"Vai por aí grande algazarra opinativa por a novel deputada comunista Rita Rato, licenciada em Ciência Política, ter afirmado que nunca ouviu falar do Gulag e que "nunca esto[dou] nem l[eu] nada sobre isso". "Isso" foram "só" milhões de mortos, a maior parte presos políticos, em campos de concentração da ex-URSS, uma espécie de Tarrafal multiplicado por números inimagináveis..." Opinião de Manuel António Pina, para ler, aqui.
Ao contrário, do que possa parecer esta mulher não está a ser salva. Está a mergulhar voluntáriamente na lama, numa demonstração de fé. Trata-se de uma cerimónia de purificação organizada no México para comemorar o nascimento de Niño Fidencio (1898-1938), um curandeiro tradicional, venerado como um santo no norte do México, a quem continuam a ser atribuídas "curas milagrosas".
Não sou uma mulher de fé por isso, nesta imagem mais não vejo que um acto insano de alguém de joga a sua vida contra a probalidade de ser engulido pela lama. Mas não posso, racionalista como sou, deixar de reconhecer que em momentos como este há uma espantosa superação do humano que permite inverter a "tendência" e, remover montanhas - no caso, permite escapar viva à lama.
Ao longo da história, as religiões foram motivo para as mais terríveis atrocidades mas, permitiram também saltos civilizacionais que de outra forma não teriam ocorrido. As recentes declarações de Saramago sobre o Antigo Testamento suscitaram uma polémica algo desajustada. O Antigo Testamento, é um livro religioso mas é também crónica e literatura. Escrita ao longo de mais de quinze séculos, a Biblía, reflecte as transformações da economia, da sociedade, da administração, da literatura e da religião judaica. A história de qualquer povo convertida em livro religioso de referência só pode mesmo dar origem a uma espécie de "manual de maus costumes" mas, mesmo para alguém como eu, a Biblía (Antigo Testamento) é mais do que isso, bastará dizer que foi o primeiro caso de uma religião e de um povo monoteísta que o utilizou o seu livro sagrado para eternizar as suas dúvidas, as suas interrogações, os seus cânticos, as suas conclusões. Por isso, atendo-me apenas às declarações que o livro não o li ainda, esperava mais do criador do Sete Sóis e da sua Blimunda... esperava que atingisse a dimensão simbólica de muitos dos episódios narrados em lugar de se limitar a uma interpretação literal empobrecedora...
«A associação ambientalista Quercus afirma que em Vale Milhaços, Seixal, há uma lagoa com "milhares de toneladas de resíduos perigosos, em terreno arenoso", próximo de habitações e que estará a contaminar as águas subterrâneas da zona. De acordo com Rui Berkemeier, especialista em resíduos, "trata-se de uma situação de descarga de resíduos de óleos industriais ao longo de muitos anos e que nunca foram removidos. São contaminantes cancerígenos, altamente tóxicos". O vereador do Ambiente da Câmara do Seixal, Carlos Mateus, confirmou conhecer o problema, mas que a autarquia "sozinha não o consegue resolver". "José Sócrates, quando ainda era ministro do Ambiente, esteve no local e comprometeu-se a mandar limpar e descontaminar", afirmou. O Ministério do Ambiente rejeitou a existência de quaisquer "indícios de contaminação dos lençóis freáticos na região potencialmente afectada".» in, CM
Há coisas de que não se fala.
Num concelho que repetidamente nos é descrito como uma "maravilha", como o melhor dos concelhos possíveis, afloram de quando em vez indícios reveladores de que nem tudo é o que parece. Esta notícia, que de nova nada tem, é um bom exemplo disso mesmo. As famosas lagoas de hidrocarbonetos que tanta tinta fizeram correr que, o ministro do Ambiente, Sócrates, se decidiu a prometer a descontaminação e até, se a memória não me falha, fez deslocar para o local todo um arsenal destinado a aparecer nos telejornais pois, no dia seguinte já tinha rumado a novas paragens. Bom, não querendo apontar decididamente o dedo à autarquia estranha-se o seu silêncio conivente com a situação, a sua passividade, o seu pouco empenhamento. Os hidrocarbonetos estão lá e ameaçam os lençóis freáticos, pareceria natural que a autarquia se mexesse em lugar de se desculpabilizar e apontar "para cima". Mas, falar deste e doutros problemas seria reconhecer que nem tudo vai bem ... por isso, caluda!
Longe, longe de qualquer interpretação que não a pura beleza da imagem... belíssima foto de Alain Sailer, publicada pelo Le Figaro. Uma imagem que quase nos faz acreditar que parar o tempo é possível.
É a democracia, é a vida! Na noite eleitoral ganhou a CDU –no concelho de Seixal- perderam todos os outros. Uns mais perdedores que outros dependendo das expectativas geradas. quanto maiores as expectativas maior a perda.
Mas, na minha particular perspectiva perdeu a democracia e a população do Seixal.
Perdeu a democracia porque em mais de trinta anos nunca houve alternância democrática e, a alternância é o sal da democracia. Sem ela, cai-se no imobilismo, no desinteresse. Os números da abstenção provam isso mesmo.
Perdeu a população do Seixal porque apesar do frenético “progresso” dos últimos meses, serão mais três anos de marasmo e, nesse tempo o Seixal continuará a ser um concelho de faz-de-conta e ,apesar de crescer, continuará a transformar-se num subúrbio de Lisboa onde o desenvolvimento sustentado é cada vez mais uma utopia.
A verdade é que na hora das eleições, muitas pessoas, apesar de tudo o que lemos, ouvimos e vemos preferem continuar a ignorar e decidem,não arriscar. Para o êxito da receita PCP/CDU muito contribuem as obras de última hora; os apoios, ainda que envergonhados, de muitos dirigentes associativos; e, claro está, a propaganda que o Boletim Municipal se encarrega de levar à casa de cada um dos municípes.
Para as oposições está relançado o desafio de, nos próximos quatro anos, encontrar novas formas de levar a mensagem aos eleitores e de lhes devolver a esperança que os faria participar com a convicção de que o voto de cada um pesa no resultado final.
Há algumas semanas, navegando à deriva entre redes vermelhas, deparei-me com este post, "Pão e Circo" de seu nome. Não posso evidentemente, apreciar da justiça das críticas que aí são feitas mas, transplantando para a nossa terra... o que vemos nós?
Desde logo na capa do Boletim Municipal derramam-se milhões em investimentos no parque escolar; nas páginas quatro e cinco, é o o capital derramado em nome do desporto que faz as manchetes; nas páginas 6, 7, 8 mais projectos, mais letras garrafais, mais milhões. Ora, todos estes projectos somados temos a bonita soma de c. de 18 milhões de euros. Muito dinheiro, sem dúvida, contudo, representa apenas uma magra fatia do orçamento municipal que neste mandato foi de aproximadamente 400 milhões. O que se poderia ter feito com tanto dinheiro?! E, o mais interessante é que, alguns destes milhões já antes encheram as páginas do mesmo Boletim e poderão sempre voltar a enchê-las, numa ilusão continuada.. tal como, aconteceu com o moinho de Corroios cuja abertura foi ciclicamente anunciada até que se concretizou na data azada, por sinal, a poucos dias das eleições. Finalmente, depois de mostrar obras pelas quais desesperámos nos últimos quatro anos, chegamos ao capítulo festas e romarias: Seixalíadas, Madedeus, "pintura em grande formato" e ... Seixal Jazz.
De facto, de circo é que o meu povo gosta e, nem de propósito temos agora a "canção do Seixal"... sim, dois mil anos depois, os "artistas" mudaram mas o "pão e o circo" continuam a ganhar votos. ______ Talvez seja esquisitice minha mas, não me parece curial a utilização de jovens de uma associação fortemente subsidiada pela câmara participarem da forma que o fazem num vídeo de cariz partidário.
Este projecto da autoria do arquitecto português (setubalense), David Mares, é um dos dez finalistas ao "Prémio do Povo", promovido pelo Museu Guggenheim, para o melhor abrigo. Poderá vê-lo e votar, aqui.