terça-feira, 29 de dezembro de 2020

ARREDORES E SALOIOS

 

OS SALOIOS

MARINA TAVARES DIAS 
em
LISBOA DESAPARECIDA
volume III
Excerto do capítulo 'Os Saloios'
por
MARINA TAVARES DIAS 


[...] "Acaba Lisboa, começa o reino dos saloios" - tal era, no século XIX, o denominador comum a todos os arredores. Assim mesmo: "reino de saloios". Traçando uma linha no sentido norte-sul, podemos dizer que este reino começava na Calçada de Carriche e ia dar a Mafra. E, até tempos relativamente recentes, o termo de Lisboa deixava de fora, por igual, alguns encantadores arredores que se transformariam em bairros-dormitório, tentando, sucessivamente, a sua entrada por Lisboa dentro: Benfica, Telheiras, Charneca, Ameixoeira, Portela de Sacavém... Ficaram de outro tempo, do "reino dos saloios", os topónimos inspirados desses e de outros lugares: Linda-a-Velha, Queijas, Linda-a-Pastora, Belas, Apelação...



A primeira população árabe instalada nos arredores de Lisboa beneficiara da tolerância do conquistador cristão. Depois, estendeu-se para norte, nascente e poente, pagando sempre o seu çalayo pelo pão cozido. Era a contribuição enviada para a capital, agora ocupada pelos que os tinham humilhado, poupando-lhes, ainda assim, a vida. O estipulado çalayo acabou por degenerar em "çaloio" como designação étnica, e outros povoadores trouxeram depois aos habitantes dos termos de Lisboa a famosa "tez trigueira" que as estampas conferem. [... / ...]

(Continua no livro.
Para referência das imagens,
utilizar o índice remissivo. 
Aguarela de Manoel de Macedo; 
desenho de Roque Gameiro)