Mostrar mensagens com a etiqueta Espanha. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Espanha. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

As imagens do dia



Precisamente duas décadas separam estas imagens. E nelas estão pai e filho. Quando o pai, Tiago Monteiro, entrou no carro, o filho sequer era nascido. E sequer sabemos se o destino será o mesmo. Mas uma coisa é certa: em 2025, o filho de Tiago, Noah, será piloto de monolugares, correndo num Formula 4 pela Campos, na melhor competição dessa categoria, a Formula 4 espanhola.

Enquanto se prepara para a época oficial, Noah já está em ação no F4 Spanish Winter Championship, uma competição de pré-temporada que lhe permite ganhar ritmo e experiência antes do arranque do Campeonato Espanhol de F4.

Estou muito feliz com esta estreia e com o trabalho que temos vindo a fazer. O objetivo é continuar a evoluir e aprender o máximo possível nesta primeira temporada na Fórmula 4. Quero agradecer à Campos Racing pelo apoio e confiança, bem como a todos os que me acompanham nesta jornada”, afirmou Noah Monteiro

Isto é simbólico, e claro, todos os olhos estão nele, para saber se é bom ou melhor que o pai. Andou bem no karting, ganhando corridas e campeonatos importantes, é certo, mas agora são os monolugares e isto é algo diferente. Mas o mais interessante nisto tudo é que, em 2025, estão a reaparecer portugueses no automobilismo, principalmente nos monolugares. Já passou uma década desde gente como Filipe Albuquerque e António Félix da Costa andaram por lugares como a Formula 3, e foi em 2009 que estiveram pilotos como Albuquerque e Álvaro Parente, por exemplo. 

Este tempo de ausência não foi muito bom para os nacionais, que precisam de ir constantemente para os monolugares para saber qual deles é que tem a sorte de chegar à elite das elites: a Formula 1. E mesmo que não cheguem, há agora outras modalidades em expansão, como a Endurance, IndyCar Series e a Formula E. Talento e dinheiro neste retângulo à beira-mar plantado não faltam, gente com bom planeamento também, e pistas para treinar não faltam. 

Agora temos algo diferente, único entre nós: um piloto, filho de um ex-piloto de Formula 1, a subir a escada rumo ao topo do automobilismo. Resta saber se tem talento para merecer entrar numa elite do qual muito poucos conseguem chegar. 

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Youtube Formula E Testing: Uma volta em Jarama

A Formula E está a testar esta semana em Jarama, depois de o lugar inicialmente previsto para os testes da pré-temporada, o circuito Ricardo Tormo, em Valência, ter ficado inutilizado por causa das inundações do passado dia 30 de outubro. O facto de terem conseguido fazer estas coisas é um feito de logistica do qual se tem de tirar o chapéu.

Neste vídeo em particular, faz-se o resumo dos três dias - acabou nesta sexta-feira com o teste com as mulheres-piloto - onde se fez esta montagem de uma volta à pista de Jarama, com os carros das equipas que fazem parte da competição. 

A Formula E começará dentro de um mês, em São Paulo. 

sábado, 2 de novembro de 2024

Noticias: Teste da Formula E deslocado para Jarama


O teste da Formula E, que normalmente acontece no circuito Ricardo Tormo, em Valência, será deslocado para o Autódromo de Jarama, e acontecerá entre os dias 5 e 8 de novembro, bem como o teste com as mulheres-piloto, para a mesma altura. Para além disso, a prova de MotoGP, previsto para 17 de novembro, foi cancelado e acontecerá noutra data e local a marcar. 

São estas as consequências da tempestade Dana, que aconteceu no passado dia 30 de outubro, que causou, até agora, 205 mortes, com mais de dois mil desaparecidos. É provavelmente uma das piores tempestades que Espanha conhece em mais de um século. 

No comunicado oficial da competição, afirma-se que nesta altura, efetuar tal coisa por ali seria uma distração pouco compreensível. 

"Embora possa ter sido possível avançar logisticamente, é importante não criar quaisquer distrações ou utilizar recursos valiosos que seriam muito mais bem servidos apoiando a comunidade local.", começa por se ler. "Assim, tomámos a decisão de garantir um local alternativo, e o Circuito del Jarama, em Madrid, irá receber o Teste Oficial de Fórmula E da FIA e o Teste Feminino na próxima semana, agendado de terça-feira, 5 a sexta-feira, 8 de novembro. O calendário completo do evento será confirmado oportunamente, à medida que enfrentamos uma série de desafios logísticos e operacionais que determinarão se será possível transferir as nossas operações de teste para Madrid dentro deste prazo." continua.

O teste da Formula E servirá como banco de ensaio dos Gen3 Evo, e evolução dos atuais bólidos da competição elétrica, com a capacidade de recarregamento. A nova temporada começará a 7 de dezembro, em São Paulo, no Brasil.

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

As duvidas sobre Valência


A tempestade que abateu ontem sobre a região de Valência, que causou destruição massiva e com enorme perda de vidas - 95, no momento que são escritas estas linhas, no inicio da tarde desta quinta-feira - está a causar dúvidas sobre a realização de diversos eventos ao longo do próximo mês no circuito Ricardo Tormo. Se a pista em si não sofreu danos de maior, os acessos a ela estão destruídos.

No próximo dia 7 de novembro se espera que comecem os testes da Formula E, cujo campeonato começará dentro de seis semanas, em São Paulo, e no fim de semana de 17 de novembro, teremos o GP de Valência de MotoGP. Apesar de nada ainda não tenha sido dito nesse sentido, as chances de cancelamento de ambos os eventos são altas.

Durante a tempestade, diversos membros das equipas da competição elétrica estavam na pista e acabaram por passar a noite nas instalações do circuito, por causa dos danos nos acessos, logo, não houve danos pessoais a lamentar nesse campo. Agora, a pista e as suas instalações, localizadas na região de Cheste, nos arredores da cidade, estão a ser usados como centro de coordenação para as equipas de emergência.

A tempestade, de seu nome Dana, causou a queda do equivalente a um ano de chuva na região em pouco mais de três horas, no final da tarde de quarta-feira. Milhares de carros foram arrastados pelas euxurradas, porque aconteceu cerca das 18 horas, hora de ponta, e muitos foram apanhados nas ruas e viadutos, sendo arrastados por alguns quilómetros. As autoridades locais decretaram como área de catástrofe e o exército foi mobilizado para resgatar pessoas presas nos escombros.  

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

A imagem do dia


A corrida de Jerez, no calendário de 1994, foi um improviso. Inicialmente, deveria ser a primeira corrida da temporada europeia, a 17 de abril, mas o calendário foi alterado e a corrida de Aida entrou ali. Nesse calendário tinha também o GP da Argentina, que deveria acontecer no Autódromo Óscar Galvez, em Buenos Aires, mas acabou por ser alterado. Ou seja, quando esta pista foi retirada, não ficou muito tempo à espera: iria ter as máquinas e os pilotos a rolarem naquela parte do sul de Espanha.

Sempre se soube que a Williams queria um nome sonante, depois dos eventos de Imola. Frank Williams queria, Bernie Ecclestone também, logo, convencer Nigel Mansell a correr na parte final da temporada, para ajudar Damon Hill a chegar ao título, foi a melhor aposta. Mas ao longo do verão, enquanto multidões aplaudiam o regresso do "Velho Leão", o jovem David Coulthard, fresquinho dos seus 23 anos, menos 18 que Mansell, tentava fazer o seu trabalho, e com o segundo lugar na corrida anterior, em Portugal, parecia ter merecido um lugar permanente para o resto da temporada e para 1995, que era importante.

Contudo, antes do GP europeu, soube-se que o Leão seria o piloto para as três etapas finais. Sim, tinha mostrado algumas coisas em terras americanas, mas em muito menor escala do que na sua temporada de campeão, em 1993. E com ele ao volante, a confiança dos outros em ver no cockpit e interferir na batalha pelo título contra um Michael Schumacher que ia regressar, depois das duas corridas de suspensão, após a desclassificação na corrida belga, parecia estar um pouco a afundar.

Aliás, já existiam cartazes a dizer: "Mansell, continuas a ser bom, mas dá as chaves do carro ao Coulthard!". A idade estava a chegar a todos...  

Mas a Formula 1, em 1994, estava orfã de nomes e precisava de tudo. Dali a dois dias, iria saber até que ponto ele continuava a ser competitivo, no alto dos seus 41 anos... 

sábado, 22 de junho de 2024

Formula 1 2024: Ronda 10, Barcelona (Qualificação)


Depois da ia à America, onde foram se divertir à chuva no Circuit Gilles Villeneuve, em Montreal, a Formula 1 regressa à Europa, para correr em Barcelona, para o GP de Espanha. Décima corrida do campeonato, quase metade da temporada. 

Com as duas semanas que serviram para respirar um pouco - tem de ser, a seguir teremos três fins de semana seguidos de Formula 1! - a grande noticia foi a contratação de Flávio Briatore como conselheiro da Alpine, 15 anos depois do "Crashgate" (ou Singaporegate), com a indignação geral por uma equipa de Formula 1 o ter contratado, e ainda por cima, uma equipa que já foi a Renault. O que poucos sabem é que Briatore foi banido da Formula 1 por alguns anos e não "para sempre" e não regressou desde que o banimento terminou porque... não quis. E a Alpine, em agitação desde há algum tempo (surgiu esta semana o rumor de que poderia terminar com o seu próprio programa de motores!), pensou um "perdido por cem, perdido por mil".    

Cerca de duas horas antes da qualificação, agitação no motorhome da McLaren: um pequeno incêndio agitou as coisas de forma a que os bombeiros foram chamados, e o incêndio foi apagado rapidamente. Curiosamente, 12 anos antes, a Williams sofreu um incêndio nas suas boxes minutos depois de Pastor Maldonado ter ganho a sua corrida. Será um estranho sinal de boa sorte?  


Com o céu encoberto, mas o asfalto quente - cerca de 37ºC - os carros foram para a pista, com o objetivo da marcar os seus tempos. Até aqui, tudo normal. Nos primeiros minutos, Max marcou o tempo de 1.12,306, na frente do seu companheiro de equipa, Sérgio Pérez. Os McLaren colocaram os seus tempos, atrás de Max Verstappen, mas Lando Norris, segundo na grelha de tempos, vem a 80 centésimos. Mas logo a seguir, Charles Leclerc conseguiu melhorar o tempo e subir para o topo da tabela, com 1.12,257 com o seu Ferrari.

Os carros regressaram à pista nos dois minutos finais da primeira sessão, a ali alguns pilotos conseguiram melhorar os seus tempos. Lewis Hamilton conseguiu 1.12,143, mas as melhoras não são suficientes para mudar a grelha de forma dramática nas primeiras filas. Atrás, os azarados oram os Racing Bulls de Yuki Tsunoda e Daniel Ricciardo, os Williams de Alex Albon e Logan Sargent e o Haas de Kevin Magnussen. Em contraste, Zhou Guanyou consegue o seu primeiro Q2 da temporada no seu Sauber. 


Poucos minutos depois, começou a Q2, e nos primeiros momentos, os pilotos foram à pista marcar os seus tempos, com Max a ser um dos últimos a ir para a pista. Ele acabou por marcar 1.11,653 para ficar com o melhor tempo, batendo por 219 centésimos o McLaren de Lando Norris. Sainz e Oscar Piastri estavam logo atrás na tabela de tempos.

Na parte final dessa fase da qualificação, com os pilotos todos na pista, Hamilton aproximou-se com 1.11,792, seguido por Russell, com o tempo de 1.11,812, mas não conseguiram desalojar o Red Bull. E se alguns melhoraram, entre eles os Alpine de Esteban Ocon e Pierre Gasly, entre os que ficaram com a fava, estiveram os Aston Martin de Fernando Alonso e Lance Stroll, os Sauber de Valtteri Bottas e Zhou Guanyou e o Haas de Nico Hulkenberg

E assim, passamos para a Q3. 

Nos primeiros tempos, Max marcou o seu território, marcando 1.11,673, e mesmo que Norris, Hamilton, Russell ou Lecelrc terem feito o seu melhor, não conseguiram bater o neerlandês da Red Bull. Parecia que ele iria conseguir mais uma pole-position na sua conta, e nos três minutos finais, com o neerlandês fora da pista, Sainz Jr. e Leclerc melhoraram os seus tempos nos seus Ferraris, mas o neerlandês conseguiu 1.11,403 e tudo indicava que ele ficaria na pole. 


Mas Lando Norris tinha um ás na manga e dando o seu melhor, conseguiu um tempo 20 centésimos mais rápido, e nessa volta sensacional, conseguiu a pole-position! Quem diria: nas últimas quatro corridas, quatro "polesitters" diferentes! 

E fico a matutar: no dia em que Pastor Maldonado ganhou a sua corrida pela Williams, em Barcelona, em 2012, houve um incêndio na garagem. E Lando Norris conseguiu a pole-position algumas horas depois da motorhome da sua equipa ter pegado fogo. Será que para conseguir aquele algo a mais, precisam de estímulos... incendiários? 


Enfim, amanhã, a corrida promete ser interessante. Isto se o Max não passar o Norris antes da primeira curva.  

terça-feira, 12 de março de 2024

WRC: Canárias recebe o WRC a partir de 2025


O Rali das Canárias foi anunciado neste final de semana que irá fazer parte do Mundial de Ralis em 2025 e 2026. Depois do Rali da Catalunha ter estado no WRC entre 1991 e 2022, com duas exceções, 1994 e 2020, o rali espanhol do Mundial de Ralis passará em 2025 para as ilhas Canárias, que se estreia na competição depois de há muitos anos fazer parte do Europeu de Ralis.

A chegada do Rallye Islas Canarias ao WRC é a recompensa de muitos anos de trabalho”, começou por afirmar Germán Morales, o Diretor Executivo do Club Deportivo Todo Sport, promotor do evento. "Foi o objetivo desejado por muitas gerações, e agora em conjunto com o WRC Promoter foi possível atingir", continuou.

Este será o terceiro rali a se estrear no calendário no WRC na próxima temporada, depois da Letónia e da Polónia. Haverá mais um rali a estrear-se no calendário, na América do Sul, e o favorito será o Paraguai. Um rali em asfalto, igual ao que existia na Catalunha, acontece essencialmente nas estradas da ilha de Gran Canaria, provavelmente com centro na sua maior cidade, Tenerife. Resta saber quantos mais ralis entrarão - fala-se de Irlanda, outro rali em asfalto - e claro, saber quem sairá do calendário, com a Estónia a ser a primeira vítima. 

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Será que veremos o GP de Madrid?


Não vou dizer o que penso sobre o circuito, senão vão-me levar para a prisão”.

O nome da Dani Juncadella pode não dizer muito a muita gente, mas as declarações do piloto espanhol sobre o circuito que foi apresentado no anuncio do GP de Madrid, que poderá acontecer em 2026, numa pista desenhada no parque de exposições de Madrid, o IFEMA, evidenciam as dúvidas que existe em muita gente em relação à realização deste Grande Prémio nesta pista. Parte em ruas, parte em traçado novo, a F1 afirma que será excitante porque 90 por cento das pessoas poderão se deslocar atrawés da rde de metro, autocarros ou simplesmente, a pé. 

Algo do qual David Coulthard tem as suas dúvidas. 

"A minha conclusão foi que 90 por cento dos adeptos podem ir para lá de transportes públicos”, disse o ex-piloto escocês ao Total-Motorsport.com. “É tudo muito bonito para os políticos e para os verdes, mas não creio que seja a primeira coisa em que os adeptos das corridas pensam quando vão a um grande prémio. Tive de me rir quando vi essa ser uma das justificações para a candidatura de Madrid.

O desenho da pista faz lembrar muito Valência, um circuito que existiu entre 2007 e 2012, acabando por ser abandonado a sua sorte, e muitos receiam que isto seja outro "elefante branco" no qual o contrato seja cancelado antes de tempo - recorde-se, foi assinado até 2035 - e acabe por ter a mesma sorte que o circuito mediterrânico.

E para acumular as desconfianças, o impacto económico deste Grande Prémio. Santiago Nino Becerra, economista, afirma que se o governo pagar a taxa anual de 60 milhões de dólares, o dobro de Barcelona, duvida que o impacto de 450 milhões de euros que o governo de Madrid anunciou, possa acontecer. Ele afirma que na capital catalã, o impacto anual é de 250 milhões. 

Para além disso tudo, o próprio desenho do circuito está a causar algumas dúvidas sobre a sua realização. O vice-presidente da Real Federación Española de Automovilismo (RFEDA), Joaquín Verdegay, analisou a versão virtual do traçado do futuro palco do Grande Prémio de Espanha e recomendou algumas alterações, considerando perigoso o local onde se prevê que sejam colocadas bancadas: a curva que será construída de raiz terá um banking de... 30 graus. Maior que Zandvoort, nos Países Baixos, que tem 17 graus. 

A única diferença [para os restantes circuitos citadinos] é que somos designers de circuitos, esta pista vai levar os pilotos e os carros ao limite”, disse Jarno Zaffelli, o diretor executivo da Dromo, empresa que desenvolveu o projeto e construirá o circuito junto ao IFEMA.

Verdegay, em declarações à publicação Soy Motor, disse que, como está, algumas coisas tem de ser alteradas, em nome da segurança. 

As bancadas à esquerda, à saída da curva, parecem-me perigosamente próximas, porque se acontecer alguma coisa, a força centrífuga faz com que o carro salte para a esquerda”, começou por afirmar.

Outro lugar a ter em conta são das passagens por baixo dos túneis que serão construídos, que também preocupa o vice-presidente da federação espanhola, pois no caso do primeiro túnel, “o facto de ser um túnel bastante longo e de se chegar em apoio. Penso que seria necessário tentar reduzir ao máximo a velocidade de entrada para que o túnel pudesse ser passado com um carro nivelado. Tenho a sensação de que não é esse o caso e isso, sinceramente, preocupa-me”. Verdegay ainda afirma que a não existência de escapatórias suficientemente largas em algumas curvas também é motivo de preocupação. 

É bom saber que os problemas comecem a ser apontados agora para que depois não haja coisas que sejam de resolução quase impossível e esta transferência para a capital espanhola, a primeira em 45 anos, não termine num fracasso retumbante. 

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

A imagem do dia


Esta imagem é das vésperas do anuncio da corrida de Madrid no calendário da Formula 1. Encontrei na conta do Sérgio Milani, um dos narradores da WEC no Brasil - ao lado de Rodrigo Mattar e Felipe Meira - peguei nele e comentei o seguinte na ex-rede social do passarinho azul:

"Sabem qual será a grande ironia? A Formula 1 ir para as cidades, em circuitos semi-permanentes, e a Formula E ir para os circuitos permanentes. Não acreditam? Esperem mais uns anos e verão."

É evidente que a Formula 1 quer seguir uma pegada de neutralidade carbónica. Eles falam que até 90 por cento dos 110 mil espectadores que poderá acolher poderão ir até lá usando os transportes públicos - a rede de metro de Madrid tem mais de cem anos e é das melhores da Europa e do mundo - e o facto de a experiência de Las Wegas ter sido um êxito, irá puxar para que, no futuro, a Formula 1 tenha no calendário dois tipos de pistas: as que estão dentro de cidades, mas permanentes, como Imola ou Loasil, no Qatar, e pistas de rua, desde o Mónaco, Singapura, até Jeddah, na Arábia Saudita, ou as americanas, como Miami e claro, Vegas.

Ao ver o desenho, faz lembrar Adelaide, na Austrália, e claro, Miami. Mas a aposta da Liberty Media é muito recente, é uma tendência que tem poucos anos. Algumas das pistas estão agora a passar pelos síndromas do "segundo e terceiro anos", ou seja, passado o efeito novidade, onde os preços ficam estratosféricos e todos querem vir aqui, as bancadas ficam com menos de metade da capacidade e os preços tendem a cair bastante, para atrair gente. Foi o que aconteceu com Miami e a própria Las Vegas.

Em contraste, a Formula E, que tinha com objetivo correr nos centros das cidades, decide expandir e ir para as pistas permanentes. No ano passado, foi a Portland, nos Estados Unidos, e com a aposta nos recarregamentos, a acontecer em... Misano, em Itália - uma pista permanente - com eles a apostarem nisso para dar maior emoção às corridas, e com o Gen4 a aparecer, em principio, em 2026, não ficaria admirado se eles aproveitarem as pistas de Grau 1 da FIA para irem correr em fins de semana duplos. Algumas pistas, especialmente na Europa, poderão estar a espreitar essa competição para os acolher. 

Poderá ser esse um vislumbre do futuro? Depende da tecnologia. E ainda acho que a competição elétrica ainda é muito pequena e muito nova para competir com os mais velhos. 

O que dará esta aposta da Liberty Media? Há algo que fica evidente. A primeira, é que querem arrecadar já em 2024 até três mil milhões de dólares de receitas, quase o dobro dos 1,8 mil milhões que a Formula 1 arrecadava quando comprou e Bernie Ecclestone e a FOM, em 2017. E no caso da "capital do pecado": com controlo total de todos os aspetos da organização, desde a construção até à bilheteira, passando pelo Paddock Club, onde os bilhetes para os muito ricos custam um mínimo de 10 mil dólares - o equivalente de um Dacia básico ou um Mercedes em segunda mão - e ali, a Liberty poderá ganhar algumas dezenas de milhões de dólares. Se replicarem essa formula a outros lugares, esse objetivo poderá estar mais perto. 

E claro, falta o elefante na sala. E Barcelona? Tudo indica que poderá cair. Mas a Liberty poderá pensar seriamente na ideia de uma segunda corrida em Espanha, como aconteceu não há muito tempo, com Valência, também uma pista semi-permanente num lugar da cidade. O governo da Catalunha está disposta a ficar com a corrida, mesmo depois do contrato acabar, em 2025. Palco do GP de Espanha desde 1991, altura em que a pista de Montmeló foi construída, nos últimos anos tem windo a ser criticada por ser uma pista aborrecida, e para piorar as coisas, a sua localização, a mais de 35 quilómetros do centro da cidade, e os seus acessos insuficientes - uma auto-estrada e pouco mais - não tem vindo a ajudar a reunir e escoar os mais de 80 mil espectadores que vão assistir à corrida todos os anos, por alturas de maio. Ter uma pista no meio da capital espanhola poderá ser bom, mas numa nação federal como aquela, os catalães poderão ver isto como uma apropriação do "poder central" e uma "facada" nas autonomias.  

A combinação é interessante e poderá ser uma porta para um futuro a médio prazo. O problema é que quem sai a perder serão as pistas tradicionais, na Europa, e que se situam "no meio de nenhures". Ou seja, um Magny Cours, nos dias do futuro, não mais irá acontecer. Não se tiver uma auto-estrada, uma linha férrea de alta velocidade, um aeroporto internacional e todos os hotéis de cadeias internacionais a menos de um quilómetro da pista. Pode ser uma combinação para a Arábia Saudita e num dos seus projetos "faraónicos".      

Noticias: Madrid recebe a Formula 1 em 2026


A Formula 1 anunciou esta terça-feira que irá para Madrid em 2026, numa pista semi-citadina, a ser construída no IFEMA, o parque de exposições da capital espanhola. Será o regresso da competição, depois de 45 anos de ausência, altura em que a competição foi pela última ocasião, neste caso em concreto, ao circuito de Jarama.  

Segundo apresentado na conferência de imprensa desta manhã, na capital espanhola, Stefano Domemicalli, o CEO da Formula 1, afirmou que o regresso da competição a Madrid abre um novo capitulo na competição:

Madrid é uma cidade incrível, com um património desportivo e cultural espantoso, e o anúncio de hoje inicia um novo e entusiasmante capítulo para a Formula 1 em Espanha”, afirmou Stefano Domenicali no anúncio de hoje. 

Depois, acrescentou: “Gostaria de agradecer à equipa da IFEMA Madrid, ao Governo Regional de Madrid e ao Presidente da Câmara da cidade por terem apresentado uma proposta fantástica. É um verdadeiro exemplo da visão da Fórmula 1 de criar um espetáculo desportivo e de entretenimento de vários dias que proporcione o máximo de benefício para os fãs e abrace a inovação e a sustentabilidade”.

Do lado da organização, o alcalde de Madrid, José Luis Martínez-Almeida, afirmou o que a chegada da Formula 1 representa para a capital espanhola.

"É com grande satisfação que anunciamos que a Fórmula 1 chega à Comunidade de Madrid, a uma região e a uma capital que despertam abertura e confiança dentro e fora das nossas fronteiras. Somos o motor de Espanha. Este evento, que será seguido por 70 milhões de pessoas, resultará num aumento de mais de 4500 milhões de euros no PIB madrileno e criará mais de 8200 empregos. A Comunidade de Madrid é uma região com uma grande projeção internacional, aberta, plural e competitiva, e a Formula 1 contribuirá para consolidar ainda mais a marca Madrid entre as melhores do mundo", afirmou o autarca madrileno.

Com a mudança do GP de Espanha para Madrid, com um contrato de 10 anos - até 2035 - os promotores locais e a Formula 1 esperam poder receber mais de 110 mil pessoas por dia, acrescentando que existem planos para aumentar a capacidade do circuito para 140.000 por dia ainda nos primeiros cinco anos do contrato. Estando perto do aeroporto Adolfo Suarez - Barajas, a organização acredita que o traçado é bastante acessível, estimando que até 90 por cento dos espectadores possam viajar de transportes públicos ou a pé. Para além disso, a organização promete uma receita anual de 450 milhões de euros e um paddock coberto. 

Quanto a Barcelona, apesar deste anuncio poder indicar que é o fim do GP de Espanha por lá, ambas as partes estão em negociações para continuar a receber a Formula 1 depois de 2026. 

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Esta estória do GP de Madrid


Madrid, a capital de Espanha e um dos centros económicos da península Ibérica - cerca de quatro milhões na sua área metropolitana - não tem uma corrida de Formula 1 há 42 anos, quando eles correram pela última vez no circuito de Jarama. Contudo, isso poderá mudar em breve com o anuncio - próximo, segundo dizem algumas fontes - de uma pista citadina perto do parque de exposições da cidade, o IFEMA. A acontecer, não só significaria a saída do GP de Espanha de Barcelona, onde está desde 1991, sem interrupções, como também significaria a primeira corrida noturna no continente europeu, e aparentemente, a tendência que a Liberty quer colocar na Formula 1 do futuro: um espetáculo para um sábado - ou domingo - à noite. Como fizeram agora a Las Vegas. 

Contudo, neste fim de semana em Baku, na Gala dos Prémios da FIA, Carmelo Sanz de Barros, Presidente do Senado da FIA e responsável máximo do Real Automóvil Club de España (RACE), afirmou que a Federação Espanhola não recebeu qualquer proposta para analisar e fazer chegar à FIA.

Como presidente da RACE, o que é que posso dizer? A última vez que Madrid teve Formula 1 foi em 1981. Ter a Fórmula 1 em Madrid é um desejo de muita gente, mas penso que, e esse é o risco destas coisas, há um processo claro para ter um Grande Prémio num lugar, e não acho que o processo esteja a ser seguido, nem que os passos do processo tenham sido dados, ao contrário do que se pode ler”, afirmou.

Há um processo que temos de respeitar e há outras pessoas à espera. E, para além disso, temos a situação política espanhola com o governo, porque também tenho lido muito sobre Madrid estar a tentar roubar [a Formula 1] a Barcelona, a tentar matar Montmeló, ou coisas do género. Até agora, nada. E isso é outra coisa que temos de avaliar melhor.  Espanha pode ter duas corridas no calendário? Sim, temos três nos Estados Unidos, temos duas em Itália. Porque não? Já as tivemos antes? Sim. É fácil? Não. É possível? É possível, mas até agora, com toda a procura [a Formula 1 tem], não me parece que vá ser fácil”, concluiu.

Manuel Aviñó, presidente da Federación Española de Automovilismo e vice-presidente da FIA na Europa, segue o mesmo diapasão de Sanz de Barros, afirmando que nada recebeu de concreto. 

Quando a federação espanhola considera que este projeto é válido e que está interessada, encaminha-o para a FIA. Porquê? Porque estamos a falar de qualquer circuito citadino e, em casos como este, a primeira coisa a fazer é homologar, certificar, coisas do género. Quem faz todo este processo? A FIA. A federação espanhola não recebeu nada, portanto não canalizou nada para a FIA, a FIA não recebeu nada. Ninguém, nenhum engenheiro, ninguém tem estado a trabalhar até agora neste projeto que tem sido noticiado na imprensa nos últimos dias”.


A conclusão que se chega poderá ter a ver com o que se passa entre a Liberty Media e a FIA. As tensões que estão a aparecer entre Mohamed Ban Sulayem e a Liberty Media, agora dirigida por Stefano Domenicalli, estão a fazer especular sobre a chance de acontecer uma cisão entre ambas as entidades. Com cada vez mais a Formula 1 a ter sucesso e a procura a aumentar - há especulações sobre uma oferta de compra da Arábia Saudita - o poder de controlar é cada vez maior. E com a FIA sempre a ficar de lado nos tempos de Bernie Ecclestone-Max Mosley, a tentativa de controlo do que resta por parte da entidade máxima do automobilismo é algo do qual as equipas não acham muita graça. E a polémica do conflito de interesses entre Toto Wolff e a sua mulher, Susie, do qual todas as equipas manifestaram a sua solidariedade, afirmando que nenhuma delas denunciou o eventual conflito, deixando grande desconfiança da parte da FIA, passa a ideia de que por aquelas bandas, a paz já foi embora há muito.

E ainda mais, o gesto de Lewis Hamilton de entregar o troféu de terceiro classificado a um fã na noite da Gala da FIA, mais do que um gesto de generosidade, poderá estar a ser interpretado como um gesto simbólico de desprezo por parte das equipas para a FIA. 


A Formula 1 já esteve em situações de conflito em 1980 e 2009, e sempre se evitou a cisão ao último momento, porque cabeças mais frias prevaleceram. Curiosamente, um dos momentos de colisão entre ambas as entidades foi precisamente... em Madrid, no GP de Espanha de 1980, que viu a retirada da Ferrari, Renault e Alfa Romeo, e as equipas FOCA a correrem. A FIA retaliou considerando a corrida como "pirata" e os seus resultados não contaram para o campeonato. 

Contudo, a Liberty Media pode olhar para o exemplo da IndyCar como o de uma organização de equipas que construiu uma competição de sucesso sem interferência de entidades superiores. Aliás, a IndyCar não precisa da FIA para sancionar o seu calendário, por exemplo. Aliás, foi o primeiro de três corridas polémicas, com boicotes - os outros dois foram o GP da África do Sul de 1981 e o GP de San Marino de 1982 - e a cisão foi evitada com o primeiro Acordo da Concórdia. 

E a Liberty Media é americana, só para avisar...

Quanto a esta história de Madrid e das declarações dos responsáveis das federações, se calhar é uma maneira de afirmar que nestas coisas, a FIA ainda tem o seu poder. E não sabemos quem tem a faca e o queijo na mão em coisas como Super-Licenças, por exemplo...

Em suma, cenas dos próximos capítulos. E claro, que cabeças mais frias prevaleçam.    

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

A imagem do dia (II)





Gentleman drivers, aventureiros com a paixão da Formula 1 sempre existiram. Mas no final dos anos 70 e inicio dos anos 80, isso tinha diminuído bastante por causa da quantidade de equipas que apareciam, que preenchiam as grelhas de partida, e faziam os seus próprios chassis. Mas existiam um ou outro privado, com a sua própria estrutura, gerindo os chassis dos outros. E nesse final dos anos 70, existia na Grã-Bretanha um campeonato nacional, o Aurora Series, onde pilotos corriam em chassis com um ou mais anos, experimentando as máquinas mais potentes, caso viessem da Formula 3 ou Formula 2, e claro, tentar a sua sorte na categoria máxima do automobilismo.

Um dos pilotos era o espanhol Emílio de Villota. Nascido a 26 de julho de 1946 em Madrid, desde 1972 que competia internacionalmente, primeiro nos GT's com o Seat 124, e depois, a partir de 1976, nos monolugares, com a ideia de participar na Formula 1. A última tentativa espanhola tinha sido quatro anos antes, com o catalão Alex Soler-Roig, que correram com Lotus, March e BRM, sem resultados.

De Villota chegou à Formula 1 no GP de Espanha de 1976 com um Brabham BT44B inscrito pela RAM Racing - curiosamente, ao lado de outro espanhol, Emílio Zapico, que corria num Williams FW04 - e ambos não conseguiram se qualificar. De Villota continuou nos anos seguintes, montando uma equipa e correndo com um McLaren M23, em 1977, antes de se virar para a série britânica, onde correu com um Lotus 78 em 1979, vencendo e andando na luta pelo título. 

Em 1980, ele tinha um Williams FW07, um dos carros do momento, e pretendia participar no GP de Espanha, que iria acontecer a 1 de junho. Mas nessa altura, a Formula 1 estava ao rubro com uma guerra entre a FISA e os construtores, representados pela Formula One Constructors Association, ou FOCA, dirigidos pelo patrão da Brabham, Bernie Ecclestone. Em causa estava uma multa de dois mil dólares aplicada aos pilotos que não participaram na conferência de imprensa do GP do Mónaco. As equipas queriam pagar a multa, mas Jean-Marie Balestre, o presidente da FISA, fez questão que os pilotos pagassem, caso contrário, seriam excluídos. A coisa ficou tão quente que existia o risco real de cancelamento do GP de Espanha, que iria acontecer a 1 de junho, e só com intervenção do rei Juan Carlos I que isso não aconteceu. 

Como se resolveu? Tirando a corrida das mãos da FISA e colocando no da RACE, o Real Automóvil Club de España. Logo, deixa de estar no calendário da Formula 1.

Contudo, houve repercussões. As equipas FISA - Ferrari, Renault, Alfa Romeo - retiraram-se, Balestre afirmou que esta corrida seria retirada do calendário, não contaria para os pontos, e apenas 22 pilotos alinharam, todas FOCA, e todos com motor Cosworth. E isso incluiu De Villota, no seu Williams. 17º na grelha, em 22 carros - ficou na frente dos Fittipaldi! - a corrida começou pelas 16 horas, depois de um atraso de duas horas por causa de se tentar chegar a um acordo de última hora entre as duas partes. 

Quando a corrida começou, debaixo de um calor de 38ºC, Carlos Reutemann fica na frente, sendo perseguido por Alan Jones e Jacques Laffite. E à medida que as voltas aconteciam, os carros não resistiam ao calor. Problemas de travões, e motores a explodirem faziam encolher o pelotão. Reutemann e Lafite lutam um contra outro na corrida... 

Até que na volta 35, ambos encontram o Williams de De Villota. Que ia levar com uma volta de atraso.

Quando ele viu Reutemann nos espelhos, meteu-se por uma linha interior para que o argentino passasse. Mas Laffite aproveitou a oportunidade para tentar uma manobra arriscada e bateu na traseira do Williams do espanhol. Na manobra, Reutemann foi também atingido e os três acabam por desistir. Os dois primeiros no momento, o espanhol algumas curvas mais tarde. 

No final, Alan Jones ganha a corrida. Apenas seis carros chegam ao fim, e no dia seguinte, a FISA considera que a corrida não conta para os pontos. Aliás, a FISA multou todas as equipas em 1400 dólares cada uma. 

De Villota voltaria a correr em 1982, num March, em cinco corridas. Não se qualificou em nenhuma delas, e entrou na história para ser o último privado a participar em corridas de Formula 1. 

Hoje conto a sua história para homenagear a a sua filha, Maria de Villota, que morreu faz agora 10 anos, um ano depois de um acidente com um chassis da Marussia, no Reino Unido, ter causado fraturas cranianas e a perda do seu olho direito. A autora hispano-venezuelana Rocio Romero escreveu hoje um texto em sua homenagem.

domingo, 3 de setembro de 2023

A imagem do dia


Quase ao mesmo tempo do GP de Itália, em Monza, não muito longe, em Barcelona, acontecia o GP da Catalunha de MotoGP. E se no primeiro caso, a partida foi sem história - aparte a largada abortada por causa do carro de Yuki Tsunoda, parado na berma na volta de aquecimento - no segundo caso, foi bem diferente. Três pilotos caíram na primeira curva, e na frente, Francesco "Pecco" Bagnaia caiu com estrondo, depois de ser cuspido da sua Ducati, e ficou no meio da pista, sendo atropelado pelo KTM de Brad Binder

Temeu-se o pior, numa grave lesão, mas depois de ser assistido no centro médico do circuito, um comunicado afirmou que “nada de grave se detetou nos dois pilotos”.

"O Francesco [Bagnaia] teve um politrauma grave, uma moto atropelou-o na região femoral e tibial. Fizemos radiografias e detetámos uma pequena lesão que não sabemos se é atual ou antiga", explicou o médico Angel Charte, referindo que a necessidade de uma TAC fez encaminhar o piloto para o hospital.

"A nível craniano, torácico e abdominal, esteve sempre normal. Estava consciente e orientado", disse o mesmo responsável médico ao canal DAZN. Outro dos pilotos que caiu na primeira curva, o italiano Enea Bastianini, sofreu uma fratura no tornozelo esquerdo e no segundo metacarpo da mão esquerda. Será operado nos próximos dias.

A corrida foi neutralizada com bandeira vermelha, e mais tarde, nova partida, acabando com a vitória de Aleix Espagaró, num pódio cem por cento espanhol, completado por Maverick Viñales e Jorge Martin. Miguel Oliveira foi quinto.  

O motociclismo é, em muitos aspectos, uma atividade ainda mais arriscada que o automobilismo. Há maior risco de quedas, e dependendo de como caem, uma ocasião como a da partida, os pilotos estão mais expostos a lesões graves. Na semana passada, no Brasil, dois pilotos morreram depois de uma queda ter atingido o piloto que caiu e ficou indefeso perante um pelotão que o tentava evitar no meio da pista, não evitando o impacto de outro piloto, que o atingiu em cheio e ficou inconsciente no local. Apesar dos socorros dos médicos, paramédicos e enfermeiros, ambos os pilotos acabaram por morrer. 

A velocidade, seja em duas ou quatro rodas, é excitante. É verdade que os pilotos nas suas rodas estão mais expostas que as de quatro, mas o momento do acidente é aquele onde a nossa respiração fica em suspenso, onde rezamos pelo melhor, mas tememos pelo pior.   

quinta-feira, 8 de junho de 2023

Youtube Formula 1 Video: As comunicações de Barcelona

O fim de semana espanhol pode não ter sido... histórico em termos de corrida propriamente dita, mas ao longo do fim de semana, aconteceram algumas coisas dos quais mereceram a escolha do pessoal da Formula 1 para este vídeo que mostro a seguir.   

terça-feira, 6 de junho de 2023

Youtube Formula 1 Vídeo: As atribulações de Valência

A certa altura da história da Formula 1, Espanha recebeu dois circuitos. Um era em Barcelona, outro era num sitio mais abaixo: a cidade de Valência, a terceira maior do país. Em 2008, os carros chegaram e começaram a correr numa pista à beira-mar, do qual, aparentemente, criou sucesso.

Contudo, alguns anos mais tarde, o governo local decidiu acabar com o contrato antes de tempo e e pista ficou abandonada, especialmente quando existia outro circuito a menos de 30 quilómetros dali, o Ricardo Tormo, usado pela MotoGP até aos dias de hoje... e é um circuito permanente. 

E é sobre a história deste circuito que o Josh Revell decidiu contar no vídeo de hoje. 

domingo, 4 de junho de 2023

Formula 1 2023 - Ronda 7, Barcelona (Corrida)


Depois de uma qualificação sensacional, do qual tirou muitas dúvidas sobre quem ganhará hoje, existiam duas dúvidas a seguir: a primeira, será que com um carro muito bom e um piloto muito motivado, a Red Bull ganhará todas as corridas de 2023 - não acredito, nem eles mesmos acreditam - e a segunda é saber será que choverá na hora da corrida, e se sim, irá afetar de alguma maneira a performance de Max Verstappen e dos energéticos. 

Um aviso condicional sobre a última parte: provavelmente não. O neerlandês voador é também bom à chuva.  

Antes da corrida, soube-se que o Ferrari de Charles Lelcerc e o Williams de Logan Sargent iriam arrancar das boxes, o último por causa de uma troca na suspensão do seu carro. Também existiam ameaças no carro de Lando Norris, o terceiro da grelha, por causa de uma das rodas, mas os mecânicos da McLaren resolveram a situação a tempo. 

Claro, as expectativas eram grandes por causa do segundo posto de Carlos Sainz Jr.  que era o segundo na grelha, atrás do - aparentemente - imbatível Max Verstappen, cada vez mais o neerlandês voador desta Formula 1 atual. E quanto às paragens nas boxes, falam entre duas e três, dependendo da degradação dos Pirelli.

E na hora de começo da corrida, as nuvens estão presentes, mas a ameaça de chuva estava longe.  


Na largada, Max foi-se embora, seguido por Sainz Jr., que chegou a colocar o carro ao lado do neerlandês, mas ele levou a melhor na primeira curva. Norris queixava-se de ter sido tocado, e ia às boxes no final da primeira volta, caindo para o fim da grelha. E mais atrás, Pérez tentava recuperar lugares para ficar onde merecia estar: entre os da frente. 

Detalhe: os Red Bull eram os únicos que andavam com os médios, com o resto do pelotão a andarem de moles. Os carros energéticos, por causa disso, iriam parar mais tarde, ficando mais tempo na pista - benéfico para Pérez, por exemplo - e se calhar, abririam mais para a concorrência. 

Na volta 7, Hamilton já era terceiro, depois de passar Stroll, e na frente, Max já tinha quase quatro segundos de avanço para a concorrência. Pérez, entretanto, já estava nos pontos, e por alturas da volta 15, já começavam a trocar de moles para duros. Sainz trocou de pneus na volta seguinte, e o segundo posto era agora de Hamilton. E depois, era Leclerc a ir para as boxes, trocando para moles, quando tinha partido da corrida... de duros.  Quanto a Alonso, trocou de boxes na volta 20, e Hamilton, na 25, Pérez na 28 e Max na 30. 

E entretanto, a chuva poderá estar a chegar. Todos no pitlane andam a ver os radares, e outros andam a olhar para os céus, para saber se já caía ou não pingos de chuva. Russell chegou até a perguntar se já chovia, porque tinham aparecido uns pingos no seu capacete. Afinal, era apenas suor. 


E na corrida, enquanto Max ia-se embora, parecendo que já estaria noutro fuso horário, atrás, Russell queria mostrar que os Mercedes eram melhores que, por exemplo, os Ferrari. E ambos os pilotos já tinham passado o espanhol para serem segundo (Hamilton) e terceiro (Russell). 

E nos céus... poucos minutos depois, todos chegaram à mesma conclusão: a ameaça não passaria disso mesmo. Não iria chover, a monotonia iria ficar até, se calhar, à bandeira de xadrez.

Alonso parava na volta 45 para colocar duros, uma volta depois de Leclerc ter também ido às boxes para colocar... duros. Enfim, estratégias. Russell parava na volta 46, para colocar moles e elevar o ritmo, e Hamilton, bem como Pérez, entravam na 51ª passagem pela meta. Restava Verstappen, intocável, na frente, e de duros. Max trocaria pouco depois, para colocar moles. Aliás, os quatro primeiros andariam nesse composto, se calhar, até à meta. 

E houve consequências: volta 55, o mexicano passava Sainz Jr para ser quarto e tentava apanhar os Mercedes. Na parte final, ele tentou apanhar Russell para chegar ao pódio, mas acabou por não acontecer. 


Na frente, Hamilton ganhava sem história e consolidava a sua liderança. O neerlandês voador, com a sua máquina energética, mostrava o seu domínio e a cada corrida que passava nesta temporada, parece que o tricampeonato é uma questão de tempo. Contudo, com os Mercedes a ocuparem os dois outros lugares do pódio - Pérez não chegou a tempo da apanhar Russell - parece que os Flechas de Prata, embora ainda não consigam apanhar os energéticos, agora começam a solidificar na segunda posição, passando os Aston Martin, que foram apenas sexto e sétimo, incapazes de apanhar a concorrência. 

Aliás, pela segunda vez na temporada, Fernando Alonso não ia ao pódio.

Agora que o pesadelo acabou, adiante para o Canadá. Que tem uma reputação... absolutamente contrária.   

quarta-feira, 31 de maio de 2023

Noticias: Barcelona pode ser chuvosa


O GP de Espanha poderá ser a segunda corrida seguida onde a chuva poderá fazer a sua aparição. Segundo as previsões meteorológicas para o próximo fim de semana, se seta e sábado não há grandes novidades a não ser sol e temperaturas amenas, no caso de domingo, as coisas mudam de figura, com uma chance de até 75 por cento de chuva pelas 13 horas, alturas do inicio da corrida.

Desconhece-se (ainda) e intensidade da chuva, mas a última ocasião onde houve pista molhada foi em 1996, e foi o lugar da primeira vitória de Michael Schumacher ao serviço da Ferrari, e foi uma das melhores demonstrações da sua habilidade como piloto. 

Até ao fim de semana, muito poderá mudar.   

quinta-feira, 11 de maio de 2023

A imagem do dia


Esta semana passaram-se 30 anos sobre a realização do GP de Espanha de 1993, em Barcelona. Não foi uma corrida emocionante, mas se formos ver bem o pódio, composto pelo vencedor, Alain Prost, pelo segundo classificado, Ayrton Senna, e pelo terceiro, Michael Schumcher, estávamos a assistir a algo que apenas aconteceu numa ocasião: os três melhores pilotos de uma parte da história da Formula 1, e do automobilismo em geral, juntos. Ao todo, estiveram três pilotos, cujas carreiras, somadas, deram 14 títulos de campeões do mundo, 183 vitórias, 166 pole positions, 340 pódios e 137 voltas mais rápidas.

Pode ser que apareça algum dia - se calhar já apareceu - um pódio com gente que superará esse palmarés, mas até agora é este o total acumulado. Estou a observar gente como Lewis Hamilton e Max Verstappen, mas o terceiro homem é o que me ilude (ainda).

Como disse acima, não foi uma corrida para recordar. Barcelona nunca foi um grande circuito - por muito que se tente mudar o seu layout - e as corridas que ficam na memória são as que aconteceram à chuva. Quando aparece um tempo quase veranego na Catalunha, muitas das vezes, o aborrecimento está à esquina, e o único motivo de interesse foi quando o motor Renault de Damon Hill explodiu na volta 41, quando lutava pela segunda posição com Senna. E mais tarde, na parte final da corrida, quando Schumacher tentou aproveitar uma má paragem de Senna e pressionou o brasileiro para ficar com a segunda posição, mas sem sucesso. 

E para além disso, este foi o lugar onde Michael Andretti conseguiu os seus primeiros pontos na Formula 1, com um quinto lugar, mas a uma volta do vencedor. 

Contudo, até ali, havia um problema: tirando Kyalami, todas as corridas tinham sido disputadas em condições anormais. E este era a primeira corrida em condições primaveris. Se dúvidas tinham sobre a possibilidade de Williams e Prost para serem campeões, de uma certa forma, os três primeiros e Damon Hill mostraram a hierarquia do campeonato daquele ano. O tempo assim iria mostrar. 

Mas ainda iriamos assistir a mais alguns... milagres. Não iria ser uma temporada aborrecida.  

sábado, 25 de março de 2023

A imagem do dia


Carmen Jordá é daquelas poucas pessoas que pode-se dizer que estava no desporto errado. E as suas atitudes também não ajudaram muito no preconceito que muitos tem em relação às mulheres ao volante. A piloto espanhola nunca teve uma carreira por ali além, e depois de uma passagem pela GP3 em 2012, e ter posado al lado de um Lotus de Formula 1 - com a promessa de dar umas voltas em Paul Ricard - nunca mais deu nas vistas. 

Até agora. Ela regressou, mas pelas piores razões: atropelou uma pessoa. Duas vezes.

O incidente aconteceu no passado dia 9 de março, à porta de uma clinica em Madrid mas foi denunciado no dia 15. A discussão aconteceu porque Jordá estava a fazer um tratamento estético, que lhe custou 300 euros. Ela disse que não iria pagar, e discutiu com a proprietária. Quando ela saiu do edifício, esta colocou-se à frente do carro de Jordá, que não hesitou em passar por cima. Duas vezes. 

Levada ao hospital, diagnosticaram-lhe ferimentos ligeiros, apesar de ter sido projetada no impacto para outros carros no parque de estacionamento da clinica de tratamento. 

À Telecinco espanhola, a vitima explicou o que aconteceu:

Carmen ligou o carro, engatou a marcha atrás, batendo várias vezes no meu corpo. Fui até ela para informar se ela estava ciente da barbaridade que estava fazendo, e ela respondeu: 'Se eu estiver te atropelando, saia da frente'”, explicou a mulher, antes de ser atropelada... a seguir.

Fui arremessada uns três ou quatro metros. Caí sobre os veículos que estavam estacionados do outro lado. Após estes acontecimentos, Carmen Jordá saiu do local às pressas, conduzindo com a porta do passageiro aberta”, acrescentou.

"Desde que tudo aconteceu, sofro de ansiedade generalizada, estou muito nervosa, tenho dificuldade de dormir, tenho um comportamento apático. Eu não sinto vontade de conversar ou sair. Não consigo encontrar uma explicação lógica para o comportamento de Carmen Jordá.", concluiu.

No caso de Jordá, não comentou os eventos nos quais ela provavelmente não saiu muito bem na fotografia. . 

quarta-feira, 8 de março de 2023

A imagem do dia


A imagem é algo granulada - foi tirada do Twitter - mas como hoje é o Dia da Mulher, e como já passaram três dias do começo do mundial, creio que seria a altura ideal para fazer uma homenagem de admiração à pessoa, por muita razões. E como gosto dos meus amigos (e amigas), creio que merecem.

Conheço-a há uns bons 11 anos. Algures em 2011, ela me contactou, primeiro para elogiar uns artigos que tinha escrito sobre o centenário de Juan Manuel Fangio - não tenho certezas disso, mas creio que sim - mas tenho a certeza que, mais tarde nesse mesmo ano, ela me contactou porque queria fazer um blog, semelhante ao meu. Lá ajudei, e a nossa amizade é desde então.

Quando fez isso, ela estava radicada no Rio de Janeiro. Depois "segui-a", virtualmente, para muitas paragens: Vietname, Qatar, e soube que agora está em Ourense, a meros 400 quilómetros do lugar onde moro. Mas, mais do que aplaudir o sucesso dos meus amigos - e amigas - o que ela tem de especial é ter ido para um lugar que tem como um dos seus marcos a estátua de um piloto de ralis, Estanislao Reverter, e o construtor de um dos carros mais míticos, o Alpinche, o Alpine com motor Porsche. Afinal de contas, passa agora meio século sobre os seus feitos que capturaram a imaginação de meia Espanha, antes de Carlos Sainz Sr. 

Para mim, aquela foto é fantástica porque, para mim, já são dois motivos para visitar Ourense. E também voltar a passear pela Galiza, uma região que sempre gostei de visitar. E também, espero eu, conversar sobre o desporto que tanto amamos. 

Para ela, a Rocio, desejo-lhe em particular um feliz Dia da Mulher (embora aqui entre nós, são 365 dias da Mulher, 366 nos anos bissextos). Mas sobretudo, para as muitas outras que tive o prazer em conhecer, virtualmente e em carne e osso, mundo fora - uma minoria mais significativa que julgam - saúdo-vos afirmando: viva o automobilismo, viva!