segunda-feira, dezembro 31, 2007

O Futuro Somos Nós


Que 2008 nos dê mais força, para lutarmos pelos nossos ideais e pelos nossos sonhos, abrindo-nos ao mesmo tempo a linha do horizonte que nos cerca, que não se reduz, de certeza, a tanta mediocridade.
Já é tempo de nos livrarmos da "grilhetas" do passado, que também incluem as duas emblemáticas figuras criadas por Rafael Bordalo Pinheiro, a Maria Paciência e o Zé Povinho...
Porque somos muito mais que estas personagens, embora as pessoas que nos governam continuem a olhar para nós como se fossemos meros "bonecos", ou pior, "marionetas".
É preciso acreditarmos que o futuro somos nós!

domingo, dezembro 30, 2007

Figuras & Figurões de 2007

No fim do ano é habitual fazerem-se "balancetes" sobre o que se passou de mais relevante nos últimos doze meses, de se escolherem figuras e acontecimentos, nacionais e internacionais.
Não há revista ou jornal, que não escolha os seus preferidos.
Alguns blogues fazem o mesmo, repetem as mesmas personagens, os mesmos acontecimentos, provando que somos um país realmente pequeno, até quando é preciso escolher alguém...
Provavelmente este "post" era escusado, mas acho que devo pelo menos escolher aqueles que considero as grandes figuras do ano e escolher também o acontecimento mais negativo, este local, porque o "Casario do Ginjal" é sobretudo um blogue regional...
Para mim, as grandes figuras nacionais são os Gato Fedorento, pelo seu humor inteligente e também pela sua coragem de ridicularizar figuras como José Sócrates, Marcelo Rebelo de Sousa ou Luís Filipe Scolari, que se julgam acima de qualquer mortal...
A máquina de propaganda e manipulação socrática, as manobras no interior na RTP de Marcelo e o falso unanimismo criado à volta de Scolari, não foram suficientes para silenciar este quarteto. Antes pelo contrário, ainda lhe deu mais motivação para fazer novos quadros, que assentaram que nem uma luva neste famoso trio, que já começa, no mínimo, a enjoar...
O acontecimento mais relevante, pela negativa claro, é a forma como as obras do Metro têm sido, quase interrompidas na Praça Gil Vicente, a artéria mais importante do centro de Almada, para onde confluem nada mais nada menos que oito vias de trânsito, tratando os moradores das redondezas como almadenses de segunda, já que outras vias, onde as obras começaram depois, já estão numa fase bastante mais avançada...
Responsáveis? O consórcio, e claro, o executivo do Município, que prometeu que até ao final do ano, a situação estava normalizada na Praça...
A imagem foi retirada da revista "Única" (Expresso), de 29 de Dezembro.

sábado, dezembro 29, 2007

A Cilada ao Padre-Treinador

Uma reportagem de ontem do "Público" procura fazer um retrato do padre António Aires, que foi vitima de uma cilada por um grupo de desconhecidos, que o agrediram, despiram e ataram a uma árvore, próximo de Alijó.
Além do relevo dado ao padre-treinador de futsal, o trabalho jornalístico de António e Pedro Garcias é muito pouco conclusivo em relação ao incidente que foi vitima, embora lance a suspeita de que se tratou de um assunto de mulheres e acrescente que o padre António também é visto como uma pessoa vaidosa, teimosa e autoritária, nas freguesias onde está inserido.
Ao qual não deverá ser indiferente o facto de se passear, com um Mercedes desportivo de dois lugares, entre as várias paróquias que dirige. Mas o que me chamou mais a atenção foi uma frase atribuída a si próprio: «Dentro da igreja, sou padre. Cá fora sou um homem igual aos outros.»
Se esta frase é verdadeira, é a primeira vez que ouço alguém, com coragem para assumir esta postura, de dentro para fora da Igreja.
A única coisa que me parece óbvia em toda esta reportagem, é que se o padre António, quer mesmo ser um homem igual aos outros, fora da igreja, deverá abandonar a batina...

Escolhi este retrato de Rafael Bordalo Pinheiro, "Moralidade e Marmeleiro!", do seu "Álbum das Glórias", em que satiriza o bispo de Viseu, uma personagem muito especial da Igreja no século XIX, pois além de liberal foi maçónico...

sexta-feira, dezembro 28, 2007

Bater com a Porta 65

Este governo consegue bater tudo e todos, em demagogia e propaganda, com os seus projectos pomposos, cheios de alíneas e mentiras.
Podia falar dos apelos à maternidade, com promessas e incentivos diminutos para aumentar a tão desejada taxa de natalidade (será mesmo?...), que esbarram com o fecho de algumas maternidades no interior, que são o maior incentivo ao adiamento dos nascimentos nos nossos lares. Mas não, prefiro falar da "Porta 65"...
Porta essa que está a ser fechada a um número significativo de jovens, porque apesar da publicidade enganosa socrática, percebe-se que o objectivo desta lei, é evitar custos (para variar...), reduzindo o número de pessoas em começo de vida activa, que têm direito a este incentivo.
Este governo e estes governantes começam a não ter classificação possível.
Talvez precisem de ficar a falar sozinhos, num futuro próximo, talvez tenhamos de votar todos em branco, como ficcionou Saramago...
Podia ter escolhido um desenho de Rafael Bordalo Pinheiro, que seria actual, mas não quis ir tão longe, fiquei-me pelo Rui, em 1989, nos tempos do "Jornal"...

sábado, dezembro 22, 2007

Feliz Natal


Apesar da moda do senhor simpático das barbas brancas, que vem da Lapónia, na companhia das suas renas voadoras, para mim o Natal continua a ser a data em que se comemora o nascimento de Jesus de Nazaré.
Ofereço-vos a "Adoração dos Magos", retábulo do século XVI da autoria de Gaspar Vaz, da Igreja do Mosteiro de São João de Tarouca, como presente de Natal.

terça-feira, dezembro 18, 2007

Sorte Ser Natal...

Esta época continua a inspirar novas histórias, entre os muitos usos e abusos que se fazem em nome do Menino Jesus e do Pai Natal, por aí...
A mais caricata a que assisti, passou-se num restaurante familiar do Bairro Alto, com uma senhora que já devia ter passado os sessenta, vestida e pintada de uma forma demasiado visível, que na hora de pagar a refeição, desculpou-se que se tinha esquecido de colocar dinheiro na carteira. O empregado, com a discrição possível chamou o dono. Quando este chegou ela perguntou-lhe se não a conhecia. Ele abanou a cabeça. Ela disse que era a Lena Alves, irmã da Laura Alves, e que também era actriz. O senhor Joaquim disse-lhe que nem sequer imaginava que a Laura Alves tivesse uma irmã, mas isso não era importante, até podia ser a esposa do presidente da República, ali toda a gente pagava a sua refeição. Frisando que a única excepção da casa era o Eduardinho, que tinha sempre direito a uma sopa, quando se encostava á soleira da porta. O dono referia-se a um dos pedintes do bairro que não tinha o tino todo, mas que não fazia mal a ninguém.
A senhora nunca perdeu aquele seu ar superior, provavelmente encenado para aquela fita do almoço, colocando um ar triste, exclamando que o senhor não acreditava nela, virada para a plateia, que se estava a divertir com o número.
O senhor Joaquim, como tinha mais que fazer, disse-lhe que podia fazer três coisas: colocá-la na cozinha a lavar louça, mas isso ia estragar-lhe as mãos e fazer saltar o verniz das unhas; chamar o polícia de serviço na esquadra mais próxima; ou deixá-la partir na paz dos anjos, por ser Natal...
Claro que pediu à senhora para se despachar, que estava um casal à espera para almoçar, não sem antes lhe, desejar Boas Festas e enviar recomendações à família Alves...

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Rostos Sem Natal...

Actualmente nem uma vez por semana vou a Lisboa.
Mas quando vou, encontro sempre motivos para escrever, mesmo que não sejam os mais felizes...
Ontem perdi-me pelas ruas de Alfama, onde acabei por almoçar numa tasca, com dois amigos, felizmente distante das festas do Tratado de Lisboa e do almoço "real", oferecido pelo senhor Silva no Museu dos Coches.
Claro que não trocava o cozido à portuguesa nem a companhia alegre destes dois companheiros pelos petiscos oferecidos por sua excelência...
Quando regressava a casa, olhei com atenção para os rostos com quem me cruzava, nas ruas e nos transportes e não consegui descobrir um sorriso nem sequer palavras soltas.
Deduzi que os "felizes da vida" andavam de viatura própria e não espalhavam a sua felicidade com a ralé, que tem de viver com salários a rondar os quinhentos euros e sente um calafrio no pescoço, quando ouve falar de desemprego.
Já no cacilheiro, a única excepção às pessoas de ar triste e silencioso, era um casal, aparentemente turco, com dois filhos. Esta família chamava a atenção graças ao seu dialecto imperceptível, bastante ruidoso, que contrastava com o silêncio da malta que regressava aos "desertos do sul"...

terça-feira, dezembro 11, 2007

O Buraco Já Vai em 70 Milhões


Já não é segredo, só falta apurar o resultado final...
O A-Sul informou-nos que no "buraco" financeiro do Metro Sul do Tejo, estão incluídos os atrasos provocados pelo Município de Almada, ao não disponibilizar os terrenos necessários para as obras em tempo útil...
A única dúvida que não existe em todo este processo, é que este, é mais um "buraco" a ser coberto por todos nós...

sábado, dezembro 08, 2007

A Minha Florbela Espanca


Porque hoje comemora-se o aniversário do nascimento de Florbela Espanca, ofereço-vos um poema meu, escrito para a colecção "Index Poesis", criada por Ermelinda Toscano, mãe e pai dos "Poetas Almadenses". Sei do que falo, porque sou apenas tio...


Florbela,

Mulher doce e amarga

refém de palavras belas e sofridas
e também de aventuras amorosas,
fugazes e perdidas...

Mulher próxima e distante

refém de um tempo masculino
sem espaço para sentimentos
ou devaneios pintados no feminino...

Mulher apaixonada
capaz de amar perdidamente...

Mulher poema
capaz de escrever de uma forma diferente...



sexta-feira, dezembro 07, 2007

A Estação de Cacilhas


Esta fotografia acabou por não entrar no livro, "Cacilhas - a Gastronomia, a Pesca e as Tradições Locais", depois de ter sido localizada, mas não deixa de ser interessante, divulgá-la aqui no "Casario", como um registo documental do principio do século vinte.
Quando a descobri, pensei que se tratava do lugar de Cacilhas, mas depois percebi que se tratava da bilheteira junto ao cais de embarque em Lisboa, sempre com grande afluência de gente, aos fins de semana...
Foi por essa razão que acabou por ficar de fora, apesar do cartaz identificativo de Cacilhas...

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Este Tempo de Cuspidores na Sopa...


No final do clássico Benfica-Porto, as palavras que Nuno Gomes dirigiu a Jesualdo Ferreira, dizendo-lhe para não cuspir no prato onde já tinha comido, algum tempo antes, chocaram algumas pessoas mais susceptíveis.
Agora foi a vez de Fernando Santos - o pior treinador do Benfica da última década, falho de alegria e ideias sobre o que é futebol, na minha opinião claro -, armar-se em vitima, dizendo que nunca lhe perdoaram ter treinado o F.C.Porto, entre outras coisas... e também do "inocente" José Veiga, que parece ter descoberto a receita para tornar o Benfica campeão, depois de ter feito quase nada como director desportivo. O "penteadinho" anda por aí, à solta, transformado em escritor, tal como a Carolina Salgado, a quem deu a mão, e com quem se reuniu, num hotel de Lisboa, próximo da Avenida 5 de Outubro, juntamente com a escritora-fantasma e com a Leonor Pinhão, antes da publicação do "best-seller" que também anda por aí nos cinemas (pois, afinal não foi o "orelhas" que se reuniu com esta gente das letras...), virem cuspir na sopa, por sinal, canja de águia...
No Sporting as coisas também não estão famosas, com o bom do Carlos Queirós a insurgir-se com o presidente Soares Franco, nos jornais e na televisão, a querer hipotecar (será de propósito?) as hipóteses de um regresso a Portugal, como Seleccionador Nacional ou outra coisa qualquer...
Eles esquecem-se que no futebol os golos marcam-se dentro do terreno, metendo a bola nas balizas e não nos jornais e revistas...
Grande Nuno Gomes, tu é que tens toda a razão, estamos mesmo no tempo dos cuspidores na sopa...

terça-feira, dezembro 04, 2007

As Ruas de Almada


Há vinte anos que vivo em Almada e não me lembro de ver tanto lixo amontoado, junto aos caixotes, nas ruas da cidade.
Pergunto: como é possível, que no final do dia 4 de Dezembro ainda sejam tão evidentes, os sinais da greve geral de 30 de Novembro? Será que existe outra greve, no interior da Autarquia?
Felizmente o calor já não abunda e o mau cheiro passa quase despercebido, no meio do frio e da humidade.
Só espero que os senhores vereadores do ambiente e serviços urbanos também tenham uma "lixeira" à sua porta...
O óleo que escolhi, sem lixo, é da autoria do brasileiro José Eduardo Godinho...

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Dia Diferente, Para os Diferentes


A nossa natureza, enquanto seres humanos, é uma coisa estranha.
Provavelmente, hoje ainda é mais estranha, porque temos um conhecimento mais profundo do mundo que nos rodeia.
Escrevo com esta "estranheza" porque hoje é o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência.
Normalmente falamos das barreiras físicas (as mais visíveis...), mas há obstáculos ainda mais difíceis de contornar, que começam logo na nossa mentalidade, na forma como olhamos para as pessoas com problemas. Começam logo por ser "coitadinhos", por estar um degrau abaixo da sociedade em que vivemos, sem lhes darmos a oportunidade de nos mostrarem que são iguais, e até superiores, em tantas coisas...
Estes dias comemorativos que vão aparecendo no calendário, têm pelo menos uma utilidade: obrigam-nos a olhar de frente para os problemas, que tantos de nós enfrentam pela vida fora, mesmo que seja por um só dia no ano...

A fotografia é de Eduardo Gageiro.

sexta-feira, novembro 30, 2007

A Greve e os Números

Não tenho qualquer dúvida sobre a justeza da Greve Geral da Função Pública de hoje, mas se tivesse, elas tinham sido dissipadas pelas afirmações mentirosas de João Figueiredo, nas notícias televisivas.
Quando um secretário de estado (ainda que seja apenas a voz do dono...) diz que os números da greve são 20,03% (esta preciosidade dos 0,03, só mesmo de um governo socrático...) e nós percebemos que a maior parte das escolas estão encerradas, assim como os serviços autárquicos; que os hospitais e os tribunais estão a funcionar muito abaixo dos 50%, é preciso ter muita lata para apresentar estes números, e claro fazer juz ao cartaz da imagem...

quinta-feira, novembro 29, 2007

Carlos do Carmo, de Noite e de Dia...


Só hoje é que ouvi o CD "À Noite", de Carlos do Carmo, que foi vendido na semana passada, juntamente com a "Visão".
E gostei bastante.
Aliás, o Carlos é um dos meus fadistas preferidos. Além de ter um leque de fados extremamente poéticos, canta sempre de uma forma viva, sentida e perceptível (acho muito importante percebermos as palavras ditas por quem fala, recita ou canta...).
Este álbum ainda tem ainda outra qualidade especial, as letras foram escritas por poetas como o Nuno Júdice, José Manuel Mendes, Fernando Pinto do Amaral ou a Maria do Rosário Pedreira.
E a capa e contra-capa são obra do nosso genial Júlio Pomar, que também escreveu dois poemas...
Se gostam de fado, não percam...

terça-feira, novembro 27, 2007

Bom Dia D. Fernando


Ontem o Vitorino deu-me a novidade de que a fragata D. Fernando II e Glória já estava em Cacilhas.
Hoje de manhã passei por lá, para lhe dizer um olá...
Claro que ela está na antiga doca do "Parry", para continuar a ser alvo de reparações e remodelações, as visitas ficam para mais tarde.
Provavelmente esta transferência deu-se para disponibilizar a doca que a fragata estava a ocupar no Arsenal do Alfeite. Mesmo assim não deixa de ser bem vinda a Cacilhas, e com certeza que será mais um atractivo para cativar visitantes à nossa Margem, num futuro próximo...

domingo, novembro 25, 2007

Não à Violência Doméstica


Hoje comemora-se o Dia Internacional Contra a Violência Doméstica.
A Kalinka lançou-me o desafio de colocar um "post" sobre este tema, que nos devia envergonhar a todos, cidadãos do século XXI.
Os números divulgados pela UMAR são elucidativos e mostram-nos mais uma "realidade quase escondida" neste nosso país, com tantas bestas humanas: 20.595 casos denunciados; 39 casos que acabaram em homicídio e 43 em tentativas goradas.
É preciso dizer, alto e a bom som, «Basta!», que ninguém é propriedade de ninguém, todos nós temos os mesmos direitos, independentemente do sexo, da raça ou da idade.

O óleo é de Edward Hopper...

sábado, novembro 24, 2007

A ASAE e os Informadores

Apesar de vivermos em Liberdade há mais de trinta anos, continuamos a cultivar velhos hábitos, estranhos e nocivos para a sociedade.
O mais execrável de todos é a manutenção e o elogio ao bufo, em tudo o que são entidades policiais, fazendo jus às práticas da famosa PIDE.
Incomoda-me que a generalidade das polícias, em vez de fazerem o trabalho de investigação que lhes compete, funcionem, vezes demais, graças a denúncias (quase sempre anónimas), que têm como intuito principal lixar a vida a alguém...
No tempo da outra senhora também era assim...
Em relação aos inspectores da ASAE, além de não gostarem de "ginjinha", nota-se que andam aqui e ali, a pensar no espectáculo televisivo e em tramar alguém, mesmo que nem faça parte do lote de casos deploráveis que se conhecem, aqui e ali.
O mais grave é a ramificação destes maus exemplos também fazer escola em algum jornalismo, que não resiste à tentação de apelar à denúncia anónima...
E como não custa nada esticar o dedo e apontar...

quinta-feira, novembro 22, 2007

Que Farei Com Este Livro?

A Companhia de Teatro de Almada estreia hoje a peça, "Que Farei Com Este Livro?", da autoria de José Saramago, encenada por Joaquim Benite.
Esta peça baseada no livro do nosso prémio Nobel assinala o inicio da comemoração dos trinta anos deste grande grupo teatral sediado em Almada, que tem realizado um trabalho notável como agente cultural. Além de ser o principal promotor da Arte de Talma no concelho, também tem funcionado como uma excelente escola de actores.
O mês de Novembro tem sido memorável para José Saramago: fez 85 anos de idade e a sua obra mais representativa, "O Memorial do Convento", fez vinte cinco anos, tendo ultrapassado o milhão, com edições em todos os continentes.
Se gostam de teatro não faltem, a peça está em exibição na sala principal do Teatro Azul até 21 de Dezembro...

terça-feira, novembro 20, 2007

A Piscina da Gil Vicente


Com as primeiras chuvas, além da confusão natural no trânsito e da lama dos caminhos improvisados, nasceu uma piscina natural na Praça Gil Vicente, com escadinhas e tudo...
Como vêm, nem tudo é mau nas obras do Metro...

segunda-feira, novembro 19, 2007

O Teatro de Romeu


No passado sábado comemorou-se o 90º aniversário do nascimento de Romeu Correia.
Como tem acontecido nos últimos anos, alguns amigos e familiares reuniram-se junto à casa onde Romeu nasceu, em Cacilhas, e deixaram um ramo de flores e algumas palavras em sua homenagem.
Desta vez não vou fazer qualquer comentário sobre os "silêncios" em redor do escritor, embora não deixe de lamentar, que nesta cidade que se tem afirmado culturalmente com a Arte da Talma, e que fique encantada ao olhar os jornais de Julho, títulos como: "Almada Capital do Teatro", tenha passado ao lado do aniversário deste grande dramaturgo.
É que além da Companhia de Teatro de Almada e do Teatro Extremo, existe mais de uma dezena de grupos de teatro amador e Romeu é reconhecido como o autor português mais representado, de Norte a Sul, por companhias e grupos cénicos amadores...

sábado, novembro 17, 2007

Os Estrangeirados Reinam na Rádio

Não tenho qualquer dúvida que os "estrangeirados" da rádio, quase ao jeito do Eça, embora com muito menos categoria e talento, não gostam de ouvir cantar em português.
O Samuel chamou-me a atenção e eu quis ir ainda mais longe...
Vinte cinco por cento é igual a um quarto de hora, ou seja, seis, sete músicas que não sejam muito longas, por hora... um bicho de sete cabeças para os senhores...
Querem um conselho, colocadores de música na rádio? Emigrem para as américas!
E podem levar o Pacheco Pereira...
Claro que o Sinatra não tem nada a ver com isto, mas como ia de viagem...

sexta-feira, novembro 16, 2007

A Desumanização no Seu Melhor

Já falei várias vezes das obras do Metro e dos incómodos que provoca aos almadenses que residem, ou têm de circular, no chamado coração da cidade.
Hoje vi uma senhora de idade a cair no chão, vitima de um obstáculo pouco natural. Os trabalhadores de colete amarelo, que estavam próximos, nem sequer esboçaram uma tentativa de ver se a mulher estava bem, foram os transeuntes que passavam, que se aproximaram e a ajudaram a levantar. Felizmente, não foi nada de muito cuidado. Houve outra senhora mais exaltada que chamou «selvagens» aos operários, que também não lhe deram qualquer resposta...
O que me irrita nisto tudo, é o facto de os pontos mais críticos (mais esburacados e com mais obstáculos, inclusive na forma de atravessar as ruas, de um lado para o outro) continuarem a ser próximos de escolas, da Secundária Cacilhas - Tejo (onde a senhora caiu), e da Básica nº 1 de Almada.
Provavelmente vai ser assim até ao fim...
Calculo que o Município não seja ouvido nem achado na forma como se têm processado as obras, mas poderia, no minímo, registar muitos dos percalços que têm acontecido e tentar minimizá-los junto da construtora.
A população agradecia...

quinta-feira, novembro 15, 2007

Quinta da Arealva


Mais um lugar de eleição de Almada, completamente abandonado, rente ao Tejo...
A Quinta da Arealva faz parte do polémico plano de qualificação do Cristo Rei, em que os "profetas" do Municipio afirmam querer equiparar este espaço a Fátima, Lurdes ou Santiago de Compostela...
Talvez um dia destes aconteça algum milagre por estas bandas, com o beneplácio da "católica" CDU e consiga atrair os tais milhares de peregrinos crédulos...

terça-feira, novembro 13, 2007

O Novo Largo de Cacilhas


Durante o lançamento do livro, "Cacilhas, a Gastronomia, a Pesca e as Tradições Locais", falei do meu desencanto em relação ao facto de Almada viver quase de costas para o rio e do desaproveitamento do grande potencial turístico do Ginjal e do Largo de Cacilhas.
José Manuel Maia, presidente da Assembleia Municipal de Almada e Carlos Leal, presidente da Junta de Freguesia de Cacilhas, aceitaram o meu repto e disseram aos presentes que o Largo não irá ficar à espera dos outros projectos a médio e longo prazo, que terá forçosamente que sofrer alterações, quanto mais não seja, devido à chegada do Metro a Cacilhas.
E foi assim que se falou: da Fragata D. Fernando e Glória, que dentro de pouco tempo virá para a antiga doca da Parry & Son; do regresso do Farol ao Largo; da construção de uma réplica do chafariz no mesmo lugar; e do fecho do trânsito na rua Cândido dos Reis...

sábado, novembro 10, 2007

A Contra-capa...


A amizade não tem idade, credo, cor, clube, sexo ou partido.
O livro "Cacilhas - a Gastronomia, a Pesca e as Tradições Locais", apresentado hoje nesta Localidade, é um bom exemplo.
O pequeno texto da contra-capa é bem elucidativo:
«A amizade e a paixão por Cacilhas uniu estes dois bons amigos em mais uma aventura literária, com uma única pretensão: valorizar a história deste lugar bonito, rente ao Tejo, repleto de memórias...»
Estou a falar de Fernando Barão e de Luís Alves Milheiro, separados por quase quarenta anos de vida...

In "Rádio Azul"

sexta-feira, novembro 09, 2007

A Realidade e o Humor


O "Bartoon" de hoje do "Público" é o retrato fiel deste país.
Luís Afonso fala-nos da metamorfose, em que nos anos de eleições, os políticos transformam contribuintes em eleitores...
E isto não se passa só a nível nacional, passa-se também a nível local, da Capital à Vila mais insignificante.
Almada é um grande exemplo deste "retrato" desenhado. Todos sabemos que as obras do "Metro" estão à espera do ano de eleições para serem inauguradas, com pompa e circunstância.

quinta-feira, novembro 08, 2007

A "Moral" do Motorista da TST


Todos os dias de manhã levo o meu filho à escola. Vamos a pé e somos obrigados a passar diariamente pelas obras intermináveis da praça Gil Vicente e a percorrer os habituais carreiros criados pela construtora.
Por razões compreensíveis, as passadeiras, mudam várias vezes de sitio, na mesma semana, causando sempre maior transtorno aos peões que aos automobilistas. Isto faz com que os condutores respeitem menos as passagens para as pessoas e estas também tenham uma atitude mais defensiva, só passando (mesmo nas passadeiras) quando vêm os carros a reduzir a marcha.
O facto de algumas passadeiras serem colocadas em lugares estranhos, faz com que quase todos nós, atravessemos as estradas onde se torna mais fácil (sim, há passadeiras, colocadas em lugares, que são verdadeiros obstáculos, principalmente para quem anda com mais dificuldade, sem falar de cadeiras de rodas ou carros de bebé...).
Estava num desses lugares, sem as riscas, mas com mais segurança para se atravessar, parado, com o meu filho distraído a olhar para as máquinas e a mexer-se, o que fez com que um condutor da TST começasse a mandar vir, como se o meu filho fosse atravessar à sua frente, embora não tivesse parado o autocarro... limitou-se apenas a refilar. Uma senhora a nosso lado abanou a cabeça e disse: «o mundo está mesmo perdido».
Depois do almoço, estava numa outra passadeira, quando descubro o mesmo sujeito a conduzir o autocarro, desta vez a fingir que não via ninguém e a tentar continuar a marcha. Claro que, como sou um gajo lixado, meti-me à frente do autocarro e obriguei-o a parar. Ele ofereceu-me o seu melhor olhar de "amigo". Claro que lhe lembrei que estava a atravessar numa passadeira e que ele tinha de parar, apenas com gestos...
Notei qualquer coisa nos seus olhos, quase a faiscar, sorri, abanei a cabeça e segui o meu caminho. Provavelmente o senhor motorista não se devia lembrar da cena de manhã...
Infelizmente esta é a moral da generalidade das pessoas que conduzem nas nossas estradas. E é por essa razão que acontecem tantos atropelamentos, mesmo nas passadeiras...

quarta-feira, novembro 07, 2007

Quanto Vale Uma Vida Hoje?


Não consigo responder à minha pergunta, porque a vida é algo que não se pode contabilizar, pelo menos desta forma. Mas pelo menos posso acrescentar, seguramente, que vale muito menos que há uns anos atrás.
Os acidentes rodoviários dos últimos dias, especialmente os atropelamentos mortais em passadeiras, são o melhor exemplo de que a vida há muito tempo que foi desvalorizada nas estradas portuguesas, onde se mata todos os dias, de uma forma perfeitamente inconsciente, com a complacência das autoridades e da justiça (sim, há por aí muito "assassino" à solta, que deveria ser proibido de voltar a conduzir qualquer veiculo).
A novidade são os assaltos violentos, que estão a ser notícia diariamente, um pouco por todo o lado. Tal como nos filmes, surgem fugas rocambolescas, assaltantes encapuçados, muitos tiros, mortos e feridos, com gravidade. A novidade são as mortes na noite portuense, provocadas por rivalidades mesquinhas e poderes ocultos. A novidade (ou talvez não...) é também a notória incapacidade das autoridades portuguesas em enfrentarem estes novos tipos de violência, com resultados positivos.
Será que os "bons" estão a perder a batalha para os "maus"? Será que é inevitável, perdermos a segurança e a tranquilidade, que faziam do nosso país uma excepção no mundo do crime violento?
O óleo que dá cor a este texto é o "Arsenal" ou "Frida Kahlo Distribui Armas" de Diego Rivera.

terça-feira, novembro 06, 2007

Sophia e o Seu Mar de Palavras


No "O Scala" do Verão de 2004, escrevi um artigo de homenagem a Sophia de Mello Breyner Andresen, após o seu falecimento, com este mesmo título.
Hoje ela faz 88 anos...
Depois de ter voltado a ler o que escrevi, resolvi retirar algumas palavras, partilhando-as com todos vós:
[...] Foi através dos seus poemas que percebi que a poesia de qualidade pode ser simples, verdadeira e compreensível, e não apenas um "corpo quase estranho" virado para o umbigo dos poetas.
Mas ela além de ser uma extraordinária poeta, também era uma pessoa muito bonita, por dentro e por fora. Toda a vida de Sophia foi pautada por uma grande dignidade, associando-se a inúmeras jornadas de luta, pela liberdade e pela justiça.
É por isso que a sua poesia é tão envolvida, e ao mesmo tempo, envolvente com o mundo onde vivemos. Ninguém como Sophia conseguiu encontrar palavras, cuja beleza, limpidez. luminosidade e sentido, explicassem e decifrassem todo o nosso quotidiano. [...]

Esta é a Sophia de Francisco Simões, escultor almadense...

domingo, novembro 04, 2007

A Princesa do Tejo

Gosto bastante da Trafaria.
Acho mesmo que não me importava de viver nesta vila do concelho de Almada, ancorada rente ao Tejo.
Apesar do abandono a que tem sido votada nas últimas décadas - parece que parou no tempo -, transpira tranquilidade.
Além de ter restaurantes óptimos, possui uma atmosfera artesanal muito própria, ligada ao mundo da pesca. Todos aqueles pequenos barcos estacionados rente à praia, assim como os que se amontoam no areal sujo, de tantas cores e nomes de baptismo, dão uma beleza especial a este lugar.
Quem diria, nem mesmo o abandono e a falta de limpeza da areia da praia, que já foi das mais concorridas e chiques da área de Lisboa (na primeira metade do século XX), retiram beleza a esta "Princesa (do Tejo) da Adiça"...
Além do excelente repasto que me foi servido - massada de peixe e marisco -, soube-me bem ter passado um pedaço da tarde solarenta de ontem, nesta terra cheia de potencialidades turísticas...

sábado, novembro 03, 2007

A História de Cacilhas em Livro


Ontem foi feita uma primeira apresentação do livro “Cacilhas – a Gastronomia, a Pesca e as Tradições Locais”, da autoria de Fernando Barão e Luís Alves Milheiro, integrada na cerimónia de entrega de prémios da “7ª Festa de Gastronomia de Cacilhas” e na festa de aniversário da Junta de Freguesia de Cacilhas.
Esta sessão contou apenas com a presença de convidados e decorreu numa das salas do Beira Mar de Almada.
O verdadeiro lançamento da obra destes dois cacilhenses vai ser no próximo sábado, dia 10 de Novembro, pelas 16.00 horas, no auditório da Escola Secundária Cacilhas – Tejo, com a apresentação do engenheiro Luís Filipe Bayó Veiga, grande apaixonado por tudo o que esteja ligado à história local.

sexta-feira, novembro 02, 2007

A Tradição Cumpriu-se


Ontem o Sol iluminou Cacilhas e a tradição cumpriu-se.
Não sei se houve dedo da Senhora do Bom Sucesso, na encomenda de um dia tão luminoso, ela que se passeou em procissão durante a tarde pelas principais artérias da Freguesia, até se aproximar da margem do Tejo e abençoar as suas águas, com milhares de testemunhas...
Tenho muita dificuldade em separar a tradição da devoção, mas não deixa de ser agradável, ver tanta gente pelas ruas e pelo Largo de Cacilhas...

quinta-feira, novembro 01, 2007

O Milagre da Senhora do Bom Sucesso

«[...] O grande dia de Cacilhas continua a ser o 1 de Novembro, data em que se comemora o Milagre de Nossa Senhora do Bom Sucesso, com uma procissão que percorre as principais artérias da freguesia e tem o seu ponto alto no Largo Alfredo Dinis, com a realização de uma missa campal e o momento solene em que a Senhora do Bom Sucesso olha as águas do Tejo, para lhes dar a sua benção, acompanhada pelo sinais sonoros de dezenas de embarcações decoradas que se associam à devoção da Santa de Cacilhas.
As ruas da freguesia recebem a visita de milhares de pessoas, que enchem o Largo e as imediações da Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso e se associam todos os anos a esta tradição local religiosa [...]».


(Continuação da pré-publicação do livro: "Cacilhas - a Gastronomia, a Pesca e as Tradições Locais", da autoria de Fernando Barão e Luís Alves Milheiro)

quarta-feira, outubro 31, 2007

Leitaria Estrela do Sul


«[...] Este estabelecimento era o mais concorrido em toda a localidade porque estava colocado mesmo junto à estação fluvial da parceria dos Vapores Lisbonenses e era onde se juntavam todos os motoristas de táxis (que não eram poucos) que estavam sempre, de ouvido à escuta sobre as chamadas telefónicas para o nº 30 (ainda me recordo) e era também o "local tertuliano" da população cacilhense, que a não ser a frequência das colectividades, era para ali que ia desabafar, com os seus amigos, os problemas do quotidiano...[...]»

(Continuação da pré-publicação do livro: "Cacilhas - a Gastronomia. a Pesca e as Tradições Locais", da autoria de Fernando Barão e Luís Alves Milheiro)

Este é o retrato actual deste lugar tão especial, no Largo de Cacilhas...

domingo, outubro 28, 2007

O Fumo e os Cafés


Há mais de uma dúzia de anos que costumo passar parte da manhã de domingo no "Café Repuxo", na Praça Gil Vicente.
Tudo começou com uma entrevista que realizei naquele espaço a Henrique Mota, autor dos excelentes volumes biográficos sobre os "Desportistas Almadenses", para o "Record".
Desta conversa viria a nascer uma grande amizade com este saudoso amigo, que perdurou até à sua partida, para o outro lado do mundo.
Acabei por conhecer a dúzia de homens ligados à cultura almadense, que frequentavam o café, em ambiente tertuliano, onde aprendi tantas coisas sobre o concelho de Almada e as suas gentes...
Embora grande parte dos convivas tenham mudado de ares, continuo a gostar de passar por ali, beber um café, ler o jornal e conversar, sempre que é possível.
Um dos últimos resistentes é Victor Aparício, o verdadeiro escritor deste café, quase sempre entretido a encher de palavras, os seus pequenos cadernos. Muitas vezes refugia-se no silêncio, tendo apenas como companhia os cigarros, os seus grandes companheiros de jornada, além da caneta e dos seus heróis de papel, claro.
Ele já me confessou, mais que uma vez, a sua preocupação com a lei que aí vem, porque não lhe apetece deixar estes "amigos" à porta, nem tão pouco, abandonar este espaço...
Eu não fumo - nem nunca fumei -, mas não concebo um café sem os hábitos de sempre, ou seja, as conversas animadas à mesa, a leitura de jornais, e claro, as nuvens de fumo, que circulam de um lado para o outro.
O fumador da fotografia é o realizador John Huston, porque também não consigo imaginar o chamado "cinemá noire" sem a presença do fumo dos cigarros, companheiros dilectos de tantos heróis solitários da sétima arte...

sábado, outubro 27, 2007

O Tejo e a Pesca


«[...] O rio Tejo sempre foi bastante rico em espécies piscícolas até à primeira metade do século XX, que eram importantes para a alimentação e também para a economia local, através do comércio. O grande estuário continuou a oferecer peixes como o sargo, a dourada, a sardinha, a corvina, o congro, o carapau, o sável, o salmonete, o linguado, o charroco, o cação, o goraz, a raia, o ruivo e mariscos e crustáceos como a amêijoa, berbigão, a lapa, a ostra, o búzio, o choco, a lagosta e o caranguejo. Sem esquecer os golfinhos que davam uma beleza especial ao Tejo [...]».

O óleo que embeleza o texto é de João Vaz, chama-se "Barcos na Praia".

(Continuação da pré-publicação de: "Cacilhas - a Gastronomia, a Pesca e as Tradições Locais", de Fernando Barão e Luís Alves Milheiro)

quinta-feira, outubro 25, 2007

A Qualidade do Chá

Gosto de chá.
Sempre gostei. Lembro-me de beber chá na casa da avó (não sei porquê, mas digo sempre a casa da avó e não dos avós...) e também dos meus pais.
Claro que era, e é, uma bebida mais de Inverno. Antes de dar confiança à cafeina, a minha bebida de café nos meses frescos era o chá, fosse no "Sovina" das Caldas ou no "Central" de Almada, acompanhado com as suas deliciosas torradas...
Hoje é mais fácil de gostar de chá, pois existem aromas para todos os gostos e sabores...
A fotografia que escolhi para vos dar "chá", é da Quinta da Gorreana, em São Miguel, Açores, que já tive o prazer de visitar. É o único lugar europeu onde existe uma plantação de chá, e de grande qualidade.

terça-feira, outubro 23, 2007

A Teresa Salgueiro e o Ginjal


Poucas pessoas sabem que Teresa Salgueiro tem ligações familiares ao Ginjal, através dos bisavós, Maria e Zé Bagueira, que possuíram uma casa de pasto onde se confeccionava a caldeirada mais afamada de Cacilhas, dos anos vinte e trinta do século passado.
«[...] Assim, nos anos trinta, a caldeirada mais afreguesada era a da Maria Bagueira, uma excelente criatura que entrosava os seus dotes de cozinheira com o afago e a simpatia, que é meio caminho andado para que, em cada cliente, tenha adquirido um amigo. Assim o convívio era são e os comensais estavam tão à vontade como nas suas casas.
[...] O seu marido, o Zé Bagueira, era um pescador na acepção total do termo. Nunca o conheci a não ser com calça de ganga, camisa de flanela, em grandes quadrados coloridos como matriz. botas de borracha e o velho boné castanho, como usam os pescadores de Sesimbra. Este homem, pai de uma prole abundante (e bisavô da cantora Teresa Salgueiro dos Madre Deus, de fama internacional) estava sempre bem disposto - assim como a mulher - e era um conhecedor profundo das matreirices que é necessário conhecer para que o peixe venha parar à mão. [...]»

Extraído de um dos capítulos do livro "Cacilhas - a Gastronomia, a Pesca e as Tradições Locais", da autoria de Fernando Barão e Luís Alves Milheiro, em pré-publicação.

sábado, outubro 20, 2007

Nemo no Ginjal

Mexer em papeis é sempre sinónimo de descobertas...
Desta vez encontrei o "rasto" da passagem de Nemo pelo Ginjal, no final do Verão de 1995...
Este senhor que assina como Nemo, chama-se Serge Faurie, é engenheiro informático e é um "bombeur", expressão francesa que significa grafitista.
O artista, ao passar por Lisboa, resolveu deixar a sua marca, com 36 pinturas de parede (algumas delas em Cacilhas...). Ele escolhe sempre muros degradados, ruínas, depósitos de lixo, para deixar a sua marca, contra «o feio, a tristeza ou a pena», como fez questão de dizer na reportagem da revista do "Expresso", de 2 de Setembro de 1995.
A imagem que escolhi, pintada num dos portões abandonados do Ginjal, pode ter várias leituras. Acho que já todos colocámos bandeiras brancas imaginárias naquele espaço, para que se fizesse alguma coisa por este lugar bonito.
Só que o Município respondeu com placas de proibição...

sexta-feira, outubro 19, 2007

Mais um Projecto Para o Futuro

A Autarquia continua apostada em apresentar os projectos de estudo sobre a Nova Almada, nos democráticos, "fóruns de participação", abertos à população, especialmente aos apoiantes do costume, sempre prontos a aplaudir...
Passando por cima da polémica que já corre por aí, entre os dois principais interessados na requalificação do Santuário de Almada, a Igreja Católica e o Município - o Reverendo do Santuário diz que não tem conhecimento do projecto, por sua vez o vereador da cultura, diz o contrário... -, tudo indica que temos mais um projecto para o futuro, pouco próximo...
Até porque este, foi apenas o primeiro de muitos "fóruns de participação"...
E é pena, porque se trata de uma zona de grande beleza, que nunca esteve muito acessível à população almadense e que envolve o Santuário do Cristo Rei; o Seminário de São Paulo; a Quinta da Arealva e o Olho de Boi. A área só precisava de um melhor aproveitamento, pois o envolvimento natural já lá está todo, com muitas espécies de plantas, algumas centenárias, que oferecem sombras magnificas, vários miradouros quase naturais. Em suma, um encanto, que ainda por cima se estende até à beira do Tejo...
Segundo a imprensa, querem transformar aquele local num pólo de turismo religioso, com hotéis, espaços de retiro espiritual, espaços verdes, etc.
Só falta mesmo encomendar um milagre...
Não deixa de me espantar, que um partido como o PCP, com toda a sua ortodoxia, que também se estende à religião, participe num projecto que favorece claramente um credo religioso, que sempre se revelou anti-comunista (até inventou uns segredos lá para os lados de Fátima...).
A fotografia que dá cor a este texto é da Quinta da Arealva, um espaço fabuloso, à beira Tejo, completamente abandonado...

quarta-feira, outubro 17, 2007

O Voo de Um País Aparentemente Democrático

Cheguei a casa, liguei a televisão e encontrei o bom do Sócrates a discursar, com o mesmo estilo demagógico, com que prometeu 150 mil empregos, que continuam sem aparecer...
Minutos antes tinha estado numa reunião de trabalho, onde - para variar -, se comentou a situação actual de Almada...
Desliguei a televisão e coloquei uma música, cansado da política e dos nossos políticos...
O Jorge Palma disse-me, entre outras coisas:
Agora já não vejo o sol/ nem o seu reflexo lunar/ levo as asas nos bolsos/ e o coração a planar/ neste voo nocturno/ não sei onde vou aterrar
Jorge Palma não me fez esquecer a realidade. O facto de vivermos há mais de três décadas num regime aparentemente democrático, onde quem detém o poder decide apenas o que mais lhe convém, e nunca, o que é melhor para todos nós.
É impossivel passar ao lado de coisas como os "Fóruns de Participação" sobre os grandes projectos da cidade, que nunca se conseguiram afastar do modelo habitual das sessões de propaganda política. Nem tão pouco ignorar alguns projectos de pessoas qualificadas, que tentam resolver alguns erros, com soluções que visam melhorar a nossa qualidade de vida e também poupar uns cobres ao erário público, que são pura e simplesmente ignorados, por questões pequenas como a cor política (ou a ausência dela...).
A nível nacional as coisas não são melhores. As situações mais vergonhosas passam-se sempre que um governo é substituido por outro. Escudados na habitual lenga-lenga dos lugares de confiança políticia, os novos "donos" do poder despedem gestores de qualidade, para colocarem nos seus lugares, militantes do respectivo partido, quase sempre incompetentes, pelo menos para as funções atribuidas.
Quem fica sempre a perder é o Estado, ou sejamos todos nós.
O pior é que já vivemos há mais de 31 anos, neste país aparentemente democrático, com os resultados que estão à vista...
Entretanto o Jorge Palma perguntava:
Sempre apanhaste o tal comboio?/ Já perdi dois ou três/ entre o ócio e as esquinas,/ ganhei o vicio da estrada,/ nesta outra encruzilhada/ talvez agora a coisa dê/ o passado foi história/ cá estamos nós outra vez/ cá estamos nós outra vez...

terça-feira, outubro 16, 2007

Balbúrbia na Gil Vicente


Há dias em que é impossível circular na Praça Gil Vicente, no começo da manhã.
As obras deram um salto da Avenida 25 de Abril para a Avenida Afonso Henriques, ficando tudo igual na Praça...
A primeira ideia que me ocorre, é que, à boa maneira portuguesa, o que dá mais trabalho fica para o fim, mesmo que isso cause grandes transtornos a todas as pessoas que têm de se deslocar diariamente para este local, por existirem duas escolas na sua proximidade e também por ser uma rotunda onde se "desembocam" sete vias...
É por estas e por outras, que começo a ter saudades da inesquecível Fonte Luminosa...

sábado, outubro 13, 2007

A Nossa Vida Quase Virtual


Os primeiros "Dias da Rádio" foram de grande animação. Alegraram as casas, com música, rádionovelas, notícias, conversas... etc, alterando os nossos hábitos, mas nada de preocupante.
A televisão também apareceu de mansinho, além de ser um objecto de luxo no final da década de cinquenta e principio dos anos sessenta, não funcionava de uma forma contínua e com dezenas de canais. No início havia apenas um canal e as emissões começavam ao fim da tarde e terminavam a horas decentes.
Só nos últimos 15 anos, primeiro com o aparecimento de mais dois canais, e posteriormente com a inovação do cabo e das dezenas de canais, é que os portugueses, mudaram os hábitos.
As pessoas cada vez saem menos à noite, é não é apenas porque as ruas estão mais perigosas. É sim, por culpa da telenovelas viciantes e de outros truques da programação.
Quem mais sofre com estas alterações, são os cinemas e os cafés (que cada vez fecham mais cedo...), quase desertos...
Para nos agarrar ainda mais às quatro paredes, surgiu a "internet", capaz de nos trazer o mundo, para dentro de casa...
E a nossa vida tornou-se ainda mais virtual...
O problema maior, é que estamos de tal forma enredados nesta panóplia tecnológica, que já não conseguimos viver sem estas coisas sem nos sentirmos uns ignorantes, uns "fora do mundo"...


quinta-feira, outubro 11, 2007

A Rosa dos Ventos de Cacilhas


Já tinha passado dezenas de vezes pela montra de um dos talhos de Cacilhas , na rua Cândido dos Reis, que tem em exposição, uma traineira de pesca, construída de fósforos.
Mas só há pouco tempo é que resolvi ler o seu nome: "Rosa dos Ventos".
Um dia destes, além de tirar uma fotografia à montra, perguntei ao único funcionário presente, se o barco era um réplica de alguma traineira a sério.
Claro que o senhor não me soube dizer nada da origem daquela miniatura. Pelo seu ar estava mais preocupado com o facto de não ter um cliente no talho que no barco que estava na montra...
Primeiro descobri um bar, agora uma traineira. O que virá a seguir, senhora da "Rosa dos Ventos"?

quarta-feira, outubro 10, 2007

A Cultura em Almada (Conclusão)


Os "criticos do costume" não têm qualquer razão nos seus protestos, porque apenas a meia-dúzia de metros do local onde foi afixado o "placard" publicitário do Município, encontra-se um campo de Cultura.
Para que não restam quaisquer dúvidas, publicamos a imagem do "campus" referido, que está aberto aos visitantes mais curiosos...

A Cultura em Almada (Parte Um)


Este cartaz publicitário, colocado no Morro de Cacilhas, tem despertado vários comentários na nossa Margem.
Normalmente "os críticos do costume" colocam em causa a localização e a informação que é dada (em inglês e tudo...) a quem nos visita.
Este é um daqueles casos em que se critica só por criticar...

(continua...)

terça-feira, outubro 09, 2007

Os Tiques Salazaristas de Sócrates


Não achei muita piada quando ouvi, numa reportagem televisiva, o nosso primeiro-ministro dizer (depois de mais uma sessão de vaias...), que sabia que eram os comunistas que estavam por trás daquelas manifestações, mas que não era preciso recorrerem ao insulto.
Gostei ainda menos de ouvir, há uns minutos atrás, uma representante dos professores da Covilhã a dar-nos conta da sua indignação pela atenção especial que lhe foi dedicada por dois elementos da PSP, que visitaram ontem a sede do sindicato e, além de levarem os panfletos, que iriam ser distribuídos, durante a visita de hoje de Sócrates à escola onde estudou, ainda lhes recomendaram para terem mais cuidado com o que escreviam.
É no minimo uma forma de intimidação que recorda os bons tempos da PIDE...
No tempo de Salazar é que era comum acusar os comunistas de todo o tipo de acções, que beliscassem o governo de então.
Hoje, isto até acaba por soar a elogio, para o partido da Soeiro Pereira Gomes...
O pior, é que pelo andar da "carroça", não falta muito para que todos os críticos de Sócrates, passem a ser "comunistas" e sejam intimidados, desta e doutras maneiras...

segunda-feira, outubro 08, 2007

O Vinho Benfica


Não pensem que o "Vinho Benfica" foi uma invenção do empresário Manuel Damásio, quando da sua passagem de má memória pela Luz, onde inventou um pouco de tudo, menos dinheiro e títulos (os da "operação coração" não valem)...
Nos anos sessenta e setenta, o período áureo do Benfica, a Quinta da Arealva, localizada no final do Ginjal, produzia vários tipos de vinho com a marca do "Glorioso", como o vinho de agulha (que tinha algum gasoso...), inquieto, fresco e agradável, e também um vinho tinto quente, de doze graus...

domingo, outubro 07, 2007

Eça e Cacilhas


Eça de Queirós foi um grande escritor, embora nunca se tenha tornado muito popular, provavelmente por opção pessoal, já que nunca sentiu vontade de escrever sobre a gente comum, como o Camilo Castelo Branco, por exemplo.
Sempre se assumiu como um estrangeirado, não só por ter viajado muito, mas também por ter exercido funções como consul de Portugal, em Cuba e Inglaterra.
Foi neste último país que redigiu as suas célebres "Cartas de Inglaterra", além dos seus romances "O Primo Basílio" e os "Maias", talvez as suas obras mais emblemáticas...
Nestas suas cartas, encontrei uma "pérola" dedicada a Cacilhas, talvez por não gostar muito de burros nem de tascas, tão populares na época entre nós...
Ele escreveu assim: [...] «É esta fresca ralé que fica em Londres: de modo que apenas a humanidade superior, os dez mil de cima, como tão pitorescamente se diz, partem para os seus castelos, as suas vilas à beira-mar, ou os seus yatchts - Londres, apenas habitado pela turpa abjecta, torna-se sobre a face da terra, como a lamentável Cacilhas.» [...]
Lamentável é este considerando, embora vindo de quem vem, até possa ser considerado elogio...