Sexta-feira li no Público um artigo de que gostei bastante,
intitulado ‘A República das Piiiiiis’ de João Magueijo , o
12º da série ‘Que Valores para 2013?’.
O artigo fez-me pensar.
É uma visão da situação portuguesa/europeia quase
coincidente com a minha. Vejamos:
“Como Skvorecky notava, as
"piiiiiis" que tinham antes vendido o seu país aos nazis eram as mesmas
que agora acolhiam os soviéticos (e mais tarde, muito depois de o livro [A
República das Piiiiiis] ser publicado, acolheriam o capitalismo selvagem, sem que
ele o soubesse). O mesmo se passa no nosso caso: não tenham dúvidas de que em
tempos de fascismo os nossos primeiros-ministros teriam sido rapazes de
sucesso. Mas de certa forma estamos a bater no ceguinho. Se eles (e nós, por
extensão) fizeram figuras tristes e agora estamos a pagar por isso, houve quem
fez pior e se está agora a rir. Os usurários mundiais nem sequer construíram
túneis inúteis: construíram castelos de valores inexistentes, que continuam a
crescer e a alimentar a sua ganância. Até isto se resolver falemos de tourada,
porque não faz muito sentido discutir o estado da nossa sociedade, e o demais,
em 2013.”
E continua:
“Sim, éramos um país de pobres que passou temporariamente a
um país de novos-ricos. Mas agora somos um país de novos-pobres: miúdos cheios
de talento desempregados há dois anos, pessoal de ponta a emigrar para o
estrangeiro, médicos educados cá a colmatarem as faltas de sistema de saúde
inglês... um desperdício óbvio de uma geração. Em vez de usarmos estas fontes
de rendimento, deixámos os tanques financeiros entrar pelo país, para aumentar
os impostos e baixar os salários, já de si entre os mais baixos da Europa.”
E conclui:
“Muita da nossa dívida, e consequente austeridade, não é
legítima, em perfeita analogia com as dívidas contraídas pelas prostitutas, e
que as mantêm nas malhas dos seus donos. Se a nível mundial algo tem de ser
feito para refrear os chulos financeiros, a nível nacional um corte com o
passado seria um primeiro passo. Ou então que se dê o Prémio Nobel da Economia
à Dona Branca. E viva a República das Piiiis.”
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