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quarta-feira, 8 de abril de 2009

O peso do Tratado de Lisboa


"Czech credibility at the EU level is undoubtedly hurting, but the real reason is not because of some speech or the squabbling of domestic politicians, but because of the country's shameful waffling on the Lisbon Treaty.

Topolánek's own credibility is attached to Lisbon, given his inability to hold his own party together on the issue.

"Czech relevance in Europe for now really boils down to the ratification of Lisbon," Techau says.

In Prague, the engine of Czech politics sputters, coughs and lurches ever onward. Lisbon has a chance to pass in the Czech Senate, though Klaus' influence is still a factor.

In Brussels, the failure of the Czechs to ratify the Lisbon Treaty is an embarrassment. Topolánek, sleeves rolled up and back to work on the European stage, might still get the cold shoulder from European leaders in London and beyond. If he does, Lisbon is the reason.

Czech inaction on the treaty appears as a different kind of no confidence vote - a vote against Europe itself."

Jeffrey White, The Prague Post

domingo, 26 de outubro de 2008

O Pecado de Kundera?

Miroslav Dvoracek

Nesta tragédia da vida real são quatro os protagonistas: Miroslav Dvoracek, ex-piloto do exército Checoslovaco, na altura espião dos EUA; Iva Militka uma jovem estudante e seu noivo Dlask (mais tarde seu marido); e Milan Kundera, comunista, ao que parece “controleiro” da residência estudantil.

Tudo se terá passado com a naturalidade de uma "brincadeira": Iva encontrou Miroslav. Este contou-lhe que vira na Alemanha um seu ex-namorado e, pediu-lhe para guardar uma maleta. Seguidamente, Iva contou ao seu namorado o encontro com Miroslav. Este, por seu turno terá informado o “controleiro”, Kundera, que terá entrado em contacto com a polícia.

Dvoracek foi, preso e condenado a 22 anos. Cumpriu 14, durante esse tempo trabalhou como um escravo nas minas de urânio. Depois foi libertado e, hoje, vive nos EUA. Nunca suspeitou que o autor da denúncia seria Kundera.

Um ditado popular, da época comunista, dizia que quando três checos se encontravam, dois deles eram informadores… Kundera, dedica muitas páginas à delação. Havia toda uma vasta gama de razões desde as “puras” (uma mente formatada pela propaganda ideológica está limitada) até às “impuras” (normalmente, relacionadas com o “sucesso pessoal”: ascensão no partido, emprego garantido perto de casa, apartamento maior, acesso a determinado produto ou loja…).

Penso, que as “secretas” procuraram que de alguma forma todos, absolutamente todos, num momento ou noutro estivessem implicados nesta actividade: verificar se os residentes de uma determinada casa eram efectivamente, aqueles que lá estavam registados; verificar se não existiam sinais exteriores de riqueza… Por vezes, para iniciar uma “relação” era pedido algo de inegável, porque inócuo: traduzir algumas páginas de um jornal estrangeiro, por exemplo.

Ninguém está a salvo destas suspeitas: Stanisław Wielgus foi forçado a resignar ao cargo de arcebispo de Varsóvia (a menos de uma hora da cerimónia) devido a suspeitas de colaboração com a Służba Bezpieczeństwapolícia secreta polaca; Lech Walesa, o lendário dirigente do Solidariedade (Solidarnosc), também não escapou aos tentáculos da história e, apesar do seu papel de dirigente sindical nos estaleiros de Gdansk e, de ter contribuído, como poucos, para o colapso do comunismo real, nem ele escapou à suspeita de ter colaborado com a secreta.

As sombras do passado caem, hoje, pesadamente sobre os protagonistas do presente. E tal como no passado, a suspeição pode ser uma arma de arremesso pronta a cair em qualquer momento.