Mais uma semana, mais um blogue que gosto de visitar, ao ponto de lhe ter passado esta batata quente. Descobrir, tecla a tecla, o piano da Isabel Mendes Ferreira é uma experiência tão saborosa quanto o seria sentarmo-nos na rosa de pedra de Paulo Neto, que hoje abre o blogue, a ouvir a música que desata a tocar mal chegamos (sobre esta, tive pena de não encontrar informação de título e intérprete).
É difícil caracterizar este piano. Ao ler as entradas que o vão preenchendo, sinto-me, acima de tudo, desafiado. Tenho a sensação de que a autora lança reptos, fragmentos cuja coerência nos cabe encontrar - e há sempre uma! -, combinando-os ou complementando-os com o que nos vier ao espírito. As imagens são grandes e absorvem-nos o olhar (tenho a sorte de ter um monitor grande no meu local de trabalho), sobressaindo do fundo preto. As palavras mudam de corpo, tipo de letra e tamanho, obrigando o pensamento a acertar agulhas, e há silêncios _________ llansolianos.
O blogue mantém um grande número de entradas online. Não tem lista de links nem arquivo (é pena), apenas o perfil da autora, que tem mais um blogue, de acesso restrito, e colabora noutro. Um périplo pelos conteúdos mais recentes traz-nos corpos e pedras debaixo do céu, esqueletos e lágrimas férteis, serpentes luso-francesas à beira-mar, esboços a preto e branco, travos e trevos de fogo, a sereníssima Veneza e anjos ao ocaso. Continuaremos a saltar pelas brancas e pelas pretas, Isabel. Felicidades!