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sábado, outubro 05, 2024

As Portadas na Entrada do "Corredor do Luís dos Galos"...


Já escrevi sobre esta gente, falsamente libertária, que depois da "ocupação" de espaços aparentemente abandonados - mas com dono -, tem o secreto desejo de construir por ali "condomínios fechados"...

Não foi de repente, foram chegando aos poucos. E hoje vivem dezenas de pessoas no Ginjal. Não fiz nenhum "recenseamento", mas acho que ainda não chegam à centena.

Ocuparam os espaços degradados e abandonados (a última família que ali viveu já saiu dali pelo menos há uma década), ou seja vivem aparentemente sem condições mínimas de habitabilidade (embora, "artistas" como são, lá fizeram as puxadas de luz da ordem, e electricidade é coisa que não falta. A água é que é um pouco mais complicada, tem de se usar o balde e o garrafão. Nada de preocupante, não por o Tejo estar ali mesmo ao lado, mas porque o "banho" está longe de ser a coisa mais importante para esta gente...).

Não estou muito preocupado com este aspecto (nem com nenhum, aliás...). Vivem como querem e como os deixam viver.

A única parte curiosa, é a história dos "condomínios fechados". Sim, ao longo dos mais de quarenta anos que conheço a entrada do "Corredor do Luís dos Galos", sempre foi um espaço aberto. Só hoje, é que tem portas... 

E no seu interior até já existe um "bar" e na parte de fora uma quase esplanada (já existem duas mesas e meia-dúzia de cadeiras...).

A liberdade sempre foi outra coisa. Aliás, "ocupação" nunca foi sinónimo de liberdade...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


quarta-feira, junho 05, 2024

A história da resistência associativa e operária na "Tertúlia de Abril"...


O testemunho mais real - e mais sentido - da Tertúlia de Abril" da Incrível, foi o de Mário Araújo. Mário falou da sua vida difícil, do lar pobre onde nasceu, da obrigatoriedade, por isso mesmo, de com dez, onze anos de idade, ter de ir trabalhar para ajudar a família, por muito que o professor insistisse com os pais que ele deveria continuar... Não era possível, não se podiam dar a esse luxo...

Crescer num mundo com tantas injustiças tornou-o Comunista. Como ele é um "Homem Colectivo" (escrevi um poema sobre ele com este título...), e sempre pensou nos outros, rapidamente se tornou um resistente activo. Começou a trabalhar para o Partido, dentro das colectividades e das fábricas. Recordou as "Escolas do Desportivo da Cova da Piedade" e o Gomercindo de Carvalho, todo o trabalho extraordinário que foi feito ao nível do ensino e também na consciencialização política. E claro, do João Raimundo, a grande referência da luta operária da Cova da Piedade.

Como é normal nestas coisas, acabou preso...

O mais curioso, é o Mário falar mais do muito que aprendeu dentro das prisões fascistas (Caxias e Peniche), que do que sofreu. E não quer esquecer, nunca, tudo o que viveu.

Depois na segunda ronda, falou da URAP (União dos Resistentes Antifascistas Portugueses), do contacto e da amizade com os Tarrafalistas, estes sim, os grandes resistentes do Salazarismo, que sofreram coisas inimagináveis em Cabo Verde, que era mesmo um "Campo de Morte Lenta". E também na sua importância nas escolas, no contacto com alunos e professores, para que não se "apague a memória"...

(Fotografia antiga do Caramujo, a grande zona industrial da Cova da Piedade)


quinta-feira, maio 30, 2024

O controlo operário na "Tertúlia de Abril"...


Nunca tinha ouvido falar do "controlo operário", de uma forma tão simples e aberta, como a que Joaquim Judas - o médico que foi presidente do Município de Almada - nos resumiu e testemunhou, desse memorável "Verão Quente", na "Tertúlia de Abril" da Incrível.

Foi a partir de 28 de Setembro de 1974 (onde se tentou inventar uma "maioria silenciosa"...), que as grandes famílias do antigo regime, perceberam que não iriam ter uma vida fácil, porque a transição democrática não seria a que Spínola e Palma Carlos tinham "desenhado" logo após o 25 de Abril. E é então que começam a descapitalizar as suas empresas, bancos e seguradoras, colocando o capital no exterior.

A banca terá sido das primeiras vítimas deste "logro", mas graças aos seus funcionários mais atentos, foi desmascarada. O caminho foi a nacionalização (que chegou tarde demais, porque muito capital já tinha sido "desviado"...). Empresas lucrativas e que continuavam a laborar normalmente, começaram a alegar dificuldades em pagar os salários aos seus trabalhadores. A única razão para que isso acontecesse era o tal "desvio" do dinheiro (que deve ter sido concertado pelo patronato)...

Augusto Flor também focou esta "novidade", que foi os operários trabalharem normalmente e deixarem de receber salários, dizendo que a Sociedade de Reparação de Navios, foi a primeira do País a colocar em prática esta "artimanha", contrarrevolucionária.

Claro que se devem ter cometido muitos excessos, durante as muitas acções do "controlo operário", mas se este não tivesse acontecido, o país teria parado, deixando as pessoas sem trabalho e sem dinheiro...

Foi um passo decisivo para se virar de vez a página do "país cinzento" e este passar a ter "todas as cores"...

(Fotografia de Vitor Palla)


sábado, abril 20, 2024

Ainda as "Bibliotecas Humanas" e Abril...


Uma das coisas que me espantaram na sessão de Abril das "Bibliotecas Humanas" desta semana que passou (e não devia, diga-se de passagem...), sobre a Resistência Antifascista em Almada, foram os testemunhos de dois "avôzinhos" que foram da extrema-esquerda.

Um deles, perante a passagem de fotografias da baixa lisboeta, poucos dias depois da Revolução, em que aconteceram autênticas "caças aos PIDE's", mostrou a sua indignação pelo tratamento que lhe demos (fiquei com a sensação de que por ele tinham sido todos levados ao "tribunal da justiça popular", como se tivéssemos deixado de ser um Estado de direito...). 

Tanto ou como outro, eram defensores da "luta armada" contra a ditadura (houve por ali uma crítica implícita ao PCP, que só fez surgir a ARA, depois do aparecimento das Brigadas Revolucionárias...).

Confesso que nunca percebi este argumento de "falta de sangue" na nossa Revolução. Mas pode ser um problema meu.

Cada vez estou mais convencido, que o que faltou, foi um maior escrutínio da democracia e dos novos democratas, principalmente no PREC. Embora essa seja uma das consequências de qualquer movimento revolucionário, foi das piores coisas que sucederam neste novo regime, A  transformação, em apenas dois ou três dias, de "furiosos marcelistas" (para não lhes chamar fascistas...) em "furiosos esquerdistas" (onde devem ter tido menos guarita foi no PCP, que tinha alguns critérios na angariação de novos militantes), não traz nada de bom a qualquer Revolução...

Ao ouvir estes dois testemunhos, percebi, mais uma vez, que foram estes elementos, "populistas e revolucionários furiosos", que deitaram tudo a perder. O 25 de Novembro de 1975 deve-se sobretudo aos seus "demandos", à sua acção nas cidades e nas fábricas, que estavam a partir o país ao meio. Cada vez tenho menos dúvidas de que sem o golpe (ou contragolpe...) militar do 25 de Novembro, haveria mesmo uma guerra civil, até porque haviam partidos e gente demais armada neste nosso canto da Europa.

E vou ainda mais longe, nestes nossos dias cada vez mais estranhos: não me admiro de todo, que alguns destes extremistas - que já foram tudo, desde fascistas a perigosos esquerdistas -, votem actualmente no Chega (nem que seja por vingança).

E não vale a pena insistir, que a democracia é outra coisa...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, abril 17, 2024

Visita a Exposição de Abril com Adeus a um Escritor de Abril e de Almada


Depois do almoço fui visitar a exposição, "25 de Abril de 1974, Quinta-Feira" (patente no "Museu de Almada, Casa da Cidade") com uma companhia agradável, num ambiente de Liberdade, proporcionado pelas fotografias cheias de história de Alfredo Cunha e também pelas nossas palavras.

Sabe sempre bem ver uma exposição e fazer de cada imagem deu um motivo para falarmos do que olhamos e também do que pensamos...

Já no final da visita recebemos uma má notícia, sobre o desaparecimento de António Policarpo, um dos escritores de Almada, que bem merece o epiteto de "Escritor de Abril", pelas suas origens operárias, pelo seu passado de luta e sobretudo pelo amor à história de Almada e pelo seu exemplo de partilha.

Quando o chamamos "Escritor de Abril", não nos referimos apenas aos vários livros que escreveu - de grande importância local. Recordamos sobretudo a sua abertura e disponibilidade para apoiar projectos de outros escritores. Conversámos sobre muitas assuntos, talvez mais sobre as Colectividades de Almada e a sua história. Também partilhámos saberes, porque nunca olhámos para a História como um compartimento fechado. E ainda bem.

Que o teu exemplo perdure, em Almada e no Mundo, mesmo que os tempos sejam de outros "ismos", António!

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, fevereiro 09, 2024

A liberdade colectiva e a "política asfixiante" socialista...


O problema dos blogues (e de quase tudo que não é uma obrigação), é que se deixarmos de escrever por uns dias, não temos grande vontade de regressar.

Posso sempre dar a desculpa, de continuar mais distante das questões locais que noutros tempos.

Mesmo assim, é impossível deixar de ligar aos desabafos de amigos, sobre a continuidade da "política asfixiante" socialista, sobre aquilo que continua a não dominar, como é o movimento associativista (nem sequer se dão ao trabalhar de fingir que apoiam, simplesmente não apoiam...).

Pensava que já tinha passado essa "febre" de destruir tudo o que parecesse "vermelho" (pois é, pode ser encarnado, como o Benfica...), mas parece que não.

Só posso lamentar esta perseguição à liberdade individual e colectiva, por parte de quem governa Almada, o que é muito pouco, eu sei...

Perseguição essa, que acaba por se reflectir na Cultura e no Desporto que é oferecida aos Almadenses.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, julho 12, 2023

Esta indiferença e indolência, em relação ao Poder Local, a cair no exagero...


O comentário de "Alma'Almada" ao último texto que escrevi, deixou-me a pensar.

Ele levanta uma série de questões, pertinentes e reais.

-Será que teremos de considerar Almada um concelho e uma cidade como casos perdidos?
- Saberão estes autarcas para que foram eleitos?
- Pensarão estes autarcas, só por terem sido eleitos, que sabem tudo e estão no procedimento certo?

E depois responde:

Eles sabem tudo... eles sabem tudo...
(E) não querem que os outros pensem, opinem, sugiram, critiquem construtivamente, façam "reparos".
São no fundo os construtores de um autoritarismo democrático para instauração de ditadura democrática porque chegaram ao poder por via do voto dito democrático.
Repudiamos estas atitudes e esta postura.

E eu fiquei a pensar, entre outras coisas, que talvez os almadenses estejam demasiado velhos e cansados para se revoltarem, para olharem à sua volta com olhos de ver (somos uma população cada vez mais envelhecida)... 

Uma boa parte dos jovens que se vêem na Cidade são originários de outros continentes (asiático e sul-americano). Para eles Almada é apenas um ponto de passagem...

E estamos condenados a isto...

Só penso é que este partido que governa Almada e o País, devia mudar de nome. Nem sequer é social democrata, quanto mais socialista.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


domingo, abril 23, 2023

A Mulher com Abril em Almada


Além da exposição comemorativa do 25 de Abril, "Vivências no Feminino", patente na Oficina de Cultura de Almada, praticamente todas as escolas do Concelho de Almada festejam a Mulher, Abril e a Liberdade.

É uma boa ideia, quando se comemoram 49 anos da Revolução de Abril, festejar a Mulher, porque ainda há tanto a fazer, na tal igualdade plena, entre o Homem e a Mulher, que persiste em ficar no papel...


segunda-feira, abril 25, 2022

"25 de Abril, Sempre!"


O grito, "25 de Abril, Sempre!", diz-nos, entre outras coisas, que o sonho do país  mais justo, ainda vive dentro de nós.

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


quarta-feira, fevereiro 02, 2022

Abril, a Indústria Naval e o Associativismo...


Tenho reflectido e escrito sobre o quanto crescemos nos últimos 48 anos (pois é, já vivemos em liberdade há praticamente tanto tempo como o que vivemos em ditadura...).

Crescemos muito, felizmente. Onde se notam mais diferenças é na saúde, na educação e na habitação (mesmo que ainda existiam lacunas...), que passaram praticamente a ser um direito de todos nós.

Claro que cada Terra tem as suas especificidades. Almada, por exemplo, sempre foi um concelho muito singular. E foi por causa dessas singularidades, que a liberdade e a democracia não lhe trouxe apenas coisas boas.

Há dois sectores, que pela importância que tinham na comunidade local, acabaram por ser as grandes vítimas do progresso: a Indústria Naval e o Associativismo. 

Os pequenos estaleiros, como nunca se tinham modernizado, foram fechando, por falta de trabalho e também pelo aumento da despesa em salários (o fim da exploração dos trabalhadores trouxe tudo a nu...). A Lisnave, apesar da sua grandiosidade, também nunca deixou de estar em "crise" (mesmo que muitas vezes fosse uma crise artificial,  provocada pela má gestão empresarial, que até se deu ao luxo de recusar encomendas de trabalho...). Estes encerramentos na indústria provocaram um vazio, que nunca foi colmatado no Concelho.

O Associativismo também acabou por ser "vítima" da democracia, porque foi perdendo a sua auto suficiência e independência, devido à melhoria das condições de vida dos habitantes do Concelho. O primeiro revés aconteceu com o fim do "monopólio" da projecção de filmes (as salas de cinema que existiam em Almada pertenciam todas a Colectividades e  era a sua grande fonte de receitas).  O 25 de Abril também deu a possibilidade a quase todas as pessoas de terem televisão e puderem contruir a sua biblioteca pessoal. Ou seja, a melhoria da qualidade de vida das pessoas, acabou por ir "esvaziando", de uma forma natural, a importância das Associações, culturais e recreativas, no dia a dia dos almadenses...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sábado, setembro 25, 2021

A História de Almada foi Construída através da Resistência e do Amor pela Liberdade


Não sei o que irá acontecer no final do dia de amanhã, em Almada. Acho que ninguém sabe. Sei apenas que quem vencer as eleições locais, ganhará com poucos votos de diferença. 

Isso podia fazer com que existisse alguma possibilidade de entendimento entre os dois principais partidos, mas a prática governativa socialista dos últimos quatro anos, diz-me que não existe qualquer possibilidade de entendimento entre o PS e o PCP, porque, entre outras coisas, têm ideias muito diferentes sobre o que querem para o presente e futuro do Concelho. 

Mesmo que me incomodem alguns hábitos antigos, de meia dúzia de pessoas que continua a gostar de decidir pelos outros (o que foi publicado no blogue "Almadalmada" é elucidativo...) sei muito bem em quem vou votar. 

Como associativista e activista cultural não posso apoiar quem prejudicou deliberamente o associativismo e a cultura local, fazendo demasiadas "pontes" entre Almada e Lisboa, tentando ignorar a existência de uma cultura local, como se fosse possível fazer de cada almadense um "alfacinha"...

Passados quase quatro anos, continuo sem perceber o encerramento de várias instituições museológicas no Concelho.  O Museu da Música Filarmónica é o caso mais estranho. Fechou as portas para não ser mais nada. Trata-se de uma infraestrutura recente, que tinha apenas um funcionário e que procurava fazer eco do passado musical e associativo de Almada, homenageando uma das suas grandes figuras, em particular. Isto ainda me faz mais confusão porque a presidente da Autarquia, como filha de um maestro, devia no mínimo ter mais respeito pela música instrumental de cariz popular e pelos músicos filarmónicos (a verdadeira escola musical do nosso país...).

Em relação ao associativismo, já escrevi demasiadas vezes sobre ele e sobre a "perseguição" de que foi vítima. Bastava uma associação ter nos seus corpos gerentes uma pessoa ligada ao PCP, para ser logo apelidada de "comunista" pela coligação PS/ PSD e receber menos apoio do que devia. Na minha prática associativa de 25 anos, nunca ninguém me perguntou qual o meu partido ou em quem votava. Posso acrescentar, como exemplo, que os valores colectivos de uma colectividade como é a Incrível Almadense (já são praticamente 173 anos de vida...) suplantam toda e qualquer minudência partidária.

Felizmente tenho memória e orgulho-me na ganga dos fatos de macaco dos operários, que são a essência da história de Almada, construída através da resistência e do amor pela liberdade.

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


domingo, abril 25, 2021

«Abril cumpre-se todos os dias»


Nunca esqueceu a frase curta, e tão simples, mas cheia de simbolismo, do homem que não precisava de usar um cravo, uma vez por ano,  para ser "Gente de Abril".

«Abril cumpre-se todos os dias.»

E continuou: «Abril é defendermos a nossa liberdade e a liberdade dos outros. Abril é gostar de viver em democracia.»

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sábado, abril 25, 2020

"Os Cravos de Abril"

E se nascessem cravos nas encostas do Ginjal (não seria nenhum "fenómeno do entroncamento", bastaria semeá-los...)? Era no mínimo, uma beleza...

Porque hoje se festeja a Liberdade e a Revolução, oferece-vos mais um poema e uma fotografia da minha exposição, "Cravos da Liberdade - Fotografias com Palavras":

Os Cravos de Abril

Sei que OS CRAVOS DE ABRIL
podem nascer em qualquer lugar
graças à luz e ao calor primaveril
que também se reflecte no nosso olhar

Sei que OS CRAVOS DE ABRIL
são as balas da nossa Revolução
que de tão pacíficas e certeiras
tocaram-nos em cheio no coração.

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

sexta-feira, abril 24, 2020

"Cravos Caídos"


Em 2014 fiz uma exposição individual de fotografia ilustrada, com Cravos (sempre presentes), algum Tejo e também algum Ginjal. Chamei-lhe "Cravos da Liberdade - Fotografias com Palavras".

Todos os que passaram em Abril pelo "Espaço Doces da Mimi", em Almada, puderam vê-la...

Cravos Caídos

CRAVOS CAÍDOS
na praia que foi de pobres e vagabundos
quase sempre abandonados e esquecidos
em todas as "guerras dos mundos"...

CRAVOS CAÍDOS
na praia que foi das lavadeiras
que presas aos seus trabalhos doridos
passaram por ali as vidas inteiras.


(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

quarta-feira, abril 22, 2020

O (bom) Acolhimento do Liberdade


O Liberdade Futebol Clube, que fica na Mutela, comemora no próximo mês (28 de Maio) o seu primeiro centenário.

Descobri há dias que o seu pavilhão polidesportivo está a ser utilizado como espaço de acolhimento de pessoas sem abrigo do Concelho, numa parceria com o Município de Almada.

Embora esta não seja a forma sonhada pelos seus associados e dirigentes, para o Liberdade Futebol Clube comemorar os seus cem anos de vida, talvez seja a mais solidária...

(Fotografia de Luís Eme - Mutela)

segunda-feira, março 09, 2020

Uma Grande Mulher e uma Grande Campeã de Almada


Hoje é um dia especial, porque se comemora o centenário do nascimento de Almerinda Correia, que não se limitou a ser a companheira da vida inteira de Romeu Correia, a grande referência literária do Concelho de Almada.

Almerinda foi um dos grandes exemplos da emancipação da mulher, na Vila onde viveu e num país onde tudo tardava a chegar, até a democracia, que andou "perdida" durante 48 anos... 

Por influência do marido começou a praticar desporto, tornando-se em pouco tempo uma das melhores lançadoras do peso, disco e dardo, do nosso país (foi várias vezes campeã nacional com a camisola do Almada Atlético Clube).

Além de andar de calções pela Vila de Almada (quando ia treinar com o marido), também foi uma das primeiras mulheres a usar calças, que ela própria confeccionava, não fosse ela costureira (foi a principal fonte de inspiração para o romance de estreia do Romeu, o "Trapo Azul"...).

quinta-feira, setembro 26, 2019

O "Capítulo Maldito"...


Há um capítulo do meu caderno "25, uma experiência associativa em almada (1994-2019)",  mais polémico que todos os outros, onde faço uma análise fria e objectiva sobre a relação do poder autárquico com o associativismo ("O Poder Local e o Associativismo").

Não tenho qualquer problema em apontar o dedo a quem em vez de distribuir "canas de pesca", distribuiu "caixas de peixe" (e não existe qualquer desculpa, para quem exerceu o poder durante mais de quatro décadas...) pelas colectividades almadenses.

Embora reconheça que já seja tarde para discutir o que quer que seja, gostava que as minhas palavras servissem para algo mais, que as habituais discussões de café...

Claro que também gostava que alguns amigos meus comunistas não tivessem ficado incomodados com as minhas palavras, que apenas dão "voz" ao meu olhar atento e à minha experiência associativa de 25 anos, mas...

sábado, julho 06, 2019

O Poder nunca Gostou do "Contraditório"


De longe a longe tenho algumas conversas que me fazem lembrar as discussões sobre o "sexo dos anjos". 

A última delas foi com alguém próximo da CDU, que desabafou sobre a falta de um bom jornal em Almada, capaz de denunciar todos os problemas que estão ser criados pela presidência actual socialista.

Talvez não estivesse à espera que eu lhe recordasse, que a CDU nunca apoiou o "Jornal de Almada", de forma a que este pudesse subsistir, porque este tentava exercer o "contraditório" (por vezes de forma excessiva...), o que não agradava a quem exercia o poder há décadas (e quase sempre com maiorias...).

A boca fugiu-lhe para a verdade quando disse que o "Jornal de Almada" sempre fora um "pasquim" da igreja.

Pois é, quando se dão notícias "contra nós", os jornais têm sempre todos os defeitos do mundo...

(Fotografia de Luís Eme)

quinta-feira, abril 25, 2019

Abril é Sobretudo Liberdade


De alguma forma é o que vejo, quando olho para este desenho de Mártio, que ele me enviou, com o desejo de um feliz dia da Liberdade.

Porque a Liberdade é sermos nós próprios, não termos medo de pensar, de escrever, de falar, de desenhar...

É, Abril para mim, é sobretudo a Liberdade, esse bem tão precioso, que nem sempre valorizamos.

quarta-feira, abril 17, 2019

Aprender a Dizer Não...


É quase uma verdade "la paliciana", a palavra sim, ser sempre muito mais agradável, e fácil de dizer, que a palavra não.

Durante anos e anos, quase que só "pratiquei a palavra sim", tantos nos meios associativos como nos meios literários locais.

Isso acontecia por gosto (e vaidade claro...), por amizade (é sempre difícil dizermos não a um amigo...) e também por dever (estarmos bastante ligados ao meio e sentirmos que devemos transmitir aos outros as nossas inquietações e os nossos conhecimentos...).

Depois começamos a perceber que estamos a aparecer vezes demais... "ensaiamos o primeiro não", com a desculpa da "agenda" (mesmo que ela esteja quase vazia de compromissos do género...). Achamos que não devemos voltar a escrever o prefácio de um livro do mesmo autor, mesmo que seja de um amigo, para não nos repetirmos (o "não" nem sempre é bem aceite, as pessoas acham que a recusa se deve à sua qualidade - nestes casos, a falta dela...).

O mais curioso, é que quando nos habituarmos a usar a palavra "não", sentimos-nos muito mais livres...

(Fotografia de Luís Eme)