a Apple + quer comprar a Formula 1 por "uma soma não divulgada" (aposto que será na ordem das dezenas de milhares de milhões) e fazer com que todos paguem centenas de dólares por ano. Como se existisse... sei lá, 50 milhões de pessoas dispostas a isso. 

Ou seja, o sonho é transformar a Formula 1 no desporto de muito ricos para ricos. E os outros que babem - e paguem muito bem - para os ver. Olha que não é assim que funciona. 

Contudo, a Formula 1 atual está ainda no tempo em que Bernie Ecclestone mandava na FOM e lhes deu imenso dinheiro a todos eles para que sobrevivessem e, de uma certa maneira, ficassem por ali. Isto, numa altura em que não existia qualquer limite orçamental. Agora temos esse limite - e não sabemos quem controla. Alguém acredita em auto-regulação? - e as equipas estão muito contra novos jogadores no pelotão. Querem 20, nem mais, nem menos. Até querem que a FOM faça dos lugares uma espécie de "franchisings" onde se alugariam ao melhor preço, na ordem das centenas de milhões de dólares, e assim ganhariam todos. 

E claro, que a FIA tenha o mesmo poder que o Rei de Inglaterra, que apenas facilite a vida em termos de calendário e regras. Não creio que Mohamed Ben Sulayem não queria ser o novo "sheikh" na cidade do automobilismo. Quer mais e melhor. Aposto que ele gostaria de ter o poder de Jean-Marie Balestre, há mais de 40 anos. Se for assim, suspeito, tenho de afirmar que o caminho está armadilhado. 

Posso estar enganado, mas fico a pensar: o que aconteceria se a FIA decidir impor a sua vontade às equipas? Quando isso aconteceu, em 2009, as equipas decidiram organizar-se e chegou ao ponto de, no GP britânico, terem anunciado uma competição paralela. A coisa resolveu-se com um compromisso, onde entraram três equipas em 2010 e Max Mosley saiu da organização. 

E claro, nem falo da guerra FOCA-FISA, de 1980-81, onde a Formula 1 quase acabou em duas competições paralelas. 

Não ficaria admirado. Não ficaria mesmo admirado se estamos a caminhar para esse tipo de conflito. Se assim for, ninguém ganha. 

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Noticias: FIA aprova Andretti para 2025


Os rumores das últimas semanas tornaram-se oficiais: a Andretti foi esta segunda-feira aprovada pela FIA como a 11ª equipa na grelha da Formula 1 a partir da temporada de 2025. O presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, explicou o motivo da aprovação da Andretti em detrimento de outras inscrições como a Hitech, por exemplo.

A Andretti Formula Racing LLC foi a única entidade a cumprir os critérios de seleção definidos em todos os aspetos materiais. Dou os parabéns a Michael Andretti e à sua equipa por uma apresentação completa. O processo de Manifestação de Interesse se baseia na aceitação positiva do regulamento de unidades de potência da Formula 1 em 2026, o que também atraiu compromissos de marcas como Audi, Honda e Ford, para além do interesse de Porsche e GM”, declarou.

Gostaria de agradecer a todos os membros da FIA envolvidos no processo de Manifestação de Interesse por seus esforços incansáveis em garantir uma avaliação diligente de todos os pedidos recebidos”, concluiu.

De acordo com as diversas fontes, para além dos aspetos financeiros, compromissos como a pegada carbónica - serem neutros em 2030 - e a diversidade em termos dos seus elementos - engenheiros e mecânicos, homens e mulheres - também foram tidos em conta, e a FIA afirma que a equipa americana era a única que preenchia todos esses critérios.

Contudo, se a FIA aprova a Andretti, existe agora um novo obstáculo: a FOM e as equipas. Muitas são hostis à entrada de uma 11ª equipa por causa dos dinheiros distribuídos. Estes afirmam que um novo integrante diluiria as receitas que recebem da Liberty Media, apesar da Andretti ter capacidade para pagar a taxa de 100 milhões de dólares que é exigida para poder competir, e que lhe será devolvida nos cinco anos seguintes. 

Nesse campo, FIA, FOM e a própria Andretti terão de chegar a um entendimento para que a equipa possa ser aceite. 

A (agora) Andretti Global apareceu em 2003 quando Michael Andretti adquiriu a Team Green, na IndyCar. Com o passar dos anos, expandiu-se para a IMSA, a Indy NXT, a categoria anterior à competição principal, a Formula E e a Supercars australiana, e nessas diversas categorias tem pilotos como os americanos Colton Herta (Indy) e Ricky Taylor (IMSA), o britânico Jake Dennis (Formula E), a britânica Jamie Chadwick (Indy NXT), o neozelandês Hunter McElrea (Indy NXT), o francês Romain Grosjean (Indy), o alemão André Lotterer (Formula E) e até o português Filipe Albuquerque (IMSA).   

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Rumor do dia: Apenas Andretti foi aceite


A FIA irá aceitar apenas uma das quatro equipas que submeteram uma candidatura para a Formula 1. De Andretti Global, Hitech, Rodin Carlin e LKY SUNZ, uma startup asiática, que recentemente afirmou estar disposta a investir até 600 milhões de euros para entrar na Formula 1, apenas a estrutura americana é que passou nos critérios da Federação Internacional de Automobilismo. A sua decisão será anunciada dentro em breve. 

A Andretti, que é apoiada pela Cadillac, foi, aparentemente, a única que alcançou a fase final, apesar de as equipas, na palavra de Stefano Domenicalli, afirmar que não existe a necessidade de ter mais uma equipa, a não ser que traga uma mais-valia para a competição. Atualmente, as novas equipas eram obrigadas a ter uma "fee" de 200 milhões de dólares, que seria recuperado ao longo dos anos seguintes, mas quando a  LKY SUNZ disse que estaria disposta a pagar 600 milhões, graças à participação de um bilionário radicado na Florida, para tentar reverter a rejeição da sua candidatura. 

Benjamin Durand, CEO da candidatura asiática, afirmou: “Ainda estamos em diálogo com a FIA. Mas não posso entrar em detalhes no momento porque estamos vinculados a um NDA [acordo de confidencialidade, em inglês] que respeitamos”.

Não se sabem ainda as razões para a rejeição, mas segundo conta a motorpsort.com, as equipas, para receberem uma decisão positiva no processo de inscrição da FIA, devem não apenas provar que possuem recursos financeiros suficientes, mas também ter um plano sobre como o projeto será ambientalmente sustentável, a fim de atingir zero emissões líquidas de CO2 até 2030.

Além disso, tem de mostrar que o seu projeto alcançaria um impacto social positivo, tendo a diversidade do seu pessoal como ponto a ter em conta.

terça-feira, 5 de setembro de 2023

Noticias: FIA afirma que todas as equipas cumpriram limite orçamental


A FIA anunciou esta terça-feira que todas as equipas do pelotão da Formula 1 cumpriram integralmente o limite orçamental estabelecido entre eles. Isto surge depois de alguns rumores terem aparecido, afirmando que algumas delas se tinham excedido nesse limite, algo do qual a entidade máxima do automobilismo veio agora desmentir completamente. 

“[A] FIA confirma que a sua Administração para o Limite orçamental concluiu agora a análise da Documentação apresentada por cada Concorrente que participou no Campeonato Mundial de Fórmula 1 da FIA de 2022 relativamente ao Período de Relatório do Ano Completo de 2022 que terminou em 31 de dezembro de 2022. A Administração do Limite orçamental da FIA emitiu certificados de conformidade para todos os dez Concorrentes.", começa por se ler no comunicado oficial.

"A revisão foi um processo intensivo e minucioso, começando com uma análise detalhada da documentação apresentada pelos concorrentes. Além disso, houve uma extensa verificação de quaisquer atividades não-F1 realizadas pelas equipas, que incluiu várias visitas às instalações das equipas e procedimentos de auditoria cuidadosos para avaliar a conformidade com os Regulamentos Financeiros. Todos os Concorrentes atuaram sempre num espírito de boa-fé e cooperação ao longo de todo o processo.”, concluiu.

Recorde-se que a Red Bull excedeu em cerca de 10 por cento o limite para 2022, no qual foi penalizado com uma multa e sanções que passaram por menos tempo no túnel de vento para 2023, o que não impediu de se tornar na equipa dominante nesta temporada. 

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

A aspiração olímpica do automobilismo


Surge por estes dias a noticia de que o automobilismo está a ser considerado como um novo desporto para os Jogos Olímpicos de 2028, que se realizarão na cidade americana de Los Angeles. A modalidade está ao lado de outras aspirantes como o Flag Football - uma variante do futebol americano, mas sem contacto entre os jogadores - o críquete, uma modalidade essencialmente anglo-saxónica e desporto numero um em países como a Índia, o Paquistão e o Bangladesh, o beisebol-softbol (que entra e sai do programa dos Jogos Olímpicos, tendo estado em 2020, mas não em 2024), o lacrosse, o breakdance - que está no programa de 2024 - o karatê, o kickboxing e o squash.

Apesar do automobilismo e da motonáutica terem estado nos Jogos Olímpicos de Paris, em 1900, não mais regressarem por causa de um obstáculo evidente: segundo a Carta Olímpica, a propulsão mecânica não é permitida. Contudo, a rápida conversão do automobilismo à eletricidade fez mudar as coisas nesse sentido, e o facto da FIA ter organizado desde 2019 o FIA Motorsport Games, que desde então acontecem de dois em dois anos - a de 2022 foi em Marselha, com o circuito de Paul Ricard no centro das atenções, e em 2024 será no circuito Ricardo Tormo, em Valência - as várias modalidades ali metidas, desde o karting aos ralis, passando pelos Turismos, monolugares, drifting e até os ESports, tentam colocar o automobilismo à consideração do Comité Olímpico Internacional, num esforço para colocar desportos mais condizentes aos tempos que vivemos, quase no primeiro quarto do século XXI.

A decisão sobre quais serão os desportos incluídos nos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028 é esperada até o final de setembro, mas a ideia do automobilismo aplicar-se fortemente na maior realiação desportiva do mundo, realizado a cada quatro anos é algo impressionante. Especialmente quando falamos que o automobilismo tem coisas como o karting, a Formula 1, o Mundial de Ralis, o Mundial de Endurance e a Formula E, competição elétrica.

A tentativa séria de colocar estes desportos - que se iniciou com Jean Todt, e Felipe Massa é o embaixador da FIA junto do Comité Olímpico - mostra que, por um lado, as coisas começam a ficar flexibilizadas, mas por outro, não no sentido de se modificar ou rasgar a Carta Olímpica. E ainda por cima, nestes tempos que correm, há modalidades dentro do olimpismo, mais tradicionais, como o halterofilismo, o boxe, a luta greco-romana, estão ameaçados de exclusão devido aos imensos escândalos de doping, especialmente vindos dos países do antigo bloco soviético, que levaram ao extremo de colocar a Rússia fora dos Jogos, devido ao "doping" estatal, muito antes da invasão russa da Ucrânia, em 2022. 

Quer o automobilismo, quer algumas das aspirantes a integrar o programa olímpico são modalidades onde os casos de doping são escassos, e quando acontecem, o tipo de drogas são mais no sentido do relaxamento - a grande maioria são cannabis, uma droga que está no processo de legalização nos Estados Unidos, Brasil e Alemanha, e já é legal no Uruguai, Canadá, México e África do Sul - do que as habituais drogas de performance, muito encontradas nas modalidades acima referidas. 

O grande problema será este: o Comité Olímpico exigirá o quê em troca da inclusão do automobilismo nos Jogos? Eletrificação total de todas as categorias? Se sim, o espírito da Carta Olímpica estará a ser respeitada? E se for excluída, alguma das modalidades será adequada para os tempos que vivemos? É que o Comité Olímpico Internacional deseja neste momento modalidades que atraiam os jovens para assistir às competições, como tem agora o BMX, o skate, o surf, a escalada e em 2024, o brakedance. O automobilismo, apesar de querer acompanhar os tempos, e dar todas as chances a todos os pilotos, terá de ser convincente para poder, não só entrar, como ficar por muito tempo no programa olímpico. 

Esse é o grande desafio.