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sábado, 11 de outubro de 2008

Eleições antecipadas, na Ucrânia (4)


As anunciadas eleições antecipadas na Ucrânia poderão, afinal, não se realizar. Razão? Falta de dinheiro para a sua organização.

O presidente Youtchenko marcou as eleições para 7 de Dezembro mas, a primeira-ministra Timochenko opõe-se a esta ideia: “O orçamento não tem dinheiro para estas eleições”, disse. De resto, o seu partido foi um dos que inviabilizou as alterações à lei eleitoral e bloqueou os fundos necessários ao seu financiamento. Uma larga maioria dos ucranianos (72%), opõe-se à realização destas eleições e, consideram que o presidente apenas pretende ver-se livre de Julia Timochenko, a qualquer preço.

A marcação destas eleições surgiu numa altura em que a moeda ucraniana caiu quase 20% e, em que dois dos mais importantes bancos, precisaram de ser “salvos”. A decisão de dissolver o parlamento, a marcação de eleições e a crise económica poderão lançar a Ucrânia para uma gravíssima crise política e económica.

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Actualização:"A realização das eleições legislativas antecipadas na Ucrânia foi adiada de 7 para 14 de Dezembro..."

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Eleições antecipadas, na Ucrânia (3)


“O Presidente ucraniano, Viktor Iouchtchenko, pronunciou hoje a dissolução do Parlamento, depois do final da maioria governamental pró-ocidental a 3 de Setembro.”in, Público

As eleições que poderão decorrem num clima de tensões que se acenturam desde a Guerra da Geórgia. A Crimeia é sem dúvida o mais importante foco destas tensões:

“[…]Alarmed by Russia's recent war in Georgia, the Ukrainian government has imposed new restrictions on the Russian ships' movements, and suggested raising the rent for the fleet.

The Ukrainian president has called the surrounding Crimean Peninsula -- historically a part of Russia and still home to a majority Russian population -- the most dangerous spot in the country because of separatist sentiment.[…]
Tensions have been climbing in this sleepy port since the fighting in Georgia brought into sharp focus two clashing interests: Russia's determination to take on a greater role in the former Soviet states, and the Ukrainian government's determination to join the North Atlantic Treaty Organization. The war in Georgia pitted a Western-friendly government against Moscow; meanwhile, Ukraine is painfully divided in loyalties to the West and Russia[…].” In, LATimes
Ver também arquivo do blog sobre a Ucrânia

terça-feira, 7 de outubro de 2008

O Holocausto ucrâniano



Entre 1932-1933, cerca de 10 milhões de ucranianos (25-30% da população) pereceram devido à fome. Uma fome induzida artificialmente com objectivos políticos: punir aqueles que se opunham à colectivização e à ocupação comunista.
O governo Soviético, confiscou deliberadamente animais e colheitas condenando milhões de ucranianos, de todas as idades, a morrer à fome. Estaline ordenou que as fronteiras da Ucrânia fossem fechadas para evitar que alguém pudesse escapar ao trágico destino ou, que pudessem receber auxílio internacional. Tratou-se de um genocídio que foi escondido nas sombras da propaganda política durante décadas.
Sobre o Holodomor, ver HRU

sábado, 13 de setembro de 2008

Eleições antecipadas, na Ucrânia? (2)

Hoje a possibilidade de eleições na Ucrânia volta a ser notícia.
"There were three main factors that aggravated the political crisis: Yushchenko’s desire to get rid of Tymoshenko as soon as possible, the impossibility of their further coexistence, and the Regions Party’s desire to a) come back to the top and b) inability to do so on its own. And the underlying cause is known but too well: it is the notorious struggle for power which turns rivals into allies and friends into enemies." in, Zerkalo Nedeli

sábado, 6 de setembro de 2008

Eleições antecipadas, na Ucrânia?


O presidente Yushchenko tem vindo a acusar repetidamente a primeira-ministra ucraniana de ser “pró-russa” . Isto levou à cisão da coligação que governava a Ucrânia desde a revolução Laranja, em 2004.

Depois de regressar de férias, onde se manteve em silêncio, apesar das acusações, a primeira-ministra tomou a iniciativa de limitar as competências presidenciais, para isso contou com o apoio dos partidos parlamentares nomeadamente, dos Comunistas.

Agora, Victor Yushchenko, acusa-a de ter patrocinado um golpe de estado no parlamento e de ter formado uma nova coligação parlamentar. O presidente ameaça, agora, convocar eleições para os próximos dois meses.

O relacionamento entre o presidente e a sua primeira-ministra tem tido altos e baixos mas, o facto de ela ter ganho as eleições legislativas obrigou-o a mantê-la no cargo. A invasão da Geórgia trouxe à superfície as divergências políticas entre ambos. Os estudos de opinião indicam que se as eleições se realizassem agora a sra. Julia Tymoshenko sairia vencedora.

Ora, precisamente uma das questões que se levanta é a de saber quem tem direito a voto nas eleições. De acordo com a lei ucraniana não há dupla nacionalidade. O facto, de cidadãos eleitores ucranianos estarem a receber passaportes russos é, naturalmente, um factor de desequilíbrio eleitoral – não falando sequer da preocupação de segurança que tal implica depois dos acontecimentos na Geórgia.

Com uma minoria russa e uma élite pro-ocidental, os ucranianos estão muito divididos no que toca ao relacionamento com o seu poderoso vizinho.

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Actualização (13/09) - notícia do Público
Ver arquivo do blogue sobre a Ucrânia

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Que humilhação?

No mesmo dia em que a U.E. procurava demonstrar unidade perante Moscovo, Putin surgia numa simbólica caça ao tigre.

Vários responsáveis politicos europeus têm referido a “humilhação” russa do pós União soviética como a justificação para a Guerra na Geórgia. O facto, de a Geórgia (entre outros Estados soberanos da região) ter deixado de estar sob a bandeira russa, de se ter tornado um país independente, de ter escolhido um regime político de tipo ocidental e de pretender integrar a EU e a NATO seriam para a Rússia uma humilhação, maior humilhação ainda o facto de o mundo se ter tornado unipolar…
Era sobre esta pretensa humilhação que gostaria de reflectir um pouco. Na sequência da II Guerra Mundial a Alemanha foi dividida e ocupada; os líderes nazis foram presos, julgados e condenados; foram proibidos os partidos de inspiração nazi bem como a utilização dos seus símbolos; a Alemanha foi obrigada a pagar reparações de guerra.
Ora, o que aconteceu na Rússia pós-soviética? Deu-se fragmentação natural de uma União que tinha sido à partida forçada mas, o coração da Rússia manteve-se intacto; os líderes comunistas foram julgados apenas pela história, não foram processados, mantiveram os seus lugares no funcionalismo público, não houve uma verdadeira “caça às bruxas”; o partido comunista e seus derivados mantiveram-se legais e a utilização dos seus símbolos nunca foi proibida; a Rússia não pagou qualquer indemnização às vítimas nem foi exigida a restituição de territórios como ilhas Curilhas...
Confiando na possibilidade de transformar a Rússia num parceiro fiável houve um investimento de mais de 55 biliões de dólares entre 1992 e 1995 (não contando com ajuda humanitária). Durante algum tempo foi ponderada mesmo a hipótese da Rússia vir a integrar a NATO. Tal hipótese foi depois abandonada mas manteve-se a cooperação a diversos níveis, nomeadamente, no sector de informações militares. Também, a sua integração no G8, decorreu da esperança de poder transformar o gigante russo num bom gigante democrático de liberal, à ocidental… e ignoraram-se os sinais. Ignoraram-se as atrocidades cometidas na guerra da Chechénia; a crescente apetência pelo controle de informação; a crescente tendência autocrática do regime; a desculpabilização e o branqueamento de crimes como a Grande Fome Ucraniana, o massacre dos oficiais polacos em Katyn, a eliminação dos dirigentes do partido comunista polaco (KPP ), em 1938 (nas vésperas do pacto Hitler-Estaline), as deportações nos países Bálticos; a reutilização do hino soviético; os novos manuais de história… todos esses sinais foram ignorados em nome dos bons negócios.

E agora falamos de humilhação. Qual humilhação?
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A Rússia, que escapou às sanções da U.E., sente-se em posição de força: mantém a ocupação de posições em solo da Geórgia e contínua a criar zonas tampão em redor da Osséssia do Sul e da Abecásia – na prática procede ao “ermamento” da região - e a impedir que os refugiados regressem. Na Ucrânia agudiza-se a crise política. Em consequência da degradação do relacionamento entre o Presidente e a primeira-ministra (acusada de ser pró-Moscovo) a coligação governamental esfumou-se. O Parlamento esvaziou o Presidente de poderes e, este ameaça, agora, retaliar com a sua dissolução. As sondagens indicam que se as eleições fossem hoje o partido do presidente perderia votos ficando sem a maioria tangencial de que dispõe.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Mar da discórdia

Será este o próximo foco de discórdia?
A Rússia diz-se preocupada com a presença de navios da NATO no Mar Negro.
O líder da Abecásia, convidou os russos a estabelecer uma base naval no porto de Sukhumi.
O presidente da Ucrânia V. Yushchenko fala em "aumentar a renda" da base de Sebastopol...
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A Península da Crimeia (onde se localiza a base naval de Sebastopol) pode ser a próxima fonte de conflito. A maioria da sua população é etnicamente russa e não se reconhece numa Ucrânia independente permanecendo leal a Moscovo, como comprovam as manifestações de alegria com que foram recebidos os navios no regresso da Geórgia. A Crimeia está anexada à Rússia de facto, uma vez que Kiev tem uma influência mínima numa cidade onde até os jornais ucranianos são difíceis de encontrar. A complicar ainda mais a situação está a presença de 300 000 tártaros (muçulmanos) que constituíam a população da Crimeia até 1944, quando Estaline os deportou para a Ásia Central, de onde têm estado a regressar nos últimos anos e, que têm uma relação difícil com a comunidade russa. Uma parte das apreensões diz respeito à possibilidade de facções extremistas ligadas à Al-qaeda levarem a cabo um atentado que seria aproveitado pelos russos, já que muitos crêem que no actual contexto a Rússia só espera um pretexto para intervir na Ucrânia.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Eterno retorno (3) - xenofobia

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As consequências da guerra na Geórgia fazem-se sentir muito para além do seu território. Fazem-se sentir no próprio interior da Rússia onde vivem cerca de um milhão de georgianos. A imprensa russa dá conta da abertura de uma caça às bruxas (no caso espiões), de ataques a cidadãos/estabelecimentos georgianos (cafés, restaurantes, taxistas) … e até, da sugestão do Movimento Contra a Emigração Ilegal, de que estes fossem colocados em campos.

As declarações de responsáveis políticos e militares em nada ajudaram a imagem dos georgianos que vivem na Rússia. Antes pelo contrário, tornaram-nos na minoria que está a servir “interesses americanos” em mais um revivalismo da guerra fria.

As autoridades russas, têm desde sempre primado pela ausência de real condenação e punição dos responsáveis pelos ataques xenófobos de que são vítimas os muitos emigrantes de todas as proveniências residentes na Rússia, por isso, não é de esperar que agora (precisamente, agora) saiam em defesa dos georgianos. Contudo, no preciso momento em que o nacionalismo russo parece evoluir para terrenos perigosamente próximos da xenofobia, não deixa de ser curioso que a maior parte dos atletas medalhados nas olimpíadas de Pequim não são etnicamente russos.

Este conflito pode, igualmente, ter implicações para os russos que vivem nos países limítrofes. A acérrima defesa dos cidadãos detentores de passaporte russo na Geórgia, já levou a que o governo e o parlamento ucranianos falassem de preocupação face aos numerosos casos de cidadãos com dupla cidadania (o que até aqui era tecnicamente ilegal, mas prática corrente). Já foi anunciado um inquérito para determinar quantas pessoas na Ucrânia estão nesta situação, uma vez que este pode ser um pretexto para determinar uma intervenção militar Russa(Gazeta.24).

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"O alto-comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres, pediu hoje à Geórgia e à Rússia que permitam a abertura de um corredor humanitário na Ossétia do Sul, onde dezenas de milhares de pessoas não têm acesso a alimentos e assistência médica devido ao conflito na região." Texto integral

"Ukraine is investigating claims that Russia has been distributing passports in the port of Sevastopol, raising fears that the Kremlin could be stoking separatist sentiment in the Crimea as a prelude to possible military intervention." Texto integral

"O Consulado Geral da Rússia em Simferopol (capital da Crimeia) distribui passaportes da Federação da Rússia entre os cidadãos ucranianos. Pedimos à parte russa informações sobre a sua quantidade, mas não recebemos resposta”, declarou Ogrizko, numa entrevista ao jornal alemão “Frankfurter Allgemeine”. Texto integral