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quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

O voo da codorniz (XXXVc)

Eixo Rua da Lapa-Rua Raul Brandão
Baleal, Portugal

(continuação disto, que era sequela daquilo e que fica por aqui)

Os réveillons do Baleal evoluem com o tempo. Recordo o de 2000-2001, em que houve festa no Clube (e banho para mim, claro, às cinco da matina), depois de opíparo jantar numa tasca ferreleja. Antes desta ainda demos um salto a um velório em Lisboa, para nos despedirmos de um grande amigo, Avô de uma prima que tinha vindo passar o Ano Novo connosco e acabou por dizer adeus à festa mais cedo...

Estive, depois, vários anos sem dobrar a meia-noite na ilha. Celebrava-a entre nuestros hermanos, quando por cá ainda eram onze. Só regressei ao Baleal, feliz, para entrar em 2008).

A festa começou na "casa biológica" e cedo se alargou à "casa por afinidade". Ao jantar na Travessa Hyde Catanho de Menezes, com amigos, seguiu-se a folia na Travessa Major Baltazar, com muitas outras famílias à mistura. Dançava-se na exígua sala do Duarte. Cada um que chegava trazia mais uma garrafa de espumante. E a cereja no topo do bolo foi a visita à Guida Formosinho, que reunira todo o clã para comer as passas. Bonito de se ver!

Foi tão bom que, este ano, repetimos quase o mesmo modelo. Instalados noutro poiso, não menos familiar, e juntando ainda mais família do que da vez anterior, gozámos de vários dias de ar, terra, água e fogo balealenses, com outros périplos pelo Oeste - Toxofal de Baixo, Atouguia da Baleia, Óbidos...

A passagem de ano propriamente dita compôs-se de jantar courtesy of João Maria & Cláudia, meia-noite na Ginha, berraria frente à praia, com forte representação dos primos Baltazares, e música numa tenda que alguns comerciantes locais montaram no parque de estacionamento por trás do Clube, y compris quiosques de cerveja, DJ e conjunto piroso/rockalhada. De avós a bebés de meses, foi com alegria e sem pensar em crises que demos as boas-vindas a 2009.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A carol a day keeps the doctor away (XXI e último)


Dia de Reis, de bolos-reis e romãs. Prazo de validade das Boas Festas. Última data possível no carimbo dos correios. Altura de assumir o Novo Ano e de guardar os enfeites com cuidado até ao próximo Natal. Que virá sempre.

Vivo com feliz melancolia o dia de desfazer a árvore de Natal (perdão, as três cá de casa!). Centro num abeto que não morrerá e num Christmas Pudding que não terá tanta sorte o agradecimento às pessoas, coisas e lugares que fizeram este Natal.



Home Alone Children's Choir, My Christmas tree
(composto por John Williams)

Galeria dos Santos Reis Magos

Albrecht Dürer

Andrea Mantegna

Antoni Gaudí

Brenda York
Carol Heyer

Diego Velázquez


Domenikos Theotokopoulos El Greco

Filippino Lippi

Fra Angelico
Giotto di Bondone

He Qi

Hieronymus Bosch

Jacopo Tintoretto

Kazuya Akimoto

Lanre Buraimoh

Leonardo Da Vinci

Pavel Filonov

Peter Paul Rubens

Pieter Brueghel, o Velho

Pieter Brueghel, o Novo

P J Crook

Raffaello Botticini


Robert Revels


Sandro Botticelli

A carol a day keeps the doctor away (XIX)

As Festas estão a chegar ao fim. Encheram-me as medidas, diria que roçaram a perfeição. E, apesar das correrias, em nada foram complexas. Talvez resida nisso o seu segredo. É como com as Janeiras: não vale a pena inventar quando a perfeição já foi atingida pelo querido e saudoso Zeca...

Zeca Afonso, Natal dos simples
(ao vivo no Coliseu dos Recreios, 29 de Janeiro de 1983)

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O voo da codorniz (XXXVb)

Pedras Muitas, Baleal, Portugal


(continuação disto)
Um dos encantos de entrar no Ano Novo em solo balealense é a pausa que a ilha oferece entre o ciclo que acaba e o que vai começar. Os dias antes e depois da Grande Noite são de partilha, descanso, risos e, em o tempo permitindo, passeios. Às Pedras Muitas, Almagreira ou mais longe, ao Forte, a Óbidos, ao lado de Peniche, ao Toxofal, à volta da ilha, ao café, a casa dos primos, onde quisermos.

Tabuleiros de Monopólio ou Pictionary, mesas com shisha ao meio (ou narguilé, nome que prefiro), baralhos de cartas, livros, leitores de DVD, chávenas de chá ou cálices de ginjinha, mantas quentes, máquinas fotográficas, cadernos para escrever e leitores de MP3, guitarras e livros com letras de canções estão entre os acessórios mais cobiçados. Todos gostavam de ter o que não trouxeram, mas as redes de toma-lá-dá-cá ou dá-cá-que-o-dono-não-está funcionam bem.

Foi quando nos preparávamos para ir buscar entreténs deste género, há dez anos, que o Gonçalo Formosinho nos gritou, do quarto dos rapazes, onde tinha ido buscar o casaco, pois caía uma chuvinha molha-tolos: "Epá, venham cá, preciso de ajuda!". O segundo e meio de que dispusemos para imaginar que raio de carga nos ia pedir para levarmos não durou mais do que isso... corremos para o pátio e descobrimos o motivo da aflição: o quarto dos rapazes estava a arder!

A culpada? A proverbial humidade da ilha, que obrigara a acender um velho aquecedor a gás para secar os colchões. Houve o cuidado de colocar aquele longe destes, mas uma labareda mais atrevida fugiu da resistência e atirou-se aos colchões e aos cortinados. Acto contínuo, uns telefonaram para os bombeiros, outros ligaram a mangueira, conseguiu-se arrastar o aparelho para fora do quarto e a chuvinha molha-tolos ajudou a arrefecer os ânimos (mas não impediu a querida Lija Baltazar, de quem guardo tão boas recordações, de ir para a sua varanda, do outro lado da travessa, de guarda-chuva em punho, para ver o que se passava).

Balanço final: uma cama queimada, armários enegrecidos, cortinas para o galheiro. O impulso de ir não-sei-onde buscar não-sei-quê surgira no momento certo, impedindo estragos maiores. E os reflexos do Gonçalo evitaram o prejuízo mais temmido: a guitarra eléctrica recém-trazida pelo Pai Natal. Foi por um triz, disseram os bombeiros, que a botija de gás não rebentou. O dia seguinte foi passado a pôr tudo em ordem e a verdade é que ninguém que entrasse no quarto após a nossa labuta diria que lá houvera um fogo. Ficou tudo impecável e nem sei se o Avô Nico chegou a saber do incidente. Mas deviam ter visto as nossas caras de pânico quando na manhã seguinte (a de um dia passado a limpar, a pintar, a arrumar) apareceu, sem aviso prévio, a Bli, tia de vários intervenientes. Perante a atrapalhação de quem lhe abriu a porta, e antes de saber do sucedido, só dizia: "Eu estou só de passagem, nem entro. Os meninos estão cá à vontade, não quero saber nada do que andam a fazer...".

Ainda hoje nos rimos ao recordar este episódio rocambolesco. O quarto dos rapazes já não está lá, a casa velha dos Formosinhos também não, mas há nisto tudo coisas que não morrem...
(a saga das passagens de ano no Baleal termina amanhã)

domingo, 4 de janeiro de 2009

O voo da codorniz (XXXVa)

Eixo Formosinho Sanchez-Baltazar-Catanho de Menezes
Baleal, Portugal


A codorniz voa pela ilha onde tem andado pousada e dá voltas à memória para responder à pergunta do Miguel: como é o réveillon no Baleal? Alonga-se a codorniz, como de costume, e há que dividir a resposta em várias partes. Três devem chegar; eis a primeira.

Para este teu amigo, meu caro, a passagem de ano na ilha já assumiu vários formatos. Quando era adolescente, reuníamo-nos na casa velha dos Formosinhos (hoje cratera arrepiante onde florescem toscos de nova casa). Vinham a maioria dos 11 primos dessa família (Bernardo, Guilherme, Marta, Gonçalo, Pedro, Henrique, Carmo, Maria), o Vinícius e as primas Joana e Diana (Baltazar-Holbeche Beirão), a Nica e o Pedro Teixeira Duarte, um ou outro Formosinho "lá de trás", a minha irmã e eu. Alguns trazíamos namorad@s (alguns, hoje, mulheres e maridos, babados pais e mães) ou amig@s (Mariana Furtado, Pitu, JP, Maria João, Maria Ana, Margarida, Pedro Castanheira, to name but a few...). Éramos umas dezenas, em suma. Nem todos dormíamos naquela saudosa casa, mas era ali o centro dos festejos. Reproduzia-se o ambiente de Agosto, quando o querido Nico Formosinho abria a porta a três gerações de várias famílias, que vinham ver o Herman José, nos tempos em que ele tinha graça. Do sofá ao pátio, com as janelas abertas, tudo era casa.

A ementa do jantar de 31 de Dezembro era Tunatta Balealense, único prato que conheço nado e criado na ilha, à base de esparguete e atum (fica para outro dia a história desta iguaria e para outro, ainda, a narração de um incêndio à chuva). Cozinhávamos o Vini e eu, que éramos dos primeiros a chegar à ilha, lá para 27 ou 28 de Dezembro. Era das poucas vezes no ano em que ir ao supermercado me divertia... e lá se conseguia um repasto que saía a 200 paus a cada comensal. Os extras iam sendo trazidos por todos; havia bebida a rodos, acepipes vários, guitarras eléctricas e jogos de sociedade.

A contagem decrescente para a meia-noite gerava discussão entre aquele cujo relógio já dizia 00:01 e o outro, que ainda ia nas 23h58. O desempate acabava ditado pela televisão e alguém pegava num pequeno gongo que por lá havia para assinalar o dobrar do Cabo das Tormentas, enquanto outro alguém fazia saltar a rolha do champanhe. Vínhamos para a rua, abraçávamos quem saía de outras casas, víamos gente que não sabíamos que estava no Baleal, tirávamos fotografias, bebíamos, comíamos e comíamos e bebíamos. Soou mal? Sabia bem...

Era no meio desta loucura toda que o PTD e eu íamos ao banho. Suscitávamos gargalhadas a uns, exclamações de "loucos!" a outros, palavras solidárias a mais alguns. O mergulho era e continua a ser um rito, sendo que àquela hora não tinha, sequer, o carácter purificador de hoje, quando dado de manhã. Se intoxicados entrávamos na água (e como, de comida e bebida, em doses suficientes para tornar desaconselhável a empreitada!), intoxicados saíamos e, pior, dispostos a prosseguir a intoxicação após um duche quente, como aliás os que ficavam na areia ou no muro a ver. Não me lembro de acidente mais grave do que a ressaca ou beijinhos a putativas (ou não) caras-metades.

A festa terminava umas horitas mais tarde, decapitada pelo grito de alerta d@s desgraçad@s que tinham de estar em Lisboa à hora do almoço (nunca fiz parte desse grupo, graças a Deus!). Se o sol ou a luz dele apareciam por trás da Almagreira, era preciso começar a limpar. Sim, que aquela casa e as demais ficavam impecáveis, como as tínhamos encontrado. Depois, os mais sortudos prolongavam o idílio por uns dias, a um ritmo mais pausado, mas nem sempre menos disparatado...
(continua)

sábado, 3 de janeiro de 2009

A carol a day keeps the doctor away (XVIII)


ABBA, Happy New Year

É justo encontrar na selecção natalícia deste ano um buraco para estes tipos. Andou meio mundo a cantarolá-los, graças a um filme muito divertido e a músicas deliciosamente pirosas, como diz uma amiga minha. No final da holiday season, apetece-me (ou não) cantar como eles:

It's the end of the party
And the morning seems so grey

Dá-se, felizmente, o caso de estar num sítio onde as manhãs cinzentas nunca assustaram ninguém. E onde o fim de uma festa costuma anunciar o começo da próxima. Só cá estar já é isso tudo.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A última loucura do Ano Velho


Baleal, 31 Dezembro 2008



Cinzento-mar?
Cinzento-céu?
Cinzento-nuvem?
Cinzento-chuva?
Cinzento-onda?
Cinzento-areia?


Cinzento-mergulho!


Baleal, 1 Janeiro 2009

Estes three little birds ou mais ficaram a ver da rocha, mas houve quem me acompanhasse no ritual. Sem desvendar o corpo de tão encantadora sereia, partilho convosco o canto da mesma, para que vos deixeis levar. O ano está a começar tão bem que apetece dizer: Every little thing is gonna be alright!




Ana Knapič, Three little birds

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Feliz 2009 para todos!


Ginette Reno, Vive le vent

Vive le vent, vive le vent
Vive le vent d'Hiver
Boule de neige et Jour de l'An
Et Bonne Année, grand-mère!

Com um beijinho especial para as grand-mères, grandpères e compères que o ano defunto consagrou.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Bom ano para todos!

M.C. Escher, Moebius strip II

Janeiro

Janeiro é o começo
Da continuação de um ciclo
Que damos por terminado
Quando ainda continua

Em Janeiro amanhecemos
Para o indeterminado
Fazemos votos ao sol
Saímos à noite para a rua
Mas o sol que nasce é o mesmo
E à noite virá sempre a lua


Lisboa, Janeiro 1996

domingo, 30 de dezembro de 2007

Banho catártico


Já está. Fez doer os ossos, mas soube bem. O meu banho de Ano Novo (que às vezes, como desta, é de Ano Velho) foi no Baleal, num dia de sol a autorizar a manga curta, embora o mar fizesse jus à fama glacial que se lhe cola. Por entre surfistas de todos os tamanhos e idades, deslizava um caiaque aventureiro. Sem fato, só eu. Mergulho efémero, com passeio às Pedras Muitas como aperitivo, e um doce largartear ao sol, no pátio, como digestivo. A redenção final foi na banheira...

O ritual voltou, assim, à ilha que o acolheu durante muitos anos de adolescência. Era quase sempre às cinco da manhã do dia 1, com quantidades de comida no bucho e álcool no sangue a desaconselhar tal loucura. Nessa altura, éramos vários a cometê-la, por vezes au naturel. Nos últimos tempos, tornou-se um acto solitário, embora acompanhado por um olhar solidário. Azul, como o mar. Verde, como o mar. Cinzento, como o mar. Depende das marés e do céu.

No ano passado, dei este mergulho numa praia horrível de Marbelha cujo nome já esqueci. Há dois anos, na Concha de San Sebastián, num repente, com restos de neve sobre a areia. Riazor, na Corunha, e a mediterrânica Barceloneta também se revelaram excelentes anfitriãs. Mas em nenhuma tive a sensação de regresso à sopa primitiva que o Baleal me dá. A vida renasce, como o ano. E os ritos vão-se repetindo e renovando.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Depois da tempestade

Ao fim de uma data de anos, troco as uvas frescas por passas, que é como quem diz que a meia-noite do dia 31 não vai ser passada em Espanha, como de costume, mas em território nacional. Ou na 18.ª comunidade autónoma, como gosto de dizer quando o interlocutor é demasiado anti-hermanos. É um gosto voltar a contar as badaladas no Baleal... por fazê-lo em português? Também, mas, acima de tudo, por ser a minha terra, a nossa. Aquela cuja independência quisemos proclamar, certo Verão, elevando a ilha a Principado e anexando, à passagem, Berlengas, Estelas e Farilhões.

A verdade é que ligo pouco a fronteiras e sinto-me em casa em muitos lugares deste mundo. E se foi da água que mais tive saudades quando fiz de Madrid mi ciudad, ela não vai faltar durante os próximos dias, quer se espraie como um lago diante do terraço, quer ande revolta como neste vídeo que o Tomaz Bairros me enviou há tempos, quer caia do céu às bátegas como uma purificação antes do novo ciclo. Nesse caso, até pode vir acompanhada de raios e trovões. Que eu cá tenho aquecedores, chá e mantinhas e quem me console.